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domingo, 29 de janeiro de 2017

Cimeiras boas...cimeiras más...

Mais uma Cimeira dos Países do Sul da Europa, desta vez em Lisboa. Para aprofundar a União Europeia e o euro, debater o crescimento, a segurança e a defesa, disseram. 
Bom, creio que reuniões destas, não aprofundam, só afundam. Se a moda pega, teremos em breve uma reunião semelhante dos Países do Norte da Europa, outra dos Países de Leste da Europa. Claro que seriam logo acusadas de divisionistas. A exemplo do que aconteceu há tempos, aquando de uma reunião dos 6 países que assinaram o Tratado de Roma e deram origem à CEE, os quais foram de imediato acusados de quererem monopolizar a UE. Claro, em desfavor dos restantes países.
E confrange ver a França metida em alhadas destas. O que é bem a medida da sua decadência. 

5 comentários:

António Pedro Pereira disse...

Senhor Pinho Cardão:
Esqueceu-se de referir a presença do Rajoy, hoje também um tonto para si, certamente.
Quanto ao outros todos, sem remédio.
Não quer aceitar a minha sugestão de ler com atenção, do princípio ao fim, estes 3 artigos do jornal «marxista» ECO-Economia Online.
Mas aconselho-o a pôr umas lentes transparentes nos óculos.
https://eco.pt/2017/01/30/juros-da-divida-aceleram-estao-nos-42/
https://eco.pt/2017/01/27/volatilidade-na-divida-financiamento-esta-sob-controlo/
https://eco.pt/2017/01/30/taxa-de-desemprego-volta-a-cair-em-novembro/
E não quer pôr uns postezitos sobre isto, especialmente sobre o 3.º artigo.
O sacana do Diabo - apesar dos agoiros/preces de tanta gente para que apareça, apesar do Brexit, apesar do Trump - está atrasado, mas há-de vir, não perca a esperança.
Eu sei que o contexto só conta numas situações, noutras não.
Singularidades de alguns posteiros e comentadores.


Rui Fonseca disse...


Caríssimo António,

Concordo inteiramente que cimeiras regionais podem precipitar a desintegração europeia. Aliás, registei esse receio há alguns anos no meu caderno de apontamentos, quando já era muito visível que os alinhamentos políticos na União Europeia se faziam, e continuam a fazer, mais numa perspectiva Norte-Sul do que numa vontade maior de avançar com os meios indispensáveis a uma integração política mínima que, sem se sobrepor aos valores culturais de cada país-nação, garantisse a coesão consistente de uma nacionalidade europeia.

É muito evidente que, por um ser um conjunto de nações culturalmente vincadamente diversificado, na União Europeia os interesses não são disputados acerca das medidas que podem fazer avançar o conjunto mas do confronto de interesses de cada país membro, alinhados sobretudo pelos valores culturais que historicamente se impregnaram no Norte protestante/calvinista e no Sul católico.

Quando em 2008 a crise latente irrompeu e as dívidas soberanas pareciam ter emergido de um dia para o outro, ninguém minimamente informado e mentalmente honesto pode negar que, sem uma cooperação eficaz e oportuna do conjunto, o problema se tornaria insolucionável. A resposta do Norte, carregada de muitas e reconhecíveis razões, foi exigente mas não foi adequada.
Os recursos voaram de sul para norte, enquanto a Norte se financiavam a taxas negativas a Sul pagavam, e pagam, juros com língua de palmo.

Por estas e muitas outras razões, se cimeiras a sul são mau presságio para o futuro da União Europeia, a convergência do Norte sustentada por preconceitos de superioridade moral já tinha abalado profundamente a estabilidade do edifício europeu quando a crise emergiu.

Crise que alimentou os nacionalismos e os seus rebentos espúrios desfraldam agora as bandeiras enroladas há décadas. Ensanduichada entre Trump e Putin, e Mrs May a ver no que vai dar, nas democracias europeias crescem trumpitos e putinitos ambicionando escaqueirar o edifício em construção.

De modo que, Caríssimo António, se a cimeira do sul foi uma masturbação política é porque, definitivamente, Norte e Sul europeus não se sentem bem na mesma cama e o divórcio será uma questão processual.
Lamentável e extremamente perigosa, ensina a História.

Pinho Cardão disse...

Caro Rui:
Poderás estar certo, mas não consigo dar-te toda a razão. Acontece que os do Norte, que têm apoiado os do Sul, ao longo dos anos, com dezenas e dezenas, talvez centenas, de milhares de milhões, começam a estar fartos dos dislates, desperdícios, má gestão destes últimos. Pior, começam a não aguentar as críticas de que, apesar do apoio,insistentemente são alvos. Por isso, meu caro Rui, bom seria que, em vez de perderem tempo em reuniões estéreis, para fazer de conta, olhassem para os respectivos países e fizessem as reformas necessárias. Mas isso, pelo menos por cá, é o que a geringonça quer menos, nem quer sequer ouvir falar. Claro que os do Norte entendem perfeitamente que, não havendo essas reformas estruturais, por mais reestruturações que haja, bastaria um ano ou dois para tudo voltar à situação de partida. Repara: primeiro, era o Pacto que era mau, depois que o limite de défice de 3% e os 60% da dívida uma estupidez,
o FMI uma imposição absurda, a Troyca, um abuso intolerável, os juros, especulação do capitalismo internacional, etc, etc. Continuemos assim, que vamos bem...

Rui Fonseca disse...



Se me dás alguma razão, Caríssimo António, talvez não estejam tão afastadas assim as nossas posições quanto à matéria.

Suponho mesmo que, enquanto o meu perclaro amigo centra a sua objectiva no tropeçar do andamento da carruagem doméstica eu entretenho-me a olhar para o tropeçar da europeia. Porque é esta última que, se descarrila,poderá acabar o período mais longo de paz entre europeus.

Quanto à origem e grandes responsáveis pelos níveis atingidos pelas dívidas soberanas no sul da Europa e Irlanda já concluímos há muito que estamos em desacordo.


Pinho Cardão disse...

Discordemos, pois, amigavelmente!...
Acontece que estamos muito mais vezes de acordo.Felizmente!...