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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Os actores do ensino básico chamados ao palco da reforma curricular


Noticia o Público de hoje que o Ministro da Educação “vai ouvir o que os alunos têm a dizer sobre curriculos”, realizando para tal uma conferência para “auscultação de diferentes actores”, para a qual foram convidados alunos de todos os ciclos de ensino, incluindo os 1º, 2º e 3º ciclos do básico, que, entre outras perguntas certeiras, terão que opinar sobre “o que mudaríamos (ou não) na escola?”

Constato que o pré escolar ainda não tem voto na matéria mas, como de pequenino se torce o pepino, não vejo razão nenhuma para que um aluno de 4 anos não tenha oportunidade de se pronunciar antes que lhe imponham curriculos imaginados pelos mais velhos do 1º ciclo, por exemplo, já com uma vivência diferente aos 6 ou 7 anos. Espero também que, depois de iniciativa tão inovadora que põe termo à inexplicável “tradição de os alunos não serem ouvidos sobre curriculos”, sejam criados grupos de acompanhamento permanente da execução da reforma, integrando todos os actores assim chamados ao placo da educação. Esta será, certamente, a reforma curricular mais bem pensada desde sempre.  Aguardemos as conclusões dos workshops, que serão depois comentadas pelas associações de professores, conforme diz o comunicado oficial.

7 comentários:

JM Ferreira de Almeida disse...

Um caso sério, este ministro da educação...

Pinho Cardão disse...

Uma comédia com ar tão sério só não dará tragédia porque o comediante vai sair pela esquerda baixa...

Maria Margarida disse...

Suzana
Nada de pensamentos negativos. Vai ser um sucesso com repercussões internacionais!

Tiro ao Alvo disse...

No ME parece que está tudo doido.

Pinho Cardão disse...

Optimista, caro Tiro ao Alvo. Parece?

João Pires da Cruz disse...

Bem, em defesa do manicómio, devo contar uma coisa. A minha mulher fez parte há uns anos de uma equipa de académicos (caro Pinho Cartão, olhe que depois sou eu que a aturo....) com a missão de mudar o currículo da matemática do 1º ciclo. Feitos os estudos, elaborados os objectivos, etc. chegou-se ao ponto de ter que recolher a opinião dos professores e alguém se lembrou (burros) de recolher uns quantos para que fossem estes a determinar como os seus colegas deveriam absorver as alterações. Primeiro, a única maneira de convencer os professores foi prometer-lhes que não davam aulas enquanto estivessem a participar (um invulgar apego à missão de educar), depois a conclusão foi que aquilo que seria prioritário seria formar os professores na matéria a lecionar. Atendendo que estamos a falar de matemática do primeiro ciclo, isso dá-nos uma ideia do conhecimento que os professores levam para a salas de aula...
Por isso, perguntar aos miúdos de 4 anos podem muito bem ser aquilo que nos falta para ter um ensino de jeito. Porque perguntar aos outros intervenientes não é de certeza e aproveitarem a minha sugestão de fazer o outsourcing do ministério da educação para um país que tenha uma, não deve estar para breve.

Suzana Toscano disse...

Caro João Pires da Cruz, o seu depoimento é um retrato muito cru da realidade, continuamos a confundir processos informados de decisão ( deviam ser todos) com processos democrático de decisão que em geral só servem para não se decidir coisa nenhuma ou para desresponsabilizar quem decide.
Caros todos, este e um processo "inovador" que é a "buzz word" que agora transforma tudo em puro ouro....