Ouço a porta-voz da Protecção Civil em Lisboa e os fogos estão dominados ou controlados. E que os reacendimentos dos fogos dominados ou controlados estão dominados ou controlados. E que os reacendimentos dos reacendimentos dos fogos dominados e controlados mais uma vez foram dominados e controlados. E também ouço que há meios aéreos a combater os fogos, porventura tão miniaturizados que alguns autarcas não conseguem ver.
Por mim, das duas, uma:
-ou tanto domínio e controle acaba por espevitar o fogo
-ou tanto domínio e controle acaba por espatifar a informação. Servindo-a, devidamente controlada e dominada, como aquela a que temos direito.
6 comentários:
Caríssimo António,
Se bem me recordo já expressei anteriormente, aqui no 4R, a minha concordância com a centralização da informação sobre a situação dos incêndios florestais.
Aos bombeiros compete combater o fogo, aos comandantes respectivos coordenar os meios envolvidos nos combates. Percebo que os comandantes dos bombeiros gostem de aparecer à frente das câmaras. É um desejo natural mas não deve distrai-los daquilo que se espera deles.
Dizendo isto, não pretendo responsabilizar a lamentável incompetência revelada pela Autoridade Nacional de Protecção Civil na coordenação e utilização dos meios sob o seu comando.
Não é, contudo, na informação pública da situação no terreno que a ANPC falha. A realidade é demasiadamente atroz para poder ser sonegada.
Aliás, defendo que as responsabilidades de combate a incêndios florestais deve competir às forças armadas. O ataque a um inimigo cada vez mais perigoso e persistente só pode ser eficiente - independentemente de acções
de reestruturação da titularidade propriedade rural com efeitos só possíveis a médio e longo prazo -, se for atribuído a profissionais dedicados todo o ano ao combate.
Percebe-se que a Força Aérea não seja chamada a actuar e se continua e pagar
a empresas o combate com maior aéreos? Não se compreende. Estes, e não só estes, digam o que disserem, são objectivamente interessados nos fogos.
Percebe-se que os 35 mil efectivos das forças armadas não sejam chamados a participar no terreno em acções de vigilância permanente durante os meses críticos, aqueles como dia de hoje, a maior parte do território está sob ameaça de risco elevado ou muito elevado. Não se percebe.
E, já agora, não querendo alongar muito este comentário, que medidas devem ser tomadas para reduzir o número de incendiários à solta?
Tens alguma ideia?
Há dias fiz esta pergunta a pessoa, ainda jovem, meu conhecido. Disse-me que a resposta seria politicamente incorrecta e juridicamente inaplicável: cortava as mãos aos incendiários.
Pensei na resposta e procurei recuperá-la de forma politicamente correcta e juricamente aplicável: manietar-lhe com algemas as mãos atrás das costas e pulseira electrónica para obrigar os criminosos deste tipo a não se ausentarem do seu domicílio. Quem os alimentaria? A família ou, na falta desta, quem tivesse piedade dos criminosos.
Não é grande ideia? Talvez. Tens melhor?
Pf, no terceiro período leia-se "...não pretendo desresponsabilizar ..."
Caro Rui:
Pois não estou longe, estou até muito perto e, mesmo, concordante com o que dizes.
Claro que, factos são factos, há uma enorme incompetência da Protecção Civil; aliás, na sequência do que no ano passado, com muito menos gravidade, aconteceu em Arouca/S. Pedro do Sul.
Mas, no que à informação respeita, há um enorme desvio entre a informação local e a informação tratada centralmente. Esta procura dar por controlados, dominados ou extintos os incêndios, enquanto no local o que se refere são novos focos e reacendimentos.
Quanto às medidas, bom, impera o politicamente correcto e o que acaba por valer é a ideologia de cada qual. Por exemplo, para o PC e Bloco, se acabasse a indústria da celulose, acabavam os incêndios e a luta é contra aquela. O PS disse que fez a maior reforma florestal desde D. Dinis, atribui as culpas à Altice e fica satisfeito, quanto menos se fale, melhor. Quanto ao PSD e CDS, nenhuma proposta se ouve. Como tal, tudo na mesma, até ao próximo ano.
Na linha do Rui Fonseca.
Perguntei-me em tempos, para que servem os numerosos assessores de imprensa nos ministérios. Modéstia à parte, talvez pudessem recolher opiniões expressas na imprensa e dali tirar algum proveito.
Desta praça, no JF em 2010:
«Quartel-General da Protecção Civil – um comando operacional conjunto instalado numa base da Força Aérea no centro-norte do país e dotado de um estado-maior predominantemente militar é instalado durante o mês de Maio. Vai accionar, dirigir e controlar a totalidade dos meios de combate a incêndios, com os meios aéreos civis actuando de forma integrada com os meios da FA e sob seu controlo...»
Quanto aos efectivos da mili, são agora 30 mil.
O resultado da reforma do governo Passos, com o deserto militar em Tancos recentemente comprovado. Cortes em despesas na base (soldados), sem beliscar nas 'quintas' ramos das FA, comandos e estados-maiores e órgãos correlativos.
«Maio de 2011: na primeira semana de Maio, tem lugar nas instalações da Autoridade Nacional de Protecção Civil uma reunião presidida pelo PM sobre a Segurança e Defesa dos Incêndios para o Verão. Presentes…
Foram passados em revista, a preparação e prontidão dos meios e sistemas de defesa do território...»
E com o caso deste ano, vendo as reacções dos nossos amados leaderes, para quê continuarmos a preocupar-nos? Venha o 'desprendimento', recomendado por Gautama, num qq refúgio entre a Estrela e a Gardunha.
Prostituição Comunicacional, eis tudo.
Teúda e manteúda por quem distribui os lugares à manjedoura...
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