Em desrespeito total pela regra do concurso na admissão de funcionários públicos, o governo vai integrar largas dezenas de milhar (fala-se em cerca de 100.000...) trabalhadores da função pública a recibo verde ou ao abrigo de contratação sem vínculo permanente com o estado.
Um esquema de admissão que vai levar dezenas de milhar de trabalhadores a entrar na função pública sem concurso, ou com concurso feito à medida, privilegiando, em total desrespeito pela lei, um conjunto de cidadãos e sonegando o direito de concorrer a todos os outros que têm o direito de procurar trabalho no estado ao abrigo da legislação em vigor.
Claro que um cidadão que entra no desempenho de funções públicas mediante concurso entra pelo seu próprio valor e não tem que dizer obrigado a ninguém. Mas um cidadão que arranja emprego permanente à custa de um procedimento singular e ao arrepio das normas em vigor, tende a ficar agradecido a quem lho concedeu. O governo sabe isso muito bem e o calendário das admissões não engana. Até às Autárquicas, alguns entrarão; até às Legislativas, entrará o resto. Não há admissões grátis.
PS: E que dizer de os Sindicatos da Função Pública poderem entrar no processo de admissão? Nunca se foi tão longe na forma de recomendar prosélitos e impedir outros de entrar. A geringonça vai fazendo o seu caminho. Cuidando dos seus e de si, que os outros nada lhe interessam.
8 comentários:
Caro pinho Cardão,
É nisto que dá sempre uma política de "cortes" sem qualquer perspetiva de gestão dos recursos humanos: fecha-se o recrutamento "sério" mas o recrutamento continua. Sem seriedade, precário, logo, sem qualidade. E procedimentos de recrutamento sem qualidade resultam em qualidade duvidosa dos recrutados.
Mas depois é uma vergonha, o Estado a fazer o que há de pior com os seus trabalhadores.
E depois há que repor alguma decência...
As responsabilidades são de todos os que no passado construíram, por ação ou omissão, a vergonha.
E é recorrente.Há trinta anos que não há recrutamento no estado.
E os resultados claro que se sentem.
E já sabemos que o balão vai começar novamente a encher no dia seguinte (porventura já durante) a ter terminado este processo de regulaização.
Sim, há coisas que neste país não tem emenda...
De facto, caro SC, há coisas que neste país não têm emenda. E os políticos que as fazem, também não. Mas não são eles que pagam, nós é que cá estamos para pagar...
Não há recrutamento em função das necessidades porque o Estado desde há muito que tem gente a mais que não pode dispensar.
Para recrutar "normalmente" é também preciso poder dispensar "normalmente".
O problema de fundo é a existência de um estatuto da função pública que garante o emprego vitalicio para todos os funcionários.
Numa altura em é indispensável ir reduzindo o excedente de pessoal na função pública vai-se meter ainda mais gente que nunca poderá ser dispensada em função das necessidades e das possibilidades !...
De mal a pior !!
Vou levar para a minha Praça. Com a devida vénia.
Caro Fernando S:
Pois é...mas manter o poder é a preocupação máxima da geringonça.
Caro nikonman:
Muito obrigado. E seja bem-vindo, que há muito que não aparece!...
Vou ser mais assíduo.
Ora aí está!
Enviar um comentário