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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Divida pública: resumindo e concluindo II

Resumindo e concluindo:
A crise portuguesa deve-se aos especuladores internacionais. Por isso, não lhes devemos dar tréguas; pelo contrário, devemos atacá-los e feri-los de morte. Gastando, gastando, para crescer, mas não aceitando os spreads que exigem. Obrigando-os a ir emprestar à Alemanha, França e Holanda a taxas próximas do zero ou, mesmo, a perder dinheiro.

8 comentários:

Rui Fonseca disse...

COMENTÁRIO II

Acusa-me o meu Caríssimo Amigo de entrar "nalgumas contradições importantes, que desacreditam os meus argumentos"

Vamos por partes: "Criticas os especuladores de exigirem prémios de risco elevados na Grécia..."

Como o meu Caríssimo Amigo pode constatar pelo que escrevi, e mantenho, eu não disso isso nem nada parecido.

O que eu disse foi que alguns bancos portugueses (e só disse o que é público)aplicaram em países como a Grécia poupanças dos portugueses (que são globalmente negativas)e, além disso, financiaram a Grécia a juros altos com crédito que obtiveram noutros países, naturalmente a juros mais baixos. Ora isto só foi possível
porque assumiram o risco que, pelas leis do mercado, era reconhecidamente alto. Tu mesmo o reconheces na tua crítica ao meu comentário. Perderam. Quem paga?
Também o Fonseca.

Dei este exemplo porque é frequente ouvir invocar que os bancos portugueses foram coagidos pelo governo português a emprestar
para projectos de retorno mais que duvidoso. E daí perguntar: E na Grécia? Alguém os obrigou?

Dizes que eu "critico os spreadas altos e baixos"

Se leres bem o que disse, concluirás que não faço essa crítica em lado algum. O que critico são as causas e não as consequências. Porque só as causas são criticáveis, as consequências, quanto muito, são lamentáveis.

E as causas residiram e continuam a residir num sistema financeiro tarado.

Dizes que "misturo alhos com bugalhos" quando me refiro à questão do BPN (e não só!).
Ora o BPN é um caso, um lamentável caso, que causou perdas enormes que nós estamos a ser convocados a pagar. Só por si, valerá qualquer coisa como 5% do PIB português!

Não chuto para o lado, António, como me acusas. Acerto em cheio na baliza (o que não é difícil, convenhamos).

Quanto aos juros negativos "pagos"
pela Alemanha e França p.e., isso não se deve, evidentemente, a operações especulativas mas de saídas de capitais à procura de segurança. E porquê?

Por causa dos desvarios feitos nos países de onde saem esses capitais.

E quem causou esses desvarios?

Muito principalmente os banqueiros.
Que, inimputavelmente, afogaram esses países em dívidas.

É preciso explicar ainda mais porquê?

Carlos Sério disse...

Que grande confusão vai pela cabeça do Pinho cardão!

Tavares Moreira disse...

Este Post revelador da justa indignação do Pinho Cradão pelas malfeitorias dos especuladores internacionais, traz-me à memória a famosa queixa-crime apresentada há quase um ano por um grupo de DISTINTÍSSIMAS personalidades lusas contra as agências de rating pela suposta responsabilidade nestas no sofrimento colectivo adveniente da imposição do Programa de Austeridade e outros malefícios não desprezíveis.
Sabe o ilustre Pinho Cardão, cujas fontes de informação primam pela qualidade e fidedignidade, o que se passa com tão eminente processo-crime?
Terá caído no esquecimento, proventura vítima do velho argumento da falta de provas? Se assim foi, não se justificará um levantamento nacional contra tal incúria do sistema de justiça?

Carlos Sério disse...

"as trocas especulativas diárias são da ordem de 1,5 triliões de dólares por dia, enquanto as trocas de bens e serviços realmente existentes mal atingem os 25 biliões, algo como 60 vezes menos".

Pinho Cardão disse...

Caro Rui:
1. O meu post era sobre os "especuladores" que "causaram" a crise em que nos debatemos. BPN, BPP não têm nada a ver com isto, são casos de polícia. Nos EUA ou na Inglaterra já eram assunto arrumado. Ponto final.
2. Não há nenhum Banco, em nenhuma parte do mundo, que não vá até ao limite para apoiar a dívida pública do seu país. O mesmo aconteceu em Portugal, até com excesso. Mas, quando se chegou ao inadmissível e insuportável, houve uma atitude dos Bancos no sentido de dizer claramente ao Governo de Sócrates que se tinha chegado ao fim da linha: não era mais possível aceder aos pedidos e exigências de financiamento. E assim se passou ao pedido de apoio externo.
3. Houve Bancos que investiram na dívida grega. Acusa-los de má gestão. Visto agora, de facto foi um acto falhado. Mas, como dizia o outro, prognósticos, só no fim. Mas aí tens que acusar Bancos alemães, franceses, americanos, holandeses, os que quiseres. Todavia, acontece que estes Bancos são acusados por ter e por não ter; se não tivessem acorrido às emissões, estavam a especular para fazer subir a taxas; tendo acorrido, são acusados de ter elevado os spreads. No final, o risco era elevado: os Bancos perderam. Portanto, não especularam com os spreads: estes medem o risco. Simplesmente, mediram mal. Por defeito.
4. Daí passas para o caso português e dizes que o Fonseca é que paga, referindo-te naturalmente ao apoio do estado à Banca. Mas pagas o quê ou a quem? Se o Estado pagasse o que deve, os Bancos não precisariam de apoio. Mas acontece que o estado, não pagando, ainda resolveu (ou foi obrigado a…pela tecnocracia da EU, Basileia e EBA) que tinha dinheiro para emprestar. Não tem para pagar, mas tem para emprestar a quem deve. A uma taxa, esta sim, especulativa, de 8,5% inicial. Obtendo o dinheiro a uma taxa muito inferior. Portanto, meu amigo Rui, os Bancos é que estão a dar dinheiro a ganhar ao Estado, não são os Fonsecas que estão a pagar aos Bancos. Aliás, deu-se nesta matéria um caso espantoso: para contar para os rácios, o dinheiro tinha que ser do Estado; se fosse privado, não contava. Extraordinário!
5. Bom, já vou longo e fico-me por aqui.

Caro Tavares Moreira:
Pois quanto a essa matéria, só poderei dizer que as conclusões abalarão o sistema financeiro internacional!...O mundo das agências treme de pavor. Há demissões hora a hora!...
E os nossos José Reis cumpriram mais um desígnio patriótico de aparecerem nos jornais.

Rui Fonseca disse...

"O meu post era sobre os "especuladores" que "causaram" a crise em que nos debatemos"

Mas quem é que disse que os especuladores causaram a crise em que nos debatemos?

António, tens vindo a insistir numa afirmação feita não sei por quem que é, do meu ponto de vista, inconsistente e desvia a atenção da real origem das causas.

Estas ficam para o lado dos banqueiros, e não só dos portugueses, evidentemente.

Quanto a quem paga o preço das perdas no BPN e no BPP, parece que não temos dúvidas que o Fonseca também já está a pagar.

Quanto aos que vão ser recapitalizados, veremos se eles pagam a conta ou se vão cair também nos braços do Estado, seguros pelos bolsos dos contribuintes.

Há pelo menos um, e logo o maior, que não consigo entender como vai pagar os juros altíssimos que referes (e que são públicos) não só no empréstimo de recapitalização mas também daqueles que o Estado já avalizou e venha a avalizar.

Mas talvez eu esteja a fazer mal as contas. Estarei?

Pinho Cardão disse...

Oh Rui, então não ouves todos os dias, de Soares ao PCP e ao Bloco, passando também por figuras do PS socrático que a culpa é dos especuladores?

Rui Fonseca disse...

António,

Quando os juros começaram a subir já a crise estava instalada há anos.

Quem a provocou?

Políticos e banqueiros foram os principais responsáveis.