(https://www.dinheirovivo.pt/opiniao/acao-e-televisao/)
Pensava dedicar hoje esta coluna à análise das causas do peso
desproporcionado no PIB e da dependência externa de alguns sectores da nossa economia,
a começar pelo turismo, em que pequenas oscilações na procura agravadas por fenómenos
de perturbação globais, como agora acontece com o corona vírus, podem, só por
si, levar o país à recessão. Mas falar das causas é criticar políticas e o tempo
de guerra que vivemos, como nos é dito, exige mais união no presente e menos censura
ao passado, mesmo que justificada.
Estamos, de facto, em plena guerra e nunca os cidadãos e
governos terão passado por tantas dificuldades e temores desde que a pneumónica,
há um século, matou muitas dezenas de milhares de pessoas em Portugal e dezenas
de milhões em todo o mundo.
O governo tem-se desdobrado em esforços para assegurar a
resistência e a vitória futura, minimizando perdas humanas e materiais. Mas
numa guerra tem que haver um Comandante com o seu Estado-Maior que defina
estratégias e recursos tecnológicos, produtivos e logísticos, e uma cadeia de
comando com oficiais, sargentos e soldados que assegure no terreno as
operações, a logística, a intendência, equipamentos, fardamentos, alimentação,
transporte, hospitais de campanha, de forma rápida, coordenada e eficaz. É isto
também o que deveria acontecer na guerra contra o corona vírus. Se o 1º
Ministro será o comandante, ignora-se qual o seu Estado-Maior e sobretudo não
se sente uma cadeia coerente de comando, apenas múltiplas acções desgarradas,
logo menos eficazes. Aliás, os reduzidos
postos de vigia, testes, e as falhas na linha de saúde 24 impedem mesmo saber o
número e a localização do inimigo.
Em guerra, o comando tem que ser único, as operações
concertadas e a informação precisa e verdadeira, objectivo que a exibição a
esmo de ministros nas televisões a mostrar novas iniciativas de forma parcelar
e vaga não favorece e, pior, quando os anúncios feitos são logo desmentidos
pelas tropas no terreno. Só acreditando na informação, e conhecendo carências e
dificuldades, os cidadãos se mobilizam para a luta.
Um comando forte, um estado-maior competente e uma acção
coordenada e rápida é o que se exige. E uma informação correcta, com menos
ministros nas televisões, para que o tempo de governar não se extinga num
constante aparecer.
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