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quarta-feira, 30 de novembro de 2005
Uma boa medida...
"Vai passar a haver sanções para a má gestão de dinheiros públicos".
O anúncio soa bem e fica bem a quem o faz.
Mas cabe perguntar, quais são as medidas que o sustentam.
Como pensa o Sr. Presidente do Tribunal de Contas concretizar este anúncio.
Ainda por cima quando há zonas por onde passa tanto dinheiro público, como as empresas públicas, que não estão sujeitas a qualquer tipo de responsabilidade financeira.
Este é o caso típico do anúncio que importa registar...
... para mais tarde recordar.
"O gene de Deus"
Quando se fala em público, quer queiramos, quer não, sente-se sempre um certo nervosismo. No meu caso, e apesar das largas centenas de horas passadas como palestrante e orador, sinto sempre uma grande responsabilidade. Desta vez a ansiedade estava mais controlada. Tendo sido o último a perorar, tive a oportunidade de auscultar os semblantes e as posturas dos participantes. Notável. Estavam mesmo com atenção! Largas centenas de pessoas ouviam, bebiam e encantavam-se com o que se estava a discutir. Havia mesmo uma certa atmosfera espiritual para qual contribuiu, com toda a certeza, o intróito já referido. Acontece que a população presente, dominada por princípios doutrinários óbvios, fez-me recordar os últimos desenvolvimentos acerca do trabalho de Dean Hamer com a sua tese sobre a existência de genes susceptíveis de explicar a maior ou menor espiritualidade, expressa no seu livro "The God Gene", que tanta celeuma tem levantado, nomeadamente nos teólogos. De acordo com este cientista, existirá um gene que promove o estímulo cerebral através de determinadas substâncias químicas, as quais favorecerão a auto transcendência e, consequentemente, a promoção de uma espiritualidade que está na base da religiosidade verificada em todos os quadrantes deste planeta. O autor chega mesmo a afirmar que se trata de uma vantagem evolucionista ao permitir conciliar a nossa existência com a fatalidade da morte, diminuindo a angústia. Não importa, de momento, saber se tem razão ou não, apesar de os estudos efectuados revelarem uma associação. Também não vejo razão para tanto crispamento por parte de alguns sectores religiosos. A pergunta que perpassou o meu espírito foi saber quantas das pessoas presentes teriam o tal gene e qual a intensidade da sua expressão. Tinha acabado de fazer estas reflexões quando me foi dada a palavra. Tentei ser o mais objectivo e didáctico possível sem deixar de ser, ligeiramente, provocador. A reacção surpreendeu-me. Fui interpelado com profundidade e muito respeito. O tempo já tinha sido ultrapassado em muito e a finalizar o moderador precedido do organizador fizeram mais uma vez as suas prédicas de uma forma muito simples e elegante, focando, precisamente, o facto de ser o Dia Mundial da Sida com as suas terríveis consequências, sobretudo no Terceiro Mundo. Mesmo que não exista o "gene de Deus" há pelo menos a genialidade humana....
Soda cáustica
Recentemente fiz parte de um júri de doutoramento. A candidata portou-se de uma forma brilhante e, numa das provas, de forma simples, mas cientifica e pedagogicamente correcta focou a problemática das intoxicações infantis com produtos cáusticos.
Após o primeiro ano de idade e até cerca dos quatro anos o risco de uma criança sofrer os efeitos terríveis de alguns produtos é muito elevado. Corresponde ao período de autonomia motora e à curiosidade em explorar o meio ambiente sem que tenha qualquer noção do perigo.
Começou com um caso dramático, devidamente documentado, de uma criança que ingeriu soda cáustica sofrendo lesões do esófago com consequências muito graves para o futuro, quer sob o ponto de vista orgânico quer sob o ponto de vista comportamental, além dos efeitos na própria família.
A soda cáustica, incolor, inodora, muitas vezes é colocada, indevidamente, em garrafas de plástico, constituindo um convite natural a uma criança que procura matar a sede. Mas, por vezes são os próprios pais que lhes dão o veneno, esquecendo-se de a ter guardado na embalagem. Imagino o horror e o sentimento de culpa de um pai ou de uma mãe que provoca tamanha desgraça num filho.
As nossas casas são um verdadeiro depósito de venenos. Muitos de nós desconhecem os reais perigos. É preciso uma nova consciência ambiental doméstica. É preciso muita informação e sobretudo formação. No caso vertente da soda cáustica, utilizada em limpezas em supermercados, mercados, restaurantes, cafés e afins, a compra da mesma é feita de uma forma livre. A embalagem de cinco litros torna-se pouco funcional o que origina o seu transvaze para embalagens mais pequenas, utilizando para o efeito garrafas de plástico de água vazias, as tais que estão na base de tantas desgraças.
A preocupação com a saúde pública tem de tomar em linha conta muitas situações que não se esgotam na luta contra a sida, contra a tuberculose ou contra a profética gripe das aves, entre outras, mas também as que acabei de referir. Os casos tem vindo a aumentar de ano para ano o que não abona a nosso favor, como ainda nos coloca a nível de um qualquer país terceiro-mundista, para não falar nos dramas infantis e no cortejo de verdadeiros calvários.
Uma das formas de prevenir e reduzir estas situações prende-se com medidas de carácter legislativo. De facto, uma simples medida legislativa pode ter um impacto extraordinário. No caso vertente, a proibição de venda livre de soda cáustica assim como a disponibilidade de embalagens mais funcionais e anti-criança seriam determinantes à preservação da saúde de muitos catraios e da felicidade dos pais. Portugal não dispõe de legislação nesse sentido, tal como acontece, por exemplo, na Finlândia. Deste modo, apelo aos deputados que promovam a feitura de um projecto-lei com o objectivo de proibir a venda livre da soda cáustica, que possibilite a informação adequada aos compradores e, naturalmente, estabeleça as respectivas punições e responsabilidades aos promotores das tragédias infantis.
Imaginem o número de crianças que iriam beneficiar desta medida.
A "democracia" dos regimes comunistas!...
As pessoas já vão conhecendo os horrores do comunismo soviético, mas conhecem menos os crimes do comunismo chinês de Mao Tsé-Tung.
Todavia, as últimas investigações apontam para que, num cálculo modesto, as vítimas directamente provocadas pelas políticas de Mao atinjam uns 70 milhões de mortos.
Morreu mais gente em consequência das suas acções do que às mãos de Hitler ou Estaline, mas a história ainda não o julgou.
A revista Pública de sábado passado faz referência às revelações da escritora Jung Shang no livro que escreveu, conjuntamente com seu marido, o escritor Jon Halliday, depois de terem passado os últimos 10 anos a reconstituir a vida pessoal e política de Mao.
Jung Shang tornou-se conhecida no início dos anos 90, quando publicou as memórias da sua família no livro Cisnes Selvagens, onde já faz um retrato da China maoista.
A Longa Marcha, em que pereceram dezenas de milhares de chineses, era sempre evocada pelos maoistas como um dos símbolos da heroicidade de Mao.
Eis um trecho do último livro- Mao Tsé-Tung, a história desconhecida- trecho esse que se refere a factos, aliás já bastante conhecidos, desta Longa Marcha, reveladores do carácter de Mao.
“…Na Longa Marcha de 5000 quilómetros, Mao era transportado em liteira, sempre bem agasalhados e alimentado. Na travessia das montanhas, muitos soldados morreram na tarefa de levar Mao aos ombros, mas nenhum deles recebeu a menor atenção, o que não surpreende: neste caminho pelo interior da China, a segunda mulher de Mao deu à luz um dos seus filhos e este não hesitou um segundo em deixar ambos para trás…”
terça-feira, 29 de novembro de 2005
Uma milena!
Mil! É um número a registar desde logo porque excede largamente as expectativas de quem iniciou este espaço que se vem tornando de dia para dia num forum de diálogo cada vez mais alargado, e - julgo não cair em excesso de presunção se o disser - cada vez mais respeitado.
Creio que é legítimo congratular-mo-nos pelo facto de aquele receio de não conseguir imprimir à 4R a dinâmica de que vive um blog de opinião, se provar ter sido injustificado.
Afinal os muitos afazeres do dia-a-dia não nos quebraram o inconformismo que foi o grande carburante da iniciativa, mantiveram-nos no limiar da utopia e não impediram de nos situar "longe da anarquia mansa que nos tolhe".
Mas é importante que se diga - e julgo interpretar o sentir de todos os meus companheiros da 4R - que muito do estímulo vem também dos nossos amigos comentadores, pela forma inteligente como participam na elaboração deste espaço.
Venham, pois, mais mil.
Homenagem
O Antoninho Vouga fez 80 anos.
No dia em que reuniu à sua volta as muitas filhas e netos tive a feliz oportunidade de lhe dar um sentido abraço.
Tenho pelo Antoninho um enorme afecto. Com ele partilhei muitas coisas na minha juventude. Com ele aprendi a reconhecer o belo onde nem suspeitava existir.
Foi ele o primeiro artista que conheci. E passados todos estes anos continua a ser dos poucos artistas que respeito apesar de o seu nome não figurar nos catálogos de badaladas exposições.
Na terra dele, que é a minha, poucos serão os que não conhecem o Antoninho. Todos sabem da sua grandeza de artista, caldeada com aquele quase alheamento do que o rodeia para se polarizar num pormenor qualquer de um qualquer objecto, na policromia de uma paisagem.
Alguns vêem nele um excêntrico. Mas não sei de alguém que não respeite a sua sensibilidade e a sua arte.
Aos 80, apesar de a saúde não sobrar, o Antoninho continua a trabalhar. A captar e a criar coisas lindíssimas.
Foi com uma emoção de lágrimas, a cujo contágio não resisti, que me deu o pedacinho de faia com o guerreiro Lamego pirogravado.
Meu caro António, guardá-la-ei como testemunho do muito que de imaterial, mas precioso, de ti recebi.
Que a vida, daqui para a frente, te seja leve.
As unhas
Uma amiga minha contou-me um episódio muito engraçado que se passou há uns dias num serviço de atendimento ao público. Ela precisava de entregar um processo e a senhora que atendia estava muito mal humorada. Cara fechada, carimbo de chumbo, olho no relógio que se arrastava sem pressas.
Quando chegou a sua vez, a minha amiga receou que tão negro estado de espírito não lhe facilitasse as coisas, e tinha razão. A senhora pôs logo mil defeitos, que faltava não sei o quê, que o melhor era voltar amanhã com tudo direitinho.
Eis senão quando, se aproxima outra colega e, sem mais cerimónias, começa a queixar-se de como tinha as unhas fracas, todas lascadas, aquilo era dos detergentes, que maçada, logo agora que tinha uma festa e as unhas naquele estado…! E esticava as mãos de maneira a mostrar a lástima.
A minha amiga resolveu então entrar na conversa, que sim, que era terrível, mas que havia agora um processo muito bom, um gel milagroso e as unhas como novas num instante.
A cara da mal humorada iluminou-se, a outra pediu pormenores, em breve trocaram receitas e moradas da manicure.
O processo foi depois despachado com um grande sorriso, nada de importância, o papel que falta pode mandar amanhã por fax…
Quem é que dizia neste blog que não é preciso entrar à cotovelada e à canelada? Às vezes é só mesmo um pequeno gesto de paciência. Às vezes, claro.
segunda-feira, 28 de novembro de 2005
“Não vale a pena entrar de cotovelo e à canelada”
A falta de respeito pelos animais é uma constante que se reveste sob múltiplas, imaginativas e cruéis práticas. Na área da investigação muito tem sido feito, o mesmo acontecendo na produção e abate. As regras a respeitar são cada vez mais rigorosas e as sanções mais pesadas. Mesmo assim, as notícias sobre a crueldade animal continuam a aparecer. A este propósito o ex-Beatle Paul McCartney pediu que se boicote a compra de produtos chineses, e até os próprios Jogos Olímpicos de 2008, depois de ter visionado um vídeo que mostra cães e gatos a serem sujeitos a maus-tratos com o fito de lhes extrair a pele.
O requinte de malvadez traduz-se no lançamento de animais aprisionados em gaiolas de ferro nas calçadas, a partir de camiões, acabando por fracturar as patas. Depois, suspensos por pinças de metal, são atirados por cima de uma cerca. A extracção das peles faz-se em muitos animais ainda vivos. Mas existem outras práticas, como mergulhar em água a ferver sacos com gatos esfolando-os a seguir. Tudo feito debaixo do mais típico sorriso chinês. Mais de dois milhões de gatos e cães são mortos todos os anos com este objectivo.
A embaixada da China na Grã-Bretanha já veio a terreiro afirmar que os culpados da situação não são os chineses mas sim os ocidentais, pois são eles que usam as peles e não os chineses. Sendo assim, os ocidentais deveriam boicotar a sua utilização. De qualquer forma, McCartney não vai desistir de lutar contra esta horrenda prática. Não esqueçamos que os chineses não são muito cumpridores e respeitadores dos direitos humanos, quanto mais dos animais. A sua história, mesmo a mais recente, está repleta de violações. Não esqueçamos as palavras do Senhor Presidente Jorge Sampaio que, em Janeiro deste ano, no decurso de uma viagem à China, defendeu que as “constantes violações de direitos humanos perpetrados na China devem ser encaradas com alguma tolerância”. O Senhor Presidente afirmou igualmente que o respeito pelos direitos humanos é um “longo processo civilizacional”, em que “ não vale a pena entrar de cotovelo e à canelada”. Não estou a ver Jorge Sampaio a dar cotoveladas e caneladas aos dirigentes chineses, mas podia dá-las, e à vontade, aos chineses que maltratam os simpáticos cães e gatos. Eu aplaudia.
Seguro de saúde
Não tenho nada contra os seguros de saúde, mas, parece-me que há qualquer coisa que não bate bem. Diz o artigo que o “número de portugueses com seguros de saúde cresceu ao ritmo de 100 mil por ano nos últimos quatro anos e deverá atingir dois milhões no final deste ano… prevendo-se ritmos de crescimento de 20 a 30% para os próximos três anos”. Claro que muitos destes seguros não têm aquele tipo de prémio já referido, podendo ser substancialmente inferior, mas, mesmo assim pergunto, como é possível numa sociedade tão pobre e carenciada haver tantos segurados? Como podem pagar os prémios? Já para pagar os impostos (os que pagam, naturalmente) é aquilo que todos sabem! Não consigo, sinceramente, perceber o que está a acontecer. Pessoalmente não estou inclinado a fazer qualquer tipo de seguro de saúde, a menos que seja obrigado. Prefiro o Serviço Nacional de Saúde. Mesmo com as suas insuficiências e problemas constitui, sem sombra de dúvida, um garante para aquelas situações que, mais tarde ou mais cedo, acabam por nos tocar, directa ou indirectamente.
Marketing mais que perfeito!...
Escapando-me a configuração precisa de tal produto, tentei falar-lhe, mas o telefone estava ocupado...
Mas não é que estava mesmo ali à mão, na berma da estrada, uma mercearia-café, com lugar de estacionamento?
É para já, disse eu!...
-Boa tarde. Queria um pacote de massa!...
-Aí tem...e é barato!...
Olhei um pouco para o pacote e pareceu-me que não se parecia lá muito com o formato pretendido...
- A massa é boa?
- Muito boa!...Até costumo dar ao meu cão!...
- Hhum...disse eu, enquanto não recuperei a fala...
- E o cão ainda não morreu?
- Olhe p´ra ele, está aí a entrar!...
Olhei para o cachorro, que tinha um ar excelente e depois para o dono, franzino e esbranquiçado...e decidi-me.
- Dê-me dois pacotes!...
- Olhe que fez uma boa compra!...
Chegado a casa, aí apresentei os dois pacotes como um grande troféu...
- Mas que massa é esta?
- Muito boa!... O dono do supermercado (promovi deliberadamente a mercearia...) até me disse que a fazia para o cão!...
- Então vou fazê-la para ti!...
domingo, 27 de novembro de 2005
A Grande Fome (Holodomor) na Ucrânia de 1932-1933
A fome de 1932-33 foi provocada por factores políticos. Extermínio físico dos produtores de cereais com ajuda da fome artificial. Acto de verdadeiro terrorismo dirigido contra pessoas pacíficas.
Convém não esquecer as diferentes formas de genocídio. Matar deliberadamente pela fome contraria o mais básico e elementar princípio de entreajuda humana: Matar a fome!
O Governo da Ucrânia em 2003 aprovou uma série de medidas com vistas a comemorar o 70º aniversário do Holodomor e apelou à Comunidade Internacional para reconhecer o Holodomor de 1932-1933 como um acto de genocídio contra o Povo Ucraniano. No decurso na 58ª Sessão da Assembleia-Geral da ONU em Setembro de 2003 foi aprovada a Declaração Conjunta de vários países-membros daquela Organização sobre o Holodomor na Ucrânia. No mesmo ano os Senados de Canadá, Argentina, Austrália e a Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos da América aprovaram as resoluções sobre a memória das vítimas do Holodomor de 1932-1933, nas quais foi condenado aquele crime do regime soviético (in comunicado à imprensa da Embaixada da Ucrânia em Portugal).
Os artigos de Santana Lopes no Expresso
Precisamente, no plural, dado que são dois os artigos: um assinado pelo próprio o outro assinado por Ricardo Alves Gomes, seu ex-adjunto. O primeiro não passa de um exercício de desonestidade intelectual, apropriando-se indevidamente dos escassos sinais de recuperação que o seu governo acabaria por desbaratar. O segundo define o cenário de um regresso e de uma ameaça recorrente: um novo partido de centro-direita pretensamente herdeiro de valores fundacionais da direita portuguesa.
Um e outro retomam a ideia que Santana Lopes deixou ao abandonar a presidência do PSD: “vou andar por aí” e, mais tarde ou mais cedo, regresso ao palco sem o qual não sei viver!
Tenham medo, muito medo…brrrrrre!
"...Soares ama-se... sobre todas as coisas..."!...
A propósito, transcrevo um excerto de um artigo recente de Maria João Avillez:
Impor regras aos outros, concedendo-se o rigoroso exclusivo de inventar as suas…”
Maria João Avillez, no Expresso de 19 de Novembro de 2005
Quando se esquece o essencial...
Vem isto a propósito da posição que o PSD - do qual sou militante - tomou sobre as notícias relacionadas com as faltas dos professores: "Ministra e Walter Lemos devem tirar ilações políticas".
Porque é que o PSD nada diz sobre as faltas dos professores? A que se deve o silêncio sobre o questão central: a escandalosa taxa de absentismo dos professores!
Será que o PSD quer ganhar credibilidade embarcando nas manobras rasteiras do Bloco de Esquerda e do Sr. Mário Nogueira do Sindicato dos Professores da Região Centro?
Será que um partido como o PSD que tem graves responsabilidades - mesmo estando na oposição - se esquece que a política não pode ser feita recorrendo a este tipo de expedientes?
Quando já todos percebemos que o actual Secretário de Estado da Educação não foi assíduo como Vereador da Câmara Municipal de Penamacor - e é irrelevante discutir se perdeu ou não o mandato - porque é que nos andam a tentar distrair com esta bagatela?
Afinal, o que é que o meu Partido tem a dizer ao País sobre o absentismo dos professores?
Fico à espera!
sábado, 26 de novembro de 2005
Ouçam as palavras do Presidente: “multiplicai-vos!
Portugal sem capacidade de renovação das gerações
A estrutura demográfica de Portugal tem vindo a sofrer alterações muito significativas ao longo dos últimos decénios. As consequências dessas modificações podem ter efeitos negativos no bem-estar e desenvolvimento do país, num futuro relativamente próximo.
O envelhecimento de topo da sociedade portuguesa acelerou-se de uma forma notável, traduzindo positivamente, modificações de ordem social, cultural, económica e de saúde. Mas, o envelhecimento da população sofreu e sofre de um agravamento devido ao envelhecimento de base. Neste último caso, prende-se com a diminuição da natalidade verificada nos dois últimos decénios. É do conhecimento dos técnicos que, para manter uma estabilidade demográfica, é necessário que a taxa de fecundidade seja da ordem dos 2,1 filhos por casal; cifra mínima que permite assegurar a regeneração das gerações. A última vez que se atingiu esta cifra foi em 1982. Desde então, temos vindo a observar uma redução de tal forma preocupante que, presentemente, ronda os 1,5 a 1,6. Qual o significado desta redução? Muito simplesmente não terem nascido cerca de 700.000 indivíduos de 1982 a 2002. Se continuarmos nesta situação, e tudo aponta para que sim, as perspectivas para os próximos dois decénios traduzir-se-á num défice de mais 900.000 portugueses! A “falta” de cerca de 1.600.000 portugueses no período de 1980 a 2020 vai condicionar a vida dos nossos compatriotas. As repercussões ocorrerão a nível da segurança social, ensino, saúde e outros sectores, com naturais contornos negativos que, importa ultrapassar.
Não esqueçamos que são necessários cerca de 25 a 30 anos para produzir um adulto activo e produtivo! Compete aos responsáveis actuais a implementação de medidas que promovam a natalidade.
A redução da natalidade tem causas próximas e remotas facilmente identificáveis e que traduzem o evoluir de projectos sociais, próprios das sociedades desenvolvidas.
Claro que não é difícil nem muito complicado fazer filhos. Mas então, porque não produzimos mais? As respostas são mais do que evidentes. Já lá vai o tempo em que um filho era um “investimento”, agora passou a ser uma “despesa”. Velhos, pobres e desesperados, ainda nos arriscamos a perder a vontade de fazer o que ainda vamos fazendo…
A talhe de foice informo que não contribui para a redução taxa de fecundidade. Contribui com três belos filhos.
Poluição “religiosa”…
É do conhecimento dos cientistas que a exposição a partículas com determinadas dimensões, ditas PM 10 (menos de dez micra de diâmetro), são responsáveis por graves problemas de saúde, não só a nível respiratório, mas também a nível cardiovascular, com a consequente mortalidade prematura. As inúmeras fontes de poluição estão devidamente identificadas sendo o tráfego automóvel um dos principais responsáveis. Mas existem outras fontes. A análise do ar interior de algumas igrejas vem revelar uma situação preocupante que se encaixa perfeitamente na problemática da qualidade do ambiente interno. Os níveis das partículas consideradas chegam a atingir cifras 3 a 5 vezes ao verificado nas vias de tráfego intenso. Ao fim de algumas horas de queima das tradicionais velas, e dependendo do número, a concentração pode ser mesmo da ordem de 13 a 20 vezes superior ao verificado nas ruas mais movimentadas. O nível de poluição das PM10 chega a ultrapassar em 20 vezes o limite recomendado pela União Europeia. A queima das velas liberta não só partículas como também outros componentes, nomeadamente, hidrocarbonetos aromáticos políciclicos que são cancerígenos, o que nos obriga a reflectir sobre este assunto de uma forma séria. Não estão estudadas as relações entre a exposição a estes compostos e a saúde dos fiéis, sobretudo dos religiosos que, naturalmente, permanecem muito mais tempo neste ambiente. Não é de excluir efeitos nefastos o que obriga à tomada de medidas preventivas que passam pela não utilização de velas nos tempos religiosos. A este propósito, tenho verificado que em muitos templos, por essa Europa fora, já são utilizadas “velinhas electrónicas”. Pessoalmente não nutro grande simpatia pelo recurso a este substituto. Parece que falta qualquer coisa. Cheira a vazio, a artificialidade, sente-se uma frieza. Falta a transformação da matéria orgânica em fogo, coisa que a electricidade não consegue mimetizar. A luz bamboleante, o cheiro a fumo e a cera derretida, transporta-nos para a infância e as recordações saltam de imediato com vida própria. A utilização da luz artificial (movida a moedas!), embora encontre justificação para evitar incêndios e agora possa reforçar a necessidade de evitar, também, a poluição do ambiente interno, pode ser uma medida positiva, mas, descaracteriza toda a envolvência e atmosfera religiosa. Claro que para as pessoas que só episodicamente passam pelos templos religiosos não deve haver perigo de monta para a saúde, mas, o mesmo não se pode dizer para os frequentadores habituais que ainda correm o risco de começarem a utilizar máscaras! O melhor seria utilizar técnicas de exaustão do ar interior e, manter, apesar de tudo, as velhinhas chamas…
As ambições para Portugal
De mim, o Governo, qualquer Governo, pode esperar cooperação.
Sobretudo a cooperação estratégica, que permita ao país percorrer solidamente os caminhos da modernização e do progresso..."
Cavaco Silva in “As minhas ambições para Portugal -Porto 27.10.05
sexta-feira, 25 de novembro de 2005
A História da formiguinha
Depois, foi criada uma Unidade de Missão, supostamente credenciada para exprimir em bom português o que deveria ser o tal Plano ou seja, para traduzir uma boa ideia em termos práticos.
Chegámos a Novembro, e nada de documento. Eis senão quando, o responsável pela Unidade de Missão e todos os seus membros demitiram-se com estrondo, deixando bem claro que a fonte de problemas resultava das perspectivas inconciliáveis de dois Ministros.
O estrondo foi abafado de duas maneiras. Nomeando imediatamente outro responsável, e fazendo crer que afinal já estava tudo a ser feito, nós é que andávamos distraídos…
O Ministro da Economia chegou a dizer que os agora nomeados é que são adequados à nova fase – a da execução – uma vez que a da concepção estava prontíssima.
Concluímos portanto que a anterior equipa se demitiu em boa hora, ainda que seja legítimo estranhar a ausência dos elogios do costume. Se o trabalho foi bem feito, porque é que a equipa saíu assim? Adiante.
Foi desmentido o desentendimento entre os Ministros, nada disso!, que ideia!, a prova é que estava já tudo no terreno e em plena execução.
Últimas notícias: o “dossier” passa a ser tutelado directamente pelo Primeiro Ministro porque “entrou numa nova fase – a da execução das medidas” enquanto o novo coordenador da sobrevivente Unidade de Missão”aguarda ainda a definição das novas funções” (D.Económ. de 25/11). Além disso, foi criado um Conselho Consultivo que é composto por todos-os-que-contam na sociedade civil (cerca de 40 pessoas) e que aplaudiram, na generalidade, o dito plano!! É claro que cada um faz uma leitura própria do dito e todas as leituras lá cabem. Mas, à cautela, e porque ainda não estaríamos todos devidamente esmagados com a dimensão do Plano, eis que sai o último (??) coelho da cartola – o Governo contratou por dois anos uma equipa de Harvard para controlar a execução do PT!
Temos, pois, uma Unidade de Missão (versão I), grande tarefa do Ministro da Economia; uma Unidade de Missão (v. II), à espera de saber o que lhe cabe em sortes, um Conselho Consultivo com 40 individualidades, uma equipa de Harvard por 2 anos, tudo controlado pelo 1º Ministro, assessorado pelos 3 Ministros que correspondem aos 3 eixos(Ciência, Educação e Economia). Para apimentar ainda mais este caldeirão, há que coordenar os três “pilares da estratégia da Agenda de Lisboa”, a saber, o Plano Tecnológico propriamente dito, o Programa de Estabilidade e Crescimento e o Plano Nacional de Emprego.
Aguarda-se ansiosamente a indicação do Super Coordenador, que há-de depender do 1º Ministro, mandar nos Ministros dos Pilares, nos Ministros dos Eixos, na equipa de Harvard, no Coordenador da Unidade de Missão e, claro, tomar o conselho das 40 Individualidades.
Lembram-se da história da formiguinha que ficou com o pé preso na neve? Pediu ao sol que derretesse a neve, mas este mandou-a para as nuvens, as nuvens para o vento, o vento para o muro ... numa lengalenga sem fim. E o pé sempre preso.
quinta-feira, 24 de novembro de 2005
Manipulação descarada!...
Falta de memória e criatividade
Não sei se os bloguistas e os habituais comentadores do 4R têm alguma falta de memória. Mas se tiverem, então está justificada a elevada criatividade dos mesmos…
Um ministro à dimensão da economia
Independentemente do acerto deste pedido, a razão apresentada pelo Dr. Manuel Pinho é a pior que lhe poderia ocorrer porque sugere que o Sr. Primeiro-Ministro tem afinal a disponibilidade que o ministro da economia diz não possuir.
Que dificuldade têm os membros deste governo em medir as palavras!
Alimentos e genes
As semelhanças comportamentais entre filhos e pais são, por vezes, muito evidentes, originando a velha afirmação de “quem sai aos seus não degenera”. Mas, também há o oposto, ou seja, ausência de quaisquer semelhanças. Tudo leva a crer que não são só os aspectos genéticos a ditar estes aspectos. A descoberta de que certos genes podem ser “ligados” ou “desligados” pela acção de certos suplementos alimentares ou nutrientes ingeridos pela mãe, durante, ou mesmo antes, da gravidez, abre novas perspectivas. Os estudos acabaram igualmente por revelar que os ratinhos podem continuar a sofrer os efeitos de “fechar” e “abrir” os interruptores a nível dos genes mesmo quando são já crescidinhos. Um dos tais suplementos leva os animais, por exemplo, a ficarem mais stressados e incapazes de explorarem o ambiente. Claro que ainda é cedo para tirar conclusões nos seres humanos. Mas não estranhemos que, um dia destes, seja possível verificar quais os efeitos futuros da alimentação praticada durante a gravidez, ou mesmo durante a infância, e quem sabe se mesmo em adulto. As modificações não se restringem apenas a alterações do comportamento, mas também a outras doenças. No caso das primeiras começo a imaginar o que se poderia fazer para desligar certos “genes” que fossem responsáveis, por exemplo, por obstinação ou teimosia intrínsecas. Deveriam ser estudados os diversos suplementos e se encontrássemos algum capaz de ter esse efeito seria muito bom. O pior é se o mesmo existisse apenas em quantidades apreciáveis em alguns alimentos exóticos ou raros, tais como caviar ou trufas. Acabaria por ficar muito dispendioso e, além disso, seria muito monótono, correndo o risco de regressar à primeira forma. Mas, se em contrapartida ocorressem no bacalhau, então as coisas melhorariam substancialmente, porque existem mil e uma formas de o preparar.
Não basta ter bons genes. É preciso que os mesmos possam exteriorizar as suas funções, que sejam “ligados”, ou que se impeça o seu “desligar”. Espero que nenhuma mãe corra o risco de ser importunada por um filho interpelando-a por que carga de água andou comer sardinhas assadas durante a gravidez ou ter-lhe enfiado pelas goelas abaixo o raio dos espinafres quando era pequeno!
E quanto às ementas do futuro? Á frente do prato, as respectivas indicações para “ligar” ou “desligar” os humores…
É caso para perguntar: - O que andam a comer os nossos candidatos e comentadores?
Sondagens, a leitura possível e não isenta
Cavaco Silva: 56-57%
Manuel Alegre: 17-19%
Mário Soares: 13-16%
Jerónimo de Sousa: 4-6%
Francisco Louçã: 5-6%
O que se retira destes resultados é simples de enunciar:
1. Cavaco Silva ganha à primeira volta (confirmado por todas as sondagens realizadas até hoje)
2. Manuel Alegre recolhe mais votos que Mário Soares (todas menos Eurosondagem/Expresso)
3. Jerónimo de Sousa empata com Francisco Louçã em torno dos 5% (todas)
4. Detecta-se alguma estabilidade nas preferências registadas.
Conclusões possíveis:
1. A estratégia de CS tem-se mostrado ajustada, controlando o diferencial de risco entre perdas e ganhos potenciais.
2. A estratégia seguida por Mário Soares teve como efeito directo consolidar a maioria de CS e valorizar a prestação de MA. O mesmo é dizer que MA acabou por beneficiar com a campanha negativa de MS, demarcando-se do tipo de discurso utilizado.
3. Por outras palavras a campanha negativa de MS apenas segurou uma parte do eleitorado socialista, precisamente o mais fidelizado.
4. A "contagem de espingardas" entre JS e FL tende a favorecer este último, fragilizando o primeiro que não consegue repetir a proeza das legislativas e das autárquicas.
5. O PS e Sócrates, a manter-se este cenário, saiem extremamente fragilizados. O eleitorado que viabilizou a actual maioria absoluta descola (definitivamente?) do seu projecto de Governo sem mostrar sinais de aproximação ao PSD. Aumenta o potencial de oposição difusa e a volatilidade dos referenciais políticos ao centro.
Sondagens e manobras
1. Público: "Cavaco aumenta vantagem para vitória à primeira"
2. Diário de Notícias: "Cavaco Silva mais longe da vitória à primeira volta"
Perante a dúvida, poderíamos tentar esclarecer recorrendo a
3. RTP: "Cavaco Silva vence à primeira volta"
4. TSF: "Cavaco compromete triunfo à primeira volta"
Deixando os títulos e passando à análise detalhada das notícias poderíamos descobrir rapidamente a origem de tal discrepância: O Público e a RTP utilizavam os resultados da Sondagem da Universidade Católica, o DN e a TSF os da Marktest. Poderíamos ficar por aqui e concluir que isto de sondagens valem o que valem.
Qual não é o meu espanto quando ouço no Forum da TSF Luís Queirós, Director da Marktest, afirmar que os seus resultados eram praticamente idênticos aos da UCatólica. A divergência não resultava, assim, da diferença dos resultados, mas da divergência da sua leitura.
Então o que estava mal nas diferentes leituras?
Recorri, como é aconselhável neste tipo de situações, a quem por mais de uma vez já demonstrou que sabe do que fala e do que escreve, mantendo um espírito de rigor e de objectividade pouco usuais nos media: Pedro Magalhães no Margens de Erro. PM explica claramente os usos e abusos que se fazem dos resultados, comparando o que não é comparável, e retirando deles o que não razoável retirar. Prefere justificar esses abusos com problemas de "numeracia", salvaguardando a boa fé dos jornalistas e editores responsáveis pelos títulos e pelas notícias. Ou seja, identifica um problema de competência na análise dos números.
Permitam-me que discorde da boa vontade e elegância de Pedro Magalhães. O que nós temos nas notícias, especialmente da TSF e Diário de Notícias, é uma clara manipulação dos resultados visando diminuir as expectativas sobre um candidato de forma a favorecer as expectativas dos restantes, em especial aqueles que pela sua colocação mais têm a esperar da hipótese de uma segunda volta.
Não vale a pena "dourar a pílula": a TSF e o DN de há muito que evidenciaram as suas simpatias eleitorais expressas nos seus critérios editoriais. Só não percebo porque não assumem publicamente o seu posicionamento. Em vez de andarem a vender a sua isenção, fazendo passar gato por lebre, seria melhor que de forma transparente assumissem que preferem vender gato ou que apenas vendem lebre.
Assim, prestam um mau serviço a quem os ouve ou lê.
Uma adivinha!...
…Procurando que todos possam constituir uma parceria para resolvermos um problema que o país atravessa e que queremos encarar de frente que é a modernização do comércio, o comércio não pode ser a actividade pobre, dentro do sector corporativo em Portugal, tem que ser uma actividade que tem que ser sempre impulsionada, visto ser uma actividade que tem que perceber que o novo comércio está a surgir, existem não só a modernização do aspecto físico, mas novas formas de comercialização.
Ao comércio tradicional está destinado um papel que é insubstituível, que não é só papel de venda, como é natural em qualquer comércio, mas sobretudo tem também um papel social…”
Quem fez este discurso?
a) Presidente da República
b) Ministro da Economia
c) Secretário de Estado do Comércio
d) Assessor económico do Presidente da Câmara de Viseu
e) Presidente da Associação Comercial de Viseu
f) Secretário-Geral da União de Sindicatos de Viseu
Aceitam-se respostas. O vencedor será contemplado com uma fotografia a cores do discursante!...
O Muro da Palestina
O homem descobre-se quando se mede com um obstáculo
A. Saint-Exupéry
Recebi hoje um mail com uma série de imagens de pinturas feitas sobre o muro da Palestina. São desenhos que abrem, nas paredes frias e agressivas, imagens da paisagem que o cimento esconde, dando a ilusão de que ele não existe e que as pessoas continuam a ver para além do opaco, ou que ele é frágil e transponível, como uma tesoura a cortar um tracejado ou uma menina a subir com balões. São imagens mais fortes do que qualquer palavra de revolta ou ameaça, porque troçam da brutalidade ou afirmam que não existe.
Quantos muros se erguem ao longo da vida, gigantes ou pequenos, ameaças ou tigres de papel, mas que são sempre um desafio à vontade de continuar adiante?! Às vezes o caminho abre-se à nossa frente e tudo flui como se fosse ser sempre assim. Nessas alturas, são as pedrinhas ou as areias que nos desviam o olhar do horizonte e nos distraem de apreciar o que temos e é só quando surge o muro que se avalia quanto queríamos o que fica longe do alcance.
Há então os que, habituados ao campo livre, tomam uma cancela por um muro e levam muito tempo até avaliar o salto que é preciso dar.
Há os que param, desistem e acabam por construir dentro de si próprios um muro igual ou maior, que aí permanece muito depois de o outro se ter desmoronado.
Há os que se aproximam do obstáculo, o avaliam, lhe tomam a firmeza, procuram pontos fracos por onde abrir passagem, centrando-se na luta sem mais nada verem até que se encontrem do outro lado. Às vezes deixam do lado de cá tudo o que não podia passar e chegam mais pobres, mais desprendidos, mas vitoriosos.
E há ainda os que pintam primeiro as paredes cinzentas com as cores vivas do seu sonho, para que seja possível viver com elas até que cedam à vontade de as derrubar e se revele finalmente o caminho que se estendia para lá. Há mil e uma formas de enfrentar um muro . ..
quarta-feira, 23 de novembro de 2005
Desfaçatez
O argumento é muito simples: não estão sozinhos!
Segundo este Sindicato, o actual Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Walter Lemos, terá perdido o mandato de vereador na Câmara Municipal de Penamacor, por faltas injustificadas, em 1993.
E para provarem tão importante facto, já anunciaram que apresentarão oportunamente uma certidão de uma acta da referida Câmara Municipal.
Afinal, o Sr. Mário Nogueira, ilustre coordenador deste sindicato, já nem sequer se dá ao trabalho de explicar as faltas dos professores.
Recorre à velha técnica - se não gostas da mensagem, mata o mensageiro.
Estão desculpados!
A insustentável leveza das perquntas incómodas!...
Na linha das considerações que a Suzana Toscano já fez neste bolg sobre as entrevistas, também Eduardo Sintra Torres fez no Público de sábado passado uma apreciação global das entrevistas à TVI.
Destaco a seguinte síntese:
“…Ao fim das entrevistas…percebeu-se que a sua…( entenda-se da entrevistadora Constança da Cunha e Sá) inclinação foi subrepticiamente para Soares. A Cavaco, ela confrontou durante 2/3 do tempo com uma bateria de perguntas sobre o seu passado de governante e até o confrontou com um artigo teórico e académico escrito em 1977, isto é, há 28 anos, antes de ele ter ocupado alguma vez ocupado um cargo político.
Retrospectivamente, verifica-se que Cunha e Sá não colocou nem uma única pergunta difícil a Mário Soares sobre o seu passado próprio: nada sobre Soares governante, nada sobre Soares presidente, nada sobre o caso Mateus, sobre as quais Soares nunca foi confrontado em directo desde que deixou Belém…”
Não sou adepto dos exames fáceis, até porque Cavaco também não o era, era até muito exigente. Eu sei…até porque fui testemunha e… vítima!...
Mas os exames têm que ser iguais para todos e não preparados para alguns escolhidos poderem escapar das perguntas incómodas!...
Que são tão leves para alguns, que até se esvaem antes de serem postas!...
terça-feira, 22 de novembro de 2005
Arrogância intelectual!...
O Actual publicou uma entrevista com a conhecida investigadora e professora Maria Filomena Mónica, a propósito do lançamento do seu livro de memórias, Bilhete de Identidade.
....
Entrevistador: No livro fala de uma criada “muito estúpida”. Não é falta de compaixão?
MFM: “…Nesse caso concreto acho que não, pois ela abdicou de ter família - a família éramos nós…Dizer que alguém é estúpido depende da pessoa a que se refere. Para nós, intelectuais, é um ataque horrível. Na pessoa em causa, acho que nem sequer ela se importaria, porque os seus valores eram muito diferentes dos nossos…”
Ao ler, senti-me envergonhado!...
E dizer que a senhora é tida como um vulto da intelectualidade e da cultura, com assinatura permanente nas páginas de opinião!...
Ao que nós chegámos!...
E são estas as nossas elites?
segunda-feira, 21 de novembro de 2005
"Altruísmo embrionário"
Foca e invoca o parecer do CNECV, realçando que comunga dos princípios do mesmo, mas não das “derrogações” contempladas. Compreendo a posição dos que se opõem a esta medida, mas não posso deixar de evidenciar que há outras (como a minha) que concordam com a experimentação em embriões, desde que se processe nas condições expressas no parecer do CNECV, as quais salvaguardam os princípios éticos.
A investigação científica e o progresso tecnológico encerram um potencial muito elevado susceptível de solucionar muito do sofrimento que atinge os seres humanos. A existência de embriões excedentários é uma realidade incontornável, mesmo que seja feito tudo no sentido de os evitar. No caso de não se vislumbrar quaisquer projectos parentais, resta-lhes a destruição pura e simples num qualquer esgoto do país. Neste caso, pergunto, até que ponto é aceitável desperdiçar tamanha fonte de vida e esperança?
Já fui um embrião. Não me lembro de o ter sido, mas também ninguém se lembra. Mas, se por qualquer razão, tivesse tido consciência da minha existência enquanto tal e me encontrasse perante uma situação de “congelamento” com um futuro garantido num esgoto, diria (não sei como!): “utilizem-me para bem da humanidade”. Seria um gesto de verdadeiro altruísmo embrionário…
Liderança e cidadania - Um grande exemplo
Haverá certamente muitos exemplos de como se pode e consegue contribuir, pondo ao serviço dos que mais precisam uma parte do que dispomos, seja riqueza, tempo, conhecimentos, aptidões.
Um dos exemplos mais notáveis é o do Banco Alimentar Contra a Fome, uma verdadeira lição sobre o que é possível fazer a partir de uma ideia aparentemente simples - fazer chegar aos que precisam aquilo que outros podem dar. A organização liderada por essa mulher notável, Isabel Jonet, não fala de caridade mas sim de luta contra o desperdício, fazendo chegar a centenas de instituições de solidariedade toneladas de produtos que, por razões de mercado, seriam atirados para o lixo pelos produtores ou distribuidores.
Mas o exercício de cidadania é levado muito mais longe e inclui a sensibilização de todos para a importância de ser solidário, reparando no que se tem a mais e que nem se tinha dado por isso, estimulando as pessoas para serem parte activa desta cadeia que cresce e que assume proporções tão grandes quanto o desperdício e a necessidade. Por isso o BA promove campanhas de recolha junto dos supermercados, porque a mediatização promove a iniciativa e abre caminho a uma maior consciência social.
As pessoas que trabalham para esta organização são voluntárias, também aí combatendo o desperdício do tempo inútil, da solidão de quem tem para dar, de quem pode e quer mas não sabia como.
Os impressionantes números da actividade do Banco Alimentar contra a Fome mostram à evidência a capacidade de liderança de quem o dirige com uma simplicidade, uma energia e um entusiasmo que são certamente uma parte importante deste êxito. Porque não impõe nem exige - explica o que quer e leva os outros a quererem o mesmo, construindo uma vontade colectiva.
Banco alimentar contra a Fome (publicado no Expresso de 19/Novembro)
- pessoas apoiadas diariamente - 207 mil
- refeições servidas/ano - 35 milhões
- alimentos recolhidos em 2005 - 14 toneladas
- supermercados aderentes -525
domingo, 20 de novembro de 2005
Argumentação rasteira!...
Em artigo de opinião no Público de hoje, 20 de Novembro, Mário Mesquita, membro da Comissão de Honra da Candidatura de Mário Soares, faz crítica “ad hominem” de particular mau gosto. Diz a personagem:
“…atrevo-me a classificar os esgares de Cavaco, quando pretende sorrir nas parcas intervenções de campanha que a televisão nos vai mostrando…
…os ingleses possuem para o efeito uma expressão óptima, embora susceptível de chocar algum espírito menos tolerante com a crueza anglo-saxónica: “eat shit smile” (sorriso- come-merda)”
A falta de vergonha é tal que, em Nota no fim do artigo, o autor, declarando exprimir-se a título individual, escreve:
“…tão pouco (estas linhas) podem afectar qualquer outra figura da candidatura e, em especial, aquelas para quem a “respeitabilidade” é um valor essencial, tais como, por exemplo, o Prof. Nuno Severiano Teixeira, seu ilustre porta-voz ou os deputados António Vitorino e Jorge Coelho…”.
Verifica-se assim que para Mário Mesquita, membro da Comissão de Honra da Candidatura de Mário Soares, a respeitabilidade não é um valor essencial.
E Mário Soares também não é citado como figura para quem a respeitabilidade seja um valor essencial!...
Ecos...
Mas arrependi-me porque já aqui fui severamente repreendido por consumir o precioso espaço do 4R com tal personagem. Até porque podem pensar que tenho alguma embirração com a dita personagem, o que de resto é uma verdade ainda que não assumida...
Entretanto, encontrei este post no blog de um dos nossos visitantes, Ecos da Falésia.
Exaltei. Assim não tenho de me reprimir nem de embirrar.
Limito-me a dar lugar ao eco!
Na pele de um pretenso bom entendedor...
O post deu origem a algum debate sobre a estafada questão da violação do segredo de justiça, assunto estimulado pelo José do qual já nos habituámos a ler interessantes comentários sempre que por aqui se relaciona a política com a justiça.
No final do meu próprio comentário não resisti a atribuir um significado a mais este gesto de absoluto desprezo pelo segredo de justiça que envolve directamente o Procurador-Geral da República, porque ao longo do dia fui ouvindo algumas interpretações sobre as intenções subjacentes quer à oportunidade quer às intenções subliminares da notícia do ´Expresso´.
Para mim, ao contrário do que alguns opinam, neste caso o feitiço não se virou contra o feiticeiro, no sentido de que finalmente o senhor Procurador-Geral da República é ele próprio vítima de mais esta violação do segredo.
Penso ser óbvio o contrário. Isto é, a divulgação dos factos relatados na notícia foi a forma encontrada para manter no lugar o senhor Dr. Souto Moura, salvo erro, até finais de 2006. A ele aproveitam, por isso (salvo se pretendesse sair antecipadamente, o que não consta)
Digo desde já que não encontro razões para impedir que o sr. Dr. Souto Moura termine o mandato (o que não significa que as não haja para criticar a actuação da PGR e do PGR à frente dela).
Mas faça-se o juizo que se fizer sobre as capacidades e competência, em suma, sobre a adequação das pessoas às funções que desempenham, certo é que perigosas, muito perigosas vão as coisas quando para combater as tentativas de politização da justiça que as revelações do ´Expresso' claramente traduzem, se "segura" um Procurador-Geral ao lugar, à custa de actuação criminalmente censurável.
Presidente de Lisboa!...
Café, descafeinado e água das pedras…
Com o tempo acabaram por surgir os cafés, sobretudo a partir da segunda metade do século XVII. As dúvidas sobre se era um veneno ou um medicamento eram partilhadas por vários grupos. Fontanelle resolveu o assunto, afirmando que “se o café é um veneno, então é um veneno lento”, e vai daí começa a tomá-lo. Mas, rapidamente, os médicos descobriram-lhe virtudes como foi o caso de Cornelius Buntekuh, médico da corte, que abriu o primeiro café em Hamburgo, em 1679, promovendo o seu uso. Mas, também abusava, porque chegava a aconselhar às pessoas que bebessem enormes quantidades de chá todos os dias, tudo para beneficiar do efeito rejuvenescedor.
O uso excessivo pode ser contraproducente, mas os benefícios parecem ser muito superiores. Aliás, o “julgamento” inédito realizado pelo departamento de Farmácia da Universidade de Nápoles acabou por “absolver” o café de todas as acusações.
Volta e não volta surgem estudos sobre os seus efeitos. São inúmeros. Um deles é muito interessante ao explicar o efeito “libertador” do café naquelas situações em que temos a tal palavra “na ponta da língua”, mas que não sai. Se isso acontecer, nada melhor do que beber uma bica e zás! Aí vem ela! O pior é se as palavras que queremos recordar são muitas e todas elas acabem por ficar encalhadas na “ponta da língua”. Não sei quantas palavras poderão ser libertadas de cada vez!
Os que não podem suportar a cafeína, devido a intolerância, ou dificuldade na sua metabolização (consequências da idade), socorrem-se do descafeinado. No entanto, parece que este último, afinal, não é muito saudável, já que pode aumentar o risco de doenças do coração. Parece que o mecanismo tem a ver com o aumento de gorduras no sangue, já que os grãos com que se obtém este tipo de café são mais ricos em óleos, além do facto do processo tecnológico de descafeinação retirar os flavonóides que são muito importantes em termos de prevenção cardiovascular.
Sem café, muitos não funcionam. É um facto. Até os políticos bebem café. Nesta onda de pré campanha julgo que um dos candidatos anda a tomar café a mais. Saltitante, língua solta. Efeitos da cafeína? Em contrapartida, o adversário, mais novo, parece que anda a tomar descafeinado. Além de não usufruir dos tais efeitos que Kaldi observou nas suas cabras, saltitantes e alegres, ainda se arrisca a sofrer consequências cardiovasculares. O melhor seria trocar de bebida. O nosso ancião, leão da política, deveria passar a tomar descafeinado, já que tem uma saúde de ferro, enquanto o seu opositor devia começar a tomar mais uns cafezitos, ricos em cafeína. Não é muito recomendável, beber muito, para quem tenha tido um enfarte, como é óbvio. Quanto aos restantes candidatos, nada melhor do que “água das pedras”, não para eles, mas para mim. Perturbam-me a digestão.
sábado, 19 de novembro de 2005
Muito a propósito
Excelente artigo de Vitor Bento no Diário Económico de 18 de Novembro, em que, sob o título "Arrogância Cultural" identifica com notável clareza um fenómeno que ainda subsiste na nossa sociedade e que, em vez de se atenuar, ressurge com espantosa passividade no discurso político e jornalístico actual. Trata-se da clivagem entre a cultura humanística e o conhecimento técnico ou científico, sendo este desprezado como habilitação adequada para o exercício do poder político. Vitor Bento afirma que "esta segmentação é agravada por um sentimento de arrogante superioridade moral" dos que "se consideram a si mesmos detentores da "verdadeira cultura" e que "sob o véu das diferenças culturais, o que esta linha argumentativa acaba por transportar é a ideia subliminar de uma aristrocrática distinção social", supreendentemente sustentada por alguns sectores da esquerda.
Se considerarmos que esta atitude de pseudo-elitismo intelectual e social se estende ainda, com ousadia, à avaliação dos modos, da rigidez, da fluidez do discurso, do "à l'aise" nos salões da comunicação social, podemos ver facilmente o grau da arrogância que, de facto, não merece resposta.
Multiculturalismo saloio
São José Almeida, na edição de hoje do Público, assina o seu habitual artigo de sábado, desta vez dedicado aos problemas da integração de imigrantes, à invocação dos problemas da exclusão social e à defesa das “soluções multiculturais que respeitem o outro”.
Começa por fazer um elogio à entrevista de Rui Marques, recém empossado Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, cujas declarações considera “uma lufada de ar fresco” pela profissão de fé no multiculturalismo (modelo canadiano), enquanto solução para os problemas de enquadramento da mão-de-obra imigrante nas sociedades ocidentais.
Ao mesmo tempo, São José Almeida desenrola um conjunto de acusações sobre os que divergem desse modelo. Sem nunca identificar os alvos, de forma a poder mais facilmente deturpar as suas ideias, invoca com desdém as “baboseiras” e “disparates” proferidos, acabando por desancar “os políticos e as elites portuguesas” pela sua ignorância sobre o que é a exclusão social e a integração.
A legitimidade das suas ideias e dos seus argumentos está na percepção da história e do destino inevitável que ela reserva aos países ocidentais: a “revolta, revolta social que é também política, a qual, mais tarde ou mais cedo, mais década menos década, mais século menos século, acaba por pôr em causa o próprio sistema que a provoca, contribuindo para a sua queda – essa é pelo menos a lição da história”.
Há muito que não lia uma expressão tão ortodoxa do materialismo histórico de pacotilha.
Mas o mais interessante revela-se nas medidas “multiculturais”: para que é que os filhos dos imigrantes têm de aprender História de Portugal? Não seria mais interessante dar História de África? Talvez ensinar o crioulo (qual deles?) na escola pública? Porque razão o ensino da história e da língua terá de ser sempre as dos “vencedores”?
Com estas teses até os multiculturalistas corarão de vergonha e espanto.
Para bom entendedor...
2ª Notícia - "Governo nunca propôs a substituição de Souto Moura"
3ª Notícia - "Procuradoria lamenta violação do segredo justiça (...)"
...meia notícia basta!
Critérios editoriais!...
Esta obra destina-se a realçar a excelência da medicina e honrou Albino Aroso pelo papel desempenhado na inversão das taxas de mortalidade materna e infantil em Portugal.
A selecção foi feita dentre os três nomes indicados pela Ordem dos Médicos, que incluía Linhares Furtado, pioneiro dos transplantes hepáticos e Jacinto Simões, que introduziu a hemodiálise e o transplante renal em Portugal.
A distinção foi dada há mais de um mês em Santiago do Chile, mas como diz o Público do dia 17 de Novembro, “passou despercebida em Portugal”.
Note-se o eufemismo: “ a distinção passou despercebida em Portugal”, em vez de “a comunicação social não deu à distinção importância nenhuma...”
Com efeito, é de lamentar que a notícia apenas tenha chegado à comunicação social por iniciativa de um dos filhos de Albino Aroso.
Justifica-se, por distracção, a “censura” feita?
Mas os passos dos futebolistas chilenos do Sporting Tello e Pinilla são acompanhados ao milímetro, quando se deslocam ao Chile!...
Se assim é, como anda a Comunicação Social distraída de tudo o que é importante!...
E a Ordem dos Médicos, que indicou o nome?
Ajudem o desgraçado!
Será o J22/01.
Provoca insónias e outros distúrbios do sono.
E quer dizer Jerónimo de Sousa após o próximo 22 de Janeiro.
"Não dormirei descansado com uma vitória de Cavaco Silva" clamou o candidato ontem por terras da Madeira.
Já imagino Jerónimo de Sousa num dos seus excessos de vígilia, escondido atrás de um dos muros do Palácio de Belém, a proteger a Constituição e a defender a Democracia.
Sugiro a Cavaco Silva que num gesto magnânimo, lhe disponibilize uma das guaritas da entrada.
Com uma almofada e uns quantos comprimidos para dormir.
Faço votos para que este vírus não seja contagioso.
sexta-feira, 18 de novembro de 2005
Resposta, à medida
«Não estou nesta campanha para desconsiderar ou insultar os outros candidatos, sou uma pessoa educada e respeitadora. É o que se exige de um Presidente da República. Ninguém espere de mim falta de respeito em relação aos outros candidatos».
Sem mais comentários.
As Presidenciais nas TVs
1. Jerónimo de Sousa: 227 notícias, 8:12:38 h:m:s
2. Francisco Louçã: 189 notícias, 6:52:04
3. Mário Soares: 156 notícias, 6:19:51
4. Manuel Alegre: 104 notícias, 5:00:35
5. Cavaco Silva: 85 notícias 3:44:29
Valerá a pena perguntar quais serão os critério jornalísticos que justificam tamanha discrepância.
Decerto que obteríamos a resposta do silêncio de Cavaco e da contenção de Alegre.
Afinal, quem leva ao colo quem?
Desafio à gente culta que por aqui passa
Mas desafio em especial os nossos amigos habituais comentadores (para além, naturalmente, dos companheiros de postagem) a descobrir a que provérbios populares correspondem as mui eruditas expressões que seguem:
(1) Expõe-me com quem deambulas e a tua idiossincrasia augurarei.
(2) Espécime avícola na cavidade metacárpia supera os congéneres, revolteando em duplicado.
(3) Ausência de percepção ocular insensibiliza o órgão cardial.
(4) Equino objecto de dádiva não é passível de auscultação odontológica.
(5) O globo ocular do perfeito torna obesos os bovinos.
(6) Idêntico ascendente, idêntico descendente.
(7) Descendente de espécime piscícola sabe movimentar-se em líquido inorgânico.
(8) Pequena leguminosa seca após pequena leguminosa seca atesta a capacidade de ingestão de espécie avícola.
(9) Tem a monarquia no baixo ventre.
(10) Quem movimenta os músculos supra-faciais mais longe do primeiro movimenta-os substancialmente.
(11) Quem aguarda longamente atinge a exaustão.
Vamos lá ver quem aceita o desafio...
Ordenado mínimo...produtividade zero!...II
Não por serem altos, mas por serem baixos.
E, sendo baixos, a consequência é que vão manter a gestão rotineira dos empresários ou empresas que asseguram a sua exploração na base de mão de obra barata, sem qualquer esforço de organização, de modernização, ou de implantação de novos métodos, de aumento de produtividade.
Estas empresas em geral sobrevivem, pagando mal trabalhadores, tarde aos fornecedores, não pagando, mesmo, ao Estado, distorcendo a concorrência, não fazendo qualquer progresso na produtividade.
Há quem defenda, contudo, que o aumento do ordenado mínimo na ordem dos 3% tem efeitos nocivos, pois dá indicações erradas ao mercado, com vista às negociações salariais, já que a produtividade não sobe tanto.
De facto, a produtividade deve ser um factor importante na negociação.
Mas uma coisa são aumentos salariais e outra é o aumento do salário mínimo nacional.Os primeiros são negociados entre entidades patronais e sindicatos.O segundo é imposto administrativamente.Com efeito, se não fosse determinado administrativamente, nunca haveria aumento do SMN com base no factor produtividade, pelo simples facto de não haver aumentos endógenos de produtividade em empresas ou sectores que laborem predominantemente com pessoal nessas condições, a não ser compelidospor motivo de forte estímulo exterior.
Para estas negociações, o aumento do salário mínimo nacional é irrelevante e não deve ser sinal para nada!...
Direito à greve... e à indignação!
Comecei por achar gigantesco o número de 7,5 milhões de horas de aulas que não foram dadas no ano lectivo 2004/2005.
Mas a verdadeira dimensão desta desgraça está em dois números bem pequenos:
- cada aluno teve 3 "furos" por semana;
- a percentagem de horas de aulas que não foram dadas ascende a quase 10%.
A experiência que tenho com os meus filhos (um no 9º e o outro no 11º ano) encaixa perfeitamente no retrato apresentado.
Afinal quem é responsável por isto?
O Secretário-Geral da FENPROF justifica de forma magistral esta situação: "os números em bruto significam menos que os motivos que levaram os professores a faltar".
Fiquei esclarecido!
quinta-feira, 17 de novembro de 2005
O Dr. Mário Soares estará bem?
Depois de ter visto e ouvido na televisão algumas declarações de Mário Soares numa sessão com estudantes do Instituto Superior Politécnico de Leiria, não queria acreditar no seu conteúdo. Não descansei enquanto não encontrei a notícia escrita.
No Correio da Manhã podia ler-se, confirmando o que havia ouvido: "Soares explicou que em 1985, quando deixou o governo, o país apresentava “superavit nas contas públicas e foi isso que permitiu os dez anos de expansão de Cavaco Silva”.
Será que os meus conhecimentos da história das finanças públicas me haviam atraiçoado? Recorro às séries do Banco de Portugal e passei meia-hora a fazer contas simples numa folha de cálculo, depois a representação gráfica. O valor do deficit das administrações públicas em proporção do PIB confirmava as minhas piores suspeições.
Soares mentiu!
Mas o que me parece ser mais grave foi o ar convicto com que profere a mentira.
Será que o senhor está mesmo convencido daquilo que disse?
Prefiro pensar que o senhor não está bem.
Não pode estar bem!
Jornada de luta
- contra a imposição de substituição dos professores que faltam, porque ter um "furo" era sempre uma boa notícia, dava para descansar entre a brutal carga horária, lá se vai o convívio daqueles intervalitos tão bem vindos e o Ministério assim trata os alunos como máquinas de trabalho (que recusam vir a ser).
Uma violência intolerável, portanto.
- contra os exames globais, porque qualquer pessoa sabe que tudo o que se aprendeu num ano não pode ser avaliado num exame de duas horas, isso é arbitrário e além disso dá um stress e um nervoso que traumatiza os jovens e desmoraliza quem estuda.
Outra violência intolerável.
- exigir aulas de educação sexual desde a mais tenra idade e em número e qualidade pedagógica que deixasse os alunos definitivamente esclarecidos. Dizia a menina que a informação é escassa, os pais não falam sobre o assunto e os jovens, coitados, a quererem orientar as suas vidinhas sem saberem como.
Em resumo, abaixo as aulas, abaixo os exames, viva o que interessa...na escola, entenda-se.
É só choques!
Rogério Alves, na abertura do Congresso dos Advogados, sugeriu um novo choque para 2006: um choque cívico ou de cidadania.
Já o choque tecnológico teve uma baixa antes de se lhe sentir qualquer efeito (talvez porque a alimentação seja de muito baixa voltagem) : o coordenador nem chegou a aquecer o lugar e já se demitiu chocado com as interferências do Ministro da Ciência que não tem nada que meter o bedelho nesta coisa das novas tecnologias (de facto é chocante que um ministro da Ciência invada estas esferas! se ainda fosse a ministra da cultura, ainda vá lá...) .
Continuidade, bom, essa só na política rosa-choque...
Quando se fala demais
Salário mínimo... produtividade zero!...
Na minha opinião, os aumentos aprovados, como outros anteriores similares, constituem, ao contrário, um dos grandes atentados à competitividade de muitas empresas portuguesas.
Como o foram as leis Mateus, com este ou outro nome, os perdões fiscais, a não entrada em vigor do artigo 35º do Código das Sociedades Comerciais, que obrigaria à capitalização das empresas, situações que vêm prolongando artificialmente a vida de empresas parasitas, que não criam qualquer valor e distorcem a concorrência.
O ordenado mínimo passa de 374,7 euros para 385,9 euros, subindo 37 cêntimos por dia, 11,2 euros por mês, equivalente 157 euros por ano.
Com encargos, cada trabalhador com salário mínimo “custará” mais à volta de 195 euros por ano, a “enormidade” de 39.000$00 na moeda antiga!...
Dizer que uma empresa, qualquer que seja a sua configuração jurídica, não pode substir e entra em colapso se tiver que suportar mais que 195 euros por trabalhador/ano, é um verdadeiro hino ao “laisser faire” que predomina na nossa economia e o melhor incentivo em manter tudo mal, como está.
Mas suponhamos que não é uma empresa com um trabalhador, mas que tem 100, sendo já uma média empresa.
Achar que uma empresa digna desse nome não pode subsistir se tiver que suportar mais que 19500 euros por 100 trabalhadores/ano, mais que apoiar, é aplaudir o statu quo existente.
É óbvio que um empresário ou uma empresa que assegura a sua exploração na base de mão de obra tão barata não vai fazer qualquer esforço de organização, de modernização, ou de implantação de novos métodos, de aumento de produtividade.
Não vai; pelo contrário, vai continuar a vegetar, pagando mal trabalhadores, tarde aos fornecedores, não pagando, mesmo, ao Estado, distorcendo a concorrência, não fazendo qualquer progresso na produtividade.
E, ao fim e ao cabo, com a bênção do Governo!....
(A continuar)
Farmácias
Vamos ver se o Ministro da Saúde consegue levar adiante a liberalização. Não vai ser fácil. Mas tem que ser…
quarta-feira, 16 de novembro de 2005
Faz o que eu digo...
A posição do PSD sobre o OE para 2006 já foi muito debatida no 4R - vidé os posts de David Justino e de Pinho Cardão entre outros.
Mas o Diário de Notícias de hoje impõe-me que regresse ao assunto.
Esta notícia não é um simples furo jornalístico. É intencional e foi criada pela liderança do PSD, para responder a todos aqueles que opinaram sobre a inconsistência da posição do PSD nesta questão. E como já é habitual, o "serviço" coube a Azevedo Soares.
A notícia tem um destinatário - Manuela Ferreira Leite!
Mas, Manuela Ferreira Leite não é uma pessoa qualquer. É inadmissível que seja tratada como uma mera contabilista cuja opinião pode ser atirada para o domínio da coisa técnica.
Manuela Ferreira Leite foi a Ministra das Finanças que iniciou aquilo que o PS e José Sócrates - para o bem ou para o mal - estão hoje a continuar no OE para 2006.
E não está sozinha nesta posição. Eduardo Catroga considerou este OE globalmente positivo.
A generalidade dos economistas têm esta opinião.
A liderança do PSD não se pode esconder atrás de uma pretensa maioria de deputados que queriam votar contra.
Também Marcelo Rebelo de Sousa viveu este problema quando foi líder do PSD. Também, na altura, a maioria dos deputados queria votar contra. E então, a situação económica e financeira do País não era tão má como sucede presentemente.
O PSD não ganha credibilidade com este tipo de atitudes.
E só faz má figura quando trata Manuela Ferreira Leite, da forma que vemos no DN de hoje.
Tudo como dantes
O quadro macroeconómico traçado no último relatório do Banco de Portugal, revendo em baixa as previsões do crescimento económico para o corrente ano, não surpreende.
Que o investimento regista uma quebra acentuada, relativamente a idêntico período do ano passado, não surpreende.
Que as exportações portuguesas enfrentam dificuldades na competição com os concorrentes do Leste e do Extremo Oriente, perdendo quotas de mercado, não surpreende.
Que o único sopro que evita a recessão venha do consumo interno, não surpreende.
Que toda a oposição, incluindo o PSD, vote contra o OE2006, também não surpreende.
Que a pré-campanha para as presidenciais seja uma espécie de “Todos Contra Um” em que o debate sobre os problemas do país é abafado pelo ruído da retórica inconsequente, também não surpreende.
Que o Governo continue a lançar ideias mirabolantes sobre a OTA e o TGV, transformando estes projectos numa obsessão patológica, também não surpreende.
Que os italianos da ENI se continuem a rir na cara das autoridades portuguesas em torno do negócio da GALP, também não surpreende.
Tudo é tão previsível na vida política e económica portuguesa que me faz questionar se o tédio e a indiferença não serão a melhor reacção ao espraiar desta resignação colectiva, desta “anarquia mansa que nos tolhe”.
Louvo a dissonância e a heterodoxia de alguns, mas tenho de reconhecer que a sua expressão ou não é ouvida ou rapidamente contrariada - senão abafada ou denegrida – pelo aparelhismo político ou pelos pequenos interesses “de quintal”.
De que serve Cavaco Silva dizer que não se resigna se todos os resignados ou o aplaudem ou o assobiam? De que serve propor uma cooperação estratégica entre os diferentes órgãos de soberania para atacar os problemas fundamentais do país, se há uma parte desse país que gosta de viver com esses problemas? De que serve assumir a urgência de um choque de confiança se se desconfia da própria confiança?
Reconheçamos que servirá para alguma coisa: manter acesa a última réstia de esperança para que a curto prazo possamos emergir deste lodo nauseabundo.
No bom caminho!...
A propósito, o Independente, na sua última edição, entrevistou o jornalista e apresentador da RTP José Alberto Carvalho. Aqui deixo algumas das suas declarações.
Independente: As televisões francesas têm reduzido ao mínimo as imagens dos tumultos, de forma a evitar comportamentos de imitação. Concorda com esta decisão?
José Alberto Carvalho: A forma como o mundo tem evoluído leva a que nós, profissionais, coloquemos dúvidas e interrogações sobre as consequências do nosso trabalho e sobre a nossa responsabilidade.
Ind: Se os distúrbios fossem em Portugal, qual seria a atitude da RTP?
JAC: Posso ter uma resposta académica. Em Espanha, por exemplo, foi julgado um jovem que colaborou no 11 de Março. Os media sempre se referiram a ele pelas iniciais e nunca se mencionou a terra onde vivia nem se identificou a família. Os meios de comunicação portugueses resistiriam a não procurar a terra do homem, a não falar com a professora primária, a não identificar a tia, o tio, o primo?
Ind: Há então valores que estão acima do valor de informar?
JAC: O dever de informar não é um conceito absoluto. A complexidade das relações contemporâneas deve suscitar interrogações. Devemos resistir ao facilitismo…
Embora tímidas, são declarações de quem sente a necessidade de um caminho novo e que vão ao encontro de muito do que neste blog foi dito.
terça-feira, 15 de novembro de 2005
Importa-se de repetir?
Não vi as outras entrevistas, por isso não estou a comparar ou a dizer que esta foi mais agreste que as outras. O que vi, e o tom da maior parte das perguntas, no entanto, fez-me lembrar aquele anúncio "importaste-te de explicar isso como se eu fosse muito estúpida?"
É que, por mais explicado que estivesse, havia sempre um pormenor a levantar dúvidas...