A confrontação aberta entre o Ministério da Educação e os professores e os sindicatos, os professores na rua e os sindicatos na secretaria, segue nos próximos dias. As atenções estão agora concentradas no dia 15 de Dezembro, data já envolta em polémica, porque as partes parece que afinal têm entendimentos diferentes sobre as matérias que vão estar em cima da mesa. Confesso que, ao ponto a que as coisas chegaram, não é para admirar este tipo de desentendimentos.
Quando escrevi sobre este assunto em Novembro - a primeira vez no dia 16 e a segunda vez no dia 22 - não se augurava nada de bom sobre o desfecho da guerra aberta entre ambas as partes, numa luta imensa de poder, em que Ministério da Educação e professores, ultrapassado que estava o ponto de não retorno, entenderam que não tinham outro caminho a percorrer que não fosse o endurecimento das suas posições, embora com sinais aparentemente contraditórios, como se outra via não fosse possível para não perderem a face, rumo ao precipício.
Entre as declarações da Ministra da Educação, esta semana no Parlamento, anunciando que está disponível para suspender a prazo o seu sistema de avaliação do desempenho, lá mais para a Primavera de 2009, e do seu Secretário de Estado que prontamente veio hoje esclarecer, a propósito da reunião do dia 15 de Dezembro, que ”não haverá suspensão em circunstância alguma”, e as afirmações dos sindicatos, em reacção, de que os professores retomarão a greve se o Ministério da Educação não suspender a versão “simplex” e não alterar o sistema de avaliação do desempenho, sob a ameaça de que “se o ministério da educação quiser guerra, vai ter guerra, e a guerra dos professores é forte”, o que fica é a certeza, cada vez mais forte, de que ambas as partes perderam a face ao levar por diante posições que há muito ultrapassaram o bom senso e a razoabilidade, prejudicando a coesão do sistema educativo e comprometendo uma vez mais mudanças sérias que são necessárias agora e no futuro, incluindo um sistema de avaliação do desempenho ajustado às novas realidades escolar, social e profissional.
O grau de conflitualidade a que se chegou, que nos deveria envergonhar porque é demonstrativo da nossa incapacidade para compreendermos que estamos a comprometer o futuro e a dar um péssimo exemplo às gerações mais novas, é o resultado de um clima de quebra de confiança.
Entre as declarações da Ministra da Educação, esta semana no Parlamento, anunciando que está disponível para suspender a prazo o seu sistema de avaliação do desempenho, lá mais para a Primavera de 2009, e do seu Secretário de Estado que prontamente veio hoje esclarecer, a propósito da reunião do dia 15 de Dezembro, que ”não haverá suspensão em circunstância alguma”, e as afirmações dos sindicatos, em reacção, de que os professores retomarão a greve se o Ministério da Educação não suspender a versão “simplex” e não alterar o sistema de avaliação do desempenho, sob a ameaça de que “se o ministério da educação quiser guerra, vai ter guerra, e a guerra dos professores é forte”, o que fica é a certeza, cada vez mais forte, de que ambas as partes perderam a face ao levar por diante posições que há muito ultrapassaram o bom senso e a razoabilidade, prejudicando a coesão do sistema educativo e comprometendo uma vez mais mudanças sérias que são necessárias agora e no futuro, incluindo um sistema de avaliação do desempenho ajustado às novas realidades escolar, social e profissional.
O grau de conflitualidade a que se chegou, que nos deveria envergonhar porque é demonstrativo da nossa incapacidade para compreendermos que estamos a comprometer o futuro e a dar um péssimo exemplo às gerações mais novas, é o resultado de um clima de quebra de confiança.
A quebra de confiança é um problema geral com incidências muito graves. Não havendo confiança não se unem esforços, não se trabalha para um objectivo comum, não se respeitam as divergências, não se protege o interesse público e inviabiliza-se a construção de um desígnio. E quando também falta a humildade para reconhecer os problemas e a urgência na sua resolução, o resultado não é andar para a frente, mas, sim, dar passos atrás. Perigoso caminho este...
Parece-me que esta evidência está clara para todos, excepto para os intervenientes, cujos "interesses" se encontram separados por um pequeno intervalo, que nenhum dos dois deseja ceder.
ResponderEliminarSabe cara Margarida!? Este assunto lembra-me aquele famoso quadro de Miguel Ângelo, "A Criação de Adão" onde o artista representou do lado esquerdo da tela, Adão, desnudo, com o braço esquerdo estendido na direcção de Deus, e Este por seu lado, semi-desnudo de braço direito estendido na direcção de Adão, mas sem que os dedos de Ambos se toquem. As interpretações daquele quadro podem ser muitíssimas, contudo o centro do quadro é concretamente o pequeno espaço que se para os dois indicadores... o da mão esquerda de Adão e o da mão direita de Deus.
Cara Dra. Margarida Aguiar:
ResponderEliminarDas reuniões e entrevistas na televisão a que temos vindo a assistir, o que sobra é a vaidade estúpida de uns e a pobreza cada vez maior de todos: da escola, dos alunos e do país.
Uma coisa parece-me indesmentível: o modelo inicial de avaliação é uma afronta à dignidade e à inteligência dos professores. Mas, interrogo eu: -Será que é assim tão difícil o ME entender que o objectivo que importa atingir é juntar sinergias?
Há dias lamuriava-se o alfaite, onde habitualmente acerto o pronto vestir, sobre a falta de trabalho e, a certa altura, arrematou a conversa a dizer: -Sabe! Somos a geração dos enganados, prometeram-nos o céu e o que temos é o inferno…
Confesso que fiquei surpreso com este comentário, reflecti, e cheguei à conclusão que o homem tem toda a razão.
Cara Margarida
ResponderEliminarO que se está a passar neste país é a demonstração mais rematada que cada um puxa a brasa à sua sardinha, com evidentes esquemas de pressão, na tentativa de obter hegemonias, no caso vertente, com uma acentuação especial da variável política e social.
A minha solidariedade vai para os pais e para os encarregados de educação, cuja paciência tem sido desconsiderada pelas forças em presença, com evidentes prejuizos para os alunos e para quem os acompanha.
Esta democracia, implantada " a martelo ", contínua a suscitar fortes sinais de preocupação e pode pôr inclusivamente em causa a sua própria manutenção.
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarTenho dúvidas que os intervenientes estejam separados pela mesma distância que Miguel Ângelo separa no seu magnífico fresco da Capela Sistina os dedos de Deus e de Adão.
Ambas as partes conhecem bem os exageros de posições que cometeram. Quando o adversário deixa o inimigo entre a espada e a parede é de temer o pior!
Caro jotaC
Sem dúvida que as principais vítimas de todo este imbróglio são os alunos e os pais e é o País.
Num domínio tão crucial para o nosso futuro como é o da educação é um absurdo que o País ande de “candeias às avessas” e não se consiga entender num tema que tanta água pela barba nos tem dado.
Sabe Caro jotaC a sabedoria popular é a melhor. O seu alfaiate é que as sabe!
Caro antoniodasiscas
Acompanho a sua solidariedade. Pergunto-me se os pais não deveriam ter um papel mais activo em toda esta discussão, servindo como que de fiel da balança (?).
Exactamente cara Margarida, depois de publicar o comentário é que reparei no erro, mas como não gosto de emendar...
ResponderEliminarMas, relativamente aos exageros que se reconhecem de ambas as partes, não lhe parece que ambas estão não só a querer encostar o adversário à parede, mas sim a querer aplicar mutuamente o golpe de misericórdia?
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarErro? Não reparei!
Parece-me que cada uma das partes anda à procura de uma saída para não perder a face. Seria bom que se entendessem, seria um "milagre".
;)
ResponderEliminarEstou de acordo cara Margarida, bastaria o milagre da racionalidade.