Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Fazendo contas no rescaldo

Claro que as eleições eram para o Parlamento Europeu. Claro que a abstenção não permite leituras e conclusões lineares. Mas há ilações objetivas que se podem tirar da comparação entre os resultados das eleições mais próximas que dão bem a ideia do desgaste dos partidos no poder. 
Em 2011 os votos somados de PSD e CDS/PP totalizaram 2.813.069. Em 2014 a coligação destes dois partidos obteve 909.431 votos. 
Dois terços dos que escolheram PSD e CDS em 2011 negaram-lhes, três anos volvidos, o apoio. E ninguém seriamente pensará que foi por causa das propostas destes partidos em relação à Europa. 
Por isso, se se entende mal o júbilo do PS na noite das eleições (ainda que a ressaca logo se tenha feito sentir...), também não se percebe a indisfarçada satisfação da maioria perante tamanho abandono do eleitorado.

11 comentários:

Bartolomeu disse...


São verdadeiras todas as evidência que o caro Dr. José Mário elenca ao longo deste post.
É verdade que cada "coisa" é uma "coisa". Mas é sensato pensarmos também: Os números de 2011, foram o resultado de uma conjuntura, os de 2014, foram o resultado de uma conjuntura, diria, quase diametralmente oposta. É sensato pensarmos também, que os votos perdidos pelo PSD/CDS, não foram ganhos pelo PS mas sim pela Abstenção (um partido que está a ganhar dimensão) e por partidos/surpresa.
Se tentarmos ler estes indicadores em conjunto, percebemos que: além da insatisfação com a governação atual, os eleitores estão preocupados com a tendência do governo, de viragem à extrema direita. Por isso, os partidos de esquerda aumentam o número de votos e a abstenção ultrapassa todos. Ou seja e resumindo; a massa pública, anónima, votante, percebe que está a ser vítima de um abuso de poder crescente, tendente a reduzi-los à sua menor expressão e a condicioná-los ao menor rendimento e às piores condições de vida.
Se a leitura que faço dos resultados eleitorais, que em minha opinião refletem o estado de alma dos portugueses, as próximas eleições legislativas poderão ter como resultado, um golpe de estado nas urnas e uma viragem perigosa à esquerda.
Se os dois principais partidos portugueses (que nestas eleições europeias ficou demonstrado que diminuíram de tamanho) tiverem dos resultados uma leitura semelhante à minha, só têm duas saídas: ou procuram formas de governar democráticas, integradas no espírito da Constituição e direcionadas para a resolução dos problemas reais do país e das populações, ou definem uma política definitivamente ditatorial, com regresso à lei do cacete e do bico calado.

JM Ferreira de Almeida disse...

No essencial, de acordo meu caro Bartolomeu. Essa visão dos partidos do governo derivarem para a extrema direita é que me parece uma visão extrema...

Pinho Cardão disse...

...mesmo de extrema-esquerda...
Onde já vai o amigo Bartolomeu!....

Bartolomeu disse...

Não pretendo "vender-lhes" nada, estimados amigos. Porque não tenho e, se tivesse, não lhes venderia ( porque certamente não teria qualidade suficiente para vender a amigos).
No entanto, e como já disse, mesmo não sendo a dama na defesa da qual empenhe a minha honra e sacrifique a minha vida, parece-me (a minha) uma "leitura" com um alto grau de acuidade.

João Pires da Cruz disse...

Até a leitura "negaram-lhe o apoio" me parece excessiva atendendo a falta de quorum... Apoio a quem?

A única leitura que me parece razoavelmente óbvia será que o valor dado ao parlamento europeu (não à Europa como já ouvi) é inferior levantar o rabo do sofá ou desviar o carro na ida ao Colombo. E nem me parece que essa percepção esteja muito desviada, atendendo que o papel de um deputado europeu é basicamente fingir que tem um papel.

JM Ferreira de Almeida disse...

Vê-se que o meu Amigo João Pires da Cruz não acompanha o lugar paralelo do futebol. Se acompanhasse saberia que também se perde por falta de comparência ;).
Essa da falta de quorum faz pensar, meu caro João Cruz. Como sabe, a falta de quorum deliberativo torna juridicamente inexistentes as decisões pois não há vontade "suficiente" que permita imputar a expressão dos que se pronunciaram à pessoa coletiva. Imagine a volta que não levaria o sistema se se fixasse um quorum eleitoral ainda que pelos mínimos (inferior a 50%)...

João Pires da Cruz disse...

Caro JMFA, as decisões são inválidas, no sentido que não representam a vontade popular. Quórum não houve. Mas não deixam de ser legitimadas pela secretaria, exactamente o local onde se deliberam as derrotas por falta de comparência :)

JM Ferreira de Almeida disse...

Bem argumentado, sim senhor. Volto à minha, o meu Amigo João Cruz dava um belíssimo Advogado ;)

Pinho Cardão disse...

Se eu tivesse um escritório de advocacia, contratava-o já.
O que ele não faria rabiar os juízes e o ministério público!...
Abr.
APC

João Pires da Cruz disse...

Amabilidade vossa! Acho... :)

Unknown disse...

Bem visto,mas podemos e devemos alargar a visão e ver que partidos que tiveram uma percentagem bem superior, tiveram por vezes quase metade dos votosdo que antes . Isto acontece porque a propaganda cega os "politicos mentirosos" e porque eleitores e comentadores são pouco exigentes com a informação que lhes fornecem. Ganhemos um pouco de espirito critico e não engulamos sem reclamar de xaropes mal amamhados.