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quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Convicções



O nosso Primeiro-Ministro, quando questionado sobre certas práticas de agentes públicos, cerceadoras das liberdades, reprova-as publicamente e com aquele tique enérgico, desproporcionado, que começa a ser a marca mais impressiva da era socrática. Mas apressa-se também a dizer que não está convicto que o que aconteceu (e que quase sempre o envolve) tenha algo que ver com a pouco republicana limitação dos direitos dos cidadãos.

Manuel Alegre bem que poderia usar destas palavras de Le Bon (As opiniões e as Crenças) para solenemente adverir o chefe do governo e do PS sobre os males que advêem para a democracia destes desvios ao catecismo de que julgam proprietários os "verdadeiros socialistas":

"As convicções fortes podem, assim, provir de convicções fracas ou mesmo, simplesmente, simuladas. «Fazei tudo como se acreditásseis», disse Pascal, «isso vos fará crer»", Gustave Le Bon, in 'As Opiniões e as Crenças'

2 comentários:

Bartolomeu disse...

A história repete-se, o incomensurável efeito do tempo que passa, não apaga aquilo que constitui as características despóticas que em époces de crise se revelam naqueles inexoráveis governantes que incompreensívelmente se elegem.
Durante o reinado de D. Maria II, foi seu ministro, o Marquês de Tomar, António Bernardo da Costa Cabral. Este controverso Ministro do Reino, protegido da rainha, destacou-se pelo seu talento reformador, mas desprezado e acusado de corrupção e favoritismo.
Contra o governo a que presitia o conde de Tomar, ocorreu na primavera de 1846 uma revolta popular que ficou conhecida na história por Revolução do Minho, ou Maria da Fonte, dado ter sido a instigadora inicial dos motins que a originaram, uma Maria, natural da freguesia de Fonte Arcada. Este movimento, inicialmente conheceu uma forte adesão feminina e rápidamente se estendeu a todo o país, originando que a 6 de Outubro, a Rainha D. Maria II se visse obrigada a demitir o governo. Pelo efeito deste acto, o sô Marquês, foi obrigado a exilar-se em Madrid (agora são nomeados administradores da CGD). Mas, voltou passados poucos anos e ocupou de novo a chefia do governo.
Então? É ou não verdade que a história se repete?
Ainda falta passar o Outono, depois teremos de novo a Primavera, resta saber se na freguesia de Fonte Arcada, reside alguma Maria, com disponibilidade para encetar uns motins. Pela minha parte vou já começar a juntar umas forquilhas e fazer uns montes de pedras a um canto.
É porque se não for assim, tb não vai haver Patuleia que salve os "cartistas"...
;))))

invisivel disse...

Excelente post!

Manuel Alegre não teve, no parlamento, frases tão brilhantes, mas distinguiu-se por - não calar! Logo, não consente.

Invariavelmente, convicções muito "fortes", podem configurar uma patologia grave!