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domingo, 21 de dezembro de 2008

Brincar à caridadezinha

Ouvi o Secretário de Estado da Administração Pública proclamar a ajuda aos funcionários públicos em dificuldades sob a forma de empréstimo, se necessário a fundo perdido.
Não vai longe o tempo em que o governo a que pertence o jovem e magnânime Secretário de Estado, considerava os funcionários públicos como privilegiados de entre o universo dos trabalhadores. Hoje, ao que parece, só eles merecem o carinhoso amparo do Estado.
Sendo franco, não estava à espera que em ano de eleições o governo tivesse comportamento diferente ante a meticulosa gestão da sua imagem que foi fazendo ao longo do mandato com os olhos postos em 2009. O que me impressiona é a lata com que anuncia estas medidas, como se de importantes soluções se tratasse.
Razão tem Jerónimo de Sousa quando, sem papas na língua, põe o dedo na ferida: são dispensáveis estas formas de caridade. Se o Estado entende que deve apoiar quem o serve e julga que tem condições para isso (sem onerar ainda mais os contribuintes, i.e., os demais trabalhadores) então que ajuste as remunerações.
A suposta medida e as palavras de Jerónimo de Sousa trazem-me à memória aquela cantiga de José Barata Moura que acabava assim:

Não vamos brincar à caridadezinha,
Festa, canastra e falsa intençãozinha,
Não vamos brincar à caridadezinha.

6 comentários:

jotaC disse...

Caro Drº Ferreira de Almeida:
Muito mal vai o País, ao ponto dos governantes anunciarem com pompa e circunstância um aumento do fundo de esmolas para colmatar supostos problemas dos funcionários! Sabemos que estamos em vésperas de eleições, mas impõe-se algum decoro…

PA disse...

e os outros ?

Sim, os outros trabalhadores e pensionistas que se encontram em situações de emergência ?

Um caso:

- A pensão de viuvez leva pelo menos três meses para ser calculada, isto se não houver nenhum obstáculo pelo meio. Porque nesse caso pode levar 4, 5 ou 6 meses para ser recebida.

Como se sabe há muitas mulheres que não têm qualquer pensão ou que têm uma pensão muito baixa.

Acontece que logo que se comunica o falecimento, à Caixa nacional de Pensões, só se recebe o mês seguinte. A seguir cortam a pensão até ao processamento da nova pensão (viuvez). Pelo menos três de espera. No mínimo.

Por acaso sabem como é que uma viúva vive nos três meses seguintes sem qualquer valor de pensão ?

Há três possibilidades:

- Tem família que ajuda. O que nem sempre acontece.

- Está apoiada numa IPSS, e é a IPSS que vai sustentar a situação de sobrevivência até vir a pensão e as prestações por morte.

- Não tem ninguém, e aí, vai para debaixo da ponte.

Isto é vergonhoso.
Mas é a verdade.

Tenho dois casos de duas viúvas na minha família que recentemente viveram esta situação.

Não estou a inventar, nem muito menos a dizer mal por dizer.


Gostaria que a Cara Dra. Margarida Corrêa de Aguiar lêsse este meu comentário.


os meus cumprimentos.

PA disse...

2º caso:


A Bolsa de Acção Social da Universidade Técnica de Lisboa

Há centenas de jovens estudantes que requereram esta Bolsa, a aguardar desde Agosto passado, que a citada Bolsa lhes seja concedida.

São jovens que muitos deles têm os Pais desempregados, e que têm as despesas inerentes à actividade de estudante, desde transporte, alimentação, livros, fotocópias, etc.


aqui neste link, poderão consultar, clicando nas siglas de cada faculdade ou instituto pertencente à UTL, para verem as pouquíssimas bolsas que foram aprovadas:

http://www.sas.utl.pt/bolsas/Resultados/Main.htm


Que se passa nestes serviços para funcionarem tão mal, deixando os alunos e as respectivas famílias, numa verdadeira agonia, para pagar as despesas de faculdade ?

Ou será isto ?

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1353882&idCanal=58

Universidades cortam verbas para professores e instalações


Resumindo:

Não são só os funcionários ou pensionistas Públicos que estão em situação de emergência.



Esta medida de empréstimo aos funcionários públicos é profundamente iníqua.


os meus cumprimentos.

Pinho Cardão disse...

Caro Ferreira de Almeida:
Não foi só o Secretário de Estado, foi também Sócrates, o 1º Ministro.
Também fiquei impressionado com o ar triunfante com que se anunciam as medidas e se exploram situações de carência, de forma a fazê-las reverter a benefício do Governo.

Ruben Correia disse...

O mais interessante é ser o trabalhador do privado quem paga a conta, e permite ao Socratino dar numa de Pai Natal (e as eleições aqui tão perto). Trabalhador esse que trabalha mais horas, ganha eventualmente menos e está em risco de ir para o desemprego, ao contrário dos intocáveis funcionários públicos. Deve ser a tal ideologia do "grande partido popular da esquerda democrática".

Para a pézinhos, não se apoquente, que agora podem fazer crédito e pagar o curso durante os primeiros anos da sua vida profissional. Antes de começarem a trabalhar ficam já ambientados à grilheta da dívida, que os vai acompanhar até à cova...

Luis Melo disse...

Maior ainda é a LATA DO GOVERNO quando muitos sabem que essa medida já existia. Podia ser com outros valores (totais, juros, etc) mas já existia.