2005 não deixa grandes saudades. Não foi, de facto, um ano bom para a generalidade dos portugueses.
Aumentou o custo de vida e diminuiu a capacidade aquisitiva. Incrementaram-se os níveis de endividamento do Estado e das famílias, aproximando algumas da insolvência. Aumentou o desemprego e não se criaram novas empresas geradoras de trabalho. Estagnou a economia. Não se equilibraram as contas públicas e continuou a hipnose dos projectos megalómanos. Não melhorámos o ambiente. Acentuou-se o descrédito da justiça. Tal como se acentuaram sentimentos colectivos e comportamentos individuais como a inveja e o voyerismo, alimentados por uma comunicação sedenta de escândalos à qual não têm escapado títulos tidos como de referência...
Vendo a coisa positivamente, e recorrendo ao "futebolês", significa isto que em 2006 temos uma boa "margem de progressão" face ao ano triste que foi 2005.
Há, pois, que ser optimistas e cientes de que o ano bom somos nós igualmente que o construímos. Com o nosso esforço, com a nossa participação cívica.
Recordo o sempre citado pensamento de Ward: "O pessimista queixa-se do vento, o optimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas".
Desejemos que no ano que entra se ajustem as velas aos bons ventos.
Um bom ano de 2006.
sábado, 31 de dezembro de 2005
sexta-feira, 30 de dezembro de 2005
"Ternura fetal"
A história recente de fraude e de falta de ética do cientista sul coreano, Hwang Woo-suk, a propósito das células estaminais, é revoltante e constitui um duro golpe na credibilidade da ciência, e logo num assunto em que se depositam as mais elevadas esperanças. É de esperar que os opositores da utilização de certas práticas que culminem na obtenção de células estaminais de origem embrionária procurem explorar este lamentável episódio para impor as suas opiniões. Podemos e devemos continuar a apoiar e a aplaudir todos os cientistas que procuram soluções através deste método para ajudar muitos seres humanos, desde que respeitem a ética e a honestidade científica, e são muitos, felizmente.
Os sucessos já obtidos através da utilização das células estaminais são um forte incentivo para o desenvolvimentos da recém medicina regenerativa. Mesmo as cautelas apregoadas por muitos colegas de que não se deve transmitir expectativas muito elevadas a esta área, apesar de serem sensatas, não impedem, nem impedirão o aperfeiçoamento deste capítulo da investigação científica.
A natureza tem o condão de se antecipar à intervenção humana. Então, na área da saúde, confrontamo-nos com frequência com esta afirmação. Somos, naturalmente, portadores de muitas células estaminais que deverão ter algum papel na regeneração de algumas lesões. Como e quando é que elas actuam é que mais difícil de saber, mas lá chegaremos, é uma questão de tempo. Quem sabe, se um dia, não iremos aprender a domesticá-las em nosso benefício.
Um fenómeno muito curioso tem a ver com o microquimerismo. Ou seja, a partilha de células de outro ser no seu próprio corpo. As mulheres durante a gravidez são invadidas por células estaminais oriundas do feto, permanecendo durante muitos anos, mais de vinte, no seu corpo. Para que servirão estas células? Há quem aponte que, possuindo capacidades “reparadoras” de lesões maternas, contribuem para a saúde da progenitora. Este fenómeno também foi observado noutras espécies. Uma verdadeira ternura fetal: fornecer à mãe as suas próprias células estaminais de forma a ajudar a reparar lesões. Especulação científica? Pode ser que sim. A nossa ignorância é muita e dissertar sobre estes temas é legítimo, atendendo ao facto da natureza, habitualmente, gostar de se antecipar às nossas descobertas.
Os sucessos já obtidos através da utilização das células estaminais são um forte incentivo para o desenvolvimentos da recém medicina regenerativa. Mesmo as cautelas apregoadas por muitos colegas de que não se deve transmitir expectativas muito elevadas a esta área, apesar de serem sensatas, não impedem, nem impedirão o aperfeiçoamento deste capítulo da investigação científica.
A natureza tem o condão de se antecipar à intervenção humana. Então, na área da saúde, confrontamo-nos com frequência com esta afirmação. Somos, naturalmente, portadores de muitas células estaminais que deverão ter algum papel na regeneração de algumas lesões. Como e quando é que elas actuam é que mais difícil de saber, mas lá chegaremos, é uma questão de tempo. Quem sabe, se um dia, não iremos aprender a domesticá-las em nosso benefício.
Um fenómeno muito curioso tem a ver com o microquimerismo. Ou seja, a partilha de células de outro ser no seu próprio corpo. As mulheres durante a gravidez são invadidas por células estaminais oriundas do feto, permanecendo durante muitos anos, mais de vinte, no seu corpo. Para que servirão estas células? Há quem aponte que, possuindo capacidades “reparadoras” de lesões maternas, contribuem para a saúde da progenitora. Este fenómeno também foi observado noutras espécies. Uma verdadeira ternura fetal: fornecer à mãe as suas próprias células estaminais de forma a ajudar a reparar lesões. Especulação científica? Pode ser que sim. A nossa ignorância é muita e dissertar sobre estes temas é legítimo, atendendo ao facto da natureza, habitualmente, gostar de se antecipar às nossas descobertas.
O candidato do contra!...
Mário Soares começou por ser contra Cavaco!...
Depois, contra Cavaco e Alegre.
Hoje, também é contra a comunicação social pública e privada e contra os Grupos que a detêm(onde se inclui o Estado...)
Amanhã, será contra as sondagens...
Depois de amanhã...contra os portugueses!...
Já sabíamos: Mário Soares é só a favor de si próprio!...
Depois, contra Cavaco e Alegre.
Hoje, também é contra a comunicação social pública e privada e contra os Grupos que a detêm(onde se inclui o Estado...)
Amanhã, será contra as sondagens...
Depois de amanhã...contra os portugueses!...
Já sabíamos: Mário Soares é só a favor de si próprio!...
"O Tempo, esse grande escultor"
Não se possui ninguém (mesmo os que pecam não o conseguem) e, sendo a arte a única forma de posse verdadeira, o que importa é recriar um ser e não prendê-lo. Gherardo, não te enganes sobre as minhas lágrimas: vale mais que os que amamos partam quando ainda conseguimos chorá-los.
Marguerite Yourcenar in “O Tempo, esse grande escultor”
Vi ontem na SIC Notícias, um excelente documentário de Cândida Pinto sobre Sá Carneiro e Snu Abecassis. Baseado em breves imagens de arquivo e depoimentos da família e amigos, o filme consegue construir de forma serena mas muito interessante a história de uma paixão que ficou para a História.
Este País do fado, da acomodação ao destino infeliz, tem um estranho fascínio pelos amores que tudo desafiam e se erguem como estandartes a mostrar que é possível, que “há razões que a razão desconhece” e que só os espíritos mesquinhos teriam preferido ver abafado o ímpeto da paixão. Também é certo que as histórias mais celebradas acabaram mal, numa espécie de vingança do destino que não deixa ser felizes para sempre os que desafiaram as páginas do que estava escrito. Talvez seja essa a moral nacional, não sei, Pedro e Inês deixaram marcas em rios de lágrimas engrossados pelas fontes do amor…
Nunca saberemos como terminaria a paixão de Snu e Sá Carneiro, se comportaria a lenta e difícil metamorfose do impulso avassalador para um amor profundo e sereno, que permite que duas pessoas envelheçam juntas, ou se se iria evaporando com a erosão dos anos, passada a rebeldia da transgressão e o fascínio de poder recomeçar quando tudo já parecia tão determinado.
A figura de Snu Abecassis aparece apenas desvendada, algo indecisa sobre qual seria o pendor dominante – se a jovem inquieta, ávida de aventuras, alegre e empreendedora, se a mulher culta e profissional competente, se a mãe distante, se a sedutora que fazia amizades e dinamizava círculos de convívio, se a mulher discreta, de roupas simples e elegantes, que causava sensação, se a apaixonada que troca os frios nórdicos e civilizados por um país meio esquecido e antiquado onde abre caminho sozinha, sem abdicar do seu estilo muito próprio…
Notável o modo discreto e franco, com um traço de amargura mal disfarçado, como dois dos filhos se lhe referiram “tenho pena de não ter conhecido melhor a minha mãe” ou “tinha um beijo de manhã, outro à noite, era um ritual…” em contraste com o afecto visível do filho de Sá Carneiro, a quem o pai disse, quando ele se juntou à nova família “vou educar-te outra vez”, o único que usou a palavra “saudade” para exprimir o seu sentimento.
Não sei quantas vezes será ainda efabulada esta paixão, as intrigas políticas, as pequenas ou grandes traições que a envolveram, quantas vezes a memória será corrigida e acrescentada. O Tempo, esse grande escultor, se encarregará de o fazer.
Marguerite Yourcenar in “O Tempo, esse grande escultor”
Vi ontem na SIC Notícias, um excelente documentário de Cândida Pinto sobre Sá Carneiro e Snu Abecassis. Baseado em breves imagens de arquivo e depoimentos da família e amigos, o filme consegue construir de forma serena mas muito interessante a história de uma paixão que ficou para a História.
Este País do fado, da acomodação ao destino infeliz, tem um estranho fascínio pelos amores que tudo desafiam e se erguem como estandartes a mostrar que é possível, que “há razões que a razão desconhece” e que só os espíritos mesquinhos teriam preferido ver abafado o ímpeto da paixão. Também é certo que as histórias mais celebradas acabaram mal, numa espécie de vingança do destino que não deixa ser felizes para sempre os que desafiaram as páginas do que estava escrito. Talvez seja essa a moral nacional, não sei, Pedro e Inês deixaram marcas em rios de lágrimas engrossados pelas fontes do amor…
Nunca saberemos como terminaria a paixão de Snu e Sá Carneiro, se comportaria a lenta e difícil metamorfose do impulso avassalador para um amor profundo e sereno, que permite que duas pessoas envelheçam juntas, ou se se iria evaporando com a erosão dos anos, passada a rebeldia da transgressão e o fascínio de poder recomeçar quando tudo já parecia tão determinado.
A figura de Snu Abecassis aparece apenas desvendada, algo indecisa sobre qual seria o pendor dominante – se a jovem inquieta, ávida de aventuras, alegre e empreendedora, se a mulher culta e profissional competente, se a mãe distante, se a sedutora que fazia amizades e dinamizava círculos de convívio, se a mulher discreta, de roupas simples e elegantes, que causava sensação, se a apaixonada que troca os frios nórdicos e civilizados por um país meio esquecido e antiquado onde abre caminho sozinha, sem abdicar do seu estilo muito próprio…
Notável o modo discreto e franco, com um traço de amargura mal disfarçado, como dois dos filhos se lhe referiram “tenho pena de não ter conhecido melhor a minha mãe” ou “tinha um beijo de manhã, outro à noite, era um ritual…” em contraste com o afecto visível do filho de Sá Carneiro, a quem o pai disse, quando ele se juntou à nova família “vou educar-te outra vez”, o único que usou a palavra “saudade” para exprimir o seu sentimento.
Não sei quantas vezes será ainda efabulada esta paixão, as intrigas políticas, as pequenas ou grandes traições que a envolveram, quantas vezes a memória será corrigida e acrescentada. O Tempo, esse grande escultor, se encarregará de o fazer.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2005
Cavaco Silva e a Inovação
“…A evolução do nosso modelo de desenvolvimento, no sentido do reforço das componentes de inovação ao nível dos produtos e dos processos e da generalização do uso das tecnologias de informação, indispensável para que o país vença no contexto da integração e da globalização dos mercados, justifica, em meu entender, o apoio activo e empenhado do Presidente da República…”
Cavaco Silva in “As minhas ambições para Portugal”-Porto 27.10.05
Num documento relativamente recente, enviado ao Conselho e ao Parlamento Europeu, a Comissão Europeia referia, entre os quatro grandes desafios para a Europa, o da evolução tecnológica e organizacional e o da inovação e espírito empresarial, sendo os outros dois o da globalização e o da sustentabilidade e das novas exigências sociais.
Cavaco Silva, numa frase simples, mas de grande significado, referiu-se àqueles dois primeiros objectivos, como condição de assegurar a alteração do nosso modelo de desenvolvimento e ao apoio que lhes dará.
“A competitividade e o crescimento económico assentam, cada vez com maior frequência, na inovação, ou seja, no desenvolvimento e na exploração comercial de novos produtos e serviços novos ou aperfeiçoados, bem como na optimização dos procedimentos empresariais", refere a Comissão no citado documento.
Mas esta mudança exige um novo espírito e um renovado ímpeto empresarial, aliás visível nas novas empresas de base tecnológica que estão a surgir e a desenvolver-se.
Cavaco Silva está bem informado e sintonizado com esta nova realidade, conhece-a e apoia-a.
Cavaco Silva in “As minhas ambições para Portugal”-Porto 27.10.05
Num documento relativamente recente, enviado ao Conselho e ao Parlamento Europeu, a Comissão Europeia referia, entre os quatro grandes desafios para a Europa, o da evolução tecnológica e organizacional e o da inovação e espírito empresarial, sendo os outros dois o da globalização e o da sustentabilidade e das novas exigências sociais.
Cavaco Silva, numa frase simples, mas de grande significado, referiu-se àqueles dois primeiros objectivos, como condição de assegurar a alteração do nosso modelo de desenvolvimento e ao apoio que lhes dará.
“A competitividade e o crescimento económico assentam, cada vez com maior frequência, na inovação, ou seja, no desenvolvimento e na exploração comercial de novos produtos e serviços novos ou aperfeiçoados, bem como na optimização dos procedimentos empresariais", refere a Comissão no citado documento.
Mas esta mudança exige um novo espírito e um renovado ímpeto empresarial, aliás visível nas novas empresas de base tecnológica que estão a surgir e a desenvolver-se.
Cavaco Silva está bem informado e sintonizado com esta nova realidade, conhece-a e apoia-a.
É por isso que muitos empresários novos, dinâmicos e com o sentido das novas exigências sociais apoiam firmemente Cavaco Silva, como se comprova no site da sua candidatura.
Para alguns dos candidatos
É um jogo. É inofensivo. Recomendado para alguns candidatos (o povo é virtual, não sofre). Por aqui, sff...
quarta-feira, 28 de dezembro de 2005
A conversa de Soares
As ideias de Mário Soares, ao que tenho observado na sua triste campanha, resumem-se a duas:
-atacar Cavaco Silva em todas as vertentes, seja ela política, profissional, ou mesmo pessoal.
-diminuir as funções presidenciais ao mínimo, de forma a que o povo possa acreditar que é capaz de as exercer.
Com tal política, Mário Soares passa um atestado de menoridade a ele próprio, o que, não sendo preocupante, não deixa de ser lamentável.
Mas passa, sobretudo, um atestado de imbecilidade ao povo português, pedindo-lhe o voto para uma função que se esforça por apresentar sem conteúdo, mas que só ele seria capaz de exercer.
-atacar Cavaco Silva em todas as vertentes, seja ela política, profissional, ou mesmo pessoal.
-diminuir as funções presidenciais ao mínimo, de forma a que o povo possa acreditar que é capaz de as exercer.
Com tal política, Mário Soares passa um atestado de menoridade a ele próprio, o que, não sendo preocupante, não deixa de ser lamentável.
Mas passa, sobretudo, um atestado de imbecilidade ao povo português, pedindo-lhe o voto para uma função que se esforça por apresentar sem conteúdo, mas que só ele seria capaz de exercer.
Se isto não é gozar connosco, só pode ser a prova acabada da arrogância infinita de quem pensa que vai iludir o povo com tão primária e insensata conversa.
Deixe de nos importunar com essa argumentação rasteira ou, se não sabe fazer melhor, desista, que o seu desistir até teria graça!...
Deixe de nos importunar com essa argumentação rasteira ou, se não sabe fazer melhor, desista, que o seu desistir até teria graça!...
O Pé na Poça
Mário Soares continua a sua saga contra gigantes imaginários. Agora foi o “escândalo”, que toca as raias do ridículo, da referência feita por Cavaco Silva à existência noutros países de uma Secretaria de Estado para o investimento estrangeiro. Tal é a ansiedade por apanhar o mínimo pretexto para uma diatribe, que nem há a preocupação de respeitar os limites do senso mais banal. Foi penoso ver uma plateia muito composta a assistir a um discurso inflamado sobre “o pé na poça” e a “intromissão intolerável no poder executivo”, prenúncios mais que óbvios das terríveis intenções do Prof. Cavaco Silva. Seria ridículo, se não fosse triste, afinal é uma campanha presidencial…Mário Soares e, já agora, os outros candidatos, que não resistiram em fazer um eco absurdo de tal reacção, é que caíram na poça bem funda do “ tremendismo” eleitoral.
Chaplin
No dia de natal de há 28 anos desapareceu um génio.
"Se tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades, teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando.
Falei como um palhaço, mas jamais duvidei da sinceridade da plateia que sorria"
"Autodomesticação"
A morfologia e a fisiologia dos seres humanos, assim como das outras espécies, são frutos de uma interacção com o ambiente, caldo e força determinante na selecção dos genes mais adequados à sobrevivência das espécies.
Durante milhões e milhões de anos, os diversos ambientes, físico, químico e biológico, foram as forças primordiais. Só muito recentemente é que foi criado um novo ambiente, o cultural.
Tem-se perguntado se, no caso dos humanos, a evolução continua ou parou. Será que o homem atingiu o ponto final da evolução, escapando às forças que estiveram na sua origem? Parece que não. Apesar do ambiente cultural ser muito recente, tudo aponta para que tenha já feito das suas, alterando a composição genética de algumas espécies, inclusive a do próprio criador.
Estudos recentes revelam alterações de cerca de 1.800 genes, 7% do total do genoma humano, motivadas pelas forças culturais. Há como que uma “autodomesticação humana” comparando com o observado, por exemplo, a nível do genoma do milho, face aos antecessores do mesmo.
Passaram apenas 50.000 anos de ambiente cultural, o que à escala global é uma pequeníssima fracção de tempo, mas, mesmo assim, tudo aponta para que a pressão selectiva, agora a outros níveis continue a processar-se. Importa conhecer mais este mundo e especular sobre o que poderá acontecer no futuro. A própria forma de conviver, em termos sociais, com aglomerações constantes e contínuas propiciando uma maior facilidade na transmissão de doenças infecciosas “exige” modificações genéticas de forma a tornarmos mais resistentes às infecções. Do mesmo modo, o nosso cérebro e as suas múltiplas funções não deixarão de sofrer alterações, e, quem sabe, se a nossa própria morfologia não se revestirá de novas formas no futuro.
O que acontecerá aos valores e princípios ditos universais? Manter-se-ão, evoluirão, serão substituídos por outros que nem sonhamos ou pensamos? Quase que poderíamos afirmar que o homem não é um produto acabado, mas sim um produto em permanente e constante evolução, apesar de lenta aos nossos olhos, mas rápida à escala universal, sem que se saiba o que irá acontecer a seguir. Mas a beleza de tudo está precisamente aí, não saber o que vai acontecer no futuro…
Durante milhões e milhões de anos, os diversos ambientes, físico, químico e biológico, foram as forças primordiais. Só muito recentemente é que foi criado um novo ambiente, o cultural.
Tem-se perguntado se, no caso dos humanos, a evolução continua ou parou. Será que o homem atingiu o ponto final da evolução, escapando às forças que estiveram na sua origem? Parece que não. Apesar do ambiente cultural ser muito recente, tudo aponta para que tenha já feito das suas, alterando a composição genética de algumas espécies, inclusive a do próprio criador.
Estudos recentes revelam alterações de cerca de 1.800 genes, 7% do total do genoma humano, motivadas pelas forças culturais. Há como que uma “autodomesticação humana” comparando com o observado, por exemplo, a nível do genoma do milho, face aos antecessores do mesmo.
Passaram apenas 50.000 anos de ambiente cultural, o que à escala global é uma pequeníssima fracção de tempo, mas, mesmo assim, tudo aponta para que a pressão selectiva, agora a outros níveis continue a processar-se. Importa conhecer mais este mundo e especular sobre o que poderá acontecer no futuro. A própria forma de conviver, em termos sociais, com aglomerações constantes e contínuas propiciando uma maior facilidade na transmissão de doenças infecciosas “exige” modificações genéticas de forma a tornarmos mais resistentes às infecções. Do mesmo modo, o nosso cérebro e as suas múltiplas funções não deixarão de sofrer alterações, e, quem sabe, se a nossa própria morfologia não se revestirá de novas formas no futuro.
O que acontecerá aos valores e princípios ditos universais? Manter-se-ão, evoluirão, serão substituídos por outros que nem sonhamos ou pensamos? Quase que poderíamos afirmar que o homem não é um produto acabado, mas sim um produto em permanente e constante evolução, apesar de lenta aos nossos olhos, mas rápida à escala universal, sem que se saiba o que irá acontecer a seguir. Mas a beleza de tudo está precisamente aí, não saber o que vai acontecer no futuro…
O Perú
Antes que a política volte a ocupar os nossos dias, deixem-me contar-vos por que motivo me recuso a assar o perú de Natal.
Desde que me lembro que todos os anos chegava a nossa casa o cesto da Conceição. A Conceição era uma antiga empregada da minha avó que ficou amiga da minha mãe até morrer de velhinha. Morava no campo e criava amorosamente um peru que lhe mandava religiosamente num cesto, pelo Natal. Acontece que o bicho era gordo, tão gordo e luzidio que mal cabia no forno e havia sempre um abanar de cabeças muito céptico: - Não cabe, mãe, é melhor ir a assar noutro lado, não vês que aqui não cabe?
Escusado. Era para assar ali e acabou-se, era uma homenagem a quem o dava com tanta amizade. O meu pai, muito engenhoso como sempre, desmontava o forno e fazia milagres para lá encaixar o peru, mas era certo e sabido que, a meio da assadura, o molho caía para fora do tabuleiro e pegava fogo. Uma fumarada, muita agitação, lá se compunha tudo e, muitas horas mais tarde, tostado e delicioso, o peru ocupava o seu lugar central na mesa de Natal. As asas carbonizadas eram disfarçadas com um artístico improviso e todos faziam as honras a tão delicioso presente.
Um ano aconteceu que o bicho era tão grande que, antes que a minha mãe o visse, o meu pai resolveu serrá-lo a meio para ser feito por duas vezes. Foi um drama, por pouco não tínhamos Consoada…
Num ano em que estive fora, o Natal foi a altura em que senti umas saudades impossíveis. Liguei para casa a meio da tarde, a imaginar a azáfama de que, pela primeira vez, eu não fazia parte. Atendeu uma das minhas irmãs, a voz alterada, a tentar não gritar comigo. "– O que há? Aconteceu alguma coisa? – perguntei em pânico. – Claro,- gritou ela - , tinhas que ligar logo na altura em que o peru está a arder?" Fiquei em suspenso, do outro lado do Atlântico, até confirmar que só se tinham carbonizado as asas…E fartei-me de rir sozinha, por ter apanhado em cheio aquele pedacinho de Natal de casa.
O “peru da Conceição” anulou para sempre qualquer competição. Nunca mais foram tão grandes, nem tão saborosos e, sobretudo, nunca mais nenhum teve honras de histórias para celebrar. Mas esses, os dela, são sempre lembrados como se estivessem à nossa frente.
terça-feira, 27 de dezembro de 2005
Aos Druidas
Nestas alturas em que é preciso fazer os impossíveis para que as festas corram todas a contento lembro-me sempre da "Prova dos Druidas" do Astérix, em que cada etapa desafia a imaginação mas depois acaba por ser ultrapassada com êxito, mesmo a tempo de se enfrentar a seguinte até que finalmente se esgotam os obstáculos e se pode suspirar de alívio e satisfação. Não estou a complicar, é mesmo assim!, quando começam a tocar à campainha e se acendem as luzes da sala, as velas a brilhar, a mesa posta, os enfeites de Natal prontos a receber os comentários, tudo alinhadinho na cozinha para surpreender os indígenas e os outros, os sacos de presentes identificados e as listas com os nomes devidamente riscados ao longo dos últimos dias, sinto uma agradável afinidade com Panoramix, o druida, que colhe o zimbro e prepara as poções mágicas, e em que todos acreditam que levará a bom termo a sua missão.
Claro que os druidas não fazem tudo sozinhos, há uma aldeia inteira a espalhar a confusão e a contribuir também para que no fim brindem todos com alegria, bebido que esteja aquele golo de poção que mais não é do que a vontade de agradar e o desejo de ver felizes aqueles de quem gostamos.
A todos os druidas que renovaram as virtudes da poção mágica as minhas cordiais saudações por mais um Natal celebrado em Paz e Alegria!
Os Marcianos!...
Este Portugal político deixou de ser real, transformou-se num país marciano e retórico, pelo que qualquer cidadão normal pouco entende do que se passa.
A “esquerda” marciana anda para aí obcecada em derrotar o que denomina de candidato da direita, Cavaco Silva e em levar a Belém um candidato de esquerda.
Mas os candidatos da esquerda marciana Louçã e Jerónimo estão contra os candidatos também da esquerda marciana, Soares e Alegre, porque apoiam um Governo de pseudo- esquerda, já que, segundo eles, faz política de direita.
E acusam o Governo do PS e o próprio PS de, tal como a direita, não respeitarem a Constituição.
Assim sendo, um cidadão deste país dificilmente entende que candidatos de esquerda acusem outros candidatos de esquerda de não cumprir a Constituição e, ao mesmo tempo, apelem à vitória de um dos candidatos de esquerda, precisamente de um dos que não iriam cumprir a Constituição!...
E se esse mesmo cidadão poderia facilmente entender que os candidatos de esquerda que apoiam um Governo que faz política de direita não podem senão ser assimilados a candidatos de direita, já por certo não compreende que esses mesmos que produzem tal acusação continuem a considerar que sejam de esquerda os candidatos que apoiam um Governo que faz política de direita!...
E mais baralhado ficaria, se lesse o DN do Dia de Natal.
Segundo o DN, “o PSD foi o partido que mais vezes votou ao lado do PS na aprovação das propostas de lei que o Executivo de José Sócrates levou, este ano, ao Parlamento. Os sociais-democratas votaram favoravelmente 11 propostas do Governo, e só por seis vezes se manifestaram claramente divergentes (com voto contra) às medidas avançadas pelo Executivo na Assembleia da República”…enquanto o PCP e o BE “chumbaram por 13 vezes (cada um), os diplomas governamentais apresentados aos deputados…”.
Como é que um cidadão compreende tal retórica marciana se o PSD é diariamente acusado de ser um partido da direita e o Governo do PS se assume diariamente como um partido de esquerda, mas contra o qual votam os outros partidos de esquerda?
E como fica o cidadão ao ver que esta “obra-prima” é trabalho exclusivo de políticos profissionais?
De facto, esta esquerda ou estas esquerdas marcianas, não sabendo o que são, e vivendo em planeta longínquo, tornaram-se verdadeiros mestres da incongruência e da retórica bizantina!…
E querem que o povo os entenda!...
A “esquerda” marciana anda para aí obcecada em derrotar o que denomina de candidato da direita, Cavaco Silva e em levar a Belém um candidato de esquerda.
Mas os candidatos da esquerda marciana Louçã e Jerónimo estão contra os candidatos também da esquerda marciana, Soares e Alegre, porque apoiam um Governo de pseudo- esquerda, já que, segundo eles, faz política de direita.
E acusam o Governo do PS e o próprio PS de, tal como a direita, não respeitarem a Constituição.
Assim sendo, um cidadão deste país dificilmente entende que candidatos de esquerda acusem outros candidatos de esquerda de não cumprir a Constituição e, ao mesmo tempo, apelem à vitória de um dos candidatos de esquerda, precisamente de um dos que não iriam cumprir a Constituição!...
E se esse mesmo cidadão poderia facilmente entender que os candidatos de esquerda que apoiam um Governo que faz política de direita não podem senão ser assimilados a candidatos de direita, já por certo não compreende que esses mesmos que produzem tal acusação continuem a considerar que sejam de esquerda os candidatos que apoiam um Governo que faz política de direita!...
E mais baralhado ficaria, se lesse o DN do Dia de Natal.
Segundo o DN, “o PSD foi o partido que mais vezes votou ao lado do PS na aprovação das propostas de lei que o Executivo de José Sócrates levou, este ano, ao Parlamento. Os sociais-democratas votaram favoravelmente 11 propostas do Governo, e só por seis vezes se manifestaram claramente divergentes (com voto contra) às medidas avançadas pelo Executivo na Assembleia da República”…enquanto o PCP e o BE “chumbaram por 13 vezes (cada um), os diplomas governamentais apresentados aos deputados…”.
Como é que um cidadão compreende tal retórica marciana se o PSD é diariamente acusado de ser um partido da direita e o Governo do PS se assume diariamente como um partido de esquerda, mas contra o qual votam os outros partidos de esquerda?
E como fica o cidadão ao ver que esta “obra-prima” é trabalho exclusivo de políticos profissionais?
De facto, esta esquerda ou estas esquerdas marcianas, não sabendo o que são, e vivendo em planeta longínquo, tornaram-se verdadeiros mestres da incongruência e da retórica bizantina!…
E querem que o povo os entenda!...
sábado, 24 de dezembro de 2005
Recordação de Natal
Esta historieta, de um Portugal que já não existe, só a poderá entender quem, como o Ferreira de Almeida ou o Massano Cardoso tenham vivido fora das grandes cidades e tenham conhecido a vida das pequenas terras.
Quando era muito miúdo, um dos homens a dias que trabalhava na agricultura, em casa dos meus pais, era o Sr. Emídio, mais conhecido pelo Emídio Ferreiro, em alusão à sua outra profissão.
De todos os homens a dias, era do Sr. Emídio que mais gostava.
Se andava a pôr couves, eu lá estava a tentar ajudá-lo, se plantava alfaces, eu lá estava a dar-lhas à mão, acompanhava-o nas semeaduras, nas regas, nas mondas e nas colheitas.
O Sr. Emídio contava-me histórias, sobretudo da 1ª Grande Guerra, onde esteve, em 1917.
Descrevia as trincheiras, os ataques de baioneta, a agonia dos feridos, enaltecia os actos de valentia e condenava os cobardes que procuravam fugir.
O Sr. Emídio tinha sido 1º cabo e dizia-o com muito orgulho da posição hierárquica que tinha atingido.
Para mim, nessa altura, ser 1º cabo era o posto máximo da carreira militar, o chefe supremo.
Mas contava-me outras histórias e descrevia-me a grande cidade de Lisboa por onde tinha passado uns anos, com tanto entusiasmo que da primeira vez que vim a Lisboa quis ir ver os sítios de que me falava o Sr. Emídio.
Por essas alturas, o meu Pai andava a fazer obras para aumentar a casa.
Em pedra, claro.
Para o trabalho da pedreira e dos pedreiros era preciso ter os guilhos, os picos e demais ferramentas bem afiadas: disso se encarregava o Sr. Emídio na sua forja.
Deste modo, passei a ir também à forja do Sr. Emídio, onde o via a dar ao fole, espevitando o braseiro, de forma a pôr o metal ao rubro para ser moldado, com fortes marteladas, em bicos bem afiados que penetrassem na rocha.
Era aliás esse o braseiro a que o prior da minha terra aludia, com ar bondoso, meio sério, meio a rir, quando falava aos miúdos do inferno: portassem-se mal e lá cairiam no inferno, onde o fogo era bem pior que as brasas a arder da forja do Sr. Emídio!...
Afeiçoei-me ao Sr. Emídio.
Em determinado Natal, pedi ao meu Pai para dizer ao Sr. Emídio para consoar connosco.
Não muito convencido, mas depois de me ver muito triste, o meu Pai lá se resolveu: oh! Emídio, venha logo comer o bacalhau cá a casa!...
Que não, dizia e repetia o Sr. Emídio.
Mas eu lá o convenci e ele veio com a mulher, a Srª Nazaré.
Em vários anos seguintes, repetia-se a cena e lá estava em casa também o Sr. Emídio.
Pela lei da vida, o Sr. Emídio morreu há muito.
Mas não há noite de Natal em que não me venha do Sr.Emídio uma doce e nostálgica recordação.
Quando era muito miúdo, um dos homens a dias que trabalhava na agricultura, em casa dos meus pais, era o Sr. Emídio, mais conhecido pelo Emídio Ferreiro, em alusão à sua outra profissão.
De todos os homens a dias, era do Sr. Emídio que mais gostava.
Se andava a pôr couves, eu lá estava a tentar ajudá-lo, se plantava alfaces, eu lá estava a dar-lhas à mão, acompanhava-o nas semeaduras, nas regas, nas mondas e nas colheitas.
O Sr. Emídio contava-me histórias, sobretudo da 1ª Grande Guerra, onde esteve, em 1917.
Descrevia as trincheiras, os ataques de baioneta, a agonia dos feridos, enaltecia os actos de valentia e condenava os cobardes que procuravam fugir.
O Sr. Emídio tinha sido 1º cabo e dizia-o com muito orgulho da posição hierárquica que tinha atingido.
Para mim, nessa altura, ser 1º cabo era o posto máximo da carreira militar, o chefe supremo.
Mas contava-me outras histórias e descrevia-me a grande cidade de Lisboa por onde tinha passado uns anos, com tanto entusiasmo que da primeira vez que vim a Lisboa quis ir ver os sítios de que me falava o Sr. Emídio.
Por essas alturas, o meu Pai andava a fazer obras para aumentar a casa.
Em pedra, claro.
Para o trabalho da pedreira e dos pedreiros era preciso ter os guilhos, os picos e demais ferramentas bem afiadas: disso se encarregava o Sr. Emídio na sua forja.
Deste modo, passei a ir também à forja do Sr. Emídio, onde o via a dar ao fole, espevitando o braseiro, de forma a pôr o metal ao rubro para ser moldado, com fortes marteladas, em bicos bem afiados que penetrassem na rocha.
Era aliás esse o braseiro a que o prior da minha terra aludia, com ar bondoso, meio sério, meio a rir, quando falava aos miúdos do inferno: portassem-se mal e lá cairiam no inferno, onde o fogo era bem pior que as brasas a arder da forja do Sr. Emídio!...
Afeiçoei-me ao Sr. Emídio.
Em determinado Natal, pedi ao meu Pai para dizer ao Sr. Emídio para consoar connosco.
Não muito convencido, mas depois de me ver muito triste, o meu Pai lá se resolveu: oh! Emídio, venha logo comer o bacalhau cá a casa!...
Que não, dizia e repetia o Sr. Emídio.
Mas eu lá o convenci e ele veio com a mulher, a Srª Nazaré.
Em vários anos seguintes, repetia-se a cena e lá estava em casa também o Sr. Emídio.
Pela lei da vida, o Sr. Emídio morreu há muito.
Mas não há noite de Natal em que não me venha do Sr.Emídio uma doce e nostálgica recordação.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2005
“Tediologia”
O tédio é algo com o qual nos confrontamos, volta não volta. Claro que muitos de nós, sobrecarregados de trabalho e de responsabilidades, não têm tempo para se entediarem. Mas, caso isso aconteça então sejam bem-vindos à nova disciplina de tediologia (boringology).
O pai da tediologia é o médico norte-americano William Bean. Um especialista no estudo do crescimento das unhas dos pés. Em 1980 publicou um trabalho nos Archives of Internal Medicine culminando 35 anos de observação de crescimento das unhas. Quando tinha 32 anos desenhou uma linha na cutícula da unha esquerda do dedo grande e foi medindo o crescimento. Verificou que a unha crescia 0,123 mm por dia ou seja 1,4 nanometro por segundo. Também verificou que só as infecções fúngicas e o envelhecimento é que reduziam a velocidade do crescimento. Aos 61 anos o crescimento reduziu-se para 0,100 mm por dia e seis anos sofreu nova redução de 0,005 mm/dia.
Claro que há outras formas de passar o tempo tais como: calcular o tempo das tintas da parede a secar, medir o crescimento da relva do jardim, contar o número de dejectos de canídeos por metro quadrado da nossa rua e correlacioná-lo com as épocas do ano, registar a frequência com que o vizinho do andar de cima urina durante a noite, o número de vezes que o arrebenta diz mal do Cavaco Silva por 100 caracteres e a sua evolução à medida que se aproxima o dia das eleições ou, então, fazer o que José António Lima fez no Expresso de hoje, ou seja, as vezes que o Mário chamou de tudo ao Cavaco no último debate, dezoito mais uns etc. Aqui está um exemplo óptimo de como se deve praticar tediologia…
O pai da tediologia é o médico norte-americano William Bean. Um especialista no estudo do crescimento das unhas dos pés. Em 1980 publicou um trabalho nos Archives of Internal Medicine culminando 35 anos de observação de crescimento das unhas. Quando tinha 32 anos desenhou uma linha na cutícula da unha esquerda do dedo grande e foi medindo o crescimento. Verificou que a unha crescia 0,123 mm por dia ou seja 1,4 nanometro por segundo. Também verificou que só as infecções fúngicas e o envelhecimento é que reduziam a velocidade do crescimento. Aos 61 anos o crescimento reduziu-se para 0,100 mm por dia e seis anos sofreu nova redução de 0,005 mm/dia.
Claro que há outras formas de passar o tempo tais como: calcular o tempo das tintas da parede a secar, medir o crescimento da relva do jardim, contar o número de dejectos de canídeos por metro quadrado da nossa rua e correlacioná-lo com as épocas do ano, registar a frequência com que o vizinho do andar de cima urina durante a noite, o número de vezes que o arrebenta diz mal do Cavaco Silva por 100 caracteres e a sua evolução à medida que se aproxima o dia das eleições ou, então, fazer o que José António Lima fez no Expresso de hoje, ou seja, as vezes que o Mário chamou de tudo ao Cavaco no último debate, dezoito mais uns etc. Aqui está um exemplo óptimo de como se deve praticar tediologia…
Sabor a hipocrisia - III
Quando há dias vi o espalhafato mediático da demolição de três apoios de praia com honras de ministro presente, pensei logo que a conhecida "estratégia de Sócrates" tinha ali uma das suas habituais expressões.
Sócrates, enquanto Ministro do Ambiente, experimentou com enorme sucesso uma estratégia de balanço entre medidas simpáticas e politicamente correctas nos domínios do ambiente mas sobretudo espectaculares no plano mediático, com outras de impacto e aceitabilidade pública negativos.
Preparava as últimas compensando com a exploração do efeito positivo das primeiras.
A espectacularidade do anúncio da demolição das torres de Ofir ou do prédio Countiho em Viana do Castelo, como a propaganda massiva na campanha do encerramento das lixeiras (que boa verdade deveriam ter sido creditadas à sua antecessora no cargo), prepararam o terreno para antenuar os efeitos da opção pela co-inceneração.
Com esta estratégia, a verdade é que criou a imagem de um homem preocupado com as questões do ambiente, capaz de se impor em defesa dos valores ambientais, conseguindo inegavelmente "boa imprensa".
Mas a realidade das coisas é que lá estão as torres de Ofir de pé, o prédio Coutinho vai-se aguentando, muitos foram os problemas com os aterros de RSU e a co-inceneração está de regresso...
Quando vi a encenação por parte do Ministro do Ambiente da demolição de três bares de praia há muito condenados (em detrimento do cumprimento do Programa Finisterra que calendarizava e elegia as fontes de financiamento para promover uma política séria de protecção e valorização da costa portuguesa), dei comigo a pensar: "vem aí a barragem do Sabor".
Bingo!
Sócrates, enquanto Ministro do Ambiente, experimentou com enorme sucesso uma estratégia de balanço entre medidas simpáticas e politicamente correctas nos domínios do ambiente mas sobretudo espectaculares no plano mediático, com outras de impacto e aceitabilidade pública negativos.
Preparava as últimas compensando com a exploração do efeito positivo das primeiras.
A espectacularidade do anúncio da demolição das torres de Ofir ou do prédio Countiho em Viana do Castelo, como a propaganda massiva na campanha do encerramento das lixeiras (que boa verdade deveriam ter sido creditadas à sua antecessora no cargo), prepararam o terreno para antenuar os efeitos da opção pela co-inceneração.
Com esta estratégia, a verdade é que criou a imagem de um homem preocupado com as questões do ambiente, capaz de se impor em defesa dos valores ambientais, conseguindo inegavelmente "boa imprensa".
Mas a realidade das coisas é que lá estão as torres de Ofir de pé, o prédio Coutinho vai-se aguentando, muitos foram os problemas com os aterros de RSU e a co-inceneração está de regresso...
Quando vi a encenação por parte do Ministro do Ambiente da demolição de três bares de praia há muito condenados (em detrimento do cumprimento do Programa Finisterra que calendarizava e elegia as fontes de financiamento para promover uma política séria de protecção e valorização da costa portuguesa), dei comigo a pensar: "vem aí a barragem do Sabor".
Bingo!
Sabor a hipocrisia - II
Ouvi agora o sr. Primeiro-Ministro a depôr em favor da construção da barragem no rio Sabor.
Disse que nunca o PS se manifestou contra tal projecto. Mas disse mais. Que quem aprovou a localização não foi ele, foi o governo anterior. Entende ainda o Engº Sócrates que em nome da estabilidade não podemos andar sempre a mudar de posição nos grandes investimentos.
Ainda me consigo surpreender com a suprema lata com que alguns dos dirigentes políticos justificam as suas atitudese!
Que o PS se manifestou contra a barragem no Sabor é um dado amplamente registado pela comunicação social quando o Governo do Dr. Durão Barroso anunciou a intenção de construir aquela estrutura. Já o argumento de que se pretende, em nome da estabilidade, executar uma decisão que, afinal, é da responsabilidade de governos anteriores (!), é de um nível de intolerável hipocrisia. Com esta afirmação pretende-se fazer passar a ideia de que o governo é contra por razões ambientais. Que o contributo da barragem para o desenvolvimento económico não se sobrepõe ao interesse geral da conservação da natureza. Mas que não tinha outra alternativa face à ma decisão dos governos PSD/CDS-PP senão dar-lhe execução não vá o País sofrer mais um abalo telúrico de instabilidade...
Definitivamente perdeu-se todo o decoro!
O valor da estabilidade não fez, por exemplo, hesitar o PS na revogação de outras medidas dos governos anteriores com as quais se pretendeu reforçar as políticas de conservação da natureza, como foi o caso dos diplomas que visavam um maior envolvimento dos autarcas e das populações na gestão das áreas protegidas ou da desactivação táctica do programa FINISTERRA de protecção e valorização dos ecossistemas litorais.
Face a este episódio, noutro ângulo de observação fico na expectativa de ver a reacção de alguns dirigentes de associações ambientalistas quanto à sua afirmada independência dos partidos políticos (já que da oposição, nestas matérias como noutras, pouco há a esperar...).
Disse que nunca o PS se manifestou contra tal projecto. Mas disse mais. Que quem aprovou a localização não foi ele, foi o governo anterior. Entende ainda o Engº Sócrates que em nome da estabilidade não podemos andar sempre a mudar de posição nos grandes investimentos.
Ainda me consigo surpreender com a suprema lata com que alguns dos dirigentes políticos justificam as suas atitudese!
Que o PS se manifestou contra a barragem no Sabor é um dado amplamente registado pela comunicação social quando o Governo do Dr. Durão Barroso anunciou a intenção de construir aquela estrutura. Já o argumento de que se pretende, em nome da estabilidade, executar uma decisão que, afinal, é da responsabilidade de governos anteriores (!), é de um nível de intolerável hipocrisia. Com esta afirmação pretende-se fazer passar a ideia de que o governo é contra por razões ambientais. Que o contributo da barragem para o desenvolvimento económico não se sobrepõe ao interesse geral da conservação da natureza. Mas que não tinha outra alternativa face à ma decisão dos governos PSD/CDS-PP senão dar-lhe execução não vá o País sofrer mais um abalo telúrico de instabilidade...
Definitivamente perdeu-se todo o decoro!
O valor da estabilidade não fez, por exemplo, hesitar o PS na revogação de outras medidas dos governos anteriores com as quais se pretendeu reforçar as políticas de conservação da natureza, como foi o caso dos diplomas que visavam um maior envolvimento dos autarcas e das populações na gestão das áreas protegidas ou da desactivação táctica do programa FINISTERRA de protecção e valorização dos ecossistemas litorais.
Face a este episódio, noutro ângulo de observação fico na expectativa de ver a reacção de alguns dirigentes de associações ambientalistas quanto à sua afirmada independência dos partidos políticos (já que da oposição, nestas matérias como noutras, pouco há a esperar...).
Sabor a hipocrisia - I
O Conselho de Ministros aprovou a localização de uma barragem para aproveitamento da mais-valia eléctrica do rio Sabor.
Em tempos que já lá vão (nos governos da coligação PSD/CDS-PP) a mera hipótese de isto vir a suceder, fez tremer o Carmo e a Trindade! Ele foram os movimentos ambientalistas, a indignação parlamentar dos partidos da oposição. Ele foi, sobretudo, a firmeza com que o PS, pela voz - amplificada pela sempre disponível comunicação social - do ex-secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza do governo do Engº Guterres, diabolizou a possibilidade de se artificializar aquele que é considerado o único rio selvagem da Europa.
O ex-Secretário de Estado e ambientalista de serviço do grupo parlamentar do PS, vergastava então o saudoso ministro Theias, atirando-lhe à cara tudo quanto pode afectar a reputação de um minstro do ambiente: não ser amigo da conservação da natureza, ser responsável por violar directivas comunitárias de protecção da biodiversidade, ceder a essa coisa monstruosa, com que o PS nada tem a haver, que se designa por "interesses económicos"!
Repetiu no Parlamento essas acusações (vd. DAR, IX Leg., nº 55, p. 3067).
O destino é irónico, embora sem consequências para a mais descarada hipocrisia política.
Então não é que é o actual ministro da Presidência, a mesma realidade antropomórfica do ex-secretário de Estado de Guterres que como deputado da oposição era a voz da indignação e o defensor da intangibilidade do Sabor, vem anunciar ao País a deliberação do Conselho de Ministros em nome do desenvolvimento económico?
Ainda se queixam da falta de credibilidade dos políticos...
Em tempos que já lá vão (nos governos da coligação PSD/CDS-PP) a mera hipótese de isto vir a suceder, fez tremer o Carmo e a Trindade! Ele foram os movimentos ambientalistas, a indignação parlamentar dos partidos da oposição. Ele foi, sobretudo, a firmeza com que o PS, pela voz - amplificada pela sempre disponível comunicação social - do ex-secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza do governo do Engº Guterres, diabolizou a possibilidade de se artificializar aquele que é considerado o único rio selvagem da Europa.
O ex-Secretário de Estado e ambientalista de serviço do grupo parlamentar do PS, vergastava então o saudoso ministro Theias, atirando-lhe à cara tudo quanto pode afectar a reputação de um minstro do ambiente: não ser amigo da conservação da natureza, ser responsável por violar directivas comunitárias de protecção da biodiversidade, ceder a essa coisa monstruosa, com que o PS nada tem a haver, que se designa por "interesses económicos"!
Repetiu no Parlamento essas acusações (vd. DAR, IX Leg., nº 55, p. 3067).
O destino é irónico, embora sem consequências para a mais descarada hipocrisia política.
Então não é que é o actual ministro da Presidência, a mesma realidade antropomórfica do ex-secretário de Estado de Guterres que como deputado da oposição era a voz da indignação e o defensor da intangibilidade do Sabor, vem anunciar ao País a deliberação do Conselho de Ministros em nome do desenvolvimento económico?
Ainda se queixam da falta de credibilidade dos políticos...
Consoada moderna
Por esta altura, aquela pequena angústia de ainda ter imensas coisas para fazer e o Natal ser já depois de amanhã começa a transformar-se em pânico. Os presentes que ainda falta comprar ou fazer, os amigos com quem tanto queríamos falar para desejar um Bom Natal e que ainda não houve ocasião de sossego, as visitas que estavam previstas e que agora talvez antes do fim do ano…
Mas o mais complicado é mesmo quando nos calha a nós fazer a Consoada! Manda a prudência que se faça uma lista das compras – o perú, por favor, dos pequenos e já cozinhado! – sob pena de se chegar a casa com óptimas coisas que se vai experimentar e depois concluir que afinal estão todos à espera dos petiscos do costume…O passo seguinte é fazer o inventário de quantos virão à chamada.
E era aqui que eu queria chegar. Este ano esta contagem de cabeças – felizmente muitas, o trabalho para 30 ou 40 não é muito diferente! – revelou-me uma realidade nua e crua: a família internacionaliza-se! É que a miudagem cresceu e anunciam que trazem os (as) namorados(as).
- Para o Natal?, pergunto eu admirada.- E então não têm família? Têm, claro. Mas um é grego, outra italiana, uma espanhola, a outra é polaca e ainda há uma búlgara que vem de Londres…E, por favor, não esquecer que dois são vegetarianos e se calhar há uns que detestam bacalhau!
Aqui está o mote do futuro: crescei, multiplicai-vos e…internacionalizem-se!
Parece-me que depois do Natal vou ter uns posts para escrever...
quinta-feira, 22 de dezembro de 2005
Boas Festas e Feliz Natal
Olhai a gravura que um prego contém
Na escura parede da casa aldeã
Menino tão lindo só Este, em Belém
Ao colo da Rosa da Eterna Manhã
Em torno se curvam os reis e pastores
Oferecem-lhe humildes e ricos presentes
Os Anjos Lhe entoam celestes louvores
Por coroa um rebanho de estrelas cadentes.
…
Diante da estampa sagrada, uma prece
Estreita as mãozitas há pouco em labor
Jesus pequenino olhai que parece
Lançar-lhes a bênção da paz e do amor
São dadas as doze na torre de sino
Os flocos de neve são flocos de lã
Nasceu, num presépio, o filho divino
Do ventre da Rosa da Eterna Manhã
António Manuel de Couto Viana
Na escura parede da casa aldeã
Menino tão lindo só Este, em Belém
Ao colo da Rosa da Eterna Manhã
Em torno se curvam os reis e pastores
Oferecem-lhe humildes e ricos presentes
Os Anjos Lhe entoam celestes louvores
Por coroa um rebanho de estrelas cadentes.
…
Diante da estampa sagrada, uma prece
Estreita as mãozitas há pouco em labor
Jesus pequenino olhai que parece
Lançar-lhes a bênção da paz e do amor
São dadas as doze na torre de sino
Os flocos de neve são flocos de lã
Nasceu, num presépio, o filho divino
Do ventre da Rosa da Eterna Manhã
António Manuel de Couto Viana
Para a Suzana, David Justino, Ferreira de Almeida, Vítor, Massano, Miguel e toda a vossa família, os meus votos de um Feliz Natal, com muita saúde, harmonia e alegria de viver.
Para todos os nossos Visitantes e particularmente para os mais assíduos, Tonibler/CMonteiro, Crack, Anthrax/Vírus, Reformista, Cardeal de Alpedrinha, Esperança no Provir/Elisiário, Jorge Lúcio, José, Marga, LMSP, Ricardo Andrade, Nuno Martins, Adriano Volframista, Ouvidor, Ruvasa, PM, Manta de Retalhos, Ofício Diário/Torquato da Luz, Fernando Cabral e tantos outros, também os votos de Festas Felizes e os agradecimentos pelas contribuições, concordantes e discordantes, que enriqueceram o 4R, e pelo companheirismo que evidenciaram.
Um Feliz Natal e voltem sempre!…
Um Bom Natal!
Confesso que este ano hesitei. Os dias foram passando, hoje não posso, amanhã logo vejo, onde é que eu vou agora encontrar uma árvore bonita, as crianças já são grandes e não estão cá… Para quê fazer a árvore de Natal e o Presépio?, ponho as figurinhas num canto e já está…
Mas ontem cheguei a casa, tarde como sempre, e ali estava num canto da cozinha um pinheiro todo embrulhado, muito bonito, com um papelinho a dizer – “Procurámos desses que a Câmara vende, com raízes e terra, depois podes plantá-lo”! As minhas filhas sabem dar recados bem directos…
E lá arrastei a mesa, medi o canto na sala, gastei um tempão a arranjar o suporte que comportasse as raízes e, ainda de mau humor, lá consegui que a árvore não me caísse em cima. Ainda pensei: fica assim, amanhã vou buscar os caixotes com as mil coisas que fomos acumulando, escolho duas ou três, e está feito!
Mas o pinheiro cheira tão bem! E fui buscar tudo. Ficou uma árvore bem pirosa, daquelas cheias de cor e bolas diferentes, nada de geometrias ou tudo a condizer, uma árvore de Natal tem que brilhar por todos os lados e levar muito tempo a apreciar tudo o que tem. O pior foram as luzinhas, é sempre o mais difícil de pôr para ficar bem e não se apagarem a meio com os puxões.
Sobravam por fim as caixas do Presépio, muito rancorosas a olhar para a minha cara de quem ia mas é dormir, já chega por hoje…
Mas abri a primeira e dei logo com a cabana de cortiça e o Menino Jesus de pernas para o ar lá dentro, coitado, um ano inteiro assim e ainda a ter que dar presentes! Procurei o meu mau humor e tinha desaparecido…
Lá tirei tudo, o prazer de rever, de associar cada peça ao momento em que a escolhemos, esta foi daqui, aquela dali, mas porque é que a vaca e o burro não cabem na casinha?...ah, bem sei, partiram-se os outros quando o Presépio se virou há 2 Natais atrás com as brincadeiras dos sobrinhos pequenos.
Acabei já eram várias horas do novo dia, mas tive pena de não ter mais peças ainda. Um Presépio é também uma celebração de todas as vezes que nos juntámos para o Natal, dos que vieram de novo em cada ano e também dos que estiveram mas já não podem voltar, por isso vai crescendo, coisas novas e coisas velhas, numa harmonia que espelha os encontros da família e o desejo de os repetir.
Dá trabalho, é verdade, mas é tão bonito! E ganhei uma árvore nova para o meu jardim, se uma mãozinha deslumbrada não derrubar num instante estas horas de paciência e encanto. Mas isso também faz parte das festas…
Um Feliz Natal a todos!
Presunçosa ideia!...
Segundo a sondagem da Marktest de terça-feira, apenas dois em cada cinco socialistas votariam em Mário Soares. Dos 3 restantes, um votaria em Cavaco e dois em Alegre/Louçã.
Assim sendo, Soares já nem sequer tem o apoio maioritário dos socialistas e, nessa ex-sua área, apenas tem o dobro dos apoiantes de Cavaco.
E o seu adversário é Cavaco Silva?
Ingénua, arrogante e presunçosa ideia!...
quarta-feira, 21 de dezembro de 2005
O "professor" dr.!......!.......!..
Para não ficar aquém de Cavaco, Mário Soares disse ontem no debate que também tinha sido professor!.........................!...............!..
Extraordinário!...
Que mais poderá acontecer aos professores?
Extraordinário!...
Que mais poderá acontecer aos professores?
Afinal, o que diziam os líderes europeus de Cavaco?
No debate de ontem Mário Soares lançou a suspeição sobre o desempenho de Cavaco Silva nos Conselhos Europeus. Instado a divulgar o que lhe haviam dito sobre CS, Mário Soares refugiou-se na "elegância" para não concretizar o esclarecimento.
O que é mais curioso é o facto desse testemunho fazer parte de uma obra sua:
O que é mais curioso é o facto desse testemunho fazer parte de uma obra sua:
«Os socialistas (europeus) consideravam-no, de um modo geral, como um homem correcto, competente, conhecedor dos dossiers, eficaz, embora sem aquilo a que Mário de Sá-Carneiro chamava o "golpe de asa" (...) o que faltou a Cavaco foi o golpe de asa».
- Mário Soares, Soares, O Presidente
O mistério está esclarecido e resume-se ao "golpe de asa", característica exclusiva dos socialistas europeus. Eles voar voam, mas muito baixinho...Mais debates?
“O sistema democrático português, tornado possível pelo 25 de Abril, tem valorizado excessivamente debates em torno do acessório e tem descurado o essencial”
Mário Soares, Conferência de Imprensa, Porto, 17.03.83
“O País está consciente das grandes dificuldades com que está confrontado. Espera os sinais de mudança por que anseia. Tê-los-á, em estilo discreto, tranquilo, seguro, que privilegiará o trabalho sobre o discurso, as realizações sobre as promessas, o cuidado de eficácia sobre a criação de factos políticos artificiais, que só servem para agitar fugazmente a comunicação social”.
Mário Soares, Discurso de apresentação do Programa do IX Governo Constitucional, feito na AR (20.06.1983)
Mário Soares, Conferência de Imprensa, Porto, 17.03.83
“O País está consciente das grandes dificuldades com que está confrontado. Espera os sinais de mudança por que anseia. Tê-los-á, em estilo discreto, tranquilo, seguro, que privilegiará o trabalho sobre o discurso, as realizações sobre as promessas, o cuidado de eficácia sobre a criação de factos políticos artificiais, que só servem para agitar fugazmente a comunicação social”.
Mário Soares, Discurso de apresentação do Programa do IX Governo Constitucional, feito na AR (20.06.1983)
terça-feira, 20 de dezembro de 2005
Debate Soares-Cavaco
Mário Soares jogou os trunfos todos que tinha, mas não se pode ir a jogo só com paus.
Deu uma imagem que se traduz em deselegância e deslealdade. Um candidato a Presidente da República não pode dar esta imagem. Esta é a imagem da velha política, dessa de que o Povo português está farto e desconfia.
Deu uma imagem que se traduz em deselegância e deslealdade. Um candidato a Presidente da República não pode dar esta imagem. Esta é a imagem da velha política, dessa de que o Povo português está farto e desconfia.
Obsessão doentia!...
Confirmou-se mais uma vez no debate.
A única ideia, fixa, de Soares, é atacar e apoucar Cavaco. É a sua obsessão doentia e permanente.
Outras ideias, se porventura as tem, são tão voláteis que nem uma lhe ocorreu durante os 30 minutos de que dispôs.
Depois de vários dias de treino, Soares fez hoje o "harakiri" final!...
Como quer repetir a cena, já nem merece comiseração.
A única ideia, fixa, de Soares, é atacar e apoucar Cavaco. É a sua obsessão doentia e permanente.
Outras ideias, se porventura as tem, são tão voláteis que nem uma lhe ocorreu durante os 30 minutos de que dispôs.
Depois de vários dias de treino, Soares fez hoje o "harakiri" final!...
Como quer repetir a cena, já nem merece comiseração.
A brincar com o fogo
Ficámos hoje a saber que o Ministro da Economia foi mesmo à Alemanha "pedir aos administradores da Volkswagen para que pudesse ser atribuída a construção de mais modelos à fábrica de Palmela". Eu não sei qual terá sido a reacção dos administradores da VW, mas esta de ir "pedir" mais um novo modelo para Palmela, tem alguns toques de ridículo.
Mas o ridículo não se fica por aqui. Em declarações na Comissão dos Assuntos Económicos do Parlamento, Manuel Pinho disse estar "muito desapontado e muito desiludido" com o comportamento da Comissão de Trabalhadores, responsabilizando-a pelo futuro da Autoeuropa. Depois reune com a dita e reconhece que ficou melhor informado, fazendo um apelo ao diálogo e assumindo que foi essa reunião que manteve a porta aberta.
Jerónimo de Sousa, pela tarde e aproveitando o debate mensal com o Governo, denuncia as declarações de Manuel Pinho. José Sócrates responde que o seu Governo «não tomou partido por qualquer das partes, administração ou trabalhadores».
Não andarão todos a brincar com o fogo?
Mas o ridículo não se fica por aqui. Em declarações na Comissão dos Assuntos Económicos do Parlamento, Manuel Pinho disse estar "muito desapontado e muito desiludido" com o comportamento da Comissão de Trabalhadores, responsabilizando-a pelo futuro da Autoeuropa. Depois reune com a dita e reconhece que ficou melhor informado, fazendo um apelo ao diálogo e assumindo que foi essa reunião que manteve a porta aberta.
Jerónimo de Sousa, pela tarde e aproveitando o debate mensal com o Governo, denuncia as declarações de Manuel Pinho. José Sócrates responde que o seu Governo «não tomou partido por qualquer das partes, administração ou trabalhadores».
Não andarão todos a brincar com o fogo?
Pagar? Para quê?
No dia em que o nosso Parlamento discutia os biliões do orçamento da UE para 2007-2013, um amigo contou-me uma situação, que merece ser divulgada.
Devido à doença de um familiar que entretanto faleceu, havia várias despesas relativas a taxas moderadoras de internamentos hospitalares que estavam por pagar.
Deslocou-se à urgência do Hospital de S. José onde apresentou as notas de débito.
A senhora que o atendeu somou as despesas - 23,20 €.
Entregou o dinheiro e a senhora disse-lhe que ia emitir o recibo.
Qual não foi a sua surpresa quando a senhora o informou que não podia emitir o recibo da totalidade dos 23,20 €, porque uma das despesas - de 6,90 € - era do ano de 2004.
"Desculpe, mas se for necessário pago os juros", disse-lhe este amigo.
"Não posso receber este dinheiro, nem tenho forma de lhe passar o recibo", respondeu-lhe a senhora.
"O senhor tem que se dirigir aos serviços centrais", acrescentou.
"Só lá é que podem receber esta despesa, porque o sistema informático mudou e só tenho acesso às despesas de 2005".
Este meu amigo gosta de pagar todas as contas. Detesta dívidas e atrasos nos pagamentos.
Agora, tem no bolso uma nota de débito do ano de 2004 no valor de 6,90 €, do Hospital de S. José, que quis pagar e não puderam receber.
Mas o maior drama deste meu amigo é que tem uma outra nota de débito do Hospital de Santa Cruz, no valor de 2,80 € e relativa ao ano de 2004.
Ele mora em Lisboa. O Hospital de Santa Cruz é em Carnaxide.
Agora, anda a pensar se vale a pena ir a Carnaxide pagar a despesa.
Devido à doença de um familiar que entretanto faleceu, havia várias despesas relativas a taxas moderadoras de internamentos hospitalares que estavam por pagar.
Deslocou-se à urgência do Hospital de S. José onde apresentou as notas de débito.
A senhora que o atendeu somou as despesas - 23,20 €.
Entregou o dinheiro e a senhora disse-lhe que ia emitir o recibo.
Qual não foi a sua surpresa quando a senhora o informou que não podia emitir o recibo da totalidade dos 23,20 €, porque uma das despesas - de 6,90 € - era do ano de 2004.
"Desculpe, mas se for necessário pago os juros", disse-lhe este amigo.
"Não posso receber este dinheiro, nem tenho forma de lhe passar o recibo", respondeu-lhe a senhora.
"O senhor tem que se dirigir aos serviços centrais", acrescentou.
"Só lá é que podem receber esta despesa, porque o sistema informático mudou e só tenho acesso às despesas de 2005".
Este meu amigo gosta de pagar todas as contas. Detesta dívidas e atrasos nos pagamentos.
Agora, tem no bolso uma nota de débito do ano de 2004 no valor de 6,90 €, do Hospital de S. José, que quis pagar e não puderam receber.
Mas o maior drama deste meu amigo é que tem uma outra nota de débito do Hospital de Santa Cruz, no valor de 2,80 € e relativa ao ano de 2004.
Ele mora em Lisboa. O Hospital de Santa Cruz é em Carnaxide.
Agora, anda a pensar se vale a pena ir a Carnaxide pagar a despesa.
Família Feliz
"Kudzoo, the first offspring of Zoo Atlanta's famous resident Willie "B", left, holds her week-old baby as the father, Taz, looks on at the gorilla habitat at Zoo Atlanta in Atlanta on Dec. 19."
(Chicago Tribune).
(Chicago Tribune).
Exemplo que nos obriga a reflectir...
segunda-feira, 19 de dezembro de 2005
Salteador de estradas!...
Já por várias vezes Soares garantiu que entrava num novo ciclo e deixaria de criticar Cavaco Silva, palavra de Soares!...
Não se tem notado nada que essa fase já tenha chegado.
Não se tem notado nada que essa fase já tenha chegado.
Ainda agora, na Madeira, Soares considerou Cavaco incapaz para ser Presidente…”não tinha capacidade para ser Presidente da República”- disse.
E no Porto considerou a candidatura de Cavaco "de alto risco" porque "ninguém sabe o que pensa ou do que é capaz".
Como Cavaco tem entrado mudo e saído calado em todos os debates, não abre a boca para qualquer estação de televisão, nem tem falado nas diversas visitas que tem feito e, de facto não se sabe o que pensa e o que diz, Soares apenas diz a verdade!...
E no Porto considerou a candidatura de Cavaco "de alto risco" porque "ninguém sabe o que pensa ou do que é capaz".
Como Cavaco tem entrado mudo e saído calado em todos os debates, não abre a boca para qualquer estação de televisão, nem tem falado nas diversas visitas que tem feito e, de facto não se sabe o que pensa e o que diz, Soares apenas diz a verdade!...
Logo, as afirmações de Soares não constituem qualquer crítica a Cavaco, longe disso!...
E, sendo assim, não constituindo crítica essas afirmações, só um impensado deslize ou uma trágica distracção poderão levar Soares a criticar Cavaco e a faltar à garantia dada!...
E se isso acontecer, estou bem curioso por saber qual a acusação.
Chamará a Cavaco um salteador de estradas?
Acusará Cavaco de ter roubado o Banco de um dos seus apoiantes banqueiros?
Proclamará que Cavaco quer uma Fundação para concorrer com a sua na obtenção de subsídios do Estado?
Ou dirá que Cavaco é o representante vivo do fascismo?
E, sendo assim, não constituindo crítica essas afirmações, só um impensado deslize ou uma trágica distracção poderão levar Soares a criticar Cavaco e a faltar à garantia dada!...
E se isso acontecer, estou bem curioso por saber qual a acusação.
Chamará a Cavaco um salteador de estradas?
Acusará Cavaco de ter roubado o Banco de um dos seus apoiantes banqueiros?
Proclamará que Cavaco quer uma Fundação para concorrer com a sua na obtenção de subsídios do Estado?
Ou dirá que Cavaco é o representante vivo do fascismo?
Momento
Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável,
Porque para o meu ser adequado à existência das cousas
O natural é o agradável só por ser natural.
Porque para o meu ser adequado à existência das cousas
O natural é o agradável só por ser natural.
Alberto Caeiro, Quando está frio
Amamentação
(Renoir, 1885)
Amamentar ao peito é a forma mais natural de alimentar um bebé. As vantagens decorrentes deste processo estão bem estudadas. As vantagens não se confinam à criança mas estendem-se à mãe, à família e até ao próprio planeta. A título de curiosidade, podemos afirmar que as crianças que foram amamentadas ao peito são mais saudáveis, mais inteligentes, mais sociáveis, menos obesas em adultas, menos sujeitas a doenças infecciosas, menos atreitas a certas formas tumorais e doenças cardiovasculares mais tarde, entre outras. Quanto às mães têm risco mais reduzido de virem a sofrer cancro da mama, de osteoporose e de outras afecções. Como o leite é de “borla” a família agradece, e o facto de as crianças terem menos probabilidade de infecções diminui a ansiedade e o tempo destinado a cuidar da criança. À escala planetária estamos perante aquilo a que podemos chamar um verdadeiro acto ecológico. A poupança em latas de alumínio, em papel e em outros produtos utilizados na indústria dos leites infantis traduzir-se-ia em muitos milhares e milhares de toneladas de substâncias. Sendo assim, todas as políticas que estimulem a amamentação ao peito são bem-vindas contrariando certas tendências promotoras de um uso excessivo dos leites maternalizados. Os movimentos que estão a estimular uma prática tão velha quanto o próprio homem, ou melhor quanto a própria mulher confrontam-se com situações inesperadas que exigem novas regulamentações. No Reino Unido várias senhoras têm sido alvo de situações caricatas por terem a “ousadia” de dar o peito às suas crianças. Um delas, numa visita ao National Gallery (onde se encontram cerca de 50 obras que descrevem o acto de mamar), tentou dar a mama ao miúdo tendo sido convidada a parar devido a ser uma acto indecente. Outras são interpeladas pelos donos dos restaurantes, pela polícia, pelos próprios médicos (!) de que não podem amamentar nos cafés, estabelecimentos comerciais, parques, salas de espera de consultório, etc., etc. As mulheres que amamentam em público sentem-se como que criminosas. Este comportamento humano de recusa em aceitar visualizar uma mulher a amamentar a sua criança é patético. Provavelmente, as mesmas pessoas que consideram esta atitude como um atentado à decência são as primeiras a comoverem-se com uma qualquer fêmea que tranquilamente esteja a amamentar a sua cria, chamando todos a verem aquele lindo acto. Perante esta situação os parlamentares britânicos vão legislar no sentido de considerar como legal o acto de amamentação em qualquer local público, desde parques aos centros comerciais. Deste modo, os responsáveis britânicos estão a estimular uma saudável prática que, no Reino Unido, atinge os valores mais baixos da Europa.
Há tempos, por acaso, vi uma jovem mãe a amamentar em público o seu filho. Estava tão embevecida que nem se apercebia do que se passava à sua volta. É tão raro este acontecimento, nos dias de hoje. Recordo que, quando era pequeno, as mães não tinham qualquer pejo em puxar as avultadas e nutritivas mamas em qualquer sítio. A criança berrava com fome e zás, levava acto contínuo com aquela fonte capaz de satisfazer o mais sôfrego dos sôfregos.
Vamos aguardar a decisão do Parlamento e da Câmara dos Comuns. O que é curioso é o facto da lei não ter aplicação naqueles dois locais por ser um Palácio Real! Sendo assim uma deputada britânica que esteja a amamentar não poderá fazê-lo no Parlamento. Será que tem de vir à rua?
Estado da Nação
O discretíssimo senhor Juiz de Instrução Criminal do chamado caso "Casa Pia", concedeu uma entrevista a uma rádio (anunciando a SIC ter sido dada pelo telefone e desejando eu que a PT me instalasse uma linha com tamanha claridade de som).
Da dita entrevista, e sem outras considerações que estou certo pouco acrescentariam ao juizo que cada um faça dela e do ilustre entrevistado, reproduz-se aqui um ilustrativo excerto. Presumo que perguntado se se achou ou se se acha um justiceiro, respondeu:
«No justiceiro, vemos nos filmes do Oeste, o “Ok Corral”, o homem chega lá e dá três balázios em alguém: fez justiça e é o maior. Mas não foi um juiz, foi um justiceiro», diz o magistrado, acrescentando: «Um juiz tem de se pautar pela lei que tem. E tem de se reger por ela e só por ela».
Da dita entrevista, e sem outras considerações que estou certo pouco acrescentariam ao juizo que cada um faça dela e do ilustre entrevistado, reproduz-se aqui um ilustrativo excerto. Presumo que perguntado se se achou ou se se acha um justiceiro, respondeu:
«No justiceiro, vemos nos filmes do Oeste, o “Ok Corral”, o homem chega lá e dá três balázios em alguém: fez justiça e é o maior. Mas não foi um juiz, foi um justiceiro», diz o magistrado, acrescentando: «Um juiz tem de se pautar pela lei que tem. E tem de se reger por ela e só por ela».
As certezas do Dr. Louçã
Já nos habituámos a ouvir o Dr. Francisco Louçã falar de tudo com tanta segurança e certeza, que até soa a axioma.
No passado dia 4 de Dezembro, o Dr. Louçã trouxe-nos mais uma das suas crenças inabaláveis: "(...) embora as sondagens continuem a indicar que Cavaco Silva vai à frente, todos os dias perde votos e se vê a sua vantagem a diminuir, o que abre perspectivas para uma vitória de esquerda (...)".
Depois do último estudo da Eurosondagem, gostaria que o Dr. Louçã nos explicasse as suas contas sobre os votos que Cavaco Silva perde todos os dias.
No passado dia 4 de Dezembro, o Dr. Louçã trouxe-nos mais uma das suas crenças inabaláveis: "(...) embora as sondagens continuem a indicar que Cavaco Silva vai à frente, todos os dias perde votos e se vê a sua vantagem a diminuir, o que abre perspectivas para uma vitória de esquerda (...)".
Depois do último estudo da Eurosondagem, gostaria que o Dr. Louçã nos explicasse as suas contas sobre os votos que Cavaco Silva perde todos os dias.
domingo, 18 de dezembro de 2005
"A mania das grandezas"
Trata-se, tão só, de um belo poema de Joaquim Namorado.
Nada de maldosas relações ou de indevidas ligações... ;)
Nada de maldosas relações ou de indevidas ligações... ;)
Pois bem, confesso:
fui eu quem destruiu as Babilónias e descobriu a pólvora...
Acredite,
a estrela Sírius, de primeira grandeza,
(única no mercado)
deixou-me meu tio-avô em testamento.
No meu bolso esconde-se o segredo
das alquimias
e a metafísica das religiões
— tudo por inspiração!
Que querem? Sou poeta
e tenho a mania das grandezas...
Talvez ainda venha a ser Presidente da República...
fui eu quem destruiu as Babilónias e descobriu a pólvora...
Acredite,
a estrela Sírius, de primeira grandeza,
(única no mercado)
deixou-me meu tio-avô em testamento.
No meu bolso esconde-se o segredo
das alquimias
e a metafísica das religiões
— tudo por inspiração!
Que querem? Sou poeta
e tenho a mania das grandezas...
Talvez ainda venha a ser Presidente da República...
Delos, onde era vedado nascer e morrer!...
A minha Nota de ontem sobre o Prefeito de Biritiba, que proibiu os seus munícipes de morrer, fez-me lembrar uma viagem, há uns anos, pelas ilhas gregas.
Nessa viagem, estive em Delos, ilha sagrada, onde era proibido nascer e morrer.
Dessa ilha pequena e pedregosa emanava uma sensação de encanto que me deixou uma recordação única e profunda.
Delos constituiu para mim um local mágico, um daqueles poucos lugares onde se sente algo de estranho e indescritível.
Talvez pela paisagem, em que a rudeza do ambiente natural contrastava com a beleza das esculturas, dos templos e dos teatros que enchiam a ilha.
Talvez também pela sua carga histórica, que recordei no local.
Na ilha de Delos nasceram Apolo e Diana, filhos de Júpiter e de Latona.
O nascimento de Apolo é uma das descrições mais interessantes da mitologia grega.
Juno, a primeira esposa de Júpiter, nunca engraçou muito com Latona.
Vendo-a grávida, obteve da deusa Terra a promessa de que esta a impediria de achar lugar onde pudesse dar à luz.
Entretanto, Neptuno, vendo que a infeliz deusa não encontrava abrigo onde quer que fosse, comoveu-se e fez sair do mar a ilha de Delos. Sendo essa ilha flutuante, não pertencia a Terra, que assim não pôde nela exercer o seu poder supremo.
O seu carácter sagrado adveio-lhe dessa característica única e de nela ter nascido Apolo.
E, em homenagem a Apolo, ninguém mais pôde nascer ou morrer na ilha.
Nos casos em que não foi possível evitar esses acontecimentos, todos os habitantes eram obrigados a sair por vários anos, de modo a purificá-la e possibilitar o seu retorno.
Delos era uma cidade aberta e tolerante, que permitia o culto de todos os deuses e de todas as religiões conhecidas.
Esta universalidade foi ao ponto de se erguer um templo ao deus desconhecido!…
A Delos afluíam naturalmente muitos devotos e muitas peregrinações de todo o mundo grego e bárbaro.
E ainda hoje, em zona distinta dos templos e dos teatros e junto ao mar, se podem ver as ruínas da zona comercial e dos estabelecimentos onde se atendiam os turistas e devotos daquele tempo.
Era uma ilha sagrada para os gregos, e para mim, foi um local mágico e único!...
Nessa viagem, estive em Delos, ilha sagrada, onde era proibido nascer e morrer.
Dessa ilha pequena e pedregosa emanava uma sensação de encanto que me deixou uma recordação única e profunda.
Delos constituiu para mim um local mágico, um daqueles poucos lugares onde se sente algo de estranho e indescritível.
Talvez pela paisagem, em que a rudeza do ambiente natural contrastava com a beleza das esculturas, dos templos e dos teatros que enchiam a ilha.
Talvez também pela sua carga histórica, que recordei no local.
Na ilha de Delos nasceram Apolo e Diana, filhos de Júpiter e de Latona.
O nascimento de Apolo é uma das descrições mais interessantes da mitologia grega.
Juno, a primeira esposa de Júpiter, nunca engraçou muito com Latona.
Vendo-a grávida, obteve da deusa Terra a promessa de que esta a impediria de achar lugar onde pudesse dar à luz.
Entretanto, Neptuno, vendo que a infeliz deusa não encontrava abrigo onde quer que fosse, comoveu-se e fez sair do mar a ilha de Delos. Sendo essa ilha flutuante, não pertencia a Terra, que assim não pôde nela exercer o seu poder supremo.
O seu carácter sagrado adveio-lhe dessa característica única e de nela ter nascido Apolo.
E, em homenagem a Apolo, ninguém mais pôde nascer ou morrer na ilha.
Nos casos em que não foi possível evitar esses acontecimentos, todos os habitantes eram obrigados a sair por vários anos, de modo a purificá-la e possibilitar o seu retorno.
Delos era uma cidade aberta e tolerante, que permitia o culto de todos os deuses e de todas as religiões conhecidas.
Esta universalidade foi ao ponto de se erguer um templo ao deus desconhecido!…
A Delos afluíam naturalmente muitos devotos e muitas peregrinações de todo o mundo grego e bárbaro.
E ainda hoje, em zona distinta dos templos e dos teatros e junto ao mar, se podem ver as ruínas da zona comercial e dos estabelecimentos onde se atendiam os turistas e devotos daquele tempo.
Era uma ilha sagrada para os gregos, e para mim, foi um local mágico e único!...
Eis um poema...
... que não deveríamos reler.
Ou no qual não nos deveríamos rever.
Ou no qual não nos deveríamos rever.
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Fernando Pessoa
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Fernando Pessoa
Novo Hospital Pediátrico de Coimbra
O Hospital Pediátrico de Coimbra está para as crianças como pão para a boca. Após as peripécias que ocorreram aquando da decisão na sua construção que, diga-se de passagem, foram perfeitamente lamentáveis, lá se decidiram pela sua edificação. Ficámos todos satisfeitos. E, mais ainda quando a obra começou a tornar-se visível. Depois, inesperadamente, fomos confrontados com uma redução drástica das verbas previstas para 2006. Não foi dada explicação cabal que justificasse a mesma, atrasando, e em muito, a conclusão do novo hospital. A seguir, como a conta gotas, surgiu a notícia de que havia problemas técnicos com uma linha de água que, segundo os nossos governantes, não tinha sido tomada em linha de conta. Recentemente, a senhora Secretária de Estado explicou que os cortes orçamentais eram devidos à existência desse problema! Fabuloso! Tanto engenho!
O Senhor Ministro da Saúde transfere, de acordo com a clássica prática nacional, o problema para o seu antecessor, responsabilizando-o pelo facto. O costume. Se não são uns são os outros. Trata-se de um problema técnico? Então resolva-se tecnicamente e quanto antes melhor. Para isso é que há ministros e não para lançarem as responsabilidades nos anteriores. Se as tiverem então que se accione todos os procedimentos para castigar (a sério) os incompetentes, quer sejam técnicos, quer sejam políticos, mas, entretanto, resolva os problemas, porque para isso é que é ministro. Certo? Às tantas estou para aqui dizer barbaridades! Já agora, se havia problemas técnicos, em vez de terem reduzido as verbas deveriam era tê-las aumentado para que o hospital seja construído dentro dos prazos. As crianças da região Centro agradecem Senhor Ministro da Saúde e Senhora Secretária de Estado. Quanto aos responsáveis locais da saúde: moita-carrasco! Um, nem abre o bico (a hierarquia política assim o determina, não é verdade?), o outro, responsável pelo Centro Hospital de Coimbra, no qual está integrado o Hospital Pediátrico, afirma que as crianças não deixarão de ser bem tratadas naquele velho convento que não tem condições para prestar os cuidados necessários.
O melhor do mundo são as crianças e o melhor das crianças é a sua saúde e bem-estar.
Coragem senhores responsáveis pela saúde. Decidam, resolvam os problemas. Eu e muitos compatriotas não deixaremos de agradecer. Para terminar, uma palavra de solidariedade aos colegas que não se calam e nem se deixam intimidar.
O Prefeito radical!...
O Prefeito da cidade de Biritiba-Mirim, a 70 quilómetros de S.Paulo, é homem de decisões fracturantes e radicais, mas que concitam o apoio unânime das populações.
A sua última decisão, de há dias, foi proibir a população de morrer.
“Fica proibido morrer em Biritiba-Mirim. Os munícipes deverão cuidar da sua saúde para não falecer. Os infractores serão responsabilizados pelos seus actos”-decretou, sabiamente, o Prefeito.
A medida foi anunciada devido ao facto de o cemitério não ter capacidade para sepultar mais mortos.
A região onde fica a cidade é muito fértil e, pelo facto de no seu subsolo estarem situadas as reservas de água que abastecem S.Paulo, está sujeita à lei da protecção ambiental, que não permite a construção de cemitérios.
Mas o Prefeito não é homem para ficar de braços cruzados.
Por isso, e para além de ter decretado a proibição de morrer, criou o Movimento dos Sem-Túmulo, para impugnar tal lei.
Não se sabe quem faz parte do Movimento: se os vivos proibidos de morrer, se os mortos proibidos de ter túmulo.
Mas o Prefeito é bem capaz de escolher a segunda alternativa para se fazer acompanhar na próxima manifestação em S.Paulo!...
A sua última decisão, de há dias, foi proibir a população de morrer.
“Fica proibido morrer em Biritiba-Mirim. Os munícipes deverão cuidar da sua saúde para não falecer. Os infractores serão responsabilizados pelos seus actos”-decretou, sabiamente, o Prefeito.
A medida foi anunciada devido ao facto de o cemitério não ter capacidade para sepultar mais mortos.
A região onde fica a cidade é muito fértil e, pelo facto de no seu subsolo estarem situadas as reservas de água que abastecem S.Paulo, está sujeita à lei da protecção ambiental, que não permite a construção de cemitérios.
Mas o Prefeito não é homem para ficar de braços cruzados.
Por isso, e para além de ter decretado a proibição de morrer, criou o Movimento dos Sem-Túmulo, para impugnar tal lei.
Não se sabe quem faz parte do Movimento: se os vivos proibidos de morrer, se os mortos proibidos de ter túmulo.
Mas o Prefeito é bem capaz de escolher a segunda alternativa para se fazer acompanhar na próxima manifestação em S.Paulo!...
O prefeito é digno dos maiores encómios: para além de político capaz, é um homem culto, já que se terá inspirado na antiguidade grega e na história da ilha de Delos, onde era proibido nascer e morrer. Já estive nessa ilha: será matéria de uma próxima Nota.
sábado, 17 de dezembro de 2005
sexta-feira, 16 de dezembro de 2005
Cromossoma Y, mais leve e mais ágil...
A razão de masculinidade diz-nos quantos meninos nascem por cem meninas. Em todo o mundo nascem 105/106 rapazes por cada 100 meninas. Este fenómeno observa-se também noutros animais e tem sido interpretado, à luz evolucionista, como uma compensação pela fragilidade biológica do sexo masculino face ao sexo feminino. Claro que têm sido equacionadas várias hipóteses. Agora surgiu mais uma. Desta feita, os cientistas verificaram que as mulheres com mais dificuldade em engravidar têm mais probabilidade de terem um menino. A hipótese da mucosa do colo do útero ficar mais espessa com a idade dificultando a travessia dos espermatozóides é interessante. Como o espermatozóide que carrega o cromossoma Y é “mais leve” e “mais ágil” do que o seu rival, que carrega o X, tem mais possibilidade de chegar ao óvulo. Assim, as mães mais idosas têm mais hipóteses de parirem um rapaz. Espero que este assunto não venha a ser objecto de discussão de discriminação sexual. Sei lá! Com tantos movimentos reivindicativos que andam por aí…
Fraude científica
Uma das áreas que inevitavelmente procuro transmitir aos meus alunos prende-se com a conduta científica dos investigadores, quer sob o ponto de vista ético, quer sob o ponto de vista do rigor. Não descuro um capítulo sobre a má conduta científica. As razões são fáceis de explicar. Toda a acção é feita com base nos conhecimentos adquiridos e transmitidos pelos diversos autores. Assim, uma boa prática profissional exige suporte técnico e científico correcto. É fácil de compreender que uma informação errada transmitida como se fosse correcta pode ter efeitos devastadores. Não é por acaso que as principais revistas científicas têm peritos destinados a avaliar os trabalhos. Mas, mesmo assim, e de uma forma muito preocupante, tem vindo a crescer o número de artigos falsos e manipulados o que constitui uma afronta muito grave. A literatura científica, nomeadamente médica, está recheada de inúmeros casos paradigmáticos de fraude e má conduta. Mesmo as revistas mais famosas, tais como a Science e a Nature, volta e não volta lá vêm a apresentar as retractações de alguns investigadores que cometeram fraude. As razões subjacentes a esta conduta altamente reprovável são diversas, traduzindo personalidades sem escrúpulos, gente ambiciosa de fama e fortuna, a pessoas manipuladas ou “distraídas”. No ano passado, por exemplo, um jovem físico “brilhante”, Hendrik Schon, que publicava artigos a um ritmo verdadeiramente alucinante, foi acusado de falsificação de dados. Um notável cientista da Universidade da Califórnia falsificou um trabalho com o objectivo de provar que a oração provoca aumento da fertilidade. Agora, o cientista sul coreano Hwang Woo-suk que adquiriu uma notoriedade ímpar, a propósito da investigação em células estaminais e na clonagem, a ponto de ser considerado como herói nacional, foi acusado de ter mentido e de falta de ética quando se soube que algumas colaboradoras tinham doado e vendido os seus óvulos para fins de investigação científica. De início negou, mas, posteriormente, veio a público assumir as suas responsabilidades. Um escândalo que se agravou com a recente notícia de que teria falsificado um artigo sobre células estaminais e clonagem. A admissão da culpa foi feita por um colaborador, já que Hwang está hospitalizado “esmagado pela humilhação”. Coitado! E nós? Meros e anónimos cidadãos cultores ou não da ciência. Não fomos humilhados? Não discursámos e debatemos estes assuntos nas nossas reuniões, conferências e até em importantes pareceres? Tudo o que está a acontecer no mundo da ciência exige a necessidade de criar organismos dotados de capacidade fiscalizadora a fim de avaliar a qualidade da produção científica e propor as respectivas sanções para os prevaricadores. Afinal, os conselhos científicos e redactoriais nem sempre conseguem impedir a má conduta e a fraude científica sementes da falsidade e fontes de distorção da realidade. E não é com meras retractações públicas que o problema fica resolvido. Os Hwangs, os Schons e quejandos acabam, mais tarde ou mais cedo, por aparecerem novamente. Quem sabe se não vão a continuar a fazer das suas. Assim não vale.
Primarismo!...
O candidato Mário Soares não sabe senão apresentar-se pela negativa: contra Cavaco, contra Cavaco e...contra Cavaco!...
Mas ontem, no discurso do jantar com apoiantes, ensaiou explicitmente uma nova estratégia: Cavaco deixou de existir, para passar a ser, e não mais nem menos do que isso, o representante de uma direita que quer vingar-se da derrota das últimas eleições legislativas!...
Donde, é preciso derrotar a direita e derrotar a direita é derrotar Cavaco.
É a campanha do primarismo grosseiro, da manipulação vil e dos inquisitoriais processos de intenção!...
Pobre Mário Soares!...
O amante da boa soneca!...
"...Se alguém dorme descansado, mesmo nas mais adversas circunstâncias, é o dr. Soares..."
Manuel Alegre, no Debate com M. Soares, na TVI
Manuel Alegre, no Debate com M. Soares, na TVI
quinta-feira, 15 de dezembro de 2005
Os poderes...
... que só preocupam quando convém.
Esta campanha para as presidenciais começou com a esquerda a agitar o fantasma do abuso de poderes constitucionais por parte de Cavaco Silva, caso fosse eleito Presidente.
Vital Moreira afirmava "(...) que não existe nenhum meio constitucional de controlar ou limitar os actos do Presidente, caso ele - Cavaco Silva - extravase dos seus poderes". Estávamos a 14 de Novembro.
Passou pouco mais de um mês.
Agora Francisco Louçã afirma que demitirá Alberto João Jardim.
Manuel Alegre diz que substituirá Souto Moura como Procurador-Geral da República caso seja eleito Presidente.
E vai mais longe. Afirma que admite dissolver o Parlamento em caso de privatização da água.
Afinal quem é que se prepara para abusar dos poderes constitucionais do Presidente da República?
Esta campanha para as presidenciais começou com a esquerda a agitar o fantasma do abuso de poderes constitucionais por parte de Cavaco Silva, caso fosse eleito Presidente.
Vital Moreira afirmava "(...) que não existe nenhum meio constitucional de controlar ou limitar os actos do Presidente, caso ele - Cavaco Silva - extravase dos seus poderes". Estávamos a 14 de Novembro.
Passou pouco mais de um mês.
Agora Francisco Louçã afirma que demitirá Alberto João Jardim.
Manuel Alegre diz que substituirá Souto Moura como Procurador-Geral da República caso seja eleito Presidente.
E vai mais longe. Afirma que admite dissolver o Parlamento em caso de privatização da água.
Afinal quem é que se prepara para abusar dos poderes constitucionais do Presidente da República?
Até os pinguins fazem exercício...
Acabei recentemente de coordenar um trabalho sobre a situação ponderal e factores de risco dos portugueses com mais de 18 anos. Foram estudados cerca de 15.000 pessoas. Entre as mulheres, 52% têm um perímetro abdominal considerado de risco muito elevado (superior a 88 cm), ao passo que os homens com risco muito elevado (perímetro abdominal superior a 102 cm) atingiam os 30%. As causas têm a ver com o excesso de ingestão calórica e a falta de exercício. O sedentarismo é uma realidade preocupante, basta “ver” o número de bloguistas cujo único exercício dever ser “bater” nas teclas.
A necessidade de exercitar o nosso corpo é indispensável para um bom equilíbrio. A situação também se aplica a outros animais. Vejam o que está a acontecer com os pinguins de um jardim zoológico no Japão.
Os pinguins-rei que ficam mais gordos no Inverno vão ter que fazer passeios de 500 metros no interior do Zoológico Asahiyama, na Ilha de Hokkaido, duas vezes por dia até a segunda quinzena de Março. Cada passeio dura 30 minutos. Os animais só podem fazer este passeio apenas enquanto há neve já que as patas não estão preparadas para andarem noutra superfícies.
A necessidade de exercitar o nosso corpo é indispensável para um bom equilíbrio. A situação também se aplica a outros animais. Vejam o que está a acontecer com os pinguins de um jardim zoológico no Japão.
Os pinguins-rei que ficam mais gordos no Inverno vão ter que fazer passeios de 500 metros no interior do Zoológico Asahiyama, na Ilha de Hokkaido, duas vezes por dia até a segunda quinzena de Março. Cada passeio dura 30 minutos. Os animais só podem fazer este passeio apenas enquanto há neve já que as patas não estão preparadas para andarem noutra superfícies.
“Porque hoje é sábado”
…
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.
(Vinicius de Moraes – O dia da criação)
A forma como os cidadãos identificam os problemas é interessante e merece a devida reflexão.
Na primeira análise dos dossiers da Provedoria do Ambiente surgiu-me uma queixa de uma munícipe perguntando por que razão num sábado à tarde estavam estacionados carros na Rua Larga entre a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Ciências local onde é proibido circular, pelo menos para o comum dos cidadãos. A pergunta vinha enfeitada de uma fotografia esclarecedora. À guisa de complemento a senhora informava que os locais onde é permitido estacionar estavam às moscas. A pergunta foi, obviamente, canalizada para a polícia municipal, a qual informou que dispunha à data de 13 funcionários e que o horário aos sábados só abrangia o período da manhã.
Mais recentemente um outro cidadão insurgiu-se contra o facto de um agente da polícia municipal ter autuado todos veículos que não estavam devidamente parqueados no largo da Sé Nova, local onde muitos funcionários estacionam os seus veículos. Claro que o autor não questiona a legitimidade da polícia na sua actuação, como é óbvio, mas atendendo às dificuldades de estacionamento naquelas áreas – e não é de agora – a colocação de carros nos passeios, mesmo devidamente alinhados e sem que provoquem qualquer obstáculo aos restantes, deveria ser permitida. O melhor seria transformar o largo, reduzindo parte dos passeios circundantes, de forma a facilitar o estacionamento, aplicando parquímetros.
Os cidadãos têm de respeitar as regras e as autoridades têm a obrigação de as fazer cumprir. Certo. Certíssimo! O pior, são as evidências práticas de não cumprimento por parte de ambos, o que origina algum desconforto. A discrepância entre a não actuação aos sábados da parte da tarde e uma atitude zelosa de um funcionário numa qualquer manhã da semana é evidente. Mas, podemos ajudar os agentes a actuar, por exemplo, na rua Padre António Vieira, acesso privilegiado para quem vá para a Universidade. Nalgumas manhãs, é visível a dificuldade em circular naquela via, devido à presença de grupos de pessoas, com um ar tipo cliente-beato, as quais largam impunemente os seus veículos em segunda fila, numa rua de sentido único com estacionamento dos dois lados.
Os agentes têm direito a descanso. Deus também descansou ao sétimo dia. Mas argumentar a não autuação de veículos mal estacionados aos sábados da parte da tarde, por causa do justo descanso, fez-me recordar o famoso poema de Vinicius de Moraes: “o dia da criação”.
Porque que é que isto acontece? “Porque hoje é sábado”…
Pensamento sábio...
"As pessoas que falam muito têm voo curto"
Mário Soares, Jornal de Notícias, 25.06.1976
Mário Soares, Jornal de Notícias, 25.06.1976
quarta-feira, 14 de dezembro de 2005
A palavra de Soares
No domingo passado, durante um almoço em Amares, Soares garantiu que deixaria de falar de Cavaco Silva, e que só o fez para "o obrigar a fazer debates e porque a comunicação social apenas lhe fazia perguntas sobre ele".
Ressalvado o facto de Soares ter aqui entrado em sério conflito com a verdade, já que criticou repetidamente Cavaco mesmo depois de decididos os debates, também já reincindiu após aquela afirmação.
Mas hoje, no debate com Manuel Alegre, Soares mais uma vez fez tábua rasa do que disse, já que por várias vezes criticou Cavaco, para mais não com objectividade, mas recorrendo a condenáveis processos de intenção.
Parafraseando João de Deus, a palavra de Soares:
…É o dia de hoje
…É ai que mal soa
…É sombra que foge
…É nuvem que voa!...
…É sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
…E como o fumo se esvai!...
…É flor na corrente
…É sopro suave
…É estrela cadente
…Núvem que o vento nos ares
Uma após outra lançou.
…É pena caída
De vale em vale impelida
A palavra de Soares…
…O vento a levou!…
Ressalvado o facto de Soares ter aqui entrado em sério conflito com a verdade, já que criticou repetidamente Cavaco mesmo depois de decididos os debates, também já reincindiu após aquela afirmação.
Mas hoje, no debate com Manuel Alegre, Soares mais uma vez fez tábua rasa do que disse, já que por várias vezes criticou Cavaco, para mais não com objectividade, mas recorrendo a condenáveis processos de intenção.
Parafraseando João de Deus, a palavra de Soares:
…É o dia de hoje
…É ai que mal soa
…É sombra que foge
…É nuvem que voa!...
…É sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
…E como o fumo se esvai!...
…É flor na corrente
…É sopro suave
…É estrela cadente
…Núvem que o vento nos ares
Uma após outra lançou.
…É pena caída
De vale em vale impelida
A palavra de Soares…
…O vento a levou!…
Barbárie
O comentário final do JM Ferreira de Almeida às declarações do porta-voz da Casa Branca sobre a pena de morte - "Como é de facto ténue a película que separa a civilização da barbarie..." - repetiu-se incessantemente no meu espírito, ao ser despertado para a dura realidade que vivemos e que se resume nesta notícia.
Estou profundamente chocado e não consigo conter a indignação.
De facto vivemos paredes meias com a barbárie, quer ela se exponha como expressão organizada do Estado ou como a mais nojenta manifestação da natureza humana.
Estou profundamente chocado e não consigo conter a indignação.
De facto vivemos paredes meias com a barbárie, quer ela se exponha como expressão organizada do Estado ou como a mais nojenta manifestação da natureza humana.
A Descoberta!...
O Sr. Presidente Jorge Sampaio, em entrevista a publicar pelo Diário Económico, e a que se faz menção na edição de hoje, refere que se torna necessário redefinir as funções do Estado.
Esta verdadeira descoberta, que até à edição de hoje do Diário Económico ainda não tinha sido revelada, resultou de um profundo trabalho de investigação que durou os últimos dez anos.
Como sub-produto do estudo, foi também descoberta uma substância explosiva, a que um Assessor da Presidência deu o nome de pólvora!...
Esta verdadeira descoberta, que até à edição de hoje do Diário Económico ainda não tinha sido revelada, resultou de um profundo trabalho de investigação que durou os últimos dez anos.
Como sub-produto do estudo, foi também descoberta uma substância explosiva, a que um Assessor da Presidência deu o nome de pólvora!...
terça-feira, 13 de dezembro de 2005
Barbaridades
«Quando a pena [de morte] é aplicada de forma justa, rápida e segura, tem um efeito dissuasor e serve para salvar vidas inocentes».
A frase é nem mais nem menos do que do porta-voz da Casa Branca, o senhor Scott McClellan, e com ela alegadamente procurou justificar o apoio convicto do Presidente Bush à pena de morte.
Como é de facto ténue a película que separa a civilização da barbárie...
Gincanas
Como trabalho fora de Lisboa e moro mesmo ao pé da autoestrada, é raro ir de carro até ao centro da cidade e, quando não consigo evitar, procuro ir pelas circulares para não desistir a meio do caminho. Por isso mesmo, não há meio de me habituar ao que a maior parte dos lisboetas já acha normal, que é o caos nos sinais de trânsito, as mudanças permanentes de sentidos lógicos por causa das obras, os riscos amarelos meio apagados a dizer que é probido ir por ali quando afinal isso era há 3 anos e agora é mesmo por ali que se deve ir. As marcas do BUS são um exercício de adivinhação, ora duplicadas, ora incompletas, numa baralhação digna de um puzzle. Se o azar nos obriga a ir ali ao coração de Lisboa,pela Av. da República e vias circundantes, só por sorte se chega ao sítio certo sem largar aos gritos. Bem sei que é preciso fazer obras, mas custa muito pôr sinalizações decentes, destinadas a orientar quem não sabe em vez de mostrar uma tabuleta minúscula quando já passou o desvio? A isto podemos sempre acrescentar a habitual agressividade do português ao volante, defendendo o seu quadradinho como quem defende a vida, "então aquele agora é que se lembrou que quer virar à esquerda? Pois que siga em frente, quando chegar à Capararica logo volta para trás..." Pergunto-me vezes sem conta o que pensará um pobre visitante que escolhe fazer turismo em Lisboa e aluga um carro para andar por aí e vai parar a Benfica, ou a Alcântara ou a Sete Rios, ou mesmo às Amoreiras... Nós estamos habituados, é verdade, já nos conformamos com esta carga de nervos, com as voltas disparatadas, com o mau humor dos condutores, com os sinais absurdos cujo objectivo é assinalar um lugar e não orientar o caminho. Mas será assim tão difícil melhorar um pouco? Ao menos pelos turistas, já que nós adoramos gincanas...
Saborosa Resposta!...
Ora aqui está uma resposta cheia de humor, sabedoria e sabor, recolhida do Blog OSinédrio, com texto de Gonçalo Curado.
Mário Soares acerca de Cavaco Silva:"Quando um candidato diz que não é político profissional, o que é que quer dizer com isso? Não foi político profissional durante os dez anos em que foi primeiro-ministro? ”
”Permitam-me que adapte a lógica soarista à minha pessoa.
Um dos meus primeiros passos profissionais remunerados passou por enfiar um Actimel gigante na cabeça e andar aos saltos pelo Vasco da Gama.
Actimel once, ergo Actimel para sempre....
Estou agora disponível em aromas de tuti-fruti, morango e baunilha!... "
Mário Soares acerca de Cavaco Silva:"Quando um candidato diz que não é político profissional, o que é que quer dizer com isso? Não foi político profissional durante os dez anos em que foi primeiro-ministro? ”
”Permitam-me que adapte a lógica soarista à minha pessoa.
Um dos meus primeiros passos profissionais remunerados passou por enfiar um Actimel gigante na cabeça e andar aos saltos pelo Vasco da Gama.
Actimel once, ergo Actimel para sempre....
Estou agora disponível em aromas de tuti-fruti, morango e baunilha!... "
Mudam-se os tempos...
O último post do José Mário Ferreira d'Almeida informou-me que tinha havido Congresso da ANMP. Confesso que me tinha escapado.
Por isso, decidi fazer umas leituras sobre o que lá se disse.
A minha memória sofreu um repentino abanão.
Então este Primeiro-Ministro que vem agora falar em contenção de despesas por parte dos municípios, não era o deputado que na anterior legislatura zurzia o Governo por cortar no orçamento para as autarquias?
Este Primeiro-Ministro que fala na necessidade de alterar a Lei das Finanças Locais, não era o deputado do PS que protestava contra a suspensão dessa Lei?
Quero aqui proclamar aos sete ventos que estou finalmente de acordo com o Sr. Dr. José Sócrates.
Os municípios portugueses têm que partilhar os sacrifícios dos portugueses!
Só espero que o Sr. Dr. José Sócrates não mude novamente de opinião sobre este tema...
... quando voltar para a oposição.
Por isso, decidi fazer umas leituras sobre o que lá se disse.
A minha memória sofreu um repentino abanão.
Então este Primeiro-Ministro que vem agora falar em contenção de despesas por parte dos municípios, não era o deputado que na anterior legislatura zurzia o Governo por cortar no orçamento para as autarquias?
Este Primeiro-Ministro que fala na necessidade de alterar a Lei das Finanças Locais, não era o deputado do PS que protestava contra a suspensão dessa Lei?
Quero aqui proclamar aos sete ventos que estou finalmente de acordo com o Sr. Dr. José Sócrates.
Os municípios portugueses têm que partilhar os sacrifícios dos portugueses!
Só espero que o Sr. Dr. José Sócrates não mude novamente de opinião sobre este tema...
... quando voltar para a oposição.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2005
Confrangedor
Aconteceu no passado fim-de-semana no Porto o XV congresso da Associação Nacional dos Municípios Portugueses.
Apesar de noutras ocasiões este encontro ter ocupado relevante espaço noticioso, desta vez a coisa passou quase despercebida. Só mereceram nota da comunicação social a abertura pelo Senhor Presidente da República e o encerramento pelo Senhor Primeiro-Ministro.
Mas não foram estes momentos algo que merecesse grande atenção, de facto.
A alocução do Dr. Jorge Sampaio foi mais do mesmo. A do Primeiro-Ministro, depois da frase "vamos directamente ao que interessa" que ameaça ser a imagem de marca do Engº Sócrates (ignorando com ela, olimpicamente, os queixumes de Mário de Almeida e os protestos de Fernando Ruas contra as maldades do Governo), soou a déja vu.
Bem sei que os presidentes das Câmaras de Lisboa e do Porto (como de outras importantes autarquias) se estiveram nas tintas para o congresso, não comparecendo (salvo Rui Rio na abertura) o que desde logo deu o sinal do pouco impacto que a reunião efectivamente veio a ter.
Não deixa, porém, de ser estranho este alheamento mediático uma vez que o congresso foi marcado por dois factos que deveriam, por politicamente significativos que foram, merecer a atenção dos media e dos nossos omniscientes comentadores e analistas.
Um: a ausência quase total de renovação dos órgãos da ANMP.
É verdade que na sequência das recentes eleições autárquicas poucos foram os municípios que mudaram de responsáveis. Isso não impediria, porém, que neste congresso se procurasse uma imagem nova para o poder local democrático que bem precisada dela anda. O primeiro passo seria naturalmente fazer aparecer protagonistas novos, com ideias renovadas, capazes de reabilitar e valorizar o papel das autarquias e dos autarcas à frente da sua associação. Mas não. Tudo nas mãos dos mesmos, nenhum refrescamento. Isto passou despercebido e não deveria ter passado.
Dois: uma confrangedora pobreza nas temáticas abordadas. Do documento estratégico até às intervenções (dos mesmos de sempre...), os temas passaram recorrentemente pelo auto-elogio e nenhuma auto-avaliação; pelo ataque - com laivos de irracionalidade - aos detratores do poder local; e à frenética condenação do Governo pelas medidas restritivas de carácter financeiro que incidiram sobre os municípios. Pouco ou nada de positivo ali aconteceu. Isto também passou despercebido e não deveria ter passado.
É de facto espantoso como quase nenhum dos temas da agenda actual ocupou os mais de 600 eleitos locais ali presentes.
No dia em que se fazia a avaliação da cimeira de Montreal sobre os resultados de Kyoto, os temas ambientais andaram arredados das "discussões". Nem uma palavra para a Agenda Local XXI. As questões do ordenamento do território foram abordadas pela empobrecedora óptica da necessidade de, mais uma vez, se rever legislação que tem poucos anos e que ninguém ainda avaliou seriamente. Ao de leve alguém tocou na questão do papel das autarquias no apoio social em ambiente de crise. A mais franciscana pobreza!
O ritual previsto, porém, cumpriu-se. A confirmar, em boa verdade, que foi para isto que o congresso se convocou: lá investiram, pelo voto, os mesmos de sempre num exercício de plena unicidade onde o bloco central melhor se realiza.
Crise de valores também por aqui...
ET: Já me esquecia de registar a maior ovação ocorrida na sala. Aconteceu quando foi anunciado que o próximo congresso, daqui a dois anos, se reunirá...nos Açores.
Apesar de noutras ocasiões este encontro ter ocupado relevante espaço noticioso, desta vez a coisa passou quase despercebida. Só mereceram nota da comunicação social a abertura pelo Senhor Presidente da República e o encerramento pelo Senhor Primeiro-Ministro.
Mas não foram estes momentos algo que merecesse grande atenção, de facto.
A alocução do Dr. Jorge Sampaio foi mais do mesmo. A do Primeiro-Ministro, depois da frase "vamos directamente ao que interessa" que ameaça ser a imagem de marca do Engº Sócrates (ignorando com ela, olimpicamente, os queixumes de Mário de Almeida e os protestos de Fernando Ruas contra as maldades do Governo), soou a déja vu.
Bem sei que os presidentes das Câmaras de Lisboa e do Porto (como de outras importantes autarquias) se estiveram nas tintas para o congresso, não comparecendo (salvo Rui Rio na abertura) o que desde logo deu o sinal do pouco impacto que a reunião efectivamente veio a ter.
Não deixa, porém, de ser estranho este alheamento mediático uma vez que o congresso foi marcado por dois factos que deveriam, por politicamente significativos que foram, merecer a atenção dos media e dos nossos omniscientes comentadores e analistas.
Um: a ausência quase total de renovação dos órgãos da ANMP.
É verdade que na sequência das recentes eleições autárquicas poucos foram os municípios que mudaram de responsáveis. Isso não impediria, porém, que neste congresso se procurasse uma imagem nova para o poder local democrático que bem precisada dela anda. O primeiro passo seria naturalmente fazer aparecer protagonistas novos, com ideias renovadas, capazes de reabilitar e valorizar o papel das autarquias e dos autarcas à frente da sua associação. Mas não. Tudo nas mãos dos mesmos, nenhum refrescamento. Isto passou despercebido e não deveria ter passado.
Dois: uma confrangedora pobreza nas temáticas abordadas. Do documento estratégico até às intervenções (dos mesmos de sempre...), os temas passaram recorrentemente pelo auto-elogio e nenhuma auto-avaliação; pelo ataque - com laivos de irracionalidade - aos detratores do poder local; e à frenética condenação do Governo pelas medidas restritivas de carácter financeiro que incidiram sobre os municípios. Pouco ou nada de positivo ali aconteceu. Isto também passou despercebido e não deveria ter passado.
É de facto espantoso como quase nenhum dos temas da agenda actual ocupou os mais de 600 eleitos locais ali presentes.
No dia em que se fazia a avaliação da cimeira de Montreal sobre os resultados de Kyoto, os temas ambientais andaram arredados das "discussões". Nem uma palavra para a Agenda Local XXI. As questões do ordenamento do território foram abordadas pela empobrecedora óptica da necessidade de, mais uma vez, se rever legislação que tem poucos anos e que ninguém ainda avaliou seriamente. Ao de leve alguém tocou na questão do papel das autarquias no apoio social em ambiente de crise. A mais franciscana pobreza!
O ritual previsto, porém, cumpriu-se. A confirmar, em boa verdade, que foi para isto que o congresso se convocou: lá investiram, pelo voto, os mesmos de sempre num exercício de plena unicidade onde o bloco central melhor se realiza.
Crise de valores também por aqui...
ET: Já me esquecia de registar a maior ovação ocorrida na sala. Aconteceu quando foi anunciado que o próximo congresso, daqui a dois anos, se reunirá...nos Açores.
Banir os telemóveis das escolas...
A utilização dos telemóveis por parte das crianças tem suscitado dúvidas sobre eventuais efeitos negativos na saúde das mesmas. Os responsáveis pelas telecomunicações têm desvalorizado os efeitos. De qualquer modo, manda as boas normas que tem de haver cautela no seu uso, até porque os estudos em animais de experiência revelam efeitos perniciosos sobretudo a nível das células cerebrais.
O que é certo é que o executivo francês, assim como todos os partidos da oposição assinou uma proposta de lei que proíbe o uso de telemóveis nas escolas primárias e secundárias do país.
Aqui está uma solução mais saudável do que retirar os crucifixos das escolas ou impedir o uso do véu muçulmano.
O que é certo é que o executivo francês, assim como todos os partidos da oposição assinou uma proposta de lei que proíbe o uso de telemóveis nas escolas primárias e secundárias do país.
Aqui está uma solução mais saudável do que retirar os crucifixos das escolas ou impedir o uso do véu muçulmano.
Baleias-assassinas ou baleias-vítimas?
A poluição é uma constante exprimindo-se a vários níveis. A situação é alarmante. Desta feita as Orcas começam a sofrer as consequências da poluição em níveis superiores aos dos próprios ursos polares.
A gordura das orcas revela níveis elevados de pesticidas, retardantes e bifenilos policlorados. A gordura armazena estas substâncias que poluem o Árctico que se tornou num esgoto químico.
Parece que o que se anda a fazer em matéria de contaminação ambiental não está a dar resultados. Não esqueçamos que somos, também, animais que estão no topo da cadeia alimentar.
O Pacífico Mário, que já não ataca ninguém!...
Mário Soares candidatou-se contra Cavaco: assim, derrotar Cavaco foi o primeiro e mais importante desígnio para o país enunciado por Soares!...
Desde o anúncio da candidatura, não parou os ataques contra Cavaco, apesar de ter anunciado por várias vezes que o faria.
Ontem, ao anunciar um novo ciclo para a sua campanha, informou mais uma vez que iria deixar de atacar Cavaco.
De facto, nesse dia, delegou os ataques para os seus homens de mão, que se portaram à altura das circunstâncias!...
Mesquita Machado, discursando ao lado de Soares, apelidou Cavaco "anjo negro que se acha um salvador", sublinhando que "em 1985 tentou evitar a adesão à União Europeia".
E Jorge Coelho aproveitou para alertar que, se Cavaco Silva for eleito, "criará uma crise política"...apelidando Cavaco de "cordeirinho".
Soares, afinal, cumpre o que diz!...
domingo, 11 de dezembro de 2005
As 25 mais importantes questões científicas
Para celebrar o 125º aniversário da sua fundação, a revista Science inquiriu mais de 100 notáveis cientistas mundiais sobre o que pensam ser as 25 mais importantes questões científicas que podem ser respondidas nos próximos 25 anos.
Voila!
- What is consciousness?
- What is life?
- What is the universe made of?
- To what extent are genetic variation and personal health linked?
- Can the laws of physics be unified?
- How much can the human life span be extended?
- What controls organ regeneration?
- How can a skin cell become a nerve cell?
- How does a single somatic cell become a whole plant?
- How does Earth's interior work?
- Are we alone in the universe?
- How and where did life on Earth arise?
- What determines species diversity?
- What genetic changes made us uniquely human?
- How are memories stored and retrieved?
- How did cooperative behavior evolve?
- How will big pictures emerge from a sea of biological data?
- How far can we push chemical self-assembly?
- What are the limits of conventional computing?
- Can we selectively shut off the immune responses?
- Do deeper principles underlie quantum uncertainty and non-locality?
- Is an effective HIV vaccine feasible?
- How hot will the greenhouse world be?
- What can replace cheap oil, and when?
- Will Thomas Malthus [who predicted that overpopulation could lead to a global disaster] continue to be wrong?
Voila!
- What is consciousness?
- What is life?
- What is the universe made of?
- To what extent are genetic variation and personal health linked?
- Can the laws of physics be unified?
- How much can the human life span be extended?
- What controls organ regeneration?
- How can a skin cell become a nerve cell?
- How does a single somatic cell become a whole plant?
- How does Earth's interior work?
- Are we alone in the universe?
- How and where did life on Earth arise?
- What determines species diversity?
- What genetic changes made us uniquely human?
- How are memories stored and retrieved?
- How did cooperative behavior evolve?
- How will big pictures emerge from a sea of biological data?
- How far can we push chemical self-assembly?
- What are the limits of conventional computing?
- Can we selectively shut off the immune responses?
- Do deeper principles underlie quantum uncertainty and non-locality?
- Is an effective HIV vaccine feasible?
- How hot will the greenhouse world be?
- What can replace cheap oil, and when?
- Will Thomas Malthus [who predicted that overpopulation could lead to a global disaster] continue to be wrong?
Mao- O grande herói do socialismo chinês II
Quando tanto se fala em julgamentos por crimes contra a humanidade, é de espantar que raramente seja evocada personagem de Mao Tsé-Tung, responsável pela morte de milhares de seres humanos e por torturas sem classificação.
A deformação do carácter de Mao vem sendo confirmada aos poucos.
Mao era egocêntrico e megalómano e justificava o seu comportamento com a seguinte máxima ( utilizava, mesmo, o plural majestático…):
“…As pessoas como eu só têm obrigações para si próprias: não temos quaisquer obrigações para com as outras pessoas….”
Nesta ordem de ideias, utilizava o povo para chamar a si mais e mais poder.
“Nunca teve qualquer sentimento de altruísmo ou piedade, antes agiu sempre, de forma determinada, habilidosa e cruel, com um só e único fim: ter poder, exercer o poder, aumentar o poder”
Para tal, Mao recuperou a prática da tortura e das execuções em público.
Depois da Grande Marcha, a segunda e mais cega aventura de Mao foi o Grande Salto em Frente, o seu projecto lunático de fazer da China uma potência industrial num curtíssimo espaço de tempo.
“…Nenhuma das directrizes que mandou aplicar fazia sentido e o resultado foi uma quebra tão colossal do rendimento agrícola que dezenas de milhões de chineses morreram à fome, enquanto ele dava ordens para que os poucos cereais que ainda eram colhidos fossem requisitados pelo Exército e doados a países amigos...”
“…As políticas demenciais que haviam caracterizado o Grande Salto em Frente, como a ordem para mandar matar os pardais, o que deixou as culturas à mercê das pragas, ou a exigência de que cada aldeia construísse o seu alto forno siderúrgico, onde todos os objectos de ferro deviam ser fundidos, o que deixou os camponeses sem instrumentos para trabalhar a terra...” levaram à morte, pela fome, de milhões de camponeses.
É este o herói que muitos, em Portugal, ainda teimam em colocar como exemplo!…
A deformação do carácter de Mao vem sendo confirmada aos poucos.
Mao era egocêntrico e megalómano e justificava o seu comportamento com a seguinte máxima ( utilizava, mesmo, o plural majestático…):
“…As pessoas como eu só têm obrigações para si próprias: não temos quaisquer obrigações para com as outras pessoas….”
Nesta ordem de ideias, utilizava o povo para chamar a si mais e mais poder.
“Nunca teve qualquer sentimento de altruísmo ou piedade, antes agiu sempre, de forma determinada, habilidosa e cruel, com um só e único fim: ter poder, exercer o poder, aumentar o poder”
Para tal, Mao recuperou a prática da tortura e das execuções em público.
Depois da Grande Marcha, a segunda e mais cega aventura de Mao foi o Grande Salto em Frente, o seu projecto lunático de fazer da China uma potência industrial num curtíssimo espaço de tempo.
“…Nenhuma das directrizes que mandou aplicar fazia sentido e o resultado foi uma quebra tão colossal do rendimento agrícola que dezenas de milhões de chineses morreram à fome, enquanto ele dava ordens para que os poucos cereais que ainda eram colhidos fossem requisitados pelo Exército e doados a países amigos...”
“…As políticas demenciais que haviam caracterizado o Grande Salto em Frente, como a ordem para mandar matar os pardais, o que deixou as culturas à mercê das pragas, ou a exigência de que cada aldeia construísse o seu alto forno siderúrgico, onde todos os objectos de ferro deviam ser fundidos, o que deixou os camponeses sem instrumentos para trabalhar a terra...” levaram à morte, pela fome, de milhões de camponeses.
É este o herói que muitos, em Portugal, ainda teimam em colocar como exemplo!…
Retalhado para vender
Ainda se lembram de Expo'92, em Sevilha?
Não esquecerei os dias que lá passei e as novidades que então conheci.
Hoje, está ao abandono.
Um enorme parque de sucata.
A pouco e pouco estão a desfazer aquele conjunto urbano e os equipamentos que ainda lá restam. Uma verdadeira acção de desmembramento e desmantelamento.
A última notícia é a hipotética venda do teleférico, que está parado há 13 anos.
E ainda há quem diga mal da nossa Expo?!
Não esquecerei os dias que lá passei e as novidades que então conheci.
Hoje, está ao abandono.
Um enorme parque de sucata.
A pouco e pouco estão a desfazer aquele conjunto urbano e os equipamentos que ainda lá restam. Uma verdadeira acção de desmembramento e desmantelamento.
A última notícia é a hipotética venda do teleférico, que está parado há 13 anos.
E ainda há quem diga mal da nossa Expo?!
Uma anedota...
... pode valer mais do que uma campanha eleitoral.
Esperando a indulgência dos meus caros companheiros destas andanças, decidi reproduzir no 4R uma piada que ouvi por aí e que, em minha opinião, resume de forma magistral o estado da opinião pública sobre a presente campanha para as presidenciais.
A anedota é a seguinte:
"Cavaco Silva e Mário Soares declinaram um convite para aparecerem no programa 'Levanta-te e Ri'.
O primeiro porque não sabe rir.
O segundo porque já não se consegue levantar."
Esperando a indulgência dos meus caros companheiros destas andanças, decidi reproduzir no 4R uma piada que ouvi por aí e que, em minha opinião, resume de forma magistral o estado da opinião pública sobre a presente campanha para as presidenciais.
A anedota é a seguinte:
"Cavaco Silva e Mário Soares declinaram um convite para aparecerem no programa 'Levanta-te e Ri'.
O primeiro porque não sabe rir.
O segundo porque já não se consegue levantar."
sábado, 10 de dezembro de 2005
Chupetas
É do conhecimento geral que as crianças de tenra idade podem, embora raramente, falecer subitamente sem causa aparente. Esta “morte do berço” tem suscitado várias investigações e especulações sobre as causas. O trauma para os pais da morte de uma criança, aparentemente saudável, é indescritível.
Um estudo acabado de publicar vem demonstrar que as crianças que usam chupeta têm menos risco de sofrer a morte branca que atinge um em 2.000 bebés, passando para um caso em 20.000.
Além dos aspectos de natureza mecânica inerentes à alça externa das chupetas com carácter protector, parece que ainda ajudam a desenvolver a parte do cérebro que controla as vias respiratórias.
A Fundação para o Estudo de Mortes na Infância recomenda que um bebé que utilize este instrumento deve continuar a usá-lo regularmente e que não deve ser suprimido de um momento para o outro, porque nos dias em que não usem chupeta o risco de morte do berço aumenta.
Estamos a falar de uma doença que atinge as crianças com menos de um ano de idade. Quando atingirem esta idade, de acordo com os especialistas, deve ser retirada. O pior é que elas não querem e continuam a chuchar durante muito mais tempo. Às tantas ficam dependentes.
Imaginem o que poderia acontecer se um dia destes descobrissem outros efeitos positivos nas idades mais avançadas, tais como, estimular a inteligência, a verborreia (!), a criatividade e inovação políticas ou evitar qualquer tipo de morte súbita social. Era vê-los com chupetinhas de vários tamanhos e cores a todo o momento…
Um estudo acabado de publicar vem demonstrar que as crianças que usam chupeta têm menos risco de sofrer a morte branca que atinge um em 2.000 bebés, passando para um caso em 20.000.
Além dos aspectos de natureza mecânica inerentes à alça externa das chupetas com carácter protector, parece que ainda ajudam a desenvolver a parte do cérebro que controla as vias respiratórias.
A Fundação para o Estudo de Mortes na Infância recomenda que um bebé que utilize este instrumento deve continuar a usá-lo regularmente e que não deve ser suprimido de um momento para o outro, porque nos dias em que não usem chupeta o risco de morte do berço aumenta.
Estamos a falar de uma doença que atinge as crianças com menos de um ano de idade. Quando atingirem esta idade, de acordo com os especialistas, deve ser retirada. O pior é que elas não querem e continuam a chuchar durante muito mais tempo. Às tantas ficam dependentes.
Imaginem o que poderia acontecer se um dia destes descobrissem outros efeitos positivos nas idades mais avançadas, tais como, estimular a inteligência, a verborreia (!), a criatividade e inovação políticas ou evitar qualquer tipo de morte súbita social. Era vê-los com chupetinhas de vários tamanhos e cores a todo o momento…
Soares o único com imagem negativa
O Barómetro Marktest/DN/TSF revela os saldos de imagem pública de cada um dos candidatos às eleições presidenciais, relativos ao mês de Novembro. O efeito da campanha de Mário Soares merece ter o maior destaque: é a prova provada que a sua estratégia ou foi errada ou o candidato é mesmo muito mau. Como não considero razoável a segunda hipótese explicativa, prefiro pensar que foi a primeira, precisamente a mesma explicação - vista ao contrário - que permite perceber o "score" de Manuel Alegre.
São estas as eleições limpas que se desejam!
O debate
No livro "A Imortalidade" de Milan Kundera, o autor fala a certa altura da imortalidade no sentido não religioso, a "imortalidade profana, para os que permanecem depois da morte na memória da posteridade. Qualquer de nós pode alcançar essa imortalidade, maior ou menor, mais ou menos prolongada, e desde a adolescência, todos pensamos nela. (...) Perante a imortalidade, as pessoas não são iguais. Temos que distinguir a pequena imortalidade, recordação de um homem no espírito dos que o conheceram (...) e a grande imortalidade, recordação de um homem no espírito dos que o não conheceram. Há carreiras que confrontam, imediatamente, um homem com a grande imortalidade, sem dúvida incerta, ou até improvável, mas incontestavelmente possível: são as carreiras de artista e de homem de Estado".
A propósito do frente-a-frente a que hoje pudemos assistir entre Cavaco Silva e Francisco Louçã lembrei-me desta reflexão de MK e percebi o que realmente soa estranho nestes debates artificialmente organizados numa base de pseudo igualdade entre candidatos. A dimensão destes dois homens, goste-se ou não de cada um deles, é de tal modo diferente que é penoso ouvi-los com a obrigação de confrontarem. O homem de Estado e o regedor da aldeia, para retomar o exemplo do autor que cito, a pequena imortalidade de Louçã a agarrar-se com desespero ao grande momento em que se ilude com voos mais altos...
Aguardemos o debate entre homens de Estado, Cavaco Silva e Mário Soares, para então termos um grande momento da política nacional.
A propósito do frente-a-frente a que hoje pudemos assistir entre Cavaco Silva e Francisco Louçã lembrei-me desta reflexão de MK e percebi o que realmente soa estranho nestes debates artificialmente organizados numa base de pseudo igualdade entre candidatos. A dimensão destes dois homens, goste-se ou não de cada um deles, é de tal modo diferente que é penoso ouvi-los com a obrigação de confrontarem. O homem de Estado e o regedor da aldeia, para retomar o exemplo do autor que cito, a pequena imortalidade de Louçã a agarrar-se com desespero ao grande momento em que se ilude com voos mais altos...
Aguardemos o debate entre homens de Estado, Cavaco Silva e Mário Soares, para então termos um grande momento da política nacional.