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quarta-feira, 13 de junho de 2018

"Vazio"...



Zisi, neto de Confúcio, foi um filósofo interessante. Segundo ele as pessoas sábias deveriam copiar a realidade para dentro de si, princípio patenteado no seu livro, "Doutrina do Meio". Para compreender os acontecimentos da vida é preciso uma mente "vazia", ou seja, é necessário esvaziar as nossas cabeças no dia-a-dia para poder pensar. Um conceito interessante a lembrar um outro, o de Zaratustra de Nietzsche. Sempre que observamos um objeto, ou experimentamos um acontecimento, só o podemos ver sob uma nova luz se a nossa mente estiver "vazia". Mas há um grande problema a ser resolvido. Como esvaziar uma mente cheia de "conhecimentos"? Há duas possibilidades, através da empatia e da justiça social. No primeiro caso, se alguém estiver a sofrer devemos entrar na mente do sofredor, e não ficarmos pela análise e crítica aos sistemas sociais de proteção que garanta o bem-estar social. Se virmos que existe poluição num rio, pudemos utilizar os conhecimentos científicos para a explicar, mas só imergindo nas suas águas é que conseguimos compreender a situação. Não estou a ver um antigo candidato à presidência da câmara de Lisboa a mergulhar nas águas do Tejo na zona de Abrantes ou na Ribeira dos Milagres! A segunda maneira de "esvaziar" a nossa mente é através da justiça social. Face aos inúmeros problemas que nos atingem poucos são os que se interessam pela justiça das coisas, caso das causas da poluição ou das alterações climáticas. Nestas circunstâncias preferem saber quais as vantagens, quase sempre económicas, como é fácil de compreender, em obter dividendos da situação. Pois não, dirão alguns retóricos, são boas oportunidades de negócio.  
Empatia? Dói! Justiça social? Que se lixe! Se aliarmos esta dupla recusa aos preconceitos, aos interesses económicos e ao branqueamento religioso, então, é fácil de concluir que o processo de produzir conhecimento fica arredado da maioria das mentes, permitindo o imperativo egoísta, a pretensão saloia, a explicação política e o determinismo religioso.  
Zisi sabia o que dizia e também que nunca chegaria o "tal" dia. Esvaziar a mente para produzir conhecimento e germinar sabedoria? Mais fácil é esvaziar a bexiga. 
Tenho pena em não ter conhecido Zisi, caso contrário dizia-lhe: - É mais fácil esvaziar a bexiga do que a mente. Sempre é um alívio que até dá prazer. Mas ele também devia saber isso.   

1 comentário:

Bartolomeu disse...

Para Marcelo - seja com o fim de ganhar uma câmara ou um voto de popularidade - mergulhar no Tejo em Lisboa ou em frente ao esgoto da Portucel, são "peanuts". Até porque, tanto num caso como no outro, o resultado é inócuo. Nem câmara, nem redução da poluição e muito menos quem fanou o armamento, seriam objetivos alcançados.