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segunda-feira, 15 de março de 2010

A insustentável moção do PSD

Não é tolerável, é mesmo condenável, o teor da proposta aprovada no Congresso do PSD que proíbe a crítica ao Presidente do Partido, mesmo que dois meses antes das Campanhas Eleitorais.
O PSD foi um Partido de homens e mulheres livres, das profissões liberais, que fazem da qualidade de trabalho o factor de sucesso, de agricultores e empresários, em que o risco da actividade está sempre presente, de gestores e de empregados por conta de outrem, entidades privadas ou o Estado, mas que reconhecem o valor da livre iniciativa e do mérito. Um Partido que concitou o entusiasmo de jovens de todas as idades que, através dele, procurou, antes de tudo, servir o país.
Gente de têmpera que fez o Partido, criticou dirigentes, foi coerente com as críticas, por elas abandonou o Partido. De gente que, por razão das causas que defendia, criou rupturas, por duas vezes constituiu Grupos Parlamentares independentes, e que regressou quando as condições se modificaram.
Nada disso enfraqueceu o Partido, antes o depurou e revigorou, e tornou-o capaz de, unido, ganhar eleições, legislativas, europeias e autárquicas, com maioria relativa ou absoluta, e prestar serviços assinaláveis ao país.
As lideranças fortes surgem, crescem e impõem-se, com as críticas e apesar delas.
E se as críticas subvertem a liderança é porque a liderança se desgastou ou tornou débil.
Com a aprovação de tal moção, os Delegados ao Congresso mostraram que estão longe da raça dos militantes que criaram e fizeram do PSD o maior Partido português. O PSD não foi, não é, e não terá longa vida se se tornar um Partido de funcionários atentos e veneradores do Chefe.
Ainda bem que há candidatos a líderes que se demarcaram de tal moção.
Eu, do PSD me confesso.

10 comentários:

Francisco disse...

Parece-me que a pergunta é: porquê?
E na resposta suspeito que se vai ver o reflexo de muitas das escolhas que se fizeram no último ano.

Tonibler disse...

"Com a aprovação de tal moção, os Delegados ao Congresso mostraram que estão longe da raça dos militantes que criaram e fizeram do PSD o maior Partido português"

Ainda tinha dúvidas, caro Pinho Cardão? Mesmo depois dos posts de antologia do mercado de tempo nos congressos que fez há uns tempos?

Carlos Monteiro disse...

Se não me falha o conhecimento do que sei sobre o PSD, não foi sempre assim já desde Sá Carneiro, que fez com que muitas vozes discordantes e muita gente com valor abandonasse o PSD?

Suzana Toscano disse...

O PSD tem uma estrutura basista, não é formado a partir de círculos de amigos, de clubes, de escolas ou de grupos que se identificam pela mesma vivência no passado. É um partido insubordinado por natureza que se une a um chefe quando está no poder ou quando a conquista do poder é uma perspectiva real. Até lá, discute, discute, discute, zanga-se e ajusta contas, mas o que agrega é fundamental e está sempre presente, por muito diferentes que sejam os protagonistas.É natural que tantos anos de oposição cause dúvidas, impaciência e sobretudo leve a cometer erros. Mas duvido muito e espero que nunca o PSD seja um rebanho de carneirinhos bem afinados, com medo de discordar seja de quem for e aceite imposições de quando e onde deve falar senão...Os verdadeiros lideres do PSD devem saber conviver com isso, em vez de se declararem ofendidos, e também não devem permitir que outros partidos nos queiram impôr os seus modelos de convivência, como se só houvesse uma forma standard se organizar e agir.O triste episódio da norma, muito bem aproveitado mediaticamente, o que foi muito bem feito porque foi tolo, foi um ajuste de contas, a meu ver. Que ficasse escrito que nunca mais ninguém poderia sofrer as agruras dos que se sentiram enfraquecidos pelas críticas internas, assim como quem diz: se não fosse isso!e que ficasse para a história esse grito de revolta. Foi um erro infantil, um gesto de fraqueza, como todos os que resultam de se querer impor pela lei o que não é a lei que deve ou pode ditar nem controlar. Mas que deve ser muito duro ser lider deste Partido, isso deve, essa é também a nossa força e a exigência de um enorme conjunto de lutadores inquietos, que não se conformam.

Anónimo disse...

Infantilidade, sim. Mas a que não pode atribuir-se o alcance que se pretende dar ao disparate.
Na minha opinião - fruto da observação de quem não sente as angústias da vida partidária - convém que as elites do PSD não apouquem, contudo, o significado do disparate, deste e de muitos outros que no passado se vêm sucedendo e que são uma das causas da incapacidade revelada de o PSD se assumir como alternativa efectiva a um amachucado PS e obstar ao crescimento do partido à sua direita.
Mas convém que remido o pecado com o conveniente mea culpa colectivo, não deixar que o PS se aproveite deste triste episódio (que nenhum estado de alma pode justificar, Suzana...)para desviar as atenções, procurando centrar nele o essencial do debate e do combate político. Se existe razão para a unidade de quem milita ou simpatiza com o PSD é esta, a de não permitir que sejam os traumas da vida partidária de uma grande formação política como é o PSD, a substituir-se à discussão sobre as responsabilidades de quem governa. Tenho esperança de que sobre inteligência para que, neste momento de recomposição das suas elites dirigentes, o PSD não se deixe cair nessa armadilha, aliás fácil de detectar.

Monchique disse...

Diz o meu amigo que os candidatos se puseram de fora sobre este assunto dos estatutos. Estive lá no congresso e não vi nenhum a dizer NÂO, bem pelo contrário. E na verdade o que acontece é que os castigos já estão em vigor dentro do nosso Partido e muito bem.

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lusitânea disse...

Portanto o PS pode mandar para o PSD uma espécie de "verdes" e teleguiá-los em momentos eleitorais decisivos...como se tem até visto recentemente.Digo isto eu que nem sequer sou filiado...

Pinho Cardão disse...

Caro Francisco:
Creio que justifica bem o "porquê".

Caro Tonibler:
Temos sempre esperança, caro Tonibler...E desvanecido fico por ainda se lembrar desses posts, que têm anos...

Caro CMonteiro:
A história do PSD não é de unanimismos. Sá Carneiro saiu e reentrou, Mota Pinto saiu e reentrou, Barbosa de Melo saiu e reentrou, Marcelo quase que saiu e fundou uma "tendência", houve a ASDI, de Magalhães Mota e outros, tudo isso ajudou o partido a identificar-se e a crescer. As críticas geraram crises, mas as crises acabaram por gerar líderes fortes. Mais tarde ou mais cedo é o que irá acontecer de novo.

Cara Suzana:
De acordo com a minha amiga. Uma asneirola tola.

Caro Ferreira de Almeida:
Claro que logo veio o tradicional oportunismo político do PS. A tal "proibição" de criticar nada tem a ver com os ridículos fantasmas que o PS levantou. Essa "proibição" é apenas uma mera questão interna, uma má opção; como tal, apenas atenta contra o PSD e a sua dinâmica.

Caro A:
De facto, não estive no Congresso e apenas sei o que li e ouvi, através da comunicação social. E aí ouvi alguns candidatos demarcarem-se. Se o fizeram ou não perante os Congressistas, pois não sei.

Pinho Cardão disse...

Caro Paulo:
Se essas disposições genéricas já existiam, maior é a tolice.
Tolice gratuita e prejudicial.
No fim, o autor acabou por ganhar mais uns tempinhos de antena. Missão cumprida!...

Caro Lusitânea:

Teoria da conspiração?
Não acredito que o PS esteja assim tão bem organizado!...