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sexta-feira, 19 de março de 2010

No Dia do Pai


...Do berço, segue-me os passos
Onde eu vou, seus olhos vão…
E quando o aperto nos braços
Abraço o meu coração.
...
Dorme, dorme, meu menino,
Foi-se o sol. Nasceu a lua.
Qual será o teu destino?
Que sorte será a tua?…

Riquezas tenhas tão grandes,
E tal bondade também,
Que ao redor donde tu andes
Não fique pobre ninguém.
Que a todos chegue a ventura:
Toda a boca tenha pão,
Toda a nudez cobertura,
Toda a dor, consolação…

Dorme, dorme, meu menino,
Foi-se o sol. Nasceu a lua.
Qual será o teu destino?
Que sorte será a tua?…

Bate as asas, mas ao voares
Não me apagues esta estrela.
Se alguém de aqui precisares,
Aqui me tens, em vez dela.
...
Augusto Gil, excerto do poema Dorme, Dorme, meu Menino, do livro Luar de Janeiro

29 comentários:

jotaC disse...

Caro Drº Pinho Cardão:
É difícil exprimir em palavras o meu sentir; digo-lhe apenas que gostei de tudo, e sobremaneira apreciei a fina sensibilidade que este post revela. Obrigado.

Carlos Monteiro disse...

E para quando uns versos do Alegre aqui no 4-R, caro Pinho Cardão??

:)

Catarina disse...

Que ternura de foto. Reconheci de imediato o poema porque gosto muito de Augusto Gil e acrescentarei que… antes de chegar ao fim, sabia que este seria um post do caro Pinho Cardão!
Feliz Dia do Pai!
Alegre, hein?!

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Dr. Pinho Cardão
Simplesmente muito bonito!

Suzana Toscano disse...

É isso, um pai é uma estrela que nunca se apaga.

Pinho Cardão disse...

Caros jotaC, Catarina e Margarida:

De facto, os versos de Augusto Gil são lindos e comoventes

Caro CMonteiro:
Não gosto das ideias do M.Alegre político, mas gosto muito da poesia do M.Alegre poeta.
Um dia destes, em ocasião apropriada, aqui irão uns versos do poeta.

Cara Suzana: Diz muito bem, muíssimo bem!...

Pedro disse...
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Catarina disse...

Caro Paulo! Caro Paulo!
Leia alguns estudos já realizados sobre filhos adoptados (ou não) por estas famílias e talvez se surpreenda com o resultado. São tão felizes como os filhos das famílias tradicionais – posto em termos muito simples. Haveria muito mais a dizer sobre o assunto...

Pedro disse...
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Catarina disse...

Mas que comparação, Paulo! Temos agora interesses petrolíferos (em sentido figurado) nesta questão?
Se os adultos fossem tolerantes e transmitissem a tolerância e a aceitação das diferenças aos seus filhos, nada disso aconteceria.

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Catarina disse...

Os estudos são baseados em factos concretos e não são intelectualizados, pelo menos eu não os considero assim.
“A parte mais fraca” ou seja a criança – no seu entender – não está a ser protegida por duas pessoas homossexuais? Estas pessoas foram destituidas de sentimentos maternais/paternais? É isso que quer dizer?
Se a criança que teve a infelicidade de perder uma perna for acarinhada, respeitada, apoiada ao longo da sua vida de forma a superar essa e outras situações infelizes que lhe estão destinadas, essa criança tornar-se-á num adulto compreensivo, tolerante, forte e lutador. Se, porém, alguns membros da sociedade onde está inserido forem cruéis.. aí, sim, terá mais dificuldade.
Olhemos em nosso redor. Olhemos para as famílias tradicionais: mãe do género feminino e pai do género masculino onde reina o desentendimento, a violência doméstica, os preconceitos ridículos, a permissividade e até promiscuidade... e olhemos para os seus filhos.
Não existem pessoas ou situações perfeitas, desnecessário será afirmar. Os filhos, na maioria das vezes, são um reflexo do que se passa em casa. Tornar-se-ão esses filhos homossexuais? Não sei. Talvez sim e talvez não.
E a propósito de preconceitos. Li há pouco tempo sobre este caso. A casa de uma família americana tinha sido assaltada. Um dos filhos (de 7 ou 8 anos) conseguiu esconder-se e telefonar para a polícia. A polícia chegou, apreendeu os assaltantes que estavam munidos de armas e a família não sofreu lesões físicas (das psicológicas nem se fala...). O miúdo conseguiu explicar com pormenor o que tinha acontecido. Mas quando lhe perguntaram a cor dos assaltantes, o rapazinho não se recordava!

Pedro disse...
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Catarina disse...

Um momento…
Talvez não tivesse interpretado bem o seu escrito. Isso de cortar pernas e amor não conciliam.. Volto já!

Catarina disse...

Paulo, de certo tem mais que fazer do que continuar a debater esta questão comigo. Mas vou só dizer o seguinte. Pelo que entendo esse foi um caso que foi noticiado. Não li a notícia. Mas para o caso não interessa. Essa tal “perna cortada” é uma metáfora que se refere à falta da pessoa que “é gigante”, “mete medo”, “é um porto de abrigo” e tem “barba que pica”, portanto, o pai, segundo a sua definição! Foi assim que eu entendi desde o início. Estou correcta? Caso afirmativo vou continuar. No meu seio familiar, eu também sou “gigante”, sou “porto de abrigo”, “não meto medo” e não tenho “barba que pica”. Compreendo que há sempre portos de abrigo para diferentes situações difíceis. Dependendo das situações, pois algumas vezes os meus filhos aproximar-se-ão primeiro do pai ou de mim, ou de ambos.
Porém, tenho a certeza que numa família monoparental harmoniosa e compreensiva, os filhos podem ter uma vida normal.
Agora essa do egoísmo suscitará outro debate. Por que razão as famílias tradicionais têm filhos? Poderá haver várias razões: religiosas, etc etc e egoístas também. Já li estudos em que era feita essa afirmação. As famílias tinham filhos para que, quando fossem idosos, terem alguém que cuidassem de si ou porque necessitam de transmitir o seu carinho, o seu amor, ou porque têm necessidade de sentir que são precisas e por aí além. Não tenho formação nesta área para afirmar isto ou aquilo como verdadeiro. Tenho apenas as minhas opiniões.
E, como sempre, foi um prazer falar consigo. Como se costuma dizer: o Paulo fica com a sua e eu com a minha! : )

Catarina disse...

Caro Paulo,
Esqueci-me de lhe dizer. Aqui estarei a aguardar o seu comentário no Dia da Mãe! : ) : )

Pedro disse...
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Catarina disse...

Caro Paulo,
Compreendo qual é a sua opinião sobre o assunto. E o que eu tenho tentado dizer é que: não há situações perfeitas, nem nas famílias intactas, nem nas monoparentais, nem nas famílias recompostas nem nas de duas mães ou nas de dois pais. E digo também que não é devido a uma orientação sexual diferente da nossa que vai destituir as pessoas de terem a capacidade de serem boas mães ou bons pais. Cinquenta por cento dos casais divorciam-se hoje em dia. A maior parte deles não conseguem ter um relacionamento amistoso com o ex-conjuge o que afecta negativamente os filhos. Nem sempre eles (os filhos) têm “modelos exemplares” nos seus pais. É evidente que o lar perfeito para a criança seria um bom pai, uma boa mãe, harmonia constante, amor, carinho.. mas isso não está a acontecer.
Se “nós” tivessemos vivido num ambiente sem preconceitos e mais tolerante, os nossos filhos também não teriam preconceitos, seriam mais tolerantes e quando conhecessem na escola um menino ou uma menina com dois pais ou duas mães, nem lhes passaria pela cabeça fazer os tais comentários cruéis dirigidos a colegas que têm um ambiente diferente do deles. E digo mais, estes “casais” ou melhor os seus filhos deveriam ter os mesmo direitos que os nossos em termos de subsídios ou o que quer que seja.
Há órfãos – de pai e mãe – que se tornam adultos conscientes, honestos, íntegros e que conseguem alcançar a felicidade tal como qualquer outra pessoa que teve sempre mãe e pai até ter 60 ou mais anos.
Sei que me estou a repetir e por isso vou parar por aqui. Tenho pena que as pessoas que decidiram tomar outro rumo ainda estejam, no século XXI, sujeitas a descriminações, a olhares furtivos, a interpretações erradas quando na realidade, tal como nós, seguem um código de conduta apropriado, obedecem às leis como todos, riem, choram, amam, têm sonhos... sonhos de ter filhos. Egoístas? E nós?

Catarina disse...

Caro Pinho Cardão, obrigada por este post que suscitou uma conversa interessante. Aproveito para lhe dizer que... bem... melhores tempos virão para os azuis. Por que razão quando alguém ganha outro tem que perder?!!!!

Pinho Cardão disse...

Nem sempre, cara Catarina. Por vezes ganha-se, mesmo perdendo. Desde que se aprenda a lição.

Catarina disse...

Concordo.

Pedro disse...
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Pedro disse...
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Catarina disse...

Argumento bem português, caro Paulo? Quem é aqui o intolerante?
Boa semana de trabalho!

Catarina disse...

E não falámos nos milhões de crianças que vivem em orfanatos espalhados por esse mundo. Esta será mais uma oportunidade para algumas, finalmente, terem a oportunidade de viver/pertencer a uma família.

Pedro disse...
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Catarina disse...

Saio do debate. Não tenho mais nada a acrescentar uma vez que não estou a tentar “impingir” as minhas ideias. Temos dois pontos de vista diferentes. Não sou detentora da verdade absoluta. Mas já agora... just for argument sake:
Há uma criança (menino ou menina) que está à espera de ser adoptada – imagine algures num país paupérrimo.
E temos dois casais que querem adoptar. Depois de ambos terem sido avaliados, investigados, etc etc chegou-se à seguinte conclusão:
Casal “A” – homem e mulher; tem meios financeiros para criarem uma criança; mau ambiente familiar; violência doméstica.
Casal “B” - duas mulheres; tem meios financeiros para criarem uma criança; ambiente harmonioso;
Se dependesse do Paulo, a quem permitiria adoptar essa criança?
Atenção: esta criança, para que possa sobreviver e não correr o risco de morrer à fome deve ser adoptada. Os orfanatos naquele país são quase inexistentes e os que existem não têm as mínimas condições de albergar mais crianças.

Pedro disse...
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Catarina disse...

Acho que estamos de parabéns. Conseguimos debater sem ofender!!! : )
E sem mediador. Muitos políticos não se poderão exaltar do mesmo.
Cumprimentos.