António Champalimaud deixou um terço da sua fortuna à Fundação que instituíu, com vista a apoiar programas de luta contra a cegueira e o cancro, ligando, neste último caso, a investigação clínica ao tratamento do doente.
Todos os anos a Fundação atribui um prémio no valor de 1 milhão de euros, alternadamente a "contributos excepcionais na compreensão dos mecanismos da visão ou no combate à cegueira nos países em vias de desenvolvimento".
O prémio deste ano, ontem entregue, destinou-se à APOC (Programa Africano de Controle da Oncocercose), uma entidade desconhecida entre nós, mas que tem desenvolvido uma obra notável no combate àquela doença, também chamada cegueira dos rios. Segundo aprendi na cerimónia, e sem pretensões de a descrição ser absolutamente correcta, a oncocercose é uma doença transmitida por moscas que pululam nos rios de certas zonas de África e Ásia, incluindo Guiná, Angola e Moçambique. Quando estas picam, desenvolvem-se larvas debaixo da pele que se vão sucessivamente reproduzindo e atingem nomeadamente os olhos, produzindo comichão intensa e contínua, diversos tipos de lesões e a cegueira. É um flagelo que atinge cerca de duas centenas de milhões de pessoas. Trata-se, no entanto, de uma doença curável, através da tomada anual de um medicamento fornecido, aliás, gratuitamente pela Merk. A doença grassa em países em que os sistemas de saúde não existem ou são precários, pelo que o grande mérito da APOC consiste em ter criado um sistema de distribuição directa ao doente, e que permite tomar decisões sobre a sua saúde. O processo tem-se revelado eficaz, mau grado a contestação inicial por parte do pessoal dos sistemas clássicos de saúde. Nos dias de hoje, o programa cobre cerca de 90 milhões de pessoas em 19 países.
Fala-se muito na tributação dos ricos e na tributação do património. Gostava de saber se uma confiscação parcial da fortuna de Champalimaud através de impostos teria uma reprodução tão útil para o país e para a humanidade como a que é prosseguida pela Fundação Champalimaud e pelo seu Champalimaud Centre for the Unknown. Estou seguro que não.
Devemos estar gratos a António Champalimaud.
Todos os anos a Fundação atribui um prémio no valor de 1 milhão de euros, alternadamente a "contributos excepcionais na compreensão dos mecanismos da visão ou no combate à cegueira nos países em vias de desenvolvimento".
O prémio deste ano, ontem entregue, destinou-se à APOC (Programa Africano de Controle da Oncocercose), uma entidade desconhecida entre nós, mas que tem desenvolvido uma obra notável no combate àquela doença, também chamada cegueira dos rios. Segundo aprendi na cerimónia, e sem pretensões de a descrição ser absolutamente correcta, a oncocercose é uma doença transmitida por moscas que pululam nos rios de certas zonas de África e Ásia, incluindo Guiná, Angola e Moçambique. Quando estas picam, desenvolvem-se larvas debaixo da pele que se vão sucessivamente reproduzindo e atingem nomeadamente os olhos, produzindo comichão intensa e contínua, diversos tipos de lesões e a cegueira. É um flagelo que atinge cerca de duas centenas de milhões de pessoas. Trata-se, no entanto, de uma doença curável, através da tomada anual de um medicamento fornecido, aliás, gratuitamente pela Merk. A doença grassa em países em que os sistemas de saúde não existem ou são precários, pelo que o grande mérito da APOC consiste em ter criado um sistema de distribuição directa ao doente, e que permite tomar decisões sobre a sua saúde. O processo tem-se revelado eficaz, mau grado a contestação inicial por parte do pessoal dos sistemas clássicos de saúde. Nos dias de hoje, o programa cobre cerca de 90 milhões de pessoas em 19 países.
Fala-se muito na tributação dos ricos e na tributação do património. Gostava de saber se uma confiscação parcial da fortuna de Champalimaud através de impostos teria uma reprodução tão útil para o país e para a humanidade como a que é prosseguida pela Fundação Champalimaud e pelo seu Champalimaud Centre for the Unknown. Estou seguro que não.
Devemos estar gratos a António Champalimaud.
2 comentários:
Touché! Comungo das suas conclusões. Ainda hoje vi e ouvi as reações de responsáveis contra a "cegueira dos rios", algo que atormenta centenas de milhar de pessoas e que pode ser facilmente evitada. A par das contribuições científicas em curso, os prémios estimulam o bem-estar e saúde de muitos seres humanos, o que constitui um orgulho nacional. Quantas pessoas, por esse mundo fora, não irão ter uma vida mais facilitada e saudável graças a iniciativas de portugueses? Sempre é uma ajuda para estimular o ego nacional, espero bem que sim, porque bem precisamos.
Um empresário "mal amado" que se vingou deixando uma parte da sua fortuna a fazer da prática do bem no mundo. Não será demais louvar a iniciativa e acompanhar a excelente execução dos seus propóstos pela Fundação. A tributação do património, tal como agora abundantemente se vem defendendo mesmo por parte de sectores que, teoricamente, a rejeitavam, reduz largamente esta capacidade de iniciativa mas também era muito bom que estes exemplos, em maior ou menos escala, fossem reproduzidos e divulgados. Talvez assim a prática e a teoria pudessem ser claramente confrontados.
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