A revista nº 13 de Artes&Leilões dedica um vasto artigo a Bragança, cidade que, no dizer de Miguel Torga, está "no cimo de Portugal, como os ninhos...".
Chamam-me as origens a partilhar com a 4R a estratégia de desenvolvimento cultural que, nos últimos quatro anos, esta cidade adoptou.
Aos seus já velhos museus, Militar e do Abade de Baçal, vêm agora somar-se o Centro Cultural com a biblioteca e o conservatório de música, uma galeria de exposições e um espaço de memória da cidade; o Centro de Ciência Viva que integra um Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental, construído na antiga central hidroeléctrica; a Casa da Seda, a funcionar num antigo moinho reconstruído, onde se recorda todo o ciclo da seda e a importância desta indústria, em Trás-os-Montes, na passagem do século XVIII para o século XIX; o Museu Ibérico da Máscara e do Traje, projecto de partilha entre Bragança e Zamora, dedicado aos antigos rituais que são as Festas de Inverno em Trás-os-Montes e Alto Douro e Las Mascaradas de Invierno, do outro lado da fronteira e o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, cuja fachada é a de um solar setecentista acrescentado nas traseiras por uma espécie de "cubo" branco (na imagem), obra onde Souto Moura conseguiu tão bem fundir o passado com o presente.
A par destas novas mostras culturais, surge também o Teatro Municipal, inaugurado em 2004, a nova Sé de Bragança e um Mercado Municipal com uma qualidade que ninguém espera encontrar em terra tão longínqua...e que faz justiça á gastronomia da região!
Claro que da Cidadela e do seu pelourinho, da Domus Municipalis e do Castelo com a sua torre de menagem, única no País, não falo...porque são uma "novidade" do início do século XV!
As serras de Nogueira e de Montezinho (com o seu parque natural) são a moldura com que a Natureza decidiu envolver Bragança...
Será que consegui convencer os meus amigos a visitar esta nova rota da cultura? Oxalá!
6 comentários:
Clara
Excelente avivar de vontade! Há muito que tenho no meu roteiro de viagens Trás os Montes. Gostava, mesmo muito, de passear por todas esses Montes e conhecer melhor Bragança. Talvez na próxima Primavera...
15 anos atrás, sensivelmente por esta altura do ano, passei 3 dias em Montezinho. Naquele tempo era adepto incondicional do turismo rural. Hospedei-me numa casa do parque que tinha sido anteriormente a casa do padre. Situava-se precisamente ao lado da capela da aldeia.
Para quem não conhece, Montezinho situa-se no sopé de uma encosta em forma de concha, o acesso é feito (ou era naquele tempo)por uma estrada estreita que subia a serra e chegando ao cume, descia em diracção às casas. Foi a primeira vez que tive oportunidade de ver mata de abeto no seu habitat natural. Quando descia em direcção à aldeia, começou a nevar. O Espectáculo que tivemos oportunidade de apreciar, foi de tal forma "mágico" que só faltou os meus filhos com 7 e 11 anos de idade, saltarem pelas janelas do carro. Foi preciso acalma-los e pedir-lhes que esperassem mais um pouco para poderem apreciar em pleno aquela maravilha. A casa do padre era uma verdadeira delícia, os alimentos podiam ser preparados ao lume existindo na cozinha cujo tecto era ainda original, em telha vã por onde passávam os farrapos de neve, as antigas panelas em ferro, as sertãs, as trempes, etc.
Na sala, uma mesa enorme em madeira grossa e uns bancos de espaldar alto e uma lareira em granito, enorme, imprescindível, onde colocávamos toros enormes a arder. À noite, corria-se directamente da frente da lareira, com o rabo a arder do calor, para dentro das camas geladas, tudo no meio de alegres gargalhadas, acompanhadas de bbbrrrreeesss e de huuuusss.
Em Bragança, visitei todos os pontos que a cara Drª. Clara assinala no penúltimo parágrafo, porém, senti na Domus, um ambiente especial, algo de muito forte. Sente-se quase a presença daqueles homens que outrora se reuniam para discutar e aprovar aquilo que se desejava de proveitoso para todos.
Gente rude, hospitaleira e muito vertical.
Naquele tempo, demorei 7 horas de Lisboa a Bragança, hoje penso que a viagem é mais rápida, o que já é um incentivo para a repetir.
;)
Cara Dra. Clara Carneiro:
Bragança e toda aquela região é, sem dúvida, um excelente roteiro para uns dias de lazer. Pena é que, o abandono e a desertificação de muitas das aldeias limítrofes, constituam hoje uma realidade pungente.
Se não conseguiu convencer, Dr.a Clara, ficam a perder muito os que lá não forem.
Tive oportunidade de visitar algumas das obras que mencionou em diferentes ocasiões. Uma delas para a inauguração de uma excelente intervenção Polis ali nas margens do Fervença.
Bragança desmente muitos dos anátemas que se lançaram sobre o poder local. Diz bem sobre o que um dinâmico presidente da câmara pode representar para uma terra, apesar das muitas limitações que enfrenta o interior. Ou se calhar por causa delas. O presidente Nunes é um dos bons autarcas que temos no País.
E o Montesinho, Dr.a Clara, o Montesinho de que já aqui fálamos. Uma das joias da coroa da rede nacional de áreas protegidas. Encanto na primavera, magia no Outono...
Caro Bartolomeu, há 15 anos...isso foi há mto tempo!
Tem que lá voltar...
Pois é jota C, o drama é a desertificação das aldeias vizinhas, mas sabe que me parece haver alguma obra de reconstrução de casas velhas e algum empenho das juntas de freguesia em melhoramentos nas aldeias. Os emigrantes estão a regressar aos pouquinhos...
Margarida, qdo lá fôr avise!!!
Pois Dr FAlmeida, eu não falei, de propósito no Presid da Câmara, Eng Jorge Nunes, não fosse dada alguma interpretação de tendência política....mas basta vêr Bragança hoje e percebe-se a sua obra, até o "anti-anátema" do projecto Polis na envolvente do rio Fervença, como bem cita. Está lindíssimo.
Quando se trata de fazer justiça, há que ser tendencioso. O Engº Jorge Nunes merece que sejamos tendenciosos.
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