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terça-feira, 30 de junho de 2009
Inteligência
Neste momento, vive-se mais uma crise e não se sabe o que irá acontecer no futuro. O homem é inteligente e apresenta características que apontam para ser cada vez mais inteligente. Cria informação, produz conhecimento, elabora perguntas e conquista respostas. A rapidez com que o faz assusta qualquer um, e nem é preciso comparar com o que acontecia ainda há poucos anos. Mesmo nos nossos dias, podemos constatar a nossa surpresa face a novas descobertas e conquistas. Esta velocidade na aquisição de conhecimentos faz-se à custa dos meios informáticos, do uso de estimulantes e de variadas técnicas, todas suscetíveis de estimular as capacidades cognitivas.
Apesar de tudo há algumas dificuldades, nomeadamente a qualidade de informação. Tentar extrair o que nos interessa seria mais um sinal de que estaríamos a ser mais inteligentes. Qualquer coisa com um tipo de software “individual” capaz de extrair apenas o que nos interessa mais e sirva de base às capacidades de decisão. Espero que em breve esteja ao dispor qualquer coisa deste tipo. Também o uso de drogas, capazes de estimular as capacidades cognitivas, irá ser, no futuro, uma espécie de “aspirina”. O doping intelectual irá fazer concorrência ao doping do desporto. Depois gostava de ver se faziam ou não testes de controlo às pessoas cujas capacidades intelectuais tivessem como “fonte” o uso das tais substâncias, e das quais resultassem mais-valias para a sociedade. O princípio da batotice no desporto não se aplica a estes casos. Se usassem este princípio aos artistas - muitos dos quais produziram obras de excelência sob o efeito de inúmeras substâncias -, iriam despromover ou destruir as obras? Claro que não. Sendo assim, da arte sob “fármaco dependência”, iremos, um dia, passar para a ciência e outras áreas em que será obrigatório ser-se mais inteligente, à custa de efeitos químicos, para responder a tantas e inusitadas situações que possam por em causa o bem-estar e até a sobrevivência do homem. Claro que a tecnologia não fica por aqui, o recurso a chips que pudessem ser colocados no córtex cerebral seria uma hipótese, mas se os mesmos evoluíssem com a rapidez como a que acontece nos telemóveis e computadores, então, seria um pouco patético uma discussão entre duas criaturas “enriquecidas” intelectualmente, uma delas com o chip 2015 e a outra com o chip 2016 que poderia aparecer na semana seguinte com maior capacidade!
O desenvolvimento da inteligência artificial será um outro meio capaz de nos tornar mais espertos. Afinal, tudo depende da gravidade da crise, a qual irá fazer com que a necessidade de prever o futuro, evitar complicações e encontrar soluções, seja uma realidade.
A atual situação constitui um bom exemplo para poder estimular a inteligência da humanidade. Não é nada famosa e atinge a grande maioria dos habitantes do planeta. É uma espécie de um cataclismo vulcânico à semelhança do que ocorreu há cerca de setenta e quatro mil anos, não de ordem de física, mas económica.
Não se podem evitar cataclismos vulcânicos ou encontros com um meteoro transviado, mas é possível travar ou impedir que certas pessoas e interesses ponham em questão o bem-estar de quase todos. Presumo que não vai ser necessário recorrer ao modafinil ou ansiar pela nanotecnologia para estimular os nossos neurónios. É preciso desconfiar de muitos que se armam em bispos de congregações bancárias ou económicas. Se os tivéssemos tomado em linha de conta, a par desses figurantes que se aproveitam da boa-fé de muitas pessoas, talvez não tivéssemos chegado ao ponto que chegámos. Afinal, precisamos mesmo de ser mais inteligentes, seja lá o que isso for, graças ao estímulo do nosso próprio cérebro ou fazendo uso de inteligência “exocortical”, porque, afinal, fazemos parte, na perspetiva de Teillard de Chardin, da noosfera, ou seja, o mundo ou a esfera das ideias, que constitui uma nova área evolutiva depois da geosfera e da biosfera. Mas é preciso evoluir muito mais...
As "estrelas" da Luz
Não tendo alcançado salvação nos estádios da terra, ergueram a mente aos céus e contrataram Jesus como treinador.
Mas Jesus sempre lidou com os humildes, os pobres e os deserdados, que nunca frequentaram as primeiras páginas dos jornais nem as catedrais dos grandes espectáculos. Mas que sonhavam com um futuro mais garantido, porfiando no trabalho para alcançar o sonho desejado.
Jesus, ele próprio pobre e humilde, nunca lidou com os poderosos, os ricos e os repousados na sorte e nos louros dos triunfos passados.
Por isso, ou me engano muito, ou por alturas do Natal, outro salvador estará para nascer no presépio da Luz.
"O doente mais barato é um doente morto"...
Face à leitura, salvo erro ontem ou anteontem, de que a lista de espera em Portugal para tratamento cirúrgico dos doentes oncológicos ultrapassa em muitos casos os prazos medicamente aconselháveis, acabo por recordar as palavras de Geoffrey Rose que um dia disse, e escreveu: "A partir dos cinquenta anos o doente mais barato é um doente morto"...
São Paulo em Roma e Afonso Henriques em Coimbra
Interessante esta postura papal que deve ser louvada e que espero venha a ser concretizada através de estudos mais aprofundados. Um perfeito contraste com a proibição feita a uma investigadora da Universidade de Coimbra que pretendeu, e muito bem, analisar os ossos de quem está no túmulo de D. Afonso Henriques em Santa Cruz.
Os responsáveis nacionais deviam por os seus olhos míopes na posição de Bento XVI.
País “tacanho” que não quer saber mais acerca do seu passado...
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Uma punição histórica...
Mas é particularmente exemplar porque reflecte a importância da gravidade da violação do princípio da confiança e o íntimo reconhecimento do trágico colapso de muitas vidas pessoais e familiares apanhadas na gigantesca fraude.
Esgotaram-se os sábios?
iPod
Li, numa revista científica, um interessante artigo sobre o uso do rádio, das conversas de laboratório, do convívio e da análise dos acontecimentos mundanos e científicos. Uma verdadeira interação social e científica bastante profícua em todos os aspetos. O jovem autor passa em seguida a fazer a análise das modificações ocorridas entretanto com o uso do iPod. A partir desse momento, deixou-se, praticamente, de falar uns com os outros, de partilhar as dúvidas, as alegrias, as tristezas e as incertezas. Alguns chegam ao cúmulo de usar os auscultadores, mesmo desligados, só para não serem incomodados. Argumenta o autor que tal postura pode originar alguns inconvenientes na própria aprendizagem e divulgação científica. Partilho desta posição, já que muito do saber se transmite desta maneira, informal e ocasional. Contra-argumentam os opositores de que não, porque o uso dos podcasts científicos são bem-vindos e muito úteis. Não lhes deixo de reconhecer a sua utilidade, porque também os utilizo. Breves e muito ricos em informação. De qualquer forma, mesmo que o iPod seja utilizado para ouvir música ou para aprender, começa a haver modificação a nível da tal interação social e científica nos laboratórios. Não me compete afirmar se o seu uso torna-nos em melhores ou piores cientistas, mas, de qualquer forma está a provocar modificações comportamentais.
Sexta-feira à tarde, quente como o diabo gosta, fui a pé até casa, por causa da necessidade de fazer exercício, o tal que me esqueci de praticar durante décadas. Na sequência da leitura, aproveitei o percurso para verificar se os jovens, com quem me ia cruzando, usavam ou não os tais aparelhos. Já tinha refletido sobre esta matéria, nomeadamente quando sou obrigado a ler notícias do género: “jovem apanhada por um comboio, não deu conta por causa dos auriculares”! Trata-se de um tipo de notícia que parece querer entrar como rotina no nosso dia-a-dia. Ao combinar a leitura do “Do not disturb” (assim se intitulava o artigo que li na revista científica) e das notícias de morte por causa dos “tampões” musicais auditivos, pus-me a observar os jovens. Fiquei alarmado. Foram tantos, ou melhor, tantas, ao ponto de ficar mesmo incomodado. Não porque não tenham direito a fruir da música ou de qualquer assunto técnico-científico, mas pelo risco que correm de ser atropelados. Sim, porque o uso dos auscultadores condiciona fortemente a segurança. Como prova, verifiquei que, entretanto, uma jovem de calções pretos, barriga à mostra, com um minúsculo top da mesma cor, garrafa de água numa das mãos e respetivo iPod, subia a correr a Rua dos Combatentes. Eram cerca das seis da tarde. O calor fazia-se sentir. A rapariga podia ter esperado pelo fresquinho, mas não, vermelha que nem um pimentão, em perfeito contraste com o preto do “biquíni”, não se apercebeu, no cruzamento, da aproximação de um carro, o qual alertou-a ruidosamente, aquando da sua meteórica passagem. Olhei e fiquei com a plena sensação de que nem ouviu a forte buzinadela e lá foi na sua corrida citadina.
Não encolhi os ombros nem os neurónios que já escaldavam, mas pensei: - Que raio de sociedade é esta que regulamenta tudo e mais qualquer coisa e não faz nada em relação a este fenómeno? Espero que não comece a ser alvo de comentários dos habituais que veem nestas preocupações mais um atentado contra a “liberdade”. Claro que cada um faz o que entender. Mas se alguém atropelar um cidadão nestas circunstâncias é certo e sabido que vai ter problemas, passar um mau bocado, e mesmo que não tenha culpa fica sempre uma cicatriz na consciência.
É proibido o uso de telemóveis durante a condução, por motivos óbvios, mas quanto ao uso do iPod deveria haver algo equivalente ou que, pelo menos, disciplinasse o seu uso ao cruzar, por exemplo, as estradas ou locais de risco de atropelamento por manifesta falta de atenção. Qualquer iniciativa que permita reduzir o risco de acidente é bem-vinda, e sempre mais útil do que aquela tentativa falhada de legislação sobre “uso dos piercings” para preservar a saúde! Entretanto, o melhor é buzinar o mais “alto”, e com mais frequência, sempre que nos apercebamos de que estamos a aproximar de um utilizador de iPod, que, nalguns casos, é até muito fácil de diagnosticar, como foi a de uma jovem bem recheada que se bamboleava toda à minha frente em função do ritmo e dos decibéis que ia engolindo através dos canais auditivos. Curioso! Vi alguns cegos na paragem dos autocarros e outros a caminhar com as suas características bengalas, mas nenhum tinha auscultadores. Cegos, mas não surdos...
Tolerância estúpida
As listas telefónicas actuais!
Há um ano que "caseiramente" barafusto sobre esta descarada falta de informação da actual lista, na família riem-se...porque "já ninguém usa telefones fixos" (eis o argumento!).
Há dois meses tive o casamento de uma das minhas filhas: logo fui incumbida de procurar várias moradas por causa dos convites.
Já estava meio esquecida da minha insurgencia contra a lista telefónica (porque já tinha deixado de a consultar...) eis que me vi a braços com uma lista de moradas que era preciso descobrir: mais uma vez, nem uma única conseguir "sacar" deste túmulo de informação!!! Aí a família começou a perceber que eu tinha alguma razão.
Foi com muita safisfação que, esta semana, vi uma notícia pequenina e num cantinho do jornal cujo título era: "Portugal pressionado nas listas telefónicas" e que nos dava conta de que a Comissão Europeia pressionou Portugal a cumprir as regras comunitárias das telecomunicações e a elaborar listas telefónicas completas, onde o acesso e identificação dos utilizadores de números telefónicos terá de ser mais fácil e permitir melhorar os contactos.
Fiquei ufana......
Será que esta recomendação ainda vem a tempo para as listas de 2010/2011?--É,de facto,urgente!
Tem a palavra o Dr. Medina Carreira...
2. Curiosa a caracterização que fez dos debates “frente-a-frente” entre políticos de suposta esquerda e de suposta direita - uns e outros imbuídos de um acentuado nefelibatismo - organizados por aquele canal de TV, assimilando-os a conversas de café ou mesmo de taberna…
3. Quase no final da entrevista, M. C. fez uma comparação de números que fica muito aquém da realidade, para melhor: disse ele que os juros que o País paga ao exterior (Rendimentos) são superiores às receitas (líquidas, presume-se) com o Turismo.
4. O que M.C. disse não deixa de ser verdade…só que os juros líquidos (Rendimentos) que o País paga ao exterior são superiores NÃO SÓ às receitas do Turismo, mas TAMBÉM são superiores às receitas de exportação todos os Serviços (não apenas o Turismo) e AINDA cobrem a totalidade das Remessas dos Emigrantes…
5. Atentando na informação disponível até Abril do corrente ano, as receitas dos Serviços+Remessas dos Emigrantes foram € 1.355 + 703= € 2.058 milhões (dos quais €785 milhões são receitas líquidas de Viagens e Turismo).
6. Por sua vez, os Rendimentos (líquidos) pagos ao exterior ascenderam no mesmo período a € 2.173 milhões ou seja quase 3X as tais receitas do Turismo…
7. Assim, a taxa de cobertura dos Rendimentos pagos ao exterior pela soma das 2 rubricas de receitas (Serviços+Transferências Emigrantes) é já inferior a 100%, ficando-se por 94,7%...
8. Esta situação representa um agravamento significativo em relação ao panorama de 2008 (e de anos anteriores ainda mais) em que as receitas de Serviços+Remessas de Emigrantes no mesmo período totalizaram € 2.502 milhões enquanto que os Rendimentos pagos ao exterior foram de € 2.343 milhões, uma taxa de cobertura de 106,8%…
9. A evolução dos encargos com o endividamento do País é pois uma função de sentido único: sempre a subir, não para mais. Mas ainda há "parodiantes", em altos cargos públicos, capazes de dizer que estar contra as grandes obras públicas é estar contra a modernidade...
10. Estranho conceito de modernidade em que a bancarrota parece ser o ideal perseguido...
11. Aonde é que isto nos leva? Tem a palavra M. C.
domingo, 28 de junho de 2009
As filibusteirices manhosas do Governo
Obviamente que a UTAO não chama “martelada” a esta fraude, denominando-a eufemísticamente “alteração metodológica”, avisando, no entanto, que “ os resultados dessa alteração devem ser utilizados sob reserva…porque as autoridades estatísticas ainda não se pronunciaram…e por existir uma forte evidência de a alteração metodológica se encontrar incompleta…”.
Ora aí está: uma alteraçãozita metodológica, ademais incompleta e não autorizada, e a carga fiscal desce logo em 0,6% do PIB!... Chama-se a isto baixar impostos!...
Uma medida que vale pelo seu simbolismo...
Vão-se as normas burocratas da calibragem que igualam na cor, no diâmetro, na forma, no brilho, na largura e no cumprimento e em muitas outras dimensões interessantes para especialistas eurocratas a maioria das frutas e dos legumes, com excepção, no entanto, para alguns deles que, vai-se lá saber porquê, ficam ainda limitados na criatividade da natureza.
Depois de milhões de euros gastos com investimentos e subsídios à calibragem agrícola, é tempo de dizer basta ao desperdício!
O ambiente que se viveu o ano passado em torno da crise alimentar e do aumento dos preços dos produtos agrícolas e alimentares abriu uma janela de oportunidade para pôr em causa as normas da calibragem.
A partir da próxima semana a diferença entre as couves-de-bruxelas e as melancias do espaço europeu passa a fazer-se, cumpridas as formalidades mínimas, pela qualidade e pelo preço.
Será que estamos preparados? Não serão necessários mais uns milhões de euros para fazer a inversão de marcha...
sábado, 27 de junho de 2009
Absolvido!
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Do sensorial...
Em benefício dos futuros consumidores...
Na contratação de um empréstimo à habitação é normal as instituições de crédito exigirem a contratação de um seguro de vida para garantir o seu pagamento em caso de morte ou invalidez.
Pretende-se com o novo regime que os consumidores deixem de pagar um prémio de seguro que incide sobre um montante de capital garantido superior ao montante do capital em dívida do empréstimo à habitação.
Como sabemos, o montante do empréstimo vai sendo amortizado através das rendas pagas pelo cliente à instituição de crédito que concedeu o empréstimo, sem que, no entanto, por regra, o montante inicial do capital garantido pelo seguro de vida seja reduzido em conformidade.
Com o regime agora aprovado, o cliente à medida que vai amortizando o empréstimo contraído, vai pagando um menor prémio pelo seguro de vida contratado.
A novidade é que este regime passa a vigorar por defeito, sem prejuízo de as partes poderem livremente contratar de forma diferente. Acaba-se assim com uma espécie de “enriquecimento sem causa”.
A assimetria de informação existente entre instituições de crédito/companhias de seguros e consumidores, causada, entre outros aspectos, por falhas de informação e de formação, justifica no actual “estado da arte” a existência de legislação e de regulamentação que minimizem aquela assimetria, protegendo assim os interesses dos consumidores e promovendo a transparência. Pena é que o novo regime apenas se aplique aos novos empréstimos.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Dinheiro a rodos na zona Euro...enquanto o pau vai e vem...
2. O Banco Central Europeu inundou ontem o mercado com dinheiro, cedendo de uma só vez a mais de 1.100 bancos operando no espaço do Euro a "módica" quantia de 442 mil milhões Euros, o equivalente a cerca de 2,7 vezes o PIB português, ao juro de 1% ao ano...
3. Acresce que estes fundos foram cedidos pelo prazo de 1 ano, bastante confortável para bancos que neste momento têm outras janelas de financiamento fechadas ou quase, nomeadamente o mercado de “securitização” de carteiras de crédito que até ao eclodir da crise constituía a principal fonte de captação de recursos de bancos portugueses por exemplo.
4. É a primeira vez que o BCE coloca fundos a este prazo e por montante ilimitado – quer dizer que os bancos puderam aceder à totalidade dos fundos solicitados desde que tivessem activos elegíveis (créditos hipotecários, por exemplo) para servir de caução dos fundos mutuados pelo BCE.
5. Mas como se compreende não basta os bancos terem liquidez disponível para que a actividade económica se expanda...é necessário que as empresas e/ou os particulares procurem esses fundos para desenvolverem os seus negócios, consumindo ou investindo...e aqui o “negócio” parece não estar tão fácil.
6. Admite-se que não faltem empresas e particulares carecidos de fundos..mas nem todos em condições de aceder ao crédito bancário agora que os bancos passaram a ser mais selectivos na escolha dos riscos e também a ser mais prudentes na concessão dos créditos, utilizando por exemplo rácios “loan-to-value” bastante mais apertados do que no passado.
7. Quanto à facilidade do BCE, pelo prazo de 1 ano, espera-se que findo este prazo o BCE continue a ser generoso no financiamento ou que os mercados como o da “securitização” de créditos se possam abrir gradualmente até lá...se assim não for, os bancos que hoje respiram de alívio com esta abertura do BCE poderão sentir-se menos confortáveis quando estas operações se vencerem.
8. O que estas facilidades do BCE não permitirão é a concessão de créditos por prazos muito longos, até porque não há garantias de que o BCE venha a renovar esta facilidade por idêntico prazo nem por mais de uma vez...as necessidades do investimento poderão não ser tão bem servidas.
9. Mas por agora a situação está mais calma. Como se costuma dizer: “enquanto o pau vai e vem, folgam as costas”.
Vantagens da obesidade...
A magreza era uma obsessão, já que os magros sofriam mais da doença, a qual, por sua vez, tornava ainda mais magros ao ponto das vítimas ficarem transparentes.
Os esforços dos pais, e não só, centravam-se no combate à magreza, o que era difícil, devido à pobreza reinante, mas que constituía, na sabedoria popular, o primeiro passo para aguçar o apetite do bacilo da peste branca. É fácil de concluir, então, que o melhor sinal de saúde era uma criança ou adulto rechonchudo, mesmo obeso, avermelhado, ar trigueiro, um verdadeiro atestado de robustez que, rapidamente, sobretudo nos séculos XIX e XX, passou a ser conotado como o melhor estatuto social impregnando todas as áreas inclusive a arte. Se o valor do normal era baixo, o que dizer do magro? Não tinha grande saída, porque corria mais riscos. Lembro-me de ter lido uma crónica de um jornalista espanhol, que, a propósito da luta contra a obesidade, e citando alguns exemplos do passado, afirmou que as prostitutas mais obesas eram objeto preferencial de consumo.
A obesidade constitui hoje um grave problema de saúde pública. A sua prevalência é deveras elevada, sobretudo no mundo ocidental. Este fenómeno de armazenar energia por parte dos seres humanos foi determinante para ultrapassar grandes e graves períodos de fome que atingiu a Humanidade desde os primórdios. A natureza sabe da poda. Só que nos nossos dias, ser-se obeso acarreta riscos de inflamação crónica e de doenças metabólicas, sobretudo se a gordura se dispuser ao redor das vísceras.
Obrigado gordura visceral por ter-nos ajudado a sobreviver! Agora já não precisamos de ti, como quem diz, temos alimentos e não passamos fome. Às tantas não é assim tão linear, porque nunca se sabe se uma nova e grande fome não nos irá atingir novamente nesta parte do mundo. O melhor é continuar a propagar esses genes que, afinal, não servem só para ajudar a armazenar energia. Parece - aqui está uma interessante hipótese -, que ser-se obeso estimula a resposta imunológica, tornando as pessoas mais resistentes às agressões biológicas, mormente contra o bacilo da tuberculose. Se se comprovar esta hipótese, o tal conceito popular de já falei de que “gordura é saúde” fica legitimado, sobretudo nas épocas em que se morria muito de tuberculose. Mas há um outro aspeto importante que merece ser focado: a epidemia da peste branca iniciou-se praticamente a partir dos finais do século XVIII e princípios do século XIX. Calcula-se que tenha causado muitas mortes, qualquer coisa como mil milhões! ofuscando a peste negra ou a gripe espanhola. Deste modo poderemos especular que a atual epidemia da obesidade se deva não só à propagação dos genes selecionados em função dos múltiplos períodos de fome, mas também pela eliminação daqueles que, sendo naturalmente propensos à “magreza”, acabaram por sucumbir à sombra desta doença. E aqui chegamos a um ponto muito interessante. Os detentores e os mais propensos para a obesidade, sobretudo a de nível central, são o reflexo de fenómenos evolutivos mais ou menos recentes. Só que hoje em dia passamos a morrer devido à obesidade, mas em idades que praticamente não eram alcançadas noutras épocas. A obesidade protegeu-nos da fome e, agora, um nova hipótese: a tal barriguinha parece desempenhar um fator de proteção graças a uma melhor resposta imunológica às infeções.
Pronto. Acabei! Por hoje, fico satisfeito e menos aborrecido pelas torturas de que foi alvo em pequeno. Comia de várias maneiras. Era magro, logo corria perigo de apanhar uma fraqueza nos pulmões. Tentaram com que eu engordasse à força, para fugir à ceifa da morte e da doença terrível que dizimava muita gente. Só de lembrar do que me impingiam causava-me uma certa repulsa. Agora, estou convicto de que a sabedoria popular tem muito que se lhe diga. Se comprovarem que um certo grau de obesidade é “saudável”, tal facto deverá agradar a muitos que leram esta crónica, a qual comprova que nem tudo é mau, nem imperfeito. Há vantagens e desvantagens. Neste momento, até já se sabe que, em caso de doença grave, os que têm excesso de peso recuperam mais facilmente do que os normais...
Jorge Miranda: o exemplo da elevação que vai faltando
Serviço público no 4R: do conceito de golden share
Pelo voo se conhecem as aves
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Simples para um Deus...
Um pouco de tudo ou muito de nada? Não interessa. Dificilmente qualquer um poderá passar em frente sem olhar, sem ler, sem rezar, sem lamentar, enfim, sem sentir algo...
De todas as mortes que já presenciei ou tomei conhecimento, a que mais me dói, a que mais me aflige, a que é a mais injusta, é aquela em que os pais são confrontados com o desaparecimento de um filho. É a situação mais antinatural das mortes quer sejam elas gratuitas ou não, e que grassam por aí sob o olhar divino de quem se esqueceu ou ignora a dor da perda. Deve ser a única circunstância em que um ser vivo tem consciência da própria morte. Um “vivo-morto”, um corpo sem alma.
Mesmo que já tenham passados longas décadas, é líquido ver aveludados olhares a escorrerem pelas faces, sempre que haja um recordar. Passar em frente de uma fotografia amarelecida, tocar num brinquedo sacralizado, acarinhar uma peça de roupa cuidadosamente guardada numa arca, ouvir o nome na boca do vento, olhar para o sorriso de uma criança ou sentir a inquietude e a aspiração de um jovem, tudo serve para avivar as feridas da dor e a nostalgia de uma vida cheia de esperança ceifada, prematuramente, pelo anjo da morte a mando do seu senhor. Que raio senhor! Por que fazes isso? Por que deixas que tal aconteça? Não queres responder? É isso! Ou será que nem tu sabes o que fazer ou dizer?
Dizem, mas eu não acredito, que tiveste a inteligência de “desenhar” os seres vivos e, entre estes, nós. Olhando bem à volta, parece-me mais ser o resultado de um “design imperfeito” do que outra coisa. O melhor é admitires que o aparecimento da vida foi um mero acaso, que te surpreendeu, e que a sua evolução, cheia de imperfeições, de compromissos, de beleza e de dor, arrasta-nos, penosamente, para o inferno dos deuses. Mas se quiseres participar na evolução, ainda vais a tempo, ao menos não os leves antes dos pais. Haverá coisa mais simples para um Deus?
Santinhos e ignorantes!...
Volta, Vitalino, que estás perdoado!...
Serviço integrado
Trabalho por turnos. De tempos em tempos, entra em funções o outro accionista.
Em Portugal, a regulação da ASAE não os deixaria trabalhar. O estabelecimento não trazia lavabos incorporados.
Rastreio atabalhoado...
Não li o texto do programa, portanto, não o conheço ao pormenor; pode ser um programa excelente, concretizar um objectivo louvável, obedecer a uma análise estatística aturada e conclusiva...enfim, ser de grande alcance com razoável exequibilidade: o "Cuida-te" apresenta-se com 5 unidades móveis e propõe-se concretizar rastreios através de testes de despistagem da Sida a menores de 16 anos.
Segundo o que foi noticiado, este despiste incidirá em ambientes de lazer, discotecas, concertos e outros e... em estabelecimentos de ensino!
Eis que, de imediato, surge o atabalhoado:
-a Ministra da Educação e um dos seus Secretários de Estado garantem que não será feito qualquer rastreio ao VIH nas escolas portuguesas;
-a Ministra da Saúde a dizer que jovens, menores de idade, devem ter o consentimento dos Pais para fazerem quaiquer exames de diagnóstico e que tem de haver informação completa sobre o que se pretende fazer, sobre os resultados e sobre as consequências dos resultados.
Já não falando na Confederação Nacional das Associações de Pais, que também se pronunciou, só pergunto: mas será possível e acertado lançar um programa destes sem ter ouvido ministérios directamente envolvidos?
Não ficamos todos com a sensação de que foi mais uma ideia de protagonistas isolados?
E assim se "mata à nascença" uma iniciativa que, bem conduzida, representaria mais uma estratégia preventiva, formativa e informativa de combate à Sida.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Recuperação económica e "Sell in May and go away"...
2. Convém ter no entanto presente que os sinais de melhoria que se vão notando sobretudo ao nível das expectativas dos inquiridos reflectem mais a travagem da tendência de (forte) queda nas variáveis económicas - consumo, investimento, exportações - do que propriamente o início de uma recuperação.
3. Se estabilizamos depois desta queda, o que vai seguir-se?
4. Cumpre citar aqui uma interessante opinião divulgada na edição do F. Times da última 6ª Feira (19), da autoria de Olivier Blanchard, Economista Chefe do FMI, intitulada “ What is needed for a lasting recovery”.
5. Para Blanchard existe neste momento um enorme risco de não se prestar a devida atenção aos desequilíbrios económicos globais que, não tendo sido os directos causadores da crise, estiveram subjacentes à mesma. A sua correcção constitui agora condição “sine qua non” de uma recuperação económica sustentada.
6. É verdade, diz Blanchard, que os consumidores americanos têm vindo a restringir suas despesas, cumprindo assim, pelo menos em parte, uma das condições do necessário ajustamento global...mas a outra componente, uma expansão da despesa por parte dos países excedentários permanece ainda na zona do desconhecido...
7. Os sinais de superação da crise que se começaram a notar-se na economia americana são fruto de um enorme estímulo orçamental – o défice do orçamento federal deve atingir 14% no exercício em curso – e, se não forem seguidos por uma recuperação sustentada das exportações e da procura interna, esses sinais podem esfumar-se depois de passado o efeito dos estímulos fiscais e financeiros do orçamento federal...
8. Mas o estímulo orçamental não pode ser prolongado por muito tempo sob risco de a dinâmica de expansão da dívida pública se mostrar insustentável, forçando uma forte subida das taxas de juro mais longas (já se assistiu a uma primeira correcção) e colocando em causa o próprio objectivo da recuperação...
9. Nem uma recuperação frágil nos USA nem uma insustentável trajectória de crescimento da sua dívida serão bons para o resto do Mundo, conclui Blanchard.
10. Uma recuperação sustentada nos USA, porque requer um abrandamento da procura interna nos USA – corrigindo os excessos de endividamento do sector privado, real e financeiro – supõe ao mesmo tempo uma expansão da procura em países como a China, Índia e países do Golfo, com os inevitáveis ajustamentos das taxas de câmbio.
11. Enquanto essa mudança de modelos de crescimento não for claramente assumida, arriscamo-nos a sofrer calafrios de tempos a tempos e a esperar anos e mais anos pela tão desejada recuperação...Recordam-se do "Sell in May and go away"?
D. Afonso Henriques na praia
- É que somos mouros, dizia um, tu não sabes que os portugueses são todos mouros?
- Mouros? dizia outro, não, que eu saiba nós descendemos do D. Afonso Henriques, e ele não era mouro, era português!
- Ai isso é que era, antes dele era só mouros, por isso ele não podia ser português, diz lá como é que ele podia ser português se nem existia Portugal?
E começaram uma acesa discussão, cada vez mais baralhados porque nenhum conseguia descobrir o enigma do que seria Portugal antes do D. Afonso Henriques, um desconfiava que já cá havia pessoas, dizia ele que os mouros, o outro teimava que se não houvesse portugueses então não havia Portugal, e ninguém à volta daquela mesa deslindava o mistério da origem do 1º Rei de Portugal, apesar de um ter arriscado timidamente que havia umas histórias com os espanhóis mas que lhe parecia que isso tinha sido só em 1380, talvez só aí é que tivessem passado a chamar-se portugueses…
Como já estavam à beira de se insultar, resolvi intervir para contar de forma muito simples a história do D. Afonso Henriques, dos seus pais, do Egas Moniz, das lutas com Castela, do Tratado de Zamora e, claro, uma brevissima referência ao povoamento do território até essa data gloriosa.
Os rapazes ouviram-me perplexos e, já ia eu a falar da conquista do castelo de Lisboa quando um me interrompeu timidamente:
-Ó senhora, ó senhora, desculpe lá, mas para saber isso tudo… é professora de história?
Eu ri-me. – Não sou, não, para saber isto basta ter andado na escola primária, talvez tenha é estado com atenção nas aulas…
- É pá, disse o outro, eu ia perguntar o mesmo, para saber isto tudo…! Mas olhe, ó senhora, eu até tive história na escola, até me lembro da stoura ter falado numa batalha em que se puseram umas lanternas nas ovelhas para o inimigo pensar que éramos muitos e que ganhámos por causa disso, como vê até prestava atenção! Mas agora isso dos pais do D. Afonso Henriques não me lembro, de certeza que não dei!
Reconheci que sim, para não o ofender, que há imensas histórias fantásticas ao longo da nossa História e que se eles lessem umas coisitas sobre isso eram capazes de gostar, já que eram tão interessados no assunto.
Não sei se seria a moleza daquela tarde morna, mas vim muito impressionada com a absoluta incapacidade daqueles jovens de raciocinar sequer sobre os mais básicos conhecimentos da História do nosso País. Não sei se seriam capazes de fazer o teste de matemática e de ter uma nota razoável, mas palavra que senti vergonha de ouvir aquela conversa em voz alta, nem sequer tinham a noção do grau de ignorância que demonstravam, e eram vários!
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Caminhos diferentes...
Uma coisa é certa. Não há milagres na matemática, nem no ensino nem nas provas de aferição. No limite todos os alunos podem ter uma classificação positiva e em média estarem mal preparados, assim como é muito mau sinal uma elevada taxa de reprovação porque é também a evidência de que os alunos não aprenderam a matemática.
Na matemática, não está em causa decorar ou memorizar a matéria como acontece em muitas outras disciplinas. É, antes, uma questão de compreender e dominar a lógica do raciocínio matemático e é, também, uma questão de treino.
A matemática é hoje uma ferramenta fundamental na formação e preparação para a vida das crianças e jovens, independentemente das suas vocações e escolhas profissionais. A cada momento vivenciamos a matemática. Não a podemos dispensar.
Ao longo da vida nas mais diversas situações o raciocínio matemático revela-se muito útil na equação de soluções e na resolução de problemas. A falta de exigência ou preparação no seu ensino, que não tem que equivaler à dificuldade na sua aprendizagem como tantas vezes se quer fazer crer, não permite que os alunos integrem na sua estrutura mental o raciocínio lógico da matemática.
Não é com facilidades na transmissão do conhecimento que vamos melhorar as competências na matemática. É pena que a matemática continue a ser vista como um “papão”! O esforço deveria ser dirigido para os métodos de ensino e para o acompanhamento escolar. É neste campo, e desde tenra idade, que deve ser feito o investimento na matemática. Os resultados dos exames podem esconder falta de conhecimento, porque tudo depende da relação que se estabelece entre os graus de exigência estabelecidos no ensino ao longo do tempo escolar e no momento das provas de aferição. Este é o aspecto relevante que merece aturada discussão mas longe, necessariamente, da época de exames!
domingo, 21 de junho de 2009
Coragem tardia!...
Fizeram bem os Economistas. Bem, mas demasiado tarde.
Uma boa parte deles, ainda não há muito tempo, entoava louvores à consolidação orçamental anunciada a cada passo pelo Governo, esquecendo ostensivamente que ela era feita, não pela redução da despesa pública, mas pelo aumento dos impostos. E, ainda mais grave, não se dando conta que a despesa corrente vinha sempre aumentando em termos nominais, em termos reais e em relação ao PIB. E, pior ainda, que o investimento público, também ao contrário do que o Governo dizia, vinha diminuindo ano após ano: em 2006, menos do que em 2005, em 2007, menos do que em 2006, e em 2008, menos do que em 2007. Muitos desses economistas, oligopolistas da opinião, com acesso livre e imediato à comunicação social, nunca o disseram no tempo devido.
Pelo contrário, também muitos deles manifestaram-se contra a política orçamental de Manuela Ferreira Leite que, contra ventos e marés, procurava sanear as contas públicas, sofrendo uma barragem de críticas que dificultou, e de que maneira, esse desiderato.
Mais valendo tarde do que nunca, fizeram bem os Economistas. Pena foi que não o tivessem feito antes. E precisassem do incentivo da derrota de Sócrates nas Europeias!...Falo de alguns, não falo, obviamente, de todos!...
As grandes pequenas coisas da vida...
Bandeira esfarrapada, povo esfarrapado...
Na manhã do solstício de verão acordo cercado por três pequeninos netos, os quais ficaram à guarda dos avós na sequência de um casamento realizado em Vilar Formoso. A idade dos avós, ou melhor, a idade dos netos obrigou-nos a recolher ao hotel mais cedo. Uma verdadeira "ramboia" que soube melhor do que continuar pela noite dentro.
Abro a janela e reparo estar a menos de cem metros da fronteira. Nada de especial. Mas de repente, naquela curiosidade de observar onde acaba o nosso país e começa o do vizinho, procuro os sinais da nossa identidade. No edifício da velha Alfandega, e gravado no granito, o nosso escudo. A escassos metros, num mastro de dimensão apreciável, vi a bandeira nacional, o que é correto, já que marca a nossa territorialidade e a nossa identidade. Não foi preciso muito tempo para ficar com a boca aberta. A bandeira nacional à entrada do nosso país estava esfarrapada. Nem queria acreditar e saí do hotel para confirmar que era verdade. Afinal não estava ensonado e nem o facto de o sol encadear qualquer um, impediu a minha observação.
A bandeira nacional está ali, precisamente à entrada do território, mal tratada como se fosse uma das muitas bandeiras que, patrioticamente muitos portugueses, abandonaram às intempéries e ao tempo, no decurso do “Europeu 2004”, e que ainda se consegue ver num ou noutro local.
Dada a sua localização, presumo que não é nenhuma iniciativa de algum “patriota futebolístico”, mas sim da responsabilidade das autoridades nacionais que fazem, de vez em quando, apelos ao respeito pelos símbolos nacionais, fiquei chocado com tão estranha atitude.
O que dirão os que nos visitam quando entram pela aquela porta? Que raio de povo é este que marca o seu território com uma bandeira esfarrapada? Só pode ser um povo esfarrapado! É capaz de ser isso mesmo...
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Bom e mau sobre carris
“O leite derramado dos brasileiros sobre Portugal”
Gripe H1N1 e profissionais de saúde.
Quem mais jura mais mente!...
Mais uma vez se verificou que o Governo não falou verdade, até mentiu despudoradamente, quanto às razões da diminuição do défice público.
O Governo criticou desesperadamente Manuela Ferreira Leite por, enquanto Ministra das Finanças, ter recorrido a receitas extraordinárias para diminuir o défice público. E jurou, e continua a jurar, que receitas extraordinárias, jamais!...Jurou, mas vem sistematicamente mentindo!... Aliás, fazendo jus ao provérbio que diz que "quem mais jura mais mente..."
Não se critica o recurso às receitas extraordinárias, pelo que evitam o aumento da dívida pública ou dos impostos. Critica-se, sim, a propalada promessa e mentira de não recorrer às mesmas.
Como mentira é dizer-se que a contenção do défice se deveu à diminuição da despesa. Pelo contrário, o Governo de Sócrates vem sempre aumentando a despesa pública, em termos nominais, em termos reais e em peso no PIB.
Ao contrário do que o Governo diz, a grande contribuição para a diminuição do défice foi o aumento da carga fiscal e as receitas extraordinárias.
Trabalhadores da Autoeuropa: um exemplo que foi sempre citado.
Ontem parece ter terminado este entendimento exemplar.
Agora vive-se a ansiedade e a angústia sobre o futuro, o futuro dos trabalhadores em situação de trabalho precário (e, provavelmente, não só destes...) e o futuro optimista que o grupo empresarial, ainda pouco mais de dois anos, tinha revelado quanto à criação de mais 3.000 postos de trabalho e da garantia de mais dez anos de produção em Palmela.
Assim terminam umas negociações, com os trabalhadores divididos e com as consequências que todas as faltas de entendimento acarretam: uma diminuição de confiança mútua, um clima já bem diferente, de ambas as partes, para futuras propostas de flexibilidade produtiva.
Vamos todos nós, Portugueses, lamentá-lo profundamente!
A longa espera pela redução das listas de espera...
Os portugueses continuam a morrer de cancro à espera de uma cirurgia. A espera é de 102 dias, contra os 14 dias internacionalmente recomendados na área da cirurgia oncológica. No global, em Dezembro de 2008, 175 mil doentes aguardavam por uma operação. Quem o afirma é o Observatório Português dos Sistemas de Saúde no Relatório da Primavera.
Continuo a não perceber porque é que os doentes que o SNS não tem condições para tratar em tempo normal não são encaminhados, por exemplo, para sistemas privados de saúde. As listas de espera para além de alimentarem o drama humano do sofrimento causado pela doença grave e pela sua perigosidade, em particular nas doenças em que a luta contra o tempo é vital, são geradoras de descriminação e de injustiça.
Darwin, arte e fogo.
Darwin não fez apenas revolução na ciência, mudou a forma de pensar e de analisar todos os problemas que atormentam e assediam constantemente a mente humana. Mas não ficou por aqui. Presumo que não há nenhum capítulo daquilo a que podemos chamar arte que não tenha sido influenciado pelo darwinismo. Romance, conto, poesia, filmes, novela, ficção científica, fantasia infantil, sátira, lírica, sonetos, comédia, música, escultura, pintura e sei lá que mais, não ficaram insensíveis às análises darwinianas. O impacto das suas descobertas impregnou o imaginário dos homens de cultura, muitos das quais acabaram por ser os principais reveladores dessas mensagens. Convém não esquecer que a arte é a forma mais expedita e correta para transmitir as grandes descobertas científicas.
Através da criação artística, qualquer um de nós acaba por assimilar o conceito que, de outro modo, muito dificilmente conseguiria penetrar na mente, acabando por fazer parte da essência do existir, marca de maturação da humanidade.
São inúmeras as exposições, as conferências e as iniciativas no segundo centenário do seu nascimento.
Algumas prendem-se com o impacto das teoria evolucionista nas artes visuais. Uma delas adotou como lema “Darwin e a arte”. Dentro da panóplia artística, um curto destaque para algumas das belas estatuetas de Degas, cujas faces traduzem a “expressão das emoções nos homens e nos animais”.
O registo das emoções é um dos alvos principais de qualquer artista seja através da visão, da música ou da escrita.
Não sei até que ponto houve ou não uma evolução condicionada pela arte. São vários os representantes da atividade criativa do homem desde os tempos mais remotos. Fala-se muito de evolução, mas quase sempre no sentido biológico. Resta saber se houve ou não algum impacto na esfera da arte e da espiritualidade. Às tantas até houve, mas é muito mais difícil encontrar objetivamente os artefactos dessa evolução e, sobretudo, os tão propalados elos perdidos. Do mesmo modo que falo dos efeitos da arte na evolução dos hominídeos, também poderia falar de outros aspetos que, curiosamente, e que eu saiba, não foi analisada por Darwin: o fogo.
Recentemente houve quem argumentasse e escrevesse que o fogo desempenhou um papel primordial na evolução, tão forte como a dita seleção natural. De facto, a maior, ou uma das maiores revoluções humanas, a domesticação do fogo, ocorrida há cerca de dois milhões de anos, permitiu ao homem dominar tudo e todos. O fogo alimenta, aquece, transforma, mata e salva.
As mudanças operadas na nossa fisiologia e no nosso cérebro devem muito à “culinária”. Não se sabe quem é que a inventou, se foram os homens ou as mulheres. Quem sabe se o que nos diferencia dos macacos não se deve à utilização do fogo? É curioso que o trabalho de certos antropologistas e naturalistas, caso de Claude Lévi-Strauss e de Darwin não tenham dado grande atenção ao fogo, como se os humanos pudessem passar bem ele. Claro que não! Sem o fogo não seríamos ninguém.
O fogo seduz, alimenta, purifica, mata, protege, aquece, salva, rejuvenesce. É símbolo de vida e de fertilidade. Adorado e odiado. Deus e demónio. Inspira poetas e assassinos. Deus fala através do fogo e os homens levaram muitos dos seus irmãos ao Seu encontro através das chamas.
Darwin não valorizou muito o fogo, mas o fogo valorizou muito o homem. Através do fogo o homem passou a alimentar-se de forma diferente, facto que condicionou a sua estrutura e funcionamento, nomeadamente o do cérebro. Com um cérebro maior, a apetência para outros alimentos tornou-se um imperativo, acabando por condicionar a sua evolução. No fundo, quase que se poderia reunir a uma dupla “culinária” com objetivos de alimentar o corpo e a alma. O primeiro através de alimentos cozinhados. A segunda com o fogo da criatividade e da imaginação.
Sem o fogo não somos nada...
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Gente fina é outra coisa!
Hoje vi que não estava o anúncio e lá encontrei outra cara nova ao balcão, desta vez uma jovem toda moderna, pouco mais de vinte anos, cabelos compridos e bem tratados, a roupa manifestamente desadequada porque podia ir dali direita à praia, mas enfim, fiquei a observá-la enquanto aguardava a minha vez para ser atendida porque a loja estava com bastantes clientes.
Eis senão quando a jovem recebe um recado da colega mais antiga, qualquer coisa sobre ir abrir os pacotes de revistas para arrumar nas prateleiras e a sua cara revelou logo uma nuvem muito negra. Virou-se brusca para a outra e disse, alto e bom som:
- Se é para carregar pesos, esquece, eu não ando na musculação, quem quiser que acarrete as caixas, arrumar posso arrumar mas alguém tem que trazer as caixas para aqui.
A outra ficou aflita a olhar à volta na esperança de não ter sido ouvida a resposta desabrida e sussurrou-lhe qualquer coisa que seria talvez a ameaça de que a patroa estaria a chegar e as coisas estavam por arrumar.
- Isso não é problema meu, disse a novata, até calha bem para ela perceber que eu não acarto pesos, se eu quisesse fazer esse esforço tinha ido trabalhar para as obras!
E continuou a atender os clientes, com gestos de mau humor, a resmungar para ela que “era só o que faltava…”
Suspeito que dentro de dias estará de novo o anúncio…e a estatística do desemprego subiu um número.
A arte de bem desbaratar capital político a toda a sela
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Variações
Responsabilização injusta
Vai uma ajudinha?
Um exame mais à séria?
terça-feira, 16 de junho de 2009
Nem turista escapa!
Recorrer ao transcendente!...
O Benfica lá arranjou treinador!...
Nos momentos muito difíceis, acaba sempre por se recorrer ao transcendente!...
Momentos de fra(n)queza
A súbita moderação de um animal feroz
segunda-feira, 15 de junho de 2009
No bom caminho!...
Vem aí um novo diploma das Carreiras Médicas
Os Sindicatos estão contentes, a Ministra parece que também.
O Governo sente que ganhou "pontos", a três meses de eleições e argumenta com uma filosofia que me parece "higiénica": a de impor um regime uniforme de incompatibilidades e, portanto, de exclusividade...ou trabalham no sector público, ou trabalham no sector privado.
Só que este acordo foi assinado na base de um horário de trabalho, a tempo inteiro, de 35h. e não de 40h., como parece que a Ministra quereria e como acontece nos actuais contratos individuais de trabalho dos clínicos.
Portanto, a partir da nova legislação, a negociação passa a ser feita por contratação colectiva, como para os demais trabalhadores da função pública.
Acima das 35h. tudo será extra!
Como os médicos fazem um banco por semana de 12h.(que, na prática é de 24h.) sobra muito pouco para trabalhar dentro do horário-base...ou seja, vai haver muita hora extra a pagar!!!
Será que o Governo avaliou, mesmo que "ó de leve", o impacto financeiro adicional desta medida?
Será que o Ministério das Finanças já deu por isto?
Será que o diploma vai mesmo passar em Conselho de Ministros sem que ninguém faça contas?
Será que as PPP's vão aplicar este regime?
Cá estaremos para vêr, provavelmente já na próxima semana.
Acidente na ponte
Junta-se mais gente. O ex-militar, de t-shirt vermelha, óculos escuros, cabelo à escovinha e pochete, aproxima-se mas não em demasia, e, a meio da ponte começa a fazer uma análise tipo estratégia militar. Coça a cabeça, afaga o bandulho, passa de um lado para outro, aproxima-se um pouco mais, recua, enfim, parece que está a recolher todos os elementos. Já tem matéria para à noite conversar. Parece que não é preciso chegar à noite, porque com a chegada de mais pessoas, já começou a dar explicações sobre o sucedido e aparentemente – basta ver os gestos – com minudências exclusivas de quem não viu o que se passou!
Eis que chega a autoridade num jipe. Saem dois agentes, um mais novo, outro de mais idade, suficientemente barrigudo para ser obrigado militarmente a fazer dieta e exercício. Armados do bloco de notas, fita métrica, tomam as diligências necessárias para elaborar o inquérito.
Mais gente. O carniceiro, de bata branca e suja, e que deve bater o perímetro abdominal de qualquer um nas redondezas lá se foi inteirar do sucedido. Mais pessoas de todas as idades e de ambos os sexos. Uma pequena festividade. Nenhum deles assistiu ao quer que fosse, mas já tinham começado a tomar partido e a atribuir culpas a um dos dois. Um encanto. Mais gente. Começo a contar. Duas dezenas de pessoas naquela pequenina e estreita ponte! Nem no dia anterior, aquando da passagem da procissão do Corpo de Deus, conseguiu albergar tantas pessoas ao mesmo tempo. E a procissão foi mesmo comprida! Ainda vamos ter um pôr-do-sol mais festivo do que a festa prometida para daí a algumas horas. O ex-militar continua a dissertar. Nem mesmo as gotas dispersadas pelo vento do repuxo maior da ribeira conseguiram impedi-lo de dar as explicações a todos que entretanto continuavam a chegar. Há quem comente a disposição daqueles pinos que limitam a via naquele espaço. São críticas de quem deve ser oposicionista ao presidente da câmara. E ainda não começou a campanha eleitoral para as autárquicas!
Afinal, o GNR barrigudo também fuma. Penso: - O gajo ainda se lixa! E pelo convite de um dos mirones a perguntar-lhe se vai uma cervejita, a minha hipótese ficou reforçada: - Mais um fator de risco!
Na loja ao lado, primorosamente cognominada “Sonhos de Anjos” – nem sabia que os anjos sonhavam! -, quatro senhoras, três das quais sentadas num banco em frente da montra, e ladeada por representantes very kitsch de um leão de madeira e duas estátuas “vindas diretamente da Tailândia”, conversavam alheias ao acidente. A conversa devia focar outros acidentes mais apetitosos, decerto!
Na velhinha ponte, reconstruída em 1735 e restaurada em 1926, agora atulhada de gente, ouvia-se a voz irritada da jovem que protestava veemente. Ao fundo, a torre da igreja, prestes a dar as sete da tarde, linda, brilhante, soberana, dominava todo o enquadramento da praça do município. Atrás de mim, na esplanada, uma senhora empunhava a sua máquina digital, preparando-se para registar o mais relevante acontecimento da ponte, precisamente durante ponte entre o Corpo de Deus e o Santo António. Dois turistas, sim, porque para aquelas bandas também aparecem, alheios ao acidente e à multidão emborcavam cervejas atrás de cervejas fazendo jus às suas características e timbre. No meio disto tudo, pus-me a pensar quem é que iria ganhar a questão do acidente, se a jovem ou o rapaz de cabelo encaracolado.
Às oito fui para o arraial, jantar com os amigos e fazer conversa de aldeia, quando deparei com uma aglomeração de formigas em redor de algo esbranquiçado. Eram tantas que mais parecia uma pequena mancha negra no lajedo do granito claro. Pensei: - hum não me parece que tenha havido aqui algum acidente! Não, era apenas trabalho e oportunidade para levar para casa o açucarzito que alguém deverá ter lançado ao chão. Já o lusco-fusco se tinha instalado quando, em cima da ribeira, não muito afastado das mesas do repasto, deparei com um rodopiar curioso que me chamou a atenção. Milhares de mosquitos dançavam freneticamente. Uma nuvem que conseguia faiscar, ainda que muito discretamente, sob a ação dos últimos raios da luz. Devia ser a sua hora de recreio e de alimentação a que consegui furtar, não fossem mosquitos fêmeas!
Não há dúvida, a necessidade de alimentar leva a que os representantes de muitas espécies se juntem e se ajudem mutuamente, mas os seres humanos têm uma fome muito diferente. E compreende-se! Alimentar a curiosidade é muito mais forte do que qualquer outra coisa...
Discriminação
Nos tempos que correm, caracterizado por elevada competição de natureza intelectual, todos aqueles que apresentem quaisquer limitações nesta esfera sofrem o efeito de uma segregação que tem sido alvo de medidas e de campanhas destinadas a permitir, com base no princípio de igualdade entre os seres humanos, os mesmos direitos e oportunidades. Os portadores desta anomalia cromossómica também têm esses direitos, se bem que, hoje em dia, possam ser eliminados durante a gestação.
Recordo ter lido uma nova interpretação da trissomia 21 que, em tempos, poderá ter jogado um papel protetor. Passo a esclarecer, transcrevendo o que escrevi nessa época: “Os traços fenotípicos deste grupo de pessoas permitiriam uma relativa independência face ao investimento maternal e daqui uma maior incidência à medida que as mulheres envelhecem. Havendo uma redução da probabilidade de sobrevivência das mães em idades mais avançadas, a possibilidade de as crianças poderem vingar seria maior neste grupo, porque são mais eficientes em matéria de conservação energética (hipotonia muscular, diminuição do metabolismo cerebral, diminuição do volume do hipocampo, maior propensão para a obesidade, atividade reduzida das hormonas da tiroide e do crescimento)”.
Ou seja, na proto-humanidade, deverá ter desempenhado algum fenómeno adaptativo. Presentemente a força da evolução faz-se noutras áreas, tornando-os mais vulneráveis e vítimas de discriminação e até de segregação.
Recordei-me desta análise ao ser confrontado com uma notícia segundo a qual, numa pequena povoação a norte de Barcelona, o pároco recusa ministrar a eucaristia a uma menina com a síndroma de Down, alegando que não está em condições. Além do mais, argumenta que se trata de “um anjo de Deus”, que não pecava e, por isso, não necessita de se purificar. Não querendo intrometer com o significado deste sacramento, a comunhão, que parece não estar totalmente esclarecida, e por isso continua em discussão desde o Concílio Vaticano II, não posso deixar de considerar a atitude do pároco como uma medida de discriminação, neste caso, religiosa. Se os trissómicos 21 são ou não anjos, não sei, mas tenho muitas dúvidas se haverá anjos e se os houver se haja um que sofra da síndroma de Down. Adiante. Os familiares da menina comunicaram-lhe que iriam procurar outro padre, mas o de Teià, nome da povoação, assegurou-lhes que pressionaria quaisquer outros padres para que a menina não fosse admitida. Quase que me apetecia dizer aos pais que fossem à minha terra. Estou certo que o pároco não se importaria. Digo isto, por causa de um episódio que me contou um familiar. Um dia, na missa, um jovem com a síndroma de Down foi comungar. Voltou ao seu lugar, mas por motivos óbvios, a hóstia colou-se ao palato. Incapaz de resolver a situação colocou o dedo na boca e tantas voltas deu que conseguiu resolver o problema. Foi mesmo uma luta que deu nas vistas. Quando terminou, olhou para o lado e disse: - Colou-se ao céu-da-boca e não conseguia tirá-la. Mas agora já está! E sorriu. Com um sorriso de anjo...