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quarta-feira, 1 de maio de 2019

Economia e Finanças públicas


Falta PIB ao cálculo da carga fiscal, referiu o Ministro das Finanças, em entrevista recente, disfarçando o máximo histórico da carga fiscal em 2018. Mas, encapotando assim a falta num desvio estatístico, acabou por dizer uma grande verdade. É que falta, mesmo, PIB, isto é, falta economia; em contraste, abundam impostos e finanças públicas, mas isso o Ministro não disse.
A economia tornou-se um feudo do Ministro das Finanças. É ele que anuncia a evolução do PIB, do emprego, dos fundos estruturais, do investimento público e privado, dos indicadores económicos e das expectativas dos empresários e consumidores. Como se não houvesse economia para além das finanças do Estado, ministros da economia e sectoriais não passam de figurantes, sem a autoridade que, no mínimo, lhes permita evitar os golpes nas verbas dos investimentos aprovados, ou a transferência das mesmas para despesa ordinária, em desfavor da criação sustentada de riqueza.    
E também não lhes vemos qualquer política pública relevante que favoreça a actividade económica, mas vemos bem uma completa inação, quando seria preciso corrigir intoleráveis boicotes à economia.
Portugal é o único país do mundo em que os ministros das áreas económicas permitem que nem sequer se possa saber se temos petróleo, a energia do presente, enredam a exploração do lítio, a energia do futuro, e amparam deslocalizações florestais e descarbonizações rápidas, esquecendo indústria, emprego e produtividade.
Nem vemos que patrocinem a reforma da justiça ou da administração pública, também responsáveis por um condicionamento industrial burocrático que tolhe iniciativas e faz faltar, realmente, PIB.
A economia real produz e paga; as finanças públicas recebem e desperdiçam. Este sistema desigual de vasos comunicantes constitui factor de entropia, impedindo iniciativa empresarial e crescimento.
A crescente carga fiscal que onera os portugueses só tem prejudicado o todo económico, e a prova é que o país é dos que menos cresce, tombando mais e mais na cauda da EU-28.
Medida relevante seria ultrapassar a heresia e, como outros, estabelecer constitucionalmente um tecto para a carga fiscal, que sirva a economia e, por arrasto, serviços e funções essenciais do Estado.  
Se assim não for, continuarão a sobrar impostos e a faltar PIB. E não se trata de erro estatístico, como diz o Senhor Ministro. 
(Artigo publicado no DN de 27 de Abril)

6 comentários:

Bartolomeu disse...

«E também não lhes vemos qualquer política pública relevante que favoreça a atividade económica, mas vemos bem uma completa inação, quando seria preciso corrigir intoleráveis boicotes à economia.»
Pois é verdade… e é verdade desde todos os governos anteriores. Ainda nenhum governo se preocupou em criar condições para atrair o investimento e melhorar a economia. Tanto em matéria de impostos, como de justiça, e de burocracias continuamos 45 anos atrasados. Provavelmente iremos andar a marcar passo, a aumentar a dívida pública e a manter a economia em banho-maria, durante pelo menos mais 45 anos. Por culpa de quem? De todos, evidentemente mas sobretudo, por culpa das oposições e dos governos, porque não visam os superiores interesses do país mas, os superiores interesses dos cargos, do poder e da liberdade para governar a bel-prazer. Entretanto… lá vamos arrastando este nosso portugalzinho, ensolarado, á beira-mar plantado, muito submissozinho e subserviente tanto quanto convém.

António Pedro Pereira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
António Pedro Pereira disse...

Portugal paga taxa mais baixa de sempre para emitir 800 milhões em dívida a 10 anos. Juro cai para 1,059%
A agência liderada por Cristina Casalinho realizou, esta quarta-feira, um leilão duplo de obrigações do Tesouro. Entre títulos a 10 e 15 anos, o montante total colocado situa-se nos 1.250 milhões.
https://eco.sapo.pt/2019/05/08/portugal-paga-taxa-mais-baixa-de-sempre-para-emitir-800-milhoes-em-divida-a-10-anos/

Tal qual como o Sr. Dr. Pinho Cardão previu aqui a partir de 2015.
É por saber que este «Oráculo de Delfos» nunca se engana que eu jamais deixarei de o visitar.

Post Scriptum: Para que não haja confusões, na substância, partilho quase tudo o que o Sr. Dr. Pinho Cardão diz. Excepto dois enviesamentos que faz, mas nada de admirar, fazem parte da maneira enviesada partidariamente de ver as coisas.
Temos, de facto, a maior receita fiscal dos últimos anos, mas porque a economia está estado a crescer como não crescia, pelo menos, desde há 19 anos.
E a dependência da economia do Estado e, da generalidade das pessoas também, faz parte da nossa matriz «genética» como povo.
Não se altera por decreto nem sequer por vontade de um ou outro governante mais clarividente que tenhamos tido ou venhamos a ter.
Repare se os grandes momentos da nossa História como povo não dependeram sempre do poder central:
Formação de Portugal - debaixo da mão do Rei, contra o inimigo diferente, o mouro.
Aljubarrota - idem, agora contra o Castelhano.
Descobrimentos - Idem, agora contra o Mar Tenebroso.
Pombal e a reforma do país - Idem, agora contra os inimigos do Iluminismo
Segunda colonização pós-Conferência de Berlim - Idem, agora contra os pretos (mais tarde chamados terroristas).
25 de Abril e Democratização - contra o beco sem saída da Guerra Colonial.
Adesão à Europa - Idem, contra o perigo comunista.
Tudo isto ocorreu sob a batuta do Estado centralista.

Portanto, não enviesa as coisa atribuindo as culpas partidariamente, elas são complemente transversais a toda a sociedade portuguesa.

Ao menos faça «mea culpa» das suas previsões catastrofistas sobre a eminente escalada das taxas de juros.

E no valor líquido da Dívida Pública(não falo do «ratio») não se esqueça de abater os empréstimos em caixa neste jogo de substituição permanente de empréstimos de curto e médio prazo antigos, com juros mais altos, por empréstimos de mais longo prazo e com juros mais baixos.
Não engane os (poucos) incautos que ainda aqui vêm.
E interrogue-se sobre a razão de ter perdido clientela no blogue.









António Pedro Pereira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
António Pedro Pereira disse...

Juros da dívida portuguesa a 10 anos abaixo de 1% pela 1.ª vez

Juros da dívida portuguesa estão em mínimos de sempre a 2, 5 e 10 anos.

Os juros da dívida portuguesa atingiram, esta 5.ª feira, o valor mais baixo de sempre, com a yield das obrigações a 10 anos a cair, pela 1.ª vez, abaixo da fasquia do 1%.

https://eco.sapo.pt/2019/05/23/juros-da-divida-portuguesa-a-dez-anos-abaixo-de-1-pela-primeira-vez/

António Pedro Pereira disse...

Dr. Pinho Cardão:
Anda desaparecido em combate inglório?
Não há um espacinho para um post sobre o «êxito» das suas previsões catastrofistas desde Novembro de 2015?
Em que preconizou o disparo das taxas de juro?
Aqui está a prova dos 9, de muitas que foram ocorrendo ao longo destes anos desde Novembro de 2015
Hoje, 19/06/2019
Portugal obtém juro mais baixo de sempre para emitir dívida a 11 meses. Taxa foi de -0,395%
https://eco.sapo.pt/2019/06/19/portugal-paga-juro-mais-baixo-de-sempre-para-emitir-divida-a-11-meses-taxa-foi-de-0395/