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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Konrad Lorentz

Quando comecei a ler Konrad Lorentz, há muitos anos, fiquei fascinado com as suas pesquisas e descobertas. A etologia, ciência do comportamento dos animais, revelou aspetos que podiam, pelo menos em parte, explicar muito do que é o ser humano e o que faz. E faz coisas verdadeiras miseráveis, a ponto de envergonhar qualquer outra espécie. É a única que mata o seu semelhante com uma violência e perversidade que não se observa em qualquer outro animal.
A agressividade é inata, assim como outras formas básicas de vida, caso dos comportamentos sexual e alimentar entre outros.
Ficou para a história a imagem dos patos a segui-lo como se fosse a mãe. Os patos quando nascem seguem o que se mexe no momento. Até faz lembrar certas pessoas da nossa praça que, quando nascem para a política, seguem o chefe como se fosse a "mãe". Mas este é outro fenómeno para ser autopsiado noutra altura!
Ganhei gosto pela etologia. Li muito sobre tão importante ciência que ajuda a compreender a nossa natureza, sobretudo, repito, a violência com que somos capazes de tratar o próximo.
A agressividade é inata, vital para a sobrevivência do indivíduo e da espécie, mas no caso dos humanos, seres "criados à imagem e à semelhança de Deus", as coisas complicam-se. O uso das mãos, dos dentes, das unhas e dos pés, são substituídos por arcos e flechas, facas, machados, pistolas, espingardas, bombas e todo o arsenal que a mente humana é capaz de criar, ou seja, multiplica a uma escala nunca vista aquilo que pode ser útil à sobrevivência, matando e destruindo. Muitos dos fenómenos etológicos são úteis porque ajudam a explicar a humanidade; fragmentada em sociedades, grupos, ideologias e religiões que, na prática, se comportam como  "espécies" diferentes e ameaçadoras umas das outras.
Lorentz era um médico austríaco que lutou na segunda grande guerra e foi feito prisioneiro pelos russos. Ganhou o prémio Nobel da Medicina conjuntamente com dois amigos, Nicholas Tinbergen e Karl Von Frisch. O primeiro fez parte da resistência holandesa e foi prisioneiro da sinistra Gestapo, enquanto o segundo tinha sangue judeu.
As suspeitas de que Lorentz era nazi não é de hoje. Após o final da guerra desculpou-se, segundo julgo, argumentando que foi obrigado a inscrever-se no partido para não perder o emprego. Agora, a Universidade de Salzburgo desclassificou-o, "post mortem", anulando o título de doutor "honoris causa" por esse facto. Fico confuso e muito perturbado.
Uma das épocas mais tenebrosas da medicina prende-se com o período nazi. Não é que Lorentz tenha tido parte ativa nas mais execráveis experiências e comportamentos de que há memória. No entanto, o facto de ter concluído pelo efeito "negativo do hibridismo", fenómeno que não corresponde à realidade, contribuiu para reforçar a tese da supremacia racial. Este é apenas um aspeto que norteia a tese nazista do investigador. Nas suas obras, Lorentz tenta explicar em parte a razão de ser do mal da humanidade através de muitos comportamentos inatos a que os seres humanos não são imunes. Agora fico dividido entre o respeito que tenho pelos seus trabalhos e a ofensa da sua atitude política. Seja como for, muitos aspetos da sua obra continuam a ajudar e a explicar muito do que são os seres humanos, violentos à escala mais absurda da perversidade, mas também capazes dos maiores feitos em que o amor e o carinho se podem manifestar com a mesma intensidade, mas de sinal contrário.
Como é possível que alguém que ajudou a compreender a razão do mal possa ter aderido a uma ideologia que é um dos mais tenebrosos símbolos em termos ideológicos?
Uma pergunta que lhe gostaria de ter feito.
Agora tento imaginar qual seria a(s) sua(s) resposta(s).
Quase que me apetece dizer que o ser humano consegue ser mais misterioso do que todos os mistérios do universo, com Deus, sem Deus ou apesar de Deus.

5 comentários:

Bartolomeud'Asp disse...

No entanto a espécie possui características que paradoxalmente, tanto a impele à auto destruição, como, perante catástrofes, a mmobilizar-se e a procurar - muitas vezes correndo riscos extremos - salvar as vidas dos semelhantes.
Será que está espécie a que pertencemos se caracteriza por possuir uma loucura altruísta?!

Unknown disse...

Ainda que mal pergunte : já foi retirado a alguèm qualquer espécie de título por pertencer/ter pertencido a Partidos Comunistas?
E, já agora, outra pergunta : o termo "hipocrisia" ainda mantém valor corrente?

José Domingos disse...

Eu combati, na guerra do ultramar. Depois foi guerra colonial. Será que sou ou fui fascista, colonialista ou terei de ser julgado pelo tpi como criminoso de guerra ou apoiante de uma guerra fascista.
Não me lixem.
Os heróis, só aparecem, porque são seres humanos a querer continuar vivos, o resto, é conversa para encher chouriços ou justificativos de esquerda

Anónimo disse...

Para José Domingos: «Quando chega a hora da batalha, só os cobardes calculam se poderão ou não ganhá-lha. Os bravos perguntam apenas onde é que é preciso combater».

Olhe Salvador (em aramaico e em hebraico: Jesus) como mestre tem de treinar o prantar as suas ideias em poucas linhas. É pecadilho "de sempre" que, para mim, torna chata a leitura dos seus posts.
Creio que deve saber que fomos feitos "à imagem e semelhança" por quem fez tudo. Ele sabia porquê. Mistérios são só para os homens; que nada sabem do Divino.

MM disse...

Disgusting!...