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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O Menino Jesus, hoje


Como seria Jesus se viesse hoje à terra, perguntou ontem o Público a um conjunto de pessoas, católicos, evangélicos, muçulmanos, judeus, ateus, agnósticos. Melhor ou pior fundamentada, cada qual deu a sua interpretação. Mas duas foram de um mau gosto atroz.

“Seria mulher, negra e lésbica. Mas também podia ser um ser andrógeno, que fosse imperceptível ser homem ou mulher…”

"...Ele não gostaria de ver o seu movimento profético, mais ou menos freak, mais ou menos new age transformado no Estado do Vaticano. Nem o modo como trata melhor os cães do que as mulheres e os homosexuais…E como o negócio de extraterrestres sempre acontece nos Estados Unidos e em inglês, o mundo ficaria estarrecido com o seu fortíssimo sotaque de Brooklyn”.
Contrastante, a sucinta, bem observada e ponderada resposta do neuropediatra Nuno Lobo Antunes:
“Não creio que a mensagem fosse muito diferente. De resto, é a sua intemporalidade que faz com que a celebremos todos os anos. Não creio também que em 2000 anos se tenha modificado a condição humana, pelo que, no essencial, a história se repetiria”.

8 comentários:

Bartolomeu disse...

Tem graça, que ainda hoje ao almoço, tive com o meufilho mais novo uma conversa à volta do mesmo tema. Apesar de em sentidos aparentemente opostos de início, a conversa culminou num ponto. Foi cuando ambos concertámos que a mensagem Cristã assenta em 3 peras basilares, Igualdade e Fraternidade e uma terceira pedra que resulta do casamento das outras duas, amor. "Amai-vos uns aos outros, como eu vos amarei, sempre. Foi esse o "slogan" de Cristo. Mas para nos amar e pedir que nos amemos, apontou-nos a nossa igualdade e a semelhança com o Criador, depois, chamou-nos irmãos.
Isto, tendo como pano de fundo um cenário, um palco, onde nos é pedido que representemos uma peça, mas, que seja bem representada.
Não nos esqueçamos caro DR. Pinho Cardão, que quando tudo estava completo, o Criador ordenou "Fiat - Lux" Que se faça Luz. Como quem diz: Ok pessoal, vai dar-se início à função.
Deste modo, exceptuando o vocabulário (mas isso é uma questão de preconceito) não me parece que a segunda opinião, esteja completamente descontextualizada, enquanto que a de Lobo Antunes, me parece só... políticamente correcta.

Bartolomeu disse...

... a diferença que a falta de um "d" pode fazer...
;)))

Suzana Toscano disse...

Para mim, essa intemporalidade resulta da mensagem de tolerância, "amai-vos uns aos outros" como bem lembra Bartolomeu, talvez por isso pessoas tão tão diferentes se revejam n'Ele e admitam que ele pudesse assumir-se como cada um de nós. De certo modo, ninguém se sente rejeitado, daí essas respostas. No entanto, Cristo foi tão exigente como o pode ser um Deus, não condenou ninguém - "quem não pecou que atire a primeira pedra", mas também não transigiu - "deixa que os mortos enterrem os seus mortos, deixa tudo e segue-me". Essa mensagem de tolerância mas também de coragem para lutar até ao extremo pelos seus valores continua a ser uma "proposta" actual, sempre por cumprir mas sempre ambicionada. Celebremos, pois, o nascimento de Jesus.

Pinho Cardão disse...

Caro Bartolomeu:
Aqui, lamentavelmente, divergimos. É a vida!...
O segundo depoimento não pode sequer ser contextualizado ou descontextualizado,dada a falta de substância que tem, para não dizer mais, embora queira dar ares de grande modernidade. E procurou, sobretudo, ser ofensivo.
Além do mais, revelou ignorância. Repare que o sujeito sugere que, se fosse agora, Jesus teria nascido em Brooklyn, esquecendo-se de que não nasceu em Roma, na altura capital do mundo cá do ocidente.
Quanto ao terceiro depoimento, parece-me ser verdadeiro. O homem não mudou desde então. E a mensagem, como o meu amigo, bem diz, continua válida.
Politicamente correcto é dizer inverdades ou mentiras, porque é isso que o interlocutor espera ouvir.

Pinho Cardão disse...

E, como tal, estou totalmente de acordo com a Suzana!...

Bartolomeu disse...

Estimado amigo DR. Pinho Cardão, o facto de não estarmos de acordo relativamente a determinado ponto de vista, não nos remete inexorávelmente para algo que tenhamos de lamentar, até porque, aquilo que à partida possa parecer inconvergência, pode perfeitamente tornar-se no oposto, caso nos deixemos envolver pelo espírito e o sentido da palavra.
Refere o meu caro amigo o facto de na segunda opinião, o nascimento de Cristo ser remetido para Brooklyn, por analogia com o sotaque. ;)
Pois bem, Brooklyn possui uma das mais importantes comunidades Judaicas e´ainda a sede mundial das Testemunhas de Jeová.
Ora, como sabe, Jeová é o nome de Deus em Hebraico e as testemunhas acreditam que a sua religião, rejeitando a ortodoxia, restaurará no mundo o verdadeiro Cristianísmo.
Não posso imaginar se foi este ou não o sentido que aquele inquirido quis conferir, contudo não deixa de estar no contexto, em minha opinião evidentemente.
Depois e para lhe ser muito sincero, tambem não creio que Jesus Cristo compactuasse com as práticas discriminatórias do Vaticano, relativamente sobretudo aos homosexuais. Até porque, e todos muito bem sabemos, citando aqui aquilo que a nossa cara Drª. Suzana comentou "quem não pecou que atire a primeira pedra".
Relativamente ao terceiro depoimento... o politicamente correcto, pode passar por ser somente inócuo, ou melhor, não ultrapassar o concordativo, não acrescentar mais do que aquilo que está unânimemente aceite como bom.
Esta é a minha opinião caro Dr. Pinho Cardão, com muita estima e amizade.

Lura do Grilo disse...

O Vaticano não tem práticas discriminatórias com os homossexuais. Lamenta apenas que o melhor do ser humano, a capacidade de amar, não seja testemunhada de forma completa e abrangente na complementaridade entre os sexos. É aliás das religiões monoteístas a que tem uma atitude de maior caridade para com estes irmãos.

Bartolomeu disse...

Nesta religião monoteísta, caro Lura, nesta religião que prega a palavra de Jesus, aquele que não destinguiu entre o A e o D e aquele que lamenta a situação do A, que deseja dar-lhe a mão, porque algo dentro de si o impele a tal, mas que não o consegue fazer sem antes olhar em redor e notar os rostos "cristãos" num esgar de repulsa pela "miséria humana" em que o A se afundou... esta religião monoteísta, caro Lura faz-se conduzir pela palavra de um homem "ecológico"... ao ponto de se revestir de ouro e de se entronizar... pregando a igualdade e a fraternidade.