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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O que uns e outros dizem...

A volatilidade da opinião das instituições europeias e internacionais, em especial aquelas que nos “governam” passou a ser há muito uma constante, mas nos últimos tempos tem-se vindo a acentuar. Os discursos, os estudos, as opiniões e as recomendações vão-se alterando como do dia para a noite., num ziguezague espantoso. Não há coerência de discurso entre as instituições e elas próprias têm dado provas da sua incoerência intertemporal. De manhã ouvimos uma opinião para a tarde ouvirmos o seu contrário. Agora que estamos habituados, não temos mais que nos admirar com o experimentalismo que em certa medida tem varrido a Europa na prescrição dos remédios para combater a crise. De vez em quando tocam umas sirenes como se a casa só agora tivesse começado a arder.
O relatório da Comissão Europeia “Emprego e desenvolvimentos sociais na Europa em 2012” foi o pretexto para aqui deixar esta nota sobre contradições e inconsistências dos discursos nacionais e internacionais que populam a Europa e que, em particular, afectam o nosso país.
Pois o referido relatório vem dizer que países com sistemas de Segurança Social fortes, como é o caso da Dinamarca, Finlândia ou Suécia – têm superavits orçamentais, que afinal não é uma verdade absoluta que as sociedades de bem-estar não são aquelas que necessariamente têm níveis de dívida acima da média. E acrescentam que os países melhoraram ou pioraram as suas finanças sem que se possa atribuir responsabilidades ao Estado Social e os Estados Sociais robustos também não são inimigos do emprego, pelo contrário. “Na Europa, Estados de bem-estar maiores tendem a estar a associados a maiores níveis de emprego” afirmam os economistas da Comissão Europeia. Enfim, um conjunto de novidades, que embora não sendo, serão certamente aproveitadas para introduzir ainda mais perplexidade no mundo do que uns e outros dizem e desdizem.
Afinal o Estado Social não é o “papão” que muitos querem fazer crer. A ideia que por cá se instalou de que o Estado Social é o culpado da crise, faz-nos esquecer que é na falta de economia e nas disfuncionalidades do Estado que residem grande parte dos nossos problemas. Precisamos de economia. Reformar o Estado e pensar que Estado de bem-estar queremos ter também é necessário. Mas não vejo como se possa fazer este exercício de uma forma desintegrada, tipo em “silos”, todos os planos estão interligados. Claro que discutir com a arma da urgência apontada à cabeça é muito complexo. Deixámos acumular muitos consensos necessários e decisões. Mas a urgência não pode ser uma desculpa…

4 comentários:

Tonibler disse...

Mas acho que ninguém disse que não queria estado social. Eu, por exemplo, quero-o todo. Quero é mais barato. Porque um estado social caro dá logo o melhor argumento para ser destruído.

Oscar Maximo disse...

Tambem os iates costumam estar associados a gente rica. Logo, vou já comprar um iate a ver se fico rico. A confusão entre correlação e causa neste post parece evidente.

Maria Margarida disse...

Caro Tonibler
É uma forma de ver a questão. Mas o que é mais barato? Um Estado Social mínimo? E o que é o mínimo?
Caro Oscar Maximo
Eis a questão: são justamente as opiniões contraditórias acerca de uma mesma realidade que, independentemente da existência de correlação entre factos, impedem que se conclua qual é a causa e qual é a consequência.

Suzana Toscano disse...

Margarida, também vi o relatório e creio que há um outro, creio que da ONU, que diz mais ou menos o mesmo. Não tem novidade nenhuma, a não ser a de lembrar o que parecia subitamente esquecido, que o Estado Social foi e é uma marca do progresso europeu, que todos os países em desenvolvimento anseiam por promover nos seus países. Veja-se o discurso de Obama... o que é essencial, num momento de grande pressão e urgência, como o que vivemos, é corrigir para melhora, e não intervir para estragar, invocando malfeitorias que, muito em breve - e já começa - serão vistas como determinantes para o progresso e, como diz Obama, a felicidade dos povos.Corremos o risco de, ao apagar o incêndio, estragar as casas e as mobílias que não estavam a arder.