1. A bela frase que faz a 1ª parte do título deste Post é hoje também título em destaque num dos mais brilhantes diários económicos da nossa praça.
2. Essa frase é sintoma de um crónico problema do País que acaba por afectar/contaminar todo o funcionamento sadio da própria economia: a falta de opiniões independentes com eco na comunicação social.
3. Existem opiniões económicas independentes é certo, mas a generalidade da comunicação social evita-as, tem receio de as divulgar, prefere as opiniões de seguidismo, que fazem coro com o status quo, que ajudam por estes dias à festa do delírio colectivo...
4. Esta frase merece um pouco mais de atenção para se perceber o seu significado “profundo”.
5. Qualquer pessoa com um mínimo de formação ou de informação percebe que, com a economia em forte desaceleração – sendo mesmo admissível um recuo na riqueza produzida e no rendimento no próximo ano – o défice orçamental, por força dos chamados estabilizadores automáticos, terá de aumentar.
6. Assim sendo, estar de acordo ou em desacordo com esse aumento é uma inutilidade: é a mesma coisa que estar de acordo ou em desacordo com as fases da lua ou com o movimento de rotação da Terra...têm de acontecer, quer estejamos ou não de acordo!
7. Não pode pois ser esse o sentido útil desta frase.
8. O seu sentido útil e subliminar parece ser antes o de exprimir concordância em relação ao MODO como entre nós se está encarando o “combate” à crise económica, favorecendo essa crise – pelo menos assegurando-lhe vida bem mais longa...
9. E já sabemos qual é a receita “mágica” para “combater” a crise: mais despesa pública em investimentos realizados “a esmo” sem preocupação quanto à rentabilidade económica e social e quanto aos pesados compromissos financeiros pelos mesmos induzidos...o que é preciso é gastar dinheiro para por a economia flutuar...só que com “flutuadores” de betão e de aço a economia afunda-se cada vez mais...
10. Os nossos economistas regimentais – bonzos do regime na feliz expressão de Pinho Cardão - são mesmo assim: apontam a sua opinião para onde a bússola oficial está voltada...se a bússola oficial apontasse para a descida dos impostos, que neste momento execram, aclamariam essa descida... amanhã estarão de acordo com a redução do défice, bastando que a bússola oficial para aí aponte...
11. Num País em que a opinião de eco dominante exprime conveniências e não convicções nunca poderá ser um país com grande futuro...andará sempre na carruagem da retaguarda, para perceber o que fazem os outros, o que é mais conveniente...
4 comentários:
Sugiro a leitura da entrevista do ministro das finanças alemão, do spd, à newsweek
http://www.newsweek.com/id/172613
António Alvim
Caro TMoreira:
Os bonzos vivem próximos dos deuses, bebem do néctar da sabedoria, são oráculos que nunca se enganam. Pode é acontecer que, maldosamente, a realidade os contrarie e é o que normalmente acontece. Mas a realidade é que está errada. Eles estão sempre certos. A sua sabedoria é eterna!...
Caro Tavares Moreira,
Julgo ser importante que o estado abra cordões à bolsa. No entanto, pergunto se não seria mais eficaz criar estímulos fiscais às empresas e particulares, ao invés de fazer auto-estradas cujo a rentabilidade é duvidosa, ou asfixiar lentamente as nossas empresas com mais linhas de crédito, desta vez oferecidas pelo estado??
Como disse Medina Carreira investir em obras públicas, mas com cuidado. Apostar em barragens é bom porque ganhamos independência energética, agora fazer TGV's e auto-estradas... Do meu ponto de vista, seria mais rentável melhorar algumas partes do IP4, prolongar a A4 até Vila-Real e apostar na sensibilização rodoviária.
Caro Pinho Cardão,
Toda a razão, esses bonzos não se enganam, até por definição...eles estão sempre certos de que dizem o que alguns gostam de ouvir - e na dúvida, certificar-se-ão previamente de que assim é!
Triste fado, o desta economia tão mal servida por uma barragem de pensadores de opereta!
Caro André: bastava que o Estado pagasse a tempo e horas os consumos e os investimentos que faz, para a economia estar melhor...e que gastasse muito menos do que gasta em despesas totalmente inúteis algumas anedoticamente classificadas como de "investimento"... e que tivesse capacidade para reduzir os impostos, sobretudo os que afectam mais directamente o investimento como o IRC e o crédito bancário hoje fustigado por uma enorme carga fiscal de que quase ninguém fala...e que se empenhasse mais em desburocratizar/simplificar os procedimentos administrativos que empatam e complicam desnecessariamente o licenciamento do investimento privado!
Tanta coisa que o Estado podia fazer em beneficio da economia gastando tão pouco...em vez disso vão sacrificar enormes quantias, que têm de ser obtidas no exterior a custo muito elevado,em projectos fraquíssimos, economica e socialmente, secando o mercado do financiamento para milhares de PME's...é um erro incomensurável!
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