1. Estamos a chegar ao ponto em que a política monetária – pelo menos no caso dos USA e do Japão – parece estar a atingir o seu limite, com as taxas de juro dos Bancos Centrais para cedência de fundos aos bancos próximas de zero.
2. Na curiosa frase do canal Bloomberg, na noite em que foi anunciada a descida da taxa repo do FED para 0,25%, trata-se de uma política de “Money for nothing” – cedência de fundos (quase) sem custo para os bancos que tenham em carteira activos elegíveis para acesso às linhas dos bancos centrais.
3. O BCE e o Bank of England ainda lá não chegaram...mas não surpreenderia que, a confirmarem-se receios de uma contracção mais pronunciada em 2009, estes dois bancos centrais, ainda há pouco tempo tão incomodados com a inflação – o BCE subiu os juros para 4,25% em Julho último – venham a aproximar-se do “Money for nothing”...
4. Atingido o ponto de “Money for nothing”, duas perguntas ocorrem:
- Será a política de “Money for nothing” suficiente para estimular economias neste momento em recessão e em risco de depressão?
- Poderão os bancos centrais fazer algo mais para estimular as economias?
5. A resposta à 1ª questão é dificílima. Inclino-me a dizer que essa política, neste contexto, não será suficiente...especialmente nos casos, como o de uma economia “nossa muito conhecida”, em que os níveis de endividamento, de todos os sectores, são já muito elevados.
6. Outros tipos de estímulos – certamente não mais despesa pública a não ser a que resulta dos estabilizadores automáticos - serão necessários, nomeadamente um vigoroso choque fiscal que tenha o condão de alterar as expectativas das empresas e dos consumidores.
7. Todavia, no quadro de interdependências – tb chamado Globalização - que hoje existe, fazem pouco sentido respostas apenas nacionais, em especial no caso das economias mais pequenas e muito abertas.
8. Mostra-se indispensável uma abordagem da cooperação internacional que leve os países altamente superavitários – em especial Alemanha, Japão, China, Índia, países do Golfo – a adoptar políticas de estímulo das suas economias, aceitando alterar o modelo de crescimento pelo menos nesta fase excepcionalmente complexa.
9. Sem uma eficaz cooperação internacional que distinga as políticas em função da diferente situação das economias nacionais, parece muito difícil enfrentar o Monstro da deflação. Todos a fazer o mesmo é que pode ser contraproducente...
10. Quanto à capacidade de resposta dos bancos centrais, pelo menos em teoria ela não se esgota aqui. Resta ainda o recurso ao “Helicóptero do dinheiro” ou “Helicopter Bem”, na curiosa metáfora usada por Martin Wolf no seu interessantíssimo artigo do F. Times de 17 do corrente...
11. Quem tiver curiosidade em saber como funciona o “Helicóptero do dinheiro”, sugiro então que pesquise esse artigo no site do F Times. E não deixem de prestar atenção aos riscos do Helicóptero!
3 comentários:
Onde se diz "Helicopter Bem" deve ler-se "Helicopter Ben" - desculpem o lapso!
Ao ponto a que chegámos talvez apenas uma nova ordem política e de políticos possa dar início a um processo de transformação que dificilmente poderá ser pacífico. Até porque, quando se atingirem os patamares de evidência prática deste estado de coisas, será quase imparável esse movimento. O nosso endividamento global é já um dos maiores do mundo. Ora, nesse, mundo, nós não somos nada.
Mas nesta época, e pelo menos por agora, podemos esquecer esta situção e ficarmo-nos por um óptimo Natal, Boas Festas e que, apesar de tudo, 2009 seja passado com saúde e felicidade. São esses os meus votos para si, Sr. Dr. Tavares Moreira, e para sua família.
Caro Eduardo,
Muito obrigado pelos seus amáveis votos.
Quanto ao seu comentário e sugestão - nova ordem política - não posso estar mais de acordo e a resposta é...4ª República, depois da 1ª, da Ditadura, das Bananas...
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