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terça-feira, 13 de março de 2012

Locomotiva alemã terá forças para puxar outras economias do Euro?

1. Quando nos aproximamos do final do 1º trimestre de 2012, as notícias que vão chegando da economia alemã estão a surpreender pela positiva, sugerindo que as previsões de quase estagnação da actividade económica no corrente ano se não confirmam...
2.Foi hoje divulgado pelo Instituto ZEW um importante indicador mensal, de Sentimento Económico, o qual revela uma forte melhoria, passando de +5,4 na leitura do mês anterior para +22,3 na actual, ultrapassando largamente as expectativas dos analistas que apontavam uma subida mais modesta, para +12, e apresentando o nível mais elevado desde Junho de 2010...
3.Esta evolução do índice de Sentimento Económico significa que uma maioria crescente dos investidores nos mercados financeiros acredita numa melhoria das condições económicas no País ao longo dos próximos 6 meses.
4.Outros indicadores, considerados até mais fiáveis do que este como barómetros da evolução da actividade, tais como o IFO Business Survey e o Composite PMI, nas suas mais recentes leituras também antecipam cenários positivos: o 1º aponta para um crescimento económico anual de cerca de 2% em 2012 e o segundo sinaliza uma fase de clara expansão no 1º trimestre do corrente ano, invertendo assim a evolução negativa do 4º trimestre de 2011.
5.Parece pois que, ao contrário da generalidade das previsões avançadas no final de 2011, a economia alemã se mostra pois em condições de ultrapassar os problemas decorrentes da chamada crise da zona Euro, preparando-se para mais um ano de saudável crescimento, bastante acima das referidas previsões...
6.Resta saber se até que ponto esta economia poderá funcionar como Locomotiva das outras economias da zona Euro, em especial daquelas em que a actividade económica é mais atingida pela correcção dos desequilíbrios económicos e financeiros resultantes de uma enorme incompetência (e irresponsabilidade) na condução da política económica dos últimos anos...com Portugal em lugar de (infeliz) destaque...
7.Pelo menos do exterior vão chegando algumas notícias positivas, uma vez que no plano interno tudo indica que estamos de regresso à regra de ouro do REGIME segundo a qual “a confusão é a madre de todas as cousas” - para satisfação dos media, que voltam a esfregar as mãos de contentes, entregando-se à sua actividade prioritária de exacerbar a intriga política..

8. Parece, pois, que só mesmo as exportações nos poderão valer...

12 comentários:

Tonibler disse...

Do interior tivemos a notícia de que se a balança comercial portuguesa não tivesse a conta da gasolina, tínhamos um balanço positivo de 50%, devido ao crescimento das exportações em 11% e a queda das importações em 7%. Excelente notícia para quem acha que a economia existe apesar do estado.

Na versão bloquista, estamos falidos!

Bartolomeu disse...

eheheheh, bem visto, caro Tonibler!

Bartolomeu disse...

Quanto à utopia da força da locomotiva alemã, caro Dr. Tavares Moreira... remeto-me um pouco para o título do post - na parte das letras pequeninas- colocado anteriormente pelo Dr. Ferreira de Almeida. É que, o comboio é composto por diferentes carroagens; umas, todas modernaças equipadas com tecnologia de ponta, a rolar com o máximo de ligeireza, outras; são ronceiras, sem manutenção, sem lubrificação, ameaçam desmantelar-se ao primeiro ressalto nos carris e outras ainda, que são os vagons-lit, onde o ressonar dos passageiros, seja a incomodar o maquinista.
A máquina alemã, pode ser potente, algumas carroagens é que me parece não estarem preparadas para rolar à velocidade cruzeiro.

Anthrax disse...

Que chatice não termos petróleo. :(
... Mas por outro lado, se calhar até é melhor não termos porque, se nós já fazemos o que fazemos não tendo, pergunto-me o que é que aconteceria se o tivéssemos.

Os alemães só têm força para puxar o que quer que seja, enquanto não forem bombardeados com alguma coisa. Reza a história que os povos germânicos, ciclicamente, têm de ser bombardeados com qualquer coisita para lhes recordar que o conceito de "Deutschland über alles" é algo que só existe no hino deles.

Tonibler disse...

Camarada Anthrax,

é claro que não temos petróleo porque, como toda a gente sabe, só aparece petróleo debaixo dos pés dos maiores fdp's...

Anthrax disse...

Olhe camarada Tóni... à sua pala já me trinquei toda!... literalmente.:D... agora ando para aqui com um lencinho de papel nos beiços, pareço um esquilo a armazenar comida para o inverno :S...

Quanto ao petróleo, pois... há sempre um peixe maior no oceano :)

Então e ninguém quer ir à Futurália no Sábado de manhã?... Que é para eu poder dizer mal daquela proposta idiota dos alemães do "Erasmus for all"... ideias parvas destas só podiam vir da Alemanha é claro.

Anónimo disse...

Querida Anthrax, que animosidade leio nas suas palavras contra os Alemães!

Tavares Moreira disse...

Caro Tonibler,

Eu diria que o seu comentário nos oferece, em "abridged edition", uma verdadeira aula de economia!
E até poderemos acrescentar o seguinte ao que dizem esses excelentes comentadores: se não fossem as importações nós nem teríamos problemas de balança de pagamentos, estaríamos até bem melhor que os rapazes (e as pequenas, não esquecer) lá do Mississipi!

Caro Bartolomeu,

Boa observação...por mais que a Locomotiva puxe, haverá carruagens tão emperradas que parecem coladas aos carris, não há forma de se moverem!
Por isso elas estão na oficina da Troika, para ver se conseguem começar a mexer-se...embora os trabalhos oficinais estejam decorrendo em ambiente de uma certa confusão, será eventualmente necessário alguém por ordem na oficina!

Cara Anthrax,

Em Atenas os alemães têm sido bombardeados/apodados verbalmente e gestualmente, pictoricamente também, de tudo e mais alguma coisa...o resultado, tanto quanto se sabe, tem sido praticamente nulo, se não mesmo contraproducente...
Acha que haverá outra forma de tratar com os germâncoas que os comova um pouco mais e que nós possamos tentar sem demasiado esforço? (com muito esforço não vale a pena, atentaria contra a nossa natureza)

Anthrax disse...

Caro Zuricher e caro Dr. TM,

Em geral, eu dou-me bem com os alemães. Os meus colegas alemães são absolutamente fantásticos, aprendo imenso com eles, mas aborrece-me a manifesta estratégia concertada que eles têm.

É uma mania terrível deles. Deles e dos países do norte da Europa e com eles arrastam todos os outros países que fazem parte das suas esferas de influência.

Eu quando participo em reuniões da Comissão Europeia é só ao nível técnico obviamente, mas ver estas máquinas a funcionar ao nível técnico, com todas as acções concertadas é brutal.

Por um lado é absolutamente fascinante. É lindo ver como toda a organização, todas as acções convergem para os mesmos objectivos e isto é conseguido através do estabelecimento de laços e relações extra U.E, como é o caso da Liga Nórdica por exemplo. Por isso, quando chegam às reuniões da Comissão já está tudo mais do que decidido entre eles.

Por outro lado, ver isto é absolutamente aterrador, porque ao nível dos países do sul da Europa e dos Estados mais pequenos, não há nada que seja remotamente semelhante ou qu funcione da mesma forma. É na onda do cada um por si e nesta óptica ir "contra" eles é vontade de marrar contra uma parede de betão.

Eu não condeno a forma concertada deles agirem. O que eu tenho é inveja deles e lamento que os países do sul da Europa não consigam fazer o mesmo para defender os seus interesses. Mas neste aspecto, eu já estou mais do que convencida de que somos patéticos e que não temos outra hipótese senão sujeitar-mo-nos àquilo que os outros querem.

Isto manifesta-se em tudo e vai desde o que é de natureza técnica, até à alta política. E como eu não posso fazer nada para alterar isto, resta-me chamar-lhes nomes. Não resolve nada e continuamos a ser patéticos, mas pelo menos - com a demonização dos outros - sinto-me exorcizada :)

Aliás, esta conversa já a tive uma vez com um representante da UGT, porque é uma daquelas coisas que se sente quando se participa nestas reuniões. Sem uma estratégia concertada de toda a parte sul, é para esquecer. Não vamos a lado nenhum.

Anónimo disse...

AHHHH!! Fez-se luz! É mero exorcismo! Então está bem, cara Anthrax. É que, sabe, os povos germânicos são povos que admiro muito por vários motivos, um deles precisamente a organização, a capacidade de planeamento e seguimento do plano, o pragmatismo na definição de objectivos, o realismo no desenho da estratégia para os alcançar e a disciplina no seguimento da estratégia definida.

Dada a sua explicação estou cabalmente esclarecido! Não é ódio aos teutónicos mas tão somente lamento por não ser igual a eles! Nada contra, minha cara, nada contra! :-)

Anthrax disse...

É verdade meu caro Zuricher. O monstro verde da inveja volta a atacar :)

É que vamos às reuniões, "tá a ver", vemos aquilo tudo a funcionar. Enquanto lá estamos, não fazemos a menor ideia para que lado é que havemos de cair porque não há orientações de fundo (e em caso de dúvida eu defendo os interesses do meu Programa), depois chegamos aqui vemos as guerrinhas das quintarolas, reviramos os olhos e deixamos cair a cabeça em cima do teclado em desespero.

A sério, isto é uma verdadeira experiência paranormal e surreal.

Tavares Moreira disse...

Caríssima Anthrax,

Muito interessante esse depoimento que aqui nos deixa sobre a sua própria experiência de trabalho com os tudescos e outros povos do norte da Europa.
Já em tempos mais recuados também tive oportunidade de apreciar essa diferença metodológica, embora no meu tempo a imagem dos países do Sul, nomeadamente a de Portugal, fosse bem menos precária e frágil do que é actualmente.
Naquela altura os países do Norte olhavam-nos com bastante desconfiança, é certo, mas também com algum respeito, reconhecendo os rápidos progressos que fomos capazes de realizar tanto na transformação da economia como na estabilização macro-económica...
Hoje admito que a nossa imagem se tenha deteriorado a tal ponto que respeito já não existirá nenhum... talvez alguma piedade, mas não muita, que eles não me parecem muito dados a esse tipo de sentimentos...