Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Números esmagadores...

Entre 2001 e 2011 44% da população não passou do 1º ciclo. Em 2011:
Apenas 13% possui o ensino secundário.
Apenas 12% da população possui o ensino superior.
19% da população não tem qualquer nível de ensino.
São números esmagadores. Não são propriamente novidade. Explicam o nosso nível de desenvolvimento e a dificuldade de empreendermos e inovarmos. São números que evidenciam a prioridade da educação e formação. Faltou-nos visão estratégica. Perdemos muito tempo e muitos recursos financeiros a construir um país de “betão”. E não ficou pago.
Sem qualificação não temos futuro, como não tivemos no passado. Estamos a viver um tempo crítico em que convergem a urgência do investimento na qualificação e a emergência de uma crise financeira e orçamental. A situação é grave. Basta pensarmos que há jovens que não podem prosseguir nos estudos por falta de condições económicas. É penoso assistirmos a estas roturas. Por quanto tempo?

18 comentários:

Tonibler disse...

Falta aí o detalhe de sermos o país do mundo ocidental com a maior despesa relativa em educação.

António Pedro Pereira disse...

Tonibler:

Já consultou todos os gráficos do último «Education at a Glance»?
Parece que não.
Olhe que há muitos anos o nosso maior poeta popular escreve uma quadra muito sábia, ele era um grande filósofo da «filosofia da vida».
Escuso-me de a repetir, pois conhece-a.

Pinho Cardão disse...

Cara Margarida:
Por uma vez, e lamentavelmente para mim, estou em desacordo com a minha amiga quando diz que os números que apresenta "explicam o nosso nível de desenvolvimento". Bem sei que o que vou dizer é polémico, sobretudo porque vai contra uma ideia feita e já tornada indiscutível, mas que nem por isso é verdadeira.
De facto, nesta matéria, a minha opinião é coincidente com aqueles que dizem, e comprovam, como António Barreto, que é o desenvolvimento que leva a uma mais alargada educação, instrução e qualificação, e não o contrário. Por exemplo, em Portugal, o período de maior crescimento económico deu-se no período entre os finais da década de cinquenta e os meados da década de setenta do século passado, em que o acesso à educação não tinha qualquer comparação com o que existe agora. Foi esse desenvolvimento que criou as condições, até exigiu e permitiu o alargamento da educação a um maior número de cidadãos. O que se veio a verificar. Outro impulso na educação veio com o crescimento económico dos dez anos que mediaram entre 1985 e 1995.
Caso fosse a educação que gerasse, por si só, desenvolvimento, todos os países de leste, que saíram da esfera da antiga União Soviética, e que se dizia estarem extraordinariamente desenvolvidos em termos de educação, teriam sido líderes do crescimento e desenvolvimento. Mas não é assim. Eram países muito pouco desenvolvidos e pobres. Ao contrário, veja o Brasil, a China ou a Índia, com índices de escolaridade muito inferiores aos nossos e que, em alguns sectores, inovam e competem nas indústrias (Brasil) e serviços (Índia) mais sofisticados e inovadores.
Por outro lado, a Margarida sabe que, salvo uma ou outra excepção, não é por falta de gente qualificada em Portugal que o investimento estrangeiro mais exigente em recursos humanos não vem para Portugal. As razões são muito outras. Antes pelo contrário, temos enormes quantidades de licenciados e doutorados sem emprego ou em actividade meramente vegetativa.
Claro que houve um erro nas políticas públicas que coarctaram o crescimento económico e o desenvolvimento. Caso este se tivesse verificado, por certo arrastaria um novo salto no acesso dos portugueses à qualificação.
Não se pode, aqui como noutras matérias, confundir causa com efeito. Andar ao contrário, perverter prioridades, nada resolve e só pode causar frustrações. Também na educação, para haver crescimento, tem que haver estabilidade.
O que referi não é, de modo algum, politicamente correcto. Oxalá o fosse, mas a realidade das coisas sobrepõe-se aos conceitos mais agradáveis e sedutores.
Aí fica a minha contribuição.

jasl disse...

Nunca fomos o que mais gasta, caro Tonibler. Mentir de memória é atraiçoar a sua própria inteligência.
Veja bem os dados internacionais, não confie nos "amigos" e "papagaios". É por se confiar demasiado nestes neo-sofistas que estamos onde estamos. E no próximo ano , no lugar 26 da despesa dos 27.
Andamos cada vez melhor. Alguém consegue defender esta política "mais com menos"? Com que coragem? Só se for pela ideologia da teimosia. Ou teimosia ao serviço da ideologia. Depois critiquem a "burka". Se tiverem coragem para isso.

Tonibler disse...

Na volta são professores, o que se calhar justifica a má interpretação do "relativa", mas Portugal é de facto o que mais gasta, face à riqueza que produz, no sistema educativo, dados PISA. Claro que se forem olhar para os gastos absolutos seremos os 26's da união, porque não? Sendo, basicamente, um serviço do estado que só depende da mão de obra não deixa de ser escandaloso que não sejamos o 27º.

Bmonteiro disse...

"Entre 2001 e 2011 44% da população não passou do 1º ciclo"
Diabólico.
A fazer lembrar o gau de analfabetismo em 1974, pelos 40%.
Terá sido para isto que surgiu o 25de Abril?

Pinho Cardão disse...

Caro jasl:
Fazer mais com menos, fazer melhor com menos, fazer igual com menos, chama-se produtividade.

Tonibler disse...

Já percebi a confusão... Vejam os números do PISA que não incluem universitários e separam os gastos privados dos gastos públicos. No ensino universitário, realmente, Portugal gasta pouco. Mas o post é sobre isso, certo???

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Dr. Pinho Cardão
Obrigada pela sua contribuição e visão sobre a articulação entre desenvolvimento e qualificação. Não pondo em causa a tese que defendeu e da qual em parte também partilho, a baixa qualificação dos nossos recursos humanos é, no mundo global e competitivo em que nos inserimos, um handicap.
O facto de haver licenciados e doutorados sem emprego não é um efeito de investimento excessivo na educação. É a causa da crise económica com que nos defrontamos - crónica, aliás, mas agora em estado agudo.
E o investimento estrangeiro para crescer – encontra-se em níveis historicamente muito baixos - necessita de um ambiente que lhe seja favorável. Precisamos de resolver, entre outros, a burocracia dos licenciamentos, a mau funcionamento do sistema de justiça e a excessiva carga fiscal. Um estudo recente da Ernst & Young - Ernst & Young Portuguese Attractiveness Survey 2011 - identifica os estímulos às PME e a redução da carga fiscal como os factores mais proveitosos para ajudar o país a crescer.
Quando falo em qualificação estou a incluir uma competência que nos é muito deficitária, a gestão. Olhe-se para o sector público, para as PME e para o sector social em geral e o que encontramos? Falta de gestão.

Fartinho da Silva disse...

Concordo inteiramente com o caro Pinho Cardão.

Para o caro Tonibler os professores deveriam, talvez, receber como recompensa do seu trabalho, uma sopinha e um pãozinho e como prémio de mérito um rebuçado para a tosse... enfim! Este seu lamentável e repetitivo discurso demonstra bem e de forma muito clara a importância que uma parte muito substancial da nossa população dá ao ensino e ao trabalho dos professores...! Mas deixe lá que já não há praticamente licenciados (ou mestres pós Bolonha) em instituições de qualidade com médias razoáveis que queiram ser professores... pelo menos por cá.

Fartinho da Silva disse...

Cara Margarida,

Agora imagine como seria se os resultados tivessem como objetivo demonstrar os saberes verdadeiramente adquiridos...

Tonibler disse...

Caro Fartinho, por acaso não mencionei nunca professores, tirando a questão da interpretação. Mas na questão do custos, falei em custos exactamente para não ter que levar com essa conversa de que os professores estão acima de todos e portanto a crise não se aplica a tão nobre classe. E falei dos custos porque ainda ninguém resolveu a questão de ter 22 alunos por sala e 8 alunos por professor, ou ter 140 mil professores e já ter 70 mil baixas em Setembro. Os professores ganham muito? Não. Mas o conjunto dos professores ganha o triplo do que devia ganhar. Portanto cada um deles tem que passar a ganhar um terço. Claro que se o sistema fosse bem gerido e se despedissem os 2/3 que não estão com alunos, os professores até poderiam ganhar bem mais do que ganham hoje, mas essa gestão, para mim, já é "cozinha". Quem a sabe fazer que a faça, até lá eu deveria gastar um terço do que gasto. E contra isso, batatas. Acha que eu percebo alguma coisa de gestão de professores para dizer o que devem ganhar? A mim interessa-me os alunos, os professores são acessórios.

Ilustre Mandatário do Réu disse...

podiam mostrar números a sério?

Tudo o que encontrei foi esta tabela do Banco Mundial e esta tabela da OCDE. Que demonstram que Portugal não é quem mais gasta em % do PIB em educação.

O Tonibler fala de números PISA mas o PISA fala de public spending e % do orçamento. Ora a educação tem custos acessórios muito elevados que não sei se são correctamente contabilizados.

Mas já em 1999 se sabia que o sistema era ineficiente. Não sendo por isso de espantar os números da Margarida de Aguiar, que são macro.

Depois de 1999 seguiu-se a década perdida chucha em que os tugas ficaram a chuchar no dedo e no rsi e uns espertalhaços fartaram-se de ganhar dinheiro para falirem na década seguinte.

Tonibler disse...

Custos acessórios muito elevados, Ilustríssimo??? Só se for em pessoal que não tem alunos à frente porque de resto...

Tonibler disse...

Além do mais, caro Ilustríssimo, acessório ou não, o que interessa é aquilo que o aluno consome. Se os custos acessórios sobem muito então tem que se reduzir os directos. Contra isso, batatas...

Ilustre Mandatário do Réu disse...

Por custos acessórios quero dizer as actividades "extra" que complementam o que a escola não ensina -- desde deporto a música, desde línguas a explicadores. Isto vem depois de todos pagarmos directamente a escola pública com impostos e de "novamente" pagarmos a privada, se precisarmos.

Aliás, a ubiquidade da explicação em Portugal demonstra que o sistema (público/privado) é ineficiente. Estes hábitos vêm do berço.

Mas como para o tuga o que é caro é bom, a ineficiência só pode ser uma qualidade.

Quanto aos alunos são a variável dominante (e com a vantagem de não serem um custo extra). Mas a atitude actual pende mais para as liberdades, direitos e garantias e esquecendo o dever não vão lá. E os que não facilitam são uma minoria: ou estão em cima da pirâmide e podem-se dar a esse "luxo" ou estando em baixo têm um comportamento suicida que foi rarefeito pela selecção natural.

Mowack disse...

Nao me lembro o pais,mas sei que encontraram um jovem analfabéto.
O qual levaram de imediato para a escola,creio que a Suécia.
PS desculpem os meus erros ortogràficos...mas 47 anos fora do nosso Portugal e 5 linguas,mais 8 horas de trabalho por dia e estudar depois do jantar numa escola técnica é duro!Como cheguei aos 70 anos é uma incognita.Parabens aos excelentes comentarios actualisados

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Mowack
Seja muito bem vindo. A vida que nos conta é, com certeza, um exemplo de como o esforço e a vontade fazem toda a diferença.