Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Triste tecnocracia!...

Vi a primeira parte dos Prós e Contras. Dá gosto ouvir o Professor Adriano Moreira. E são devidos os parabéns à Fátima Campos Ferreira pelo modo como o apresentou. É, de facto, uma das mais lúcidas inteligências portuguesas. Magoado pelo facto de o Ministro Mariano Gago não ter reconhecido validade à avaliação feita às Universidades pela Comissão de Avaliação a que presidia. E magoado também por ter sido maltratado, ele e a Comissão, diante do próprio Ministro e sem qualquer palavra de defesa por parte deste, pelos custos adstritos a essa avaliação, que não corresponderiam à realidade.
Pode até o Ministro ter toda a razão. Mas não se trata dessa maneira uma pessoa digna, que tem a ideia de serviço público, que tem dado o melhor de si nessa tarefa e por isso merecia melhor agradecimento.
Deste modo, e cada vez mais, só se dedicará ao serviço público quem, em desespero de causa, não encontre lugar em qualquer outro sítio. E mais lugar ficará para os consultores internacionais, como estes que agora substituiram Adriano Moreira!...

6 comentários:

João Melo disse...

o dr PC deixa-nos sempre numa posição incómoda.diz coisas tão acertadas , que mesmo quando queremos discordar , não conseguimos..
;)

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Dr. Pinho Cardão,

Quem ontem viu e ouviu o Prof. Adriano Moreira ficou-lhe ainda com mais respeito e admiração. É um grande Homem, quer o Ministro goste ou não goste.
A sua dignidade foi mais forte que o silêncio, ao entender manifestar perante uma grande audiência a sua profunda mágoa e revolta pela arrogância e a falta de verdade do Ministro do Ensino Superior.
Precisava o Ministro de maltratar o ex-Presidente do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior para justificar uma opção política distinta?
Um comportamento reprovável. Não vale a pena dizer mais nada!

Anónimo disse...

Meus caros, qual a surpresa?
Não está a atitude do ministro "em linha" - como se diz agora - com o ambiente geral de desprezo por quem se dedica à causa pública? Não fomenta este governo, creio que deliberadamente, um clima de aversão a tudo quanto é servidor público, desde o funcionário público ao político, jogando com os mais elementares sentimentos do cidadão comum, procurando capitalizar simpatias já que a corrente vai nesse sentido?
E também não é de espantar o fascínio por tudo quanto vem lá de fora. "O que não é nacional é bom", parece ser o lema.
Entrou-se num período em que nas coisas mais comezinhas e sobretudo nas que mais têm que ver com a nossa maneira de ser e pensar, temos sempre que ver o que os "nossos parceiros europeus" fazem. E o que eles fazem está sempre bem feito!
Começa a perder-se a noção de que o federalismo, em qualquer das suas formas, só será um projecto de sucesso se souber respeitar a diversidade do Estados, mas sobretudo se estes souberem afirmar a sua individualidade. Portugal parece ter abdicado disso, e o exemplo do tratamento dado à Comissão presidida pelo Professor Adriano Moreira, cuja indignação, pela rara autenticidade que se desprendeu das palavras que também ouvi, não é único, infelizmente.

Quanto ao programa, estando de acordo com Pinho Cardão quanto ao elogio a Fátima Campos Ferreira, tenho de dizer que me deixaram uma péssima impressão os reitores, com excepção, nalgumas das intervenções, do senhor reitor da Universidade Nova que soube ser combativo e suficientemente concreto nas acusações que fez ao senhor ministro. Os demais demonstraram uma fraqueza confrangedora na defesa às acusações que, corajosamente diga-se de passagem, o senhor Ministro Gago lhes dirigiu quanto à incapacidade que a Universidade portuguesa tem revelado na sua adaptação aos tempos modernos.

João Melo disse...

claro que é a primeira hipotese!
;)

Tonibler disse...

Não vi o programa. Propositadamente e nem sabia quem presidia à comissão da avaliação. Sobre este assunto lá escrevi no Tonibler há uns dias que este país parece um totó que apanha a primeira rapariga e lhe pergunta "Foi bom para ti?", mas em estado permanente.

Permanentemente andamos a perguntar aos outros o que é que eles acham de nós. É a comissão europeia que diz uma coisa, é o FMI, é a Moody's, é a S&P, é o Eurostat, é o Manuel que se chama James que calcetava ruas em Londres mas que em Portugal orienta bancos, é o MIT que vem vender uns cursos por atacado,....
Nada do que fazemos tem validade se não fôr aprovado por melhor opinião que nunca, mas nunca, é a nossa. "Foi bom para ti?..."

E depois há uma mania neste país que vem muito naquilo que comenta o JMFA. Um consultor estrangeiro não é um consultor internacional. É um consultor estrangeiro.

Anónimo disse...

Essa do "Foi bom para ti" é uma excelente imagem, meu caro Tonibler!