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quinta-feira, 11 de março de 2010

"Números do INE não são simpáticos" - Teixeira dos Santos

"Confirmamos uma quebra de 2,7% em relação a 2008 e constatamos assim que a economia portuguesa é das que menos se contraiu em 2009", declarou o sr. ministro das finanças perante os resultados sobre a evolução da economia hoje divulgados pelo INE que contraditoriamente com este comentário admitiu não serem "simpáticos".
Tempos houve em que eu julgava que as declarações do governo sobre a sucessão de maus resultados da economia tinham por intenção, discutível mas compreensível, não agravar o clima de pessimismo colectivo. Hoje, perante reacções como a que se transcreve, é inevitável que o mais crédulo nas capacidades deste governo não entenda que se trata de caso grave de autismo do responsável pelas finanças e de todo o governo.
É óbvio que estão a falhar as medidas de política ensaiadas para combate à crise ; é evidente que os estímulos à economia não a reanimaram; e entra pelos olhos dentro que esta economia só se contrai menos do que as demais porque se vai rarefazendo a margem de contração atenta a galopante debilidade do aparelho produtivo nacional.
O Engº Sócrates sempre justificou com números os alegados sucessos da governação. Apostei que mais tarde ou mais cedo seriam os números a condenar o governo a um fim antecipado. Bingo?
.
E.T. - Quem olha para a facies que o Doutor Teixeira dos Santos exibe nos últimos dias não pode deixar de notar, mais do que preocupação, o enorme desgaste que em parte não me admiraria resultar do acumular de insucessos. Dirão alguns que o esforço de se manter ao leme apesar do sofrimento patente é estóico porque o ministro é patriota e não abandona o barco na situação de dificuldade em que se encontra. Mas o patriotismo não deveria levar a recrutar timoneiro capaz de encontrar novo rumo e salvar a embarcação? Para além de se aliviar o sacrifício do ministro, acendia-se uma luzinha de esperança neste País que já nem energia tem para se contraír...

6 comentários:

SC disse...

Caro Ferreira de Almeida,
Estou consigo quanto às preocupações com o nosso país.
Mas não quanto às conclusões ÓBVIAS que tirou sobre a economia.
E estes dados estatísticos até não são nada inesperados, já se sabia.
Agora, a partir do dado de que a economia contraiu em 2009 2,7%, tirar conclusões quanto ao efeito dos estímulos é abusivo. Não sei se a anemia é persistente nem se os estímulos funcionaram ou não. Mas gostava de saber, até porque tem havido notícias com base em números do Eurostat que indiciam uma saida da crise comparativa razoável. Será verdade?
Agora quanto aos facies estou completamente de acordo,não são nada inspiradores, sente-se o frete, em todos!
Mas não basta pedir que saiam, e quem vai para lá?
É que, nestas condições, e tendo em conta as circunstâncias que levaram a esta Assembleia, não é possível responsabilizá-la por uma solução governativa. Ninguém com algum sentido de responsabilidade pode pensar que é capaz constituir um governo que possa funcionar.
Por isso, o PSD que arrange rápido um comandante para se ir a eleições já.
Por muito que custe ao PR (e a muita gente), tem que ser. Os interesses do País têm de estar à frente dos seus interesses pessoais de CS. A sua reeleição ou não não é o importante para o país. O importante é que se arrange uma Assembleia que possa ser responsabilizada por uma solução governativa.

Tonibler disse...

Caro JMFA,

Dane-se o Teixeira dos Santos! Quantas e quantas pessoas disseram, ao longo de anos, que ele estava a meter os pés? Que o que ele estava a fazer não só estava errado como estava profundamente errado. Agora que estamos num buraco em que a política seguida só agrava mais a situação, é que ele está com um ar cansadinho? Dane-se!

E já agora, quem é que se está a preocupar com os alunos a quem ele ensina que esta política é que está correcta?

Tremoço disse...

Caro JMFA,

O sr. Teixeira dos Santos tem neste momento um único objectivo, contentar-se com pocuo e não ser o último da cauda perante 3ºs.

A frase do Sr. Ministro das finanças,demonstra que contra factos não existem argumentos e perante isto a sua incapacidade para os resolver.


Relativamente aos alunos, creio que o TS ensina de uma forma diferente, por causa da avaliação de desempenho!

Obrigado

LPereira disse...

De facto os números estão aquém do esperado e nota-se que houve algum insucesso das políticas (principalmente os milhões que a torneira deitou e ninguém os vê aplicado em lado nenhum). Mas, parece-me muito precipitado atirar já a toalha ao chão. Os agentes económicos não precisam de pessimismos, a fazer lembrar o episódio do velho do Restelo, e muito menos do anúncio do fim do Governo. Então aí, é que estava o caldo entornado. Os investidores a fugir às léguas e a instabilidade política, rapidamente se alastraria ao plano económico e social. Julgo que deve encarar o futuro com optimismo e o que se procura são soluções e o contributo de todos, principalmente de quem está no poder. Aliás, se eles foram eleitos, foi para alguma coisa.
Quanto a José Sócrates, o mesmo pavoneio de sempre: injusto, escusado e irritante.
Mas como em tudo na vida, é necessário separar o trigo do joio .

Anónimo disse...

Meu caros,
Compreendo os pontos de vista antes expressos e não me custa concordar, por exemplo, com o que escreveu SC.
Não me parece, no entanto, exagerado (ou abusivo como ele comenta) considerar mal sucedidas as políticas de estímulo e de combate à crise. Antes fosse exagerado.
Repare-se que não são só os números hoje revelados que parecem apontar para que a esperada reanimação não é para já, como foi repetidamente vaticinado pelo ministro. É a persistência dos maus resultados que desmentem a ideia antes propalada de que os resultados revelavam uma tendência de saída da crise. Note-se que foi também divulgado que diminuiu fortemente a produtividade, e ao que leio não são esperançosos os dados sobre o investimento.
Agravando-se as condições de incompetitvidade, não se justificaria uma chicotada psicológica para que alguma coisa mudasse e não caminhássemos neste caminho onde não é fácil manter a esperança e o otimismo?
Acompanho o LPereira quando comenta que os agentes económicos não necessitam de pessimismos. Mas pergunto-me também se muitos deles não têm contribuído para o clima exigindo do Estado - i.e. da comunidade - o que é susposto que numa economia de mercado resulte da livre iniciativa.
É certo que a excessiva presença do Estado asfixia, e esse excesso torna demasiado importantes aos políticas de estímulo ao crescimento. Mas espanta-me como alguns ao mesmo tempo que reclamam por mais liberdade económica, não prescindem da muleta do poder público e não estão dispostos a correr quaisquer riscos, sendo também eles responsáveis pela avolumar das desconfianças.

Pinho Cardão disse...

O Ministro das Finanças, por acção ou omissão, tem enormes responsabilidades na situação.
Campos e Cunha demitiu-se por não concordar com a política do Governo. Teixeira dos Santos sempre a defendeu. Sempre promoveu e deu a cara por políticas públicas erradas, política orçamental errada, política fiscal errada, política económica errada, política de comunicação errada.
Sempre o dissemos aqui no Quarta República.
Teixeira dos Santos é um dos grandes responsáveis por uma linha de montagem de políticas que só poderiam produzir um produto estragado. Tomou consciência disso?
Seria bom...mas, a avaliar pelo passado, não estou optimista...