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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Mas não há ninguém que veja isto?

Dos 23 filmes portugueses estreados em 2011:
a) Dez tiveram menos de 500 espectadores!...
b) Seis tiveram entre 2.000 e 3.000 espectadores!...
c) Cinco tiveram entre 3.000 e 7.000 espectadores
d) Os dois mais vistos tiveram 20.194 espectadores e 17.102 espectadores.
Uma maravilha estes realizadores. Seguramente, fazem filmes para não ser vistos. Porque eu não vou ao ponto de dizer que não sabem fazer filmes!...Enfim, filmes confidenciais. Como confidenciais são os dinheiros que, também sem vermos, estas fitas nos custam.
Mas não há ninguém que veja isto?

16 comentários:

Bmonteiro disse...

Não fosse uma "Troika" de estrangeiros, ninguém via.
Felizmente também há emigrantes de sucesso. Em Bruxelas e Paris ou mesmo na ONU.

Anónimo disse...

Há sim quem veja isto. São é poucos, como o Pinho Cardão bem documenta. Mas tal como em outros domínios da vida coletiva, são poucos mas têm muita presença...

Tonibler disse...

Como em tudo o que o estado português faz...

O cinema português merecia um livro. Mas de gestão e economia. Como a intervenção estatal destrói um produto cultural, esmagando a iniciativa privada e dando vantagem competitiva aos produtos não localizados. Se a política para a culinária fosse esta, o estado português conseguia destruir os doces regionais por causa de subsidiar "bavaroises de morcela" e "picanha com doce de tangerina e frutas cristalizadas".

Parem de subsidiar as coisas. O cinema português vai parecer e vai aparecer com procura. Hoje o bom cinema português, que existe, é destruído pela imagem que que as "bavaroises de morcela" deixam.

António Pedro Pereira disse...

Duas perguntas apenas (independentemente da subsidiodependência:

1.ª - Quando é que o cinema português já foi Grande, e, no estrangeiro, nos festivais cinéfilos (fora da indústria de Hollywood), foi reconhecido através de prémios?

2.ª - Qual a situação do cinema nos restantes países europeus, estou a pensar particularmente na França e na Itália, com grandes cinematografias de nível internacional há 4 ou 5 décadas?

Rui Fonseca disse...

Temos de ver estas coisas sob uma perspectiva benevolente, António.

Viste "Branca de Neve"? Não viste, vê-se logo que não viste. Podes ver uma amostra de 9 m 34 s, aqui
http://www.youtube.com/watch?v=OXqclEiV8Ho

Custou a bagatela de 130 mil contos de subsídio do Estado Português, por via do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia,[1] juntamente a 26 mil contos por parte da RTP.
Esta obra estreou no cinema King, em Lisboa, a 10 de Novembro de 2000.
É um monumento esquecido, é o que é.

Bom Ano!

Pedro disse...

Não estando de forma nenhuma a defender os 20 filmes, ou a qualidade dos mesmo que não vi todos...não creio que uma analise tão imediata e simplista seja justa ou sequer racional.

Senão vejamos as seguintes questões aparentemente laterais, mas que julgo fazerem parte da equação:

- Será possivel, no momento da atribuição de verbas para determinada produção, saber quantos espectadores irão assistir á exibiçãodo filme ?

- Quantos filmes internacionais, alguns dos quais de creditos e qualidade muito duvidosa, tem assistencias superiores ?

- Varias vezes pretendi assistir a filmes portugueses, mas que quando os procurei já não estavam em exibição. Será q isto influencia os numeros?

- Por exemplo, o filme sobre FernandoPessoa, nao foi exibido nos circuitos digamos tradicionais. No entanto terá sido visionado e variadissimos locais do pais. será que foram contabilizadas as audiencias ?


Ou seja, obviamente que estou contra a "subsidiação" de projectos e devaneios estritamente pessoais de qualidade ou valor questionaveis, mas ...

...pois é , mas julgo que não existe relação directa entre a qualidade e valor dos filmes/trabalhos e os seus resultados de bilheteira.

Ou seja, de forma mais pragmatica, poderiamos por a questão da seguinte forma:

- Sendo a "Casa dos Segredos" um programa de grande audiencia nas TV's, defenderia a atribuição de subsidios estatais, para uma produção cinematografia desse produto, com audiencias garantidas ?

E quanto a mim o cerne da questão´: deverá o apoio do Estado ter por principio o atingir de um lucro maximo, procurando estimular os chamados "blockbusters"? ...ou deverá antes pelo contrario, servir para dar a obras validas e de qualidade, cujas caracteristicas não se coadunham com a massificação e consumismo vigente?


Na minha opinião, julgo q o papel do estado, numa perspectiva Cultural, é potenciar a produção de projectos e obras de qualidade, que muitas vezes teem carscteristicas não propriamente comerciais!



P.S - não quer isto dizer, que õs criterios de atirbuição e afins, sejam actualmente os correctos...ou que não sejam dicutiveis.

Ruben Correia disse...

Basicamente o Pedro defende que o Estado pague por aquilo que o Pedro gosta de ver. Porque admite que eu tenha uma opinião diferente em relação ao que o Pedro considera "obras válidas e de qualidade", certo? Ou definindo o Pedro aquilo que é válido e de qualidade, passa a ser uma verdade universal, impassível de qualquer tipo de crítica contrária?

Eu por exemplo adoro música electrónica minimalista e electro-clash, e temos cá bons músicos a praticá-la. Pretendo eu que o Estado os subsidie? Obviamente que não, pois não posso impor aos demais o meu próprio gosto. Isso seria arrogante e sobranceiro, além de profundamente hipócrita, pois estaria a pedir a "alarves", que não partilham o meu gosto requintado, que paguem por esse mesmo gosto que tenho...

É bastante retrógrado e conservador essa atitude de exigir à restante população que pague os nossos próprios gostos pessoais, quando a tecnologia permite disponibilizar essas obras de forma directa e com custos muito inferiores se se quebrarem as velhas rotinas e clientelas de décadas. E quem quer usufruir delas, que as pague, tal como eu pago para usufruir dos bens de cultura que quero. Ou será que a cultura tem de continuar a ser uma coutada privada de meia dúzia de iluminados, sempre desdenhando o "povinho" mas não se coibindo de lhe pedir dinheiro para sustentar os seus gostos?

Pedro disse...

Ruben,

respondo-lhe apenas porque não deverá ter lido o meu comentário na sua totalidade.
E assim sendo chamo-lhe atenção para o que já tinha escrito e que parece não ter lido.

Quando o Ruben escreve o seguinte: "Basicamente o Pedro defende que o Estado pague por aquilo que o Pedro gosta de ver."

Só lhe posso pedir que leia o que escrevi no comentário inicial, nomeadamente o ultimo paragrafo que resume a minha opinião:

"Na minha opinião, julgo q o papel do estado, numa perspectiva Cultural, é potenciar a produção de projectos e obras de qualidade, que muitas vezes teem caracteristicas não propriamente comerciais!

P.S - não quer isto dizer, que õs criterios de atirbuição e afins, sejam actualmente os correctos...ou que não sejam dicutiveis"

Se ler as letras todas, irá perceber que em lado nenhum defendo que o estado deve subsidiar os meus gostos pessoais.

Se ler a ultima frase fica tambem a saber que defendo que os criterios são discutiveis e abertos, e não os que me dão jeito.

No entanto, não posso deixar de reparar que a leitura que fez do meu comentário, foi não só "minimalista" (como a musica que gosta), como tambem apenas e só a que lhe deu mais jeito e sem qualquer abertura de espirito....no fundo aquilo que tenta criticar, não percebendo sequer que estaria a responder a um comentário que eu não fiz.

Para finalizar e tentando perceber o que defende, será algo do tipo: O estado deve subsidiar apenas aquilo que é comercial, portanto que vende, e que seja universal.

Mas perante isto deixo-lhe uma pergunta: Então mas se o produto vende é universal e massificado, qual a explicação para que o Estado subsidie ?

Parece-me um pouco contrasenso estar a subsidiar algo que por si só já se auto-financia.

No entanto eu manifestei apenas a minha leitura do assunto, e não sinto que a minha opinião seja universal e a unica valida.

Mantenho de qualquer das formas a ideia fixa de que "Casas dos Segredos" e "BigBrothers" e "Novelas a metro" que são lideres de audiencias, não são de facto produtos e obras que considere de valor e que justifiquem apoio do estado.


P.S - resta-me apenas perante a leitura distorcida que fez do meu comentário, espera que para alem do Cinema o Estado comece a subsidiar programas de apoio á Leitura.

Fartinho da Silva disse...

Caro Pinho Cardão,

Não há problema nenhum. Se algo correr mal, cortam-se os salários aos funcionários públicos, as reformas a quem não trabalhou no sistema financeiro, aumentam-se os impostos e cobram-se portagens nas passadeiras obrigatórias.

É o mundo novo da irresponsabilidade, que o diga o outro que está a estudar em Paris.

Gonçalo Taipa Teixeira disse...

Pedro: E que tal o estado não subsidiar nada? Assim não paga você pelos meus gostos nem eu pelos seus.

António Pedro Pereira disse...

Gonçalinho:

Porque razão eu hei-de pagar com os meus imposto uma ponte em Ribeira de Pena, um viaduto em Torre de D. Chama e uma estada na serra do Espinhaço de Cão, locais por onde eu nunca passei nem conto vir a passar jamais.

A moda liberal de cada um por si tem destas coisas, não é?

Outra coisa é discutir-se a racionalidade dos gastos do Estado, sem por em causa a sua função redistributiva.

De contrário, voltamos à Idade Média e aos exércitos privados. É isso que advoga?

Ruben Correia disse...

"Se ler as letras todas, irá perceber que em lado nenhum defendo que o estado deve subsidiar os meus gostos pessoais.

Se ler a ultima frase fica tambem a saber que defendo que os criterios são discutiveis e abertos, e não os que me dão jeito."


Eu li as letras todas. O que defende é que algum "Pedro" defina esses critérios, que serão necessariamente subjectivos e decorrentes do gosto pessoal desse "Pedro" (consegue abstrair e generalizar o tal "Pedro", espero). E quando definidos, o Estado fica com carta-branca (ou será obrigação?) para subsidiar o gosto do tal "Pedro".


"Para finalizar e tentando perceber o que defende, será algo do tipo: O estado deve subsidiar apenas aquilo que é comercial, portanto que vende, e que seja universal."
Bem, a sua leitura é totalmente surrealista. Então eu defendo que o Estado não subsidie ninguém (pois é impossível subsidiar os gostos dos 10 milhões de cidadãos) e vem-me perguntar se o Estado deve subsidiar o que é comercial? Nem sei o que responder, perante o absurdo da questão. E denota uma falta de pensamento "out-of-the-socialist-box" confrangedora.
Como se fosse imposição divina o Estado ter de subsidiar aquilo que eu quero consumir!

"Mantenho de qualquer das formas a ideia fixa de que "Casas dos Segredos" e "BigBrothers" e "Novelas a metro" que são lideres de audiencias, não são de facto produtos e obras que considere de valor e que justifiquem apoio do estado."Eu acho esses programas execráveis. Não percebo sequer como consegue colocar a opção de esses produtos televisivos serem alguma vez alvo de subsídio por parte do Estado! Mas porque razão haveria o Estado de subsidiar aquilo??

Já agora, eu quando quero ler uma obra que me interessa, ou vou ao escritório escolher um livro COMPRADO pelos meus pais/avós ou compro-o. Será que o Estado devia comprá-lo por mim? Não me parece...

Gonçalo Taipa Teixeira disse...

Não me lembro de ter pedido, ou sequer advogado, que pagasse pontes, viadutos ou estradas que não utiliza. Nem tão pouco advoguei que se abolisse o estado na sua totalidade. Não vejo que palavras usei — num comentário já mais curto que este — que possam ter suscitado tal interpretação. Falava apenas da cultura (palavra que significa muito mais que literatura e artes gráficas ou de interpretação, já agora), que é algo que nada tem de objectivo. Uma ponte só alvo de subjectividade na sua arquitectura; tudo o resto é objectivo e com propósito definido.
Nas artes (e olhe que sou diplomado em artes, já agora, e sigo a carreira) tudo é subjectivo. Há sempre alguém que gosta, alguém que não gosta, e alguém que é totalmente indiferente.

António Pedro Pereira disse...

Gonçalinho:
O ponto não é esse, é a defesa que se faz (e se intui do seu comentário) de que o Estado não tem que se meter a subsidiar a Cultura, que isso é uma questão de gosto de cada um, que cada um deverá pagar.
Se calhar não tem é que subsidiar certas obras ou certos artistas amigos, mas deverá subsidiar certas condições de produção, isto é, certas condições básicas que permitam a existência de determinadas formas de Arte ou de Cultura, por exemplo.
Porque a tese do Post era a de que, porque certos filmes tiveram escassez de público, o dinheiro público dispendido foi um desperdício.
Ora tal tese esquece dois factos: o decréscimo de espectadores é um fenómeno global (devido a novas formas de diversão e aos DVD); o que se gasta na Cultura tem vários retornos.
Quanto à objectividade de uma ponte ela é tão material como um filme, por exemplo. Digo-lhe que conheço um autarca que, em vias de perder um pesado processo judicial movido à autarquia por uma empresa de construção de obras públicas, lhe propôs, à última hora, a construção de uma ponte por 180 mil euros a troca da desistência do processo. Como a obra tinha que se fazer depressa, escolheu uma rua ali à mão sem saída, hoje lá está (e há mais de 10 anos) sem carros, por onde se passeiam cães e gatos.
Como vê, nem tudo o que parece é.

Pedro disse...

Ruben,

não só o estado não tem a "imposição divina (...) de subsidiar aquilo que eu quero consumir", como terá de existir sempre um "Pedro" ou um "Ruben" que definam os criterios, sejam eles quais forem. Não creio que exista por enquanto alguma entidade divina que o faça por nós, suportado numa verdade universal ! Ou seja, mesmo o Critério que defenda a completa ausencia do Estado no apoio á Cultura, é um critério definido por um qualquer "Pedro" ou "Ruben", e disto não há que fugir, donde não me parece que valha a pena ser discutido, é a nossa condição de Humanos e não Divindades.

Agora lá está, quando o Ruben quer ler um livro, conforme disse vai "ao escritório escolher um livro COMPRADO" pelo seu "pai/avô", no entanto q aconteceria se o seu pai/avô nunca tivessem lido ?

Esta questão leva-me a outra, estrutural, que apenas pergunta se deverá o Estado proporcionar formas de evolução e desenvolvimente da Sociedade ou deverá antes ser apenas um "funcionario publico" que fornece serviços basicos ?

Obviamente que a nossa discussão é de principio. E não há forma de ultrapassar a raiz da mesma: Se se considera a Cultura um bem essencial aceitar-se-á a incumbencia do Estado a promover. Se se considerar a Cultura um bem superfulo claramente se defenderá a não promoção por parte do Estado.

São questões de principio e de postura perante a Vida. Mas acrdito Ruben, que se ponderár um pouco irá perceber porque é que o "escritorio" do seu "pai/avô" estará repleto de Livros. Talvez no criterio deles considerassem ser a Cultura um bem importante, a legar ás gerações vindouras.

Sim, já sei, deduzo que foram comprados e não financiados pelo Estado...mas sabe, nem todos teem pais e avós com "escritorio" e ai sim, pode sublinhar o Socialismo e as "boxs" onde me inclui, porque lá está...eu graças a Deus sou saudavel e tirando umas constipaçõeszinhas não tenho tido problemas, mas acho muito bem que o Estado subsidie hospitais onde estão Medicos preparados para tratar as doenças que nunca tive, nem sei se virei a ter.

E poderiamos continuar com um rol de exemplos, onde o "Socialismo" que me aponta, lhe dará jeito a si mesmo...

..."et voilá" caimos de novo na questão que aponta: Será sempre um "Pedro" ou um "Ruben" a escolher o critério a aplicar.

BAD BEHAVIOR disse...

Convido-vos a ler este texto publicado no Think Tank "Contraditório" onde esta questão é bem desenvolvida.

Chama-se "O estado do cinema português: O que podemos fazer para torná-lo mais competitivo e mais próximo do público"

http://www.contraditorio.pt/read-papers.php?i=2995