Numa Conferência na Ordem dos Economistas, Teresa Ter-Minassian deu hoje uma lição sobre as causas da crise portuguesa. Não foi a crise internacional, como, aliás, tantas vezes aqui se referiu no 4R. As razões foram razões nacionais, de má governação. Teresa Ter-minassian não nomeou Sócrates, mas referiu o período, o que vem dar ao mesmo. Segundo Teresa Ter-Minassian, as causas foram as seguintes:
1ª - Défices orçamentais excessivos originados por um forte aumento do consumo público. O défice primário estrutural (excluindo a componente cíclica e medidas temporárias) subiu em mais de 5.5 pontos percentuais em relação ao PIB entre 2008 e 2010.
2ª - Distorções no sistema tributário
3ª - Inadequados controles da execução dos orçamentos, resultando em sistemáticos excessos dos défices realizados sobre os valores orçados
4ª - Forte crescimento da dívida pública
5ª- Acumulação de responsabilidades publicas contingentes, relacionadas com o desempenho de entidades públicas autónomas, regiões e autarquias locais, e empresas públicas
6ª- Acumulação também de responsabilidades futuras associadas com as PPPs
7ª- Forte aumento da alavancagem e exposição a riscos de crédito dos bancos
8ª- Falta de diversificação das exportações, deixando-as vulneráveis a concorrência dos países emergentes com baixos custos
9ª- Rigidez no mercado laboral e falhas no sistema educativo, dificultando o crescimento da produtividade
10ª - Limitada inovação tecnológica, em parte reflectindo a atitude pouco favorável a investimento estrangeiro directo em sectores considerados estratégicos
11ª - Falta de concorrência em sectores importantes, especialmente de
bens não transaccionáveis; dificuldades na gestão empresarial, devidos a excessiva burocracia e a falhas no sistema judiciário.
1ª - Défices orçamentais excessivos originados por um forte aumento do consumo público. O défice primário estrutural (excluindo a componente cíclica e medidas temporárias) subiu em mais de 5.5 pontos percentuais em relação ao PIB entre 2008 e 2010.
2ª - Distorções no sistema tributário
3ª - Inadequados controles da execução dos orçamentos, resultando em sistemáticos excessos dos défices realizados sobre os valores orçados
4ª - Forte crescimento da dívida pública
5ª- Acumulação de responsabilidades publicas contingentes, relacionadas com o desempenho de entidades públicas autónomas, regiões e autarquias locais, e empresas públicas
6ª- Acumulação também de responsabilidades futuras associadas com as PPPs
7ª- Forte aumento da alavancagem e exposição a riscos de crédito dos bancos
8ª- Falta de diversificação das exportações, deixando-as vulneráveis a concorrência dos países emergentes com baixos custos
9ª- Rigidez no mercado laboral e falhas no sistema educativo, dificultando o crescimento da produtividade
10ª - Limitada inovação tecnológica, em parte reflectindo a atitude pouco favorável a investimento estrangeiro directo em sectores considerados estratégicos
11ª - Falta de concorrência em sectores importantes, especialmente de
bens não transaccionáveis; dificuldades na gestão empresarial, devidos a excessiva burocracia e a falhas no sistema judiciário.
Eu ouvi lá isto. Mas, depois, não ouvi nenhum jornalista referi-lo. Estiveram lá?
6 comentários:
"Teresa Ter-Minassian não nomeou Sócrates"
Refiro eu.
"o mais pernicioso PM do regime" em carta ao I.
E estavam lá muitos jornalistas e televisões!
Caro Dr. Pinho Cardão:
Venho frequentemente ao 4R mas nunca comentei.
A si, tenho por um homem sério, pelo que me espanta a estreiteza do seu comentário, claramente marcado pela ideologia.
As dicotomias são uma perniciosa forma de analisar a realidade, são uma espécie de «árvore» que nos impede de ver a floresta, fixamo-nos nela e perdemos todo o resto.
Sobre as «qualidades» de Sócrates e da sua governação, estamos conversados, nunca votei nele, nunca tive a menor consideração por sujeitos sem carácter nem princípios.
Mas há uma genealogia anterior a Sócrates, iniciada a partir do momento em que nos convencemos de que éramos ricos (e isto para não falar nas debilidades anteriores a 1986 – vejam-se os números do crescimento da economia, desde 1961 e até 2009, do Banco Mundial, e disponíveis na NET), cujos actores, embora de modo diferente (e apenas nas consequências) pouco ficaram a dever a este sujeito.
Quer o défice, quer a dívida resultam da falta de produção e do excesso de consumo, e isso não começou com Sócrates.
A destruição do aparelho produtivo (agrícola, industrial, minas, pescas) foi anterior a Sócrates; as PPP foram inauguradas muito tempo antes; há muita gente que hoje tenta fazer esquecer a crise de 2007, cujas consequências se estão a fazer sentir em diversos países que não tiveram nenhum Sócrates.
Retomando a senhora:
2ª - Distorções no sistema tributário; começaram com Sócrates?
5ª- Acumulação de responsabilidades publicas contingentes, relacionadas com o desempenho de entidades públicas autónomas, regiões e autarquias locais, e empresas públicas; Só aconteceram com Sócrates?
6ª- Acumulação também de responsabilidades futuras associadas com as PPP; idem.
9ª- Rigidez no mercado laboral e falhas no sistema educativo, dificultando o crescimento da produtividade; idem.
10ª - Limitada inovação tecnológica, em parte reflectindo a atitude pouco favorável a investimento estrangeiro directo em sectores considerados estratégicos; idem.
11ª - Falta de concorrência em sectores importantes, especialmente de
bens não transaccionáveis; dificuldades na gestão empresarial, devidos a excessiva burocracia e a falhas no sistema judiciário; idem.
Com isto tudo até pareço uma socrática, mas garanto-lhe que não. Mas detesto a estreiteza e distorção da análise, resultante de uma agenda escondida ou de preconceitos ideológicos. Como não quero fazer juízos de intenção infundados, acredito que o seu Post seja marcado apenas pela ideologia e pela aversão epidérmica ao figurão.
Devemos fazer sempre um esforço de racionalidade e de isenção, senão caímos no que criticamos: a ilusão.
Caro Dr. Pinho Cardão
"Bem prega Frei Tomás (Ter-Minassian), faz o que ele(a) diz, não faças o que ele(a) faz."
Caro Dr. Pinho Cardão, aquilo que causou ou que concorreu para a causa da crise portuguesa, todos sabemos o que foi e, não foram somente a quase dúzia de razões que a emérita economista apresentou na conferência; foram também os silêncios do Presidente da República e do maior partido da oposição, na altura.
Mas isso agora pouco importa.
Aquilo que realmente apoquenta toda a gente, neste momento é, que futuro tem o povo português e que medidas irá o governo decidir adoptar para conseguir parar o afundamento deste barco que mais parece um passe-vite.
Defendeu a Senhora Ter, nessa mesma conferência, que a diminuição da taxa social única é uma boa medida, mas que deverá ser compensada com a subida das taxas sobre o consumo.
A mim, parecem-me duas medidas que irão ter como resultado o engordamento dos empresários, o emagracimento dos trabalhadores e a anorexia dos desempregados e dos reformados que auferem da pensão mínima.
Teoricamente, a redução da TSU, visa dinamizar a produção e o investimento empresarial, ajudando a criar mais produção e mais emprego. Na prática, e porque conhecemos a mentalidade do empresário-tuga, já estamos a ver mais uma vaga de BM's de Audis e Porsh's à porta dos restaurantes da moda, mas... a anorexia dos mais desfavorecidos, irá crescer, disso não duvidamos.
Cara Aurélia Santos:
Pois se costuma vir visitar o 4R,como refere, muito gostaríamos de ter regularmente os seus comentários. Porque, pela amostra, enriqueceriam o Blog. E muito obrigado por me ter como pessoa séria. Faço tudo por sê-lo, e creio que sou.
Diz que há uma genealogia anterior a Sócrates. Pois há. Mas pouco interessa ir até ao antes do 25 de Abril, onde, aliás, tivemos o maior crescimento de sempre (é factual, não desculpando a ideologia), ou ao tempo da crise de 1978 ou à de 1983, ou ao tempo de Cavaco como 1º Ministro, onde também crescemos bastante bem. Teresa Ter-Minasian referiu-se ao período a partir de 1995, onde existiram, e aí tem razão, Guterres, Durão Barroso, Santana e Sócrates. Mas em 15 anos, os socialistas governaram 12. Contudo, foi após 2004 que a dívida pública ficou sem controle, mercê do aumento delirante da despesa. E se os défices puderam ser por vezes mascarados, a dívida pública não podia ser. Deste modo, a dívida pública passou de 68% do PIB para cerca de 90% em 2010. Só a dívida pública directa. No período de 2004 a 2010 aumentou 60 mil milhões de euros, cerca de 2/3 da dívida existente à data de 2004(90 mil milhões). E não foi por causa da crise, ou como medidas de apoio à economia,pois o défice estrutural, despido das medidas temporárias, aumentou em 5,5%. Aqui está a raíz do problema. Por outro lado, e a agravar o quadro, muitas despesas que antes iam ao OE passaram para entidades empresarializadas ou para PPS, mas em que o estado acaba por ser o último garante e tem que pagar.
Esta situação, cara Aurélia Santos, não pode ser lavada ou esquecida, porque está aqui a grande causa das coisas.
Claro que outras causas houve e em que o Governo também é responsável, como na, segundo Teresa Ter-Minassian, rigidez no mercado laboral e nas falhas no sistema educativo, dificultando o crescimento da produtividade, porque não legislou nesse sentido.
E também é parcialmente responsável pela limitada inovação tecnológica, na medida em que tem deixado muitos Laboratórios e Organismos de Investigação do estado à rédea solta, investigando o que lhes dá na real gana e sem qualquer ligação às empresas. Muitos fazem uma investigação a gosto do investigador, mas ~sem qualquer freflexo na originação de novos produtos susceptíveis de serem comercializados. E também é responsável por muitos custos de contexto a que a oradora se referiu.
Termino pr aqui, que a prosa já vai longa. Mas quanto mais penso na desgraça colectiva em que estamos metidos, mais se me afigura que os governos de Sócrates foram uma autêntica calamidade. Simplesmente porque deixou uma herança pior do que aquela que recebeu. E não foi por causas externas. Estas, quando muito, só evidenciaram e agravaram um pouco o mal que vinha a ser feito. e que não pode ser iludido.
Mas, longe de mim, querer ter toda a verdade nesta matéria.
Eu, por acaso, não gosto de cá vir, nem de comentar..:)
Mas, contribuindo para a discussão, eu diria que a senhora Teresa, como a maioria dos economistas, confunde a matemática com a física. Aquilo que ela aponta como causas não são causas, são consequências. São os mecanismos que geram défices não são os défices que geram mecanismos.
E neste aspecto, como o ultimo comentário do caro Pinho Cardão sublinha, responsáveis são todos a começar por mim que não trabalhei o suficiente.
E tal como a cara Aurélia eu não culpo o Sócrates por aquilo que os outros fizeram. Mas culpo por ter repetido. E por ter repetido com dados que os outros não tinham. E dados gritantes.
Caro Bartolomeu, a TSU é uma barbaridade imbecil, vista porque prisma seja vista. É um imposto aplicado às pessoas que querem empregar outras pessoas. Seria difícil imaginar coisa mais anti-económica que essa e quem tem que "desenhar" salários sabe o que significa baixar a TSU.
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