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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Giralt, o Robin Hood da banca espanhola

1.Ao ler o último (interessantíssimo) Post da Suzana Toscano, “The Shrinking Man”, ocorreu-me referir aqui uma história muitíssimo curiosa, real e actual, que encontrei na edição inglesa do El País de 19 de Novembro último, a propósito do início do julgamento de um Robin Hood da banca espanhola.
2.Trata-se de um cidadão espanhol-catalão, Eric Duran Giralt, que alegadamente, entre 2006 e 2008, terá burlado nada menos que 38 bancos em Espanha, conseguindo obter empréstimos e utilizar fundos com cartões de crédito/débito, sem qualquer intenção de os reembolsar.
3.Mas o mais curioso é que Giralt confessou e justificou o seu comportamento, dizendo nomeadamente que “quando em 2008 solicitei um cartão de crédito ao BBVA, muitos milhares de famílias encontravam-se já sobre-endividadas. Os bancos sabiam disso mas continuaram a oferecer às pessoas facilidades de crédito conscientes de que essas mesmas pessoas não iriam ser capazes de pagar”.
4.Em 2 anos, Giralt conseguiu sacar cerca de € 500.000 em empréstimos e saques com cartão, confessadamente como forma de protesto contra aquilo que apelida de “especulação financeira”, tendo ido ao ponto de utilizar uma boa parte dos fundos sacados no financiamento da edição de uma revista, que distribuiu profusamente, chamada CRISE, na qual explicou detalhadamente o esquema utilizado para “alavancar” todo aquele dinheiro...
5. Giralt começou a ser julgado em meados de Novembro, depois de uma rocambolesca fuga para a América Latina e um regresso forçado a Espanha, numa acção cível que lhe foi movida pelo BBVA por utilização irregular de um cartão de débito/crédito, com o qual foi efectuando sucessivos levantamentos diários de € 1.500 quando o limite contratual da facilidade era de € 600.
6.Giralt enfrenta dezenas de outras acções cíveis, movidas por diversos bancos credores, os quais provavelmente não conseguirão recuperar um simples Euro pois Giralt, o Robin Hood, está completamente insolvente! Mas conquistou grande simpatia junto da opinião pública em Espanha...
7.E por cá, não existirá também um Robin Hood da banca? Caso exista, ainda poderemos vê-lo arvorado em herói, pelo menos por um determinado bloco político...

4 comentários:

Pinho Cardão disse...

Meu caro Tavares Moreira, o homem deve ter estudado filosofia em Paris...

AF disse...

Nós por cá, é mais Xerifes de Nottingham :D

António Pedro Pereira disse...

Cá também houve alguns Robin Hood, desde os idos de 80 e até hoje, cujos nomes, por serem bem conhecidos que não valerá a pena lembrar.
Como a Justiça é forte com os fracos e fraca com os fortes (que têm à mão mil expedientes dilatórios até conseguirem atingir o Paraíso da prescrição), continuará «tudo como dantes no quartel de Abrantes».

Tavares Moreira disse...

Admito que sim, caro Pinho Cardão, mas segundo consta antes disso estudou em Portugal, tendo obtido, com a máxima distinção, o grau de Doutor em "Moeda e Bancos" da Independente Business School!