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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A Grande Aposta de Seguro

A grande aposta de Seguro é o aumento do PIB em 52% no próximo ano! É no que dá a segura aposta no crescimento para reduzir o défice. Claro que as contas nunca constituíram qualquer problema para o PS, pois é o povo que sempre as vem a pagar. Também não constituem qualquer entrave à demagogia de Seguro. E, ao dizer liminarmente que não ao corte de 4.000 milhões na despesa pública, porque a diminuição do défice deve vir pelo crescimento, o PS aposta efectivamente naquele aumento.
Freire de Andrade, no seu Blog, Será que osAnjos têm Sexo, faz as contas:
  • PIB de 2012: 166,4 mil milhões de euros
  • PIB de 2013: 164, 7 mil milhões de euros (diminuição de 1%).
  • Défice de 2013: 7,4 mil milhões (4,5% do PIB, incluindo já o corte dos 4.000 milhões)
  • Défice de 2013, sem o corte de 4.000 milhões: 11,4 mil milhões
  • PIB consentâneo com um défice de 4,5%: 253,3 mil milhões
  • Acréscimo do PIB em relação a 2012: 52%
Ora aí está. Seguro aposta num crescimento do PIB em 52% num só ano e o Memorando fica cumprido!
Numa aposta destas, nem um vendedor de banha da cobra iria tão longe. Mas o PS é de gente audaz.

17 comentários:

Carlos Sério disse...

Passos Coelho tem razão quando fala em “refundação”. Na verdade, as profundas alterações que se procuram não são meramente conjunturais, temporárias, exigidas pela grave situação económica e financeira do país, mas alterações estruturais, isto é, que se perpetuarão para além dos próximos anos. É a concretização da visão neoliberal do estado mínimo. A Neodireita tem consciência de que o Estado de bem-estar social e as suas políticas sociais, não são apenas uma “administração”, mas um modelo civilizacional. As narrativas da Neodireita, estão assim voltadas para demolir tal modelo e substituí-lo por outro.

Trata-se de um projecto de reforma ideológica, económico e social. O que se pretende com esta “refundação”, não é mais do que a procura por parte de uma elite financeira e política de uma nova redistribuição dos rendimentos, mais desigual e que os favoreça. Uma outra repartição dos rendimentos em que a redução das funções sociais do estado se torne permanente e consolidada. Porque, ao reduziram-se e encarecerem-se as funções sociais do estado, outra coisa não será do que retirar rendimentos à população ou, o que é o mesmo, reduzir indirectamente os seus salários.

É o empobrecimento generalizado da população, assunto ultimamente tão propagandeado nos órgãos de comunicação social por todas as “boas almas” que nunca conheceram sacrifícios ou dificuldades económicas.

Anónimo disse...

O que é a neodireita?

Bartolomeu disse...

Estamos a viver em plena era de apostas, caro Dr. Pinho Cardão.
Um exemplo disso, foram os 1,5 mil milhões de prejuízo na bolsa, que a grande aposta da Segurança Social, gerou.
Mas para Portugal, mil milhões, são menos que "pintelhos" como dizia o nosso "Expert" Catroga.

jotaC disse...

Caro Drº Pinho Cardão,
Também não é preciso exagerar tanto, sabemos muito bem que o homem não quer significar isso, a menos que partamos do princípio de que o nosso fado é o empobrecimento generalizado, que por acaso diz muito bem com os ensinamentos de antigamente: pobrezinhos mas lavadinhos! Ainda hoje ouvi dizer na rádio que o FMI alertou para a necessidade de a austeridade ser moldada de acordo com as condições próprias de cada país. Questão: -Será que a austeridade vigente está de acordo com as condições reais da nossa economia!?

Carlos Sério disse...

liberal- neoliberal versus direita- neodireita ou nova direita.

jotaC disse...

Vale o que vale…
Citando:
"Em 1953, há menos de 60 anos - apenas uma geração - a Alemanha de Konrad Adenauer entrou em 'default', falência, ficou 'kaput', ou seja, ficou sem dinheiro para fazer mover a actividade económica do país. Tal qual como a Grécia actualmente.
A Alemanha negociou 16 mil milhões de marcos em dívidas de 1920 que entraram em incumprimento na década de 30 após o colapso da bolsa em Wall Street. ...O dinhei...ro tinha-lhe sido emprestado pelos EUA, pela França e pelo Reino Unido.
Outros 16 mil milhões de marcos diziam respeito a empréstimos dos EUA no pós-guerra, no âmbito do Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs (LDA), de 1953. O total a pagar foi reduzido 50%, para cerca de 15 mil milhões de marcos, por um período de 30 anos, o que não teve quase impacto na crescente economia alemã.
O resgate alemão foi feito por um conjunto de países que incluíam a Grécia, a Bélgica, o Canadá, Ceilão, a Dinamarca, França, o Irão, a Irlanda, a Itália, o Liechtenstein, o Luxemburgo, a Noruega, o Paquistão, a Espanha, a Suécia, a Suíça, a África do Sul, o Reino Unido, a Irlanda do Norte, os EUA e a Jugoslávia.
As dívidas alemãs eram do período anterior e posterior à Segunda Guerra Mundial. Algumas decorriam do esforço de reparações de guerra e outras de empréstimos gigantescos norte-americanos ao governo e às empresas. Durante 20 anos, como recorda esse acordo, Berlim não honrou qualquer pagamento da dívida.
Por incrível que pareça, apenas oito anos depois de a Grécia ter sido invadida e brutalmente ocupada pelas tropas nazis, Atenas aceitou participar no esforço internacional para tirar a Alemanha da terrível bancarrota em que se encontrava. Ora os custos monetários da ocupação alemã da Grécia foram estimados em 162 mil milhões de euros sem juros. Após a guerra, a Alemanha ficou de compensar a Grécia por perdas de navios bombardeados ou capturados, durante o período de neutralidade, pelos danos causados à economia grega, e pagar compensações às vítimas do exército alemão de ocupação. As vítimas gregas foram mais de um milhão de pessoas (38960 executadas, 12 mil abatidas, 70 mil mortas no campo de batalha, 105 mil em campos de concentração na Alemanha, e 600 mil que pereceram de fome). Além disso, as hordas nazis roubaram tesouros arqueológicos gregos de valor incalculável.
Qual foi a reação da direita parlamentar alemã aos atuais problemas financeiros da Grécia? Segundo esta, a Grécia devia considerar vender terras, edifícios históricos e objectos de arte para reduzir a sua dívida. (continua)

jotaC disse...

Além de tomar as medidas de austeridade impostas, como cortes no sector público e congelamento de pensões, os gregos deviam vender algumas ilhas, defenderam dois destacados elementos da CDU, Josef Schlarmann e Frank Schaeffler, do partido da chanceler Merkel. Os dois responsáveis chegaram a alvitrar que o Partenon, e algumas ilhas gregas no Egeu, fossem vendidas para evitar a bancarrota. "Os que estão insolventes devem vender o que possuem para pagar aos seus credores", disseram ao jornal "Bild".
Depois disso, surgiu no seio do executivo a ideia peregrina de pôr um comissário europeu a fiscalizar permanentemente as contas gregas em Atenas.
O historiador Albrecht Ritschl, da London School of Economics, recordou recentemente à "Spiegel" que a Alemanha foi o pior país devedor do século XX. O economista destaca que a insolvência germânica dos anos 30 faz a dívida grega de hoje parecer insignificante. "No século xx, a Alemanha foi responsável pela maior bancarrota de que há memória", afirmou. "Foi apenas graças aos Estados Unidos, que injectaram quantias enormes de dinheiro após a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, que a Alemanha se tornou financeiramente estável e hoje detém o estatuto de locomotiva da Europa. Esse facto, lamentavelmente, parece esquecido", sublinha Ritsch.
O historiador sublinha que a Alemanha desencadeou duas guerras mundiais, a segunda de aniquilação e extermínio, e depois os seus inimigos perdoaram-lhe totalmente o pagamento das reparações ou adiaram-nas. A Grécia não esquece que a Alemanha deve a sua prosperidade económica a outros países. Por isso, alguns parlamentares gregos sugerem que seja feita a contabilidade das dívidas alemãs à Grécia para que destas se desconte o que a Grécia deve actualmente.A ingratidão dos países, tal como a das pessoas, é acompanhada quase sempre pela falta de memória.(por Albrecht Ritschl, da London School of Economics)"

Tavares Moreira disse...

Caro Pinho Cardão,

Para quem o crescimento é, prima facie, uma questão de oratória e muito pouco (se) mais, os 52% que refere até me parecem modestos e pouco ambiciosos...
Acho curiosa e estimulante a comparação do nosso estimado jotaC à solução financeira para a Alemanha do pós-guerra...
Na realidade, Portugal acabou de sair de uma guerra em que foi conduzido quase ao extermínio pelas tropas socráticas (e não só...).
Parece-me, pois, que deveríamos fazer valer esse argumento de forma muito mais incisiva junto dos credores internacionais para obter condições ultra-concessionais nas facilidades de crédito que nos abriram...
E, caso mostrem ainda reservas, deveríamos lembrar-lhes a devastação e pilhagens de que fomos vítimas pelas tropas napoleónicas há cerca de 200 anos...

jotaC disse...

Caro Drº Tavares Moreira,
Essa de pedirmos aos franceses o retorno pelos saques napoleónicos, até que é uma excelente ideia, ri com gosto...

Ao postar o documento quis apenas dizer que os credores não costumam sucumbir com os devedores, quando chega a hora da verdade ficam "contentes" por não perderem tudo, são pessoas inteligentes, com certeza...

Tonibler disse...


Eu concordo com o Seguro. E não concordo se se chame imbecil ao homem desta forma, quando há tantas formas alternativas de o fazer. Portugal não cresce 52% porque não se segue a política do Galamba em que os bancos podem emprestar o que quiserem ao estado porque não é preciso capital.

SC disse...

Caro Pinho Cardão,
Desculpe a minha ignorância, mas eu pensava que o aumento do PIB tinha implicações diretas no aumento da receita, e consequente diminuição do valor do défice. É, aliás, esse o argumento que tenho visto invocado para justificar, em sentido inverso, a diminuição da receita no ano corrente e o consequente agravamento do défice. Só não faço ideia de qual será o “multiplicador”. Será que os economistas de serviço me poderão ajudar para eu poder refazer as contas. A parte da matemática acho que me aguento.
É que eu gosto muito de contas certas, mesmo para brincar.
Obrigado

Anónimo disse...

Meu caro Carlos Sério, estou sempre a aprender. Obrigado.

Pinho Cardão disse...

Caro SC:
Claro que um aumento do PIB gera aumento de receita fiscal. E o meu amigo não pode ver no texto um estudo perfeito e acabado. Tem que vser entendido como uma caricatura que, como caricatura que é, tem o enorme mérito de mostrar os traços mais salientes ou os essenciais, esbatendo todos os outros. E o essencial é dizer que não há crescimento que baste para que se atinja, em tempo útil, o valor do défice acordado ou semelhante; tem que haver obrigatoriamente corte na despesa, sob pena de o endividamento se tornar exponencial. O que, como já acontece, levaria a um corte total fo financiamento ao Estado e à economis. E aí lá se ia, não só o Estado Social, como até os pagamentos à função pública, chegando-se rapidamente a uma degradação total das condições de vida. Claro que há muitas doutrinas que vivem deste desejo, em ordem à criação dessa tal nova sociedade que se impôs e subsistiu pela violência, pela intimidação, pela falta de liberdade, que em cerca de setenta anos praticou milhões e milhões de assassinatos, não trouxe riqueza, mas pobreza e que sossobrou da forma que se conhece.
Claro que é doloroso cortar na despesa; mais dolorosa será a alternativa que a omissão de cortar na despesa inevitavelmente trará.

Caríssimos e Caro jotaC:
Portanto, gastemos, gastemos, que a Alemanha paga. E, já agora, a França "hollandaise" também.
Ó nosso papel ético é gastar. O dever ético deles é pagar.
Simples. Problema resolvido. Está a solução encontrada.

jotaC disse...

Não digo isso!. O que eu digo é que as políticas deverão ser exequíveis tendo em conta as pessoas. E sim, sou totalmente a favor daqueles que na Europa fazem o discurso do crescimento, alguma coisa há-de acontecer...

Freire de Andrade disse...

Confesso que quando fiz estas contas até pensei que me teria enganado. Não sou economista e facilmente poderia ter feito qualquer confusão. Afinal as contas estavam certas, o que mostra, como diz agora Pinho Cardão na resposta a SC, que a estratégia de esperar reduzir o défice (em percentagem do PIB) apenas pelo aumento deste, sem cortar na despesa, é impossível. Claro que o resultado das contas mostram que o raciocínio é uma caricatura, mas mostra que "não há crescimento que baste para que se atinja, em tempo útil, o valor do défice acordado ou semelhante" e não mais do que isto.

Pinho Cardão disse...

Caro Freire de Andrade:
Acho que lhe devemos agradecer o seu oportuno e lúcido post sobre esta matéria. Por mim, muito obrigado.

Pinho Cardão disse...

Caro jotaC:
O meu amigo sabe como prezo as suas opiniões, mas aqui discordo. O discurso da posta no crescimento não é nada, é coisa oca, porque o crescimento não vem do discurso, vem das acções, das condições que se criam.
É como dizer a um doente que deve apostar em restabelecer-se, mas não lhe dando qualquer remédio e torpedeando a acção de quem lho quer dar.