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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

As nomeações e os seus riscos políticos...

1.Estamos a assistir à curiosa e habitual novela das nomeações de influência política para cargos em órgãos sociais de empresas, de que são exemplos mais marcantes - e mediaticamente mais explorados – as nomeações para o C. Geral da EDP e para o C. Administração das Águas de Portugal.
2.A agitação é muito grande e mesmo figuras públicas da área do Governo, como é o caso do Dr. Marques Mendes, discordam abertamente de algumas das escolhas feitas.
3.Trata-se de um problema que não é novo, que de resto se repete ciclicamente com a chegada de um novo Governo de cor política diferente do cessante.
4.Há sempre um enorme “exército de reserva” nos partidos chegados ao poder, e na sua órbita de influência - a famosa “clientela partidária” – constituído por elementos desejosos (alguns famintos, mesmo) de se apoderarem dos despojos que a vitória política lhes pode proporcionar, que são os lugares de nomeação política na administração pública (segurança social e saúde, por exemplo) e nos órgãos sociais de empresas públicas ou de outras para os quais o Estado tem o direito ou poder de nomear membros.
5.Essa gente é mais ou menos conhecida, ou pertence aos aparelhos partidários ou aparece normalmente a frequentar as reuniões partidárias, ainda em tempos de oposição, quando o “cheiro a poder” começa a ganhar intensidade...
6.Só que, desta vez, o ambiente de intensa crise em que o País se encontra mergulhado torna este exercício muito mais visível e delicado, alvo fácil de crítica e destruidor de CAPITAL POLÍTICO, por isso parece recomendável que o Governo adopte especiais cautelas nesta matéria...tem-se a noção generalizada de que se está a “rapar o fundo do tacho” e isso socialmente é muito censurável ...
7.Com efeito, a nomeação de pessoas com carreira essencialmente política para cargos empresariais, com a simultânea divulgação das condições de remuneração desses cargos, em alguns casos principescas, um momento de tão grave crise em que são exigidos sacrifícios muito significativas a uma boa parte da população, arrisca-se a derreter, rapidamente, o CAPITAL POLÍTICO de que o Governo tanto carece para prosseguir a ciclópica tarefa de corrigir os desequilíbrios da economia e das finanças públicas...
8. ...e não é preciso ser um génio para perceber que com esse CAPITAL POLÍTICO derretido ou em rápido derretimento, o risco de os objectivos fundamentais do Programa de Assistência Económica e Financeira virem a derrapar pode tornar-se incontrolável...

12 comentários:

jotaC disse...

Exactamente o mesmo do antecedente, só que agora, diz o Governo, não é responsável pelas escolhas!? Afinal quem nomeou quem!?

Jorge Lucio disse...

Caro Dr. Tavares Moreira,

Penso que o seu post é muito lúcido na forma com coloca o problema de credibilidade que se coloca ao Governo nesta questão das nomeações. E parece, claramente, ter faltado alguma capacidade política para perceber isso, pois as tentativas de justificação avançadas lembram a "emenda e o soneto".

Mas, ao contrário da EDP, creio que no caso das Águas de Portugal o erro não é apenas dos nomeados serem do partido (sem qualquer desprimor pessoal, friso). Colocar pessoas que têm dívidas à frente da empresa credora, é como perguntar à raposa se podemos ter confiança nela para guardar o galinheiro.

Quando a AdP entrar em negociações com as câmaras devedoras, para "suavizar" as dívidas (era capaz de apostar), o que ficarão a pensar os autarcas cumpridores?

Tonibler disse...

A ética republicana....

Anónimo disse...

Totalmente de acordo, Dr. Tavares Moreira.

Bmonteiro disse...

«esse CAPITAL POLÍTICO derretido»
Agora e quando era mais necessário.
A cegueira do anterior regime, nomeadamente com a guerra em África, fez-me ouvir de alguém: que estavam a empurrar os portugueses para as mãos do PCP.
Hoje, já nem PCP haverá.
Estarão a empurrar a população para onde?
PS: da Ética Republicana, estamos bem servidos, na EDP como na Fundação Don Mário.

Tavares Moreira disse...

Caro Jota C,

Apesar da agitação que por aí vai, há que reconhecer alguma diferença em relação à prática anterior, que era bem mais descarada no que concerne, por exemplo, à nomeação de amigos absolutamente impreparados para cargos empresariais de grande relevo...
Aí ainda não chegamos e espro que não cheguemos...
Quand même...

Caro Jorge Lúcio,

Muito bem observado, o seu último parágrafo!

Caro Tonibler,

Essa famosa "ética" já deu o que tinha a dar...e será que deu alguma coisa?

Caro BMonteiro,

Exactamente, as tarefas que o Governo tem pela frente são tremendamente desgastantes, exigem uma imagem muito forte e um capital político robusto para resistir aos "headwinds"...
Leiam, se quiserem, o último relatório do FMI, editado quase no final do ano, relativo à segunda revisão do PAEF, e irão por certo perceber melhor o que eu aqui sugiro quanto à necessidade de preservação do dito CAPITAL POLÍTICO...
Quanto à Fundação que cita lembrarei apenas, por graça, o "estoy embarazado" frase extremamente divertida utilizada pelo Fundador não há muito tempo numa sessão pública em Espanha e que suscitou fortes risos da assistência...

António Pedro Pereira disse...

Caros Senhores BMonteiro e Tavares Moreira:

Gostava de vos ouvir falar também de outras éticas: algumas delas que se escrevem apenas com 3 letrinhas a começar por B, portanto, que não são a palavra MÃE.

Tavares Moreira disse...

Caro Antonio Pedro Pereira,

Estará a referir-se à BIO Ética?

Fartíssimo do Silva disse...

Muito bem, Doutol Tavales Moleila: Caldona e Flexes são, na veldade, os mais bem plepalados.

Há quem diga que Caldona é o peão de blega de Poltas e que tem semple que aceital todo e qualquel calgo na condição de metade da lemunelação reveltel pala o Paltido. Selá?

Tavares Moreira disse...

Calo Faltíssimo.

Ellou numa palavla chave: não é reveltel, é leveltel que se diz...
E como se atleve a levantal falsos testemunhos?

Fartíssimo do Silva disse...

Caro Doutol Tavales Moleila

Muito obligado pela collecção: lealmente, é leveltel e não reveltel.

Não levantei falsos testemunhos. Limitei-me a explimil aquilo que consta. Não selia a plimeila vez em que o pilim leveltia pala o paltido. Todos nos lemblamos do Jacinto Capelo Lego...

Tavares Moreira disse...

Se não levantou, elgueu, alavancou, calo Faltíssimo...que vai dal no mesmo, não concolda?
E não é "Caro" mas sim Calo que se deve usal, velifico que tem de plestal mais atenção a estes polmenoles...