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domingo, 14 de dezembro de 2008

Dinheiro "à borla"...

A crise de confiança que tem abalado os mercados financeiros é séria, tão séria que os investidores pagam para "adquirir" dívida soberana. É verdade. Mais vale perder rendibilidade e ganhar segurança. E a solução é tomar títulos de dívida pública ao ponto de os investidores estarem dispostos a entregar ao Estado o seu dinheiro "à borla". A dívida soberana assume, assim, a função de investimento de "primeiro recurso".
Foi isto mesmo que aconteceu na passada terça feira, dia 9 de Dezembro, com uma emissão de Bilhetes do Tesouro dos EUA, a três meses, colocada com uma taxa de rendibilidade de 0,05%.
Na Europa alguns Estados estão a financiar-se a taxas igualmente baixas ou próximas de zero. A Alemanha emitiu títulos de dívida pública a três meses com uma rendibilidade de 1,47%, enquanto o Reino Unido financiou-se a seis meses ao preço de 0, 6%.
Enquanto a dívida soberana se financia a taxas de juro de zero, as empresas não conseguem ter acesso ao crédito. A crise de confiança está instalada. Poderemos estar a caminho da deflação...

4 comentários:

Bartolomeu disse...

Pois, cara Drª. Margarida, se pensarmos, esta será provávelmente a "primeira solução de recurso" para (tentar)fazer face à crise.
A grande incógnita, coloca-se relativamente ao destino a ser dado ao dinheiro.
Ou seja, a forma como o estado irá aplica-lo, se o critério da sua utilização visar o reflexo no aumento de postos de trabalho e na melhoria de condições de vida, que permitam o aumento ao consumo, então podemos esperar que este "princípio de solução" deixe de ser de recurso e passe a efectivo. Podemos esperar ainda que o reflexo dessa recuperação se faça sentir positivamente na europa. E, um tanto utópicamente, podemos esperar que o grande capital, tenha aprendido uma lição importante.
Mas, que reflexo podemos esperar nas economias asiáticas? É que a responsabilidade Económica mundial tambem exige equilíbrio, cada vez mais. E se o mundo luta por que sejam respeitados diversos protocolos, como sejam o da reducção de emissões de gases para a atmosfera e a utilização de energias não poluentes, terá de prestar a máxima atenção ao desenvolvimento de economias que ainda estão dependentes de outras fontes muitíssimo poluentes. Ou então incorre no risco elevadíssmo de tapar por um lado, mas destapar pelo outro.

antoniodasiscas disse...

Cara Margarida
Qual é a diferença entre o tradicional entesouramento, estilo debaixo do colchão e a compra de t+itulos do tesouro a taxa zero? Será só por uma questão de segurança policial?
E esta da banco obter empréstimos junto dos bancos centrais e depois coloocarem lá o respectivo produto!
A conjuntura está alucinante e não me parece de todo que as mézinhas socráticas consigam dinamizar, quer a procura de crédito pelos vistos agora muito dificultada, quer a veia empreendedora à la portuguaise.
A rarefação do crédito é uma realidade catastrófica sob o popnto de vista da economia e é aqui que os patriotas do B.E. podiam dar uma ajudinha. Não acham?

Pedro disse...

Cara Margarida de Aguiar,

Facto interessante. Não sei a quantidade de dinheiro em jogo quando comparado com o que se negoceia na bolsas pela esfera fora.

Mas isso significa que as previsões dos fundos é que a bolsa caia ainda mais nos próximos 3 meses...

Cumprimentos,
Paulo

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Bartolomeu
Não tenho resposta para a sua pergunta sobre o destino dos recursos obtidos com a colocação da dívida. Mas tem muita razão na questão que coloca. Faz toda a diferença a dívida ser canalizada para fazer face a despesa pública não produtiva ou para injectar na economia em actividades capazes de fomentar a economia, gerar emprego e riqueza.
Caro antoniodasiscas
Apesar da quebra de confiança, o Estado é sempre um refúgio, a que se junta a possibilidade de as poupanças serem injectadas na economia. Esperemos não chegar ao "estilo debaixo do colchão"!
Caro Paulo
A mobilização de poupanças de dívida privada para dívida pública afecta a saúde financeira das bolsas, contribuindo para a sua depressão, queimando uma importante fonte de financiamento das empresas. É mais uma machadada na confiança dos mercados.