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quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Do Dalai Lama a Mugabe

O Governo portugês não se predispõe a receber o Dalai Lama.
O Governo português predispõe-se a receber Robert Mugabe. Os dois aparecerão seguramente na fotografia oficial.
O Governo é pródigo em falar dos direitos humanos. Os factos indicam de que lado está!...

13 comentários:

Tavares Moreira disse...

Pinho Cardão,

A vinda de Mugabe a Portugal, para além da distinção inquestionável que confere ao nosso País - anfitrião de tão notável e respeitado estadista - pode oferecer uma grande oportunidade para que o mesmo estadista seja convidado para editar uma palestra na Ordem dos Economistas.
Aí chegado e depois de assinar o livro de honra, reunindo a fina flor dos nossos mais respeitados e bem pensantes Ecónomos, proferiria uma lição sobre a "Nova Economia do Zimbabue- da economia de mercado a uma economia de troca natural (barter trade)".
Teríamos a possibilidade de perceber melhor o milagre económico do Zimbabue, cuja taxa de inflação este anos, segundo as últimas previsões do FMI pode ultrapassar 1.000%.
Pode estar certo de que seria um enorme sucesso.
Os media ficariam deliciados e glosariam o tema, dias a fio.

Bartolomeu disse...

Noto nesta decisão do nosso executivo a velhinha subserviência ao poder económico. É preferível não melindrar o governo comunista Chinês, recebendo com a dignidade merecida, o Dalai Lama.
Belíssima forma de mostrar aos portugueses e ao mundo a dignidade que nos identifica e como bem refere, Dr. Pinho Cardão, a prosápia humanística para defender os seus direitos.

Tonibler disse...

Se calhar o Roberto vem cá lançar a primeira pedra do aeroporto.

invisivel disse...

Que péssimo hábito o de alguns portugueses, que não eu, de estarem sempre a baixar as calças...

Pinho Cardão disse...

Caro Tavares Moreira:
Não tenho dúvidas de que haverá "ecónomos" portugueses a exaltar os feitos económicos de Mugabe!...
E quanto à inflação mugabiana, o meu amigo é um optimista:é que ela já vai nos 8.000%! Consegue-se imaginar isto? Eu não consigo!... E com preços de alguns bens congelados...que deixou de haver, claro!...
O desemprego é de 80%, o que dá nota da vida do sacrificado povo do Zimbabwe, também graças à política do déspota e ditador que fazemos questão de bem receber, certamente com toda a pompa e circunstância.
Ora este ditador foi recebido com palmas e grandes aplausos em recentíssima conferência internacional de países africanos,porventura em homenagem às suas realizações!...

Pedro Porto disse...

Para Sócrates, o nosso, o vaidoso e oco, tudo vale para ficar bem, desde obter um canudo por favor até receber Mugabe para se poder dizer que fez a conferência Europa/Africa.

Quando a Conferência Europa/Africa, acho uma certa piada a tudo. A Europa continua a sustentar uma agricultura cara impedindo a importação de bens alimentares do terceiro mundo. Por exemplo, com os subsídios ao trigo e milho é mais barato para um país africano importar bolachas europeias do que produzi-las localmente.

Quem paga? Os contribuintes europeus. E pagam por duas vias: primeiro, os referidos subsídios a uma agricultura cara; segundo, pagam impostos para financiar o auxílio sistemático ou de emergência a uma Africa empobrecida que nem sequer pode exportar o que pode produzir bem e barato: bens de alimentação.

Quem ganha? Os estadistas africanos que beneficiam pessoalmente desses auxílios. Mas também ganham os estadistas europeus que aparecerão beneméritos nas televisões dizendo o tanto que fazem por Africa, encontrando assim uma razão extra para conseguirem reeleições.

Quem expõe tudo isto? E quem cala tudo isto?

invisivel disse...

Humm…pensando melhor, o Mugabe vem a Portugal completar um cursito rápido…talvez de engenharia!

Tavares Moreira disse...

Pinho Cardão, tem toda a razão, cometi um lapso - "calami", mas lapso - a taxa de inflação prevista pelo FMI para o Zimbabue este ano é de 100.000% e não de 1.000%!
Trata-se de um caso extremo da chamada inflação galopante, a moeda não tem qq valor, os produtos trocam-se por produtos (barter trade).
Consta que a rotativa do banco central do País está incandescente, só funciona com alta ventilação...mas com escassa utilidade pois as pessoas rejeitam a moeda.

pedro oliveira disse...

sinceramente também não percebo o porquê do governo e PR não receberem o Dalai Lama, muito menos a justificação do meu conterrâneo (Luís Amado): "razões conhecidas"?

Já se devem ter esquecido do passou o povo de Timor, por exemplo!

pedro oliveira
vilaforte.blog.com

Tonibler disse...

Quer dizer que o que o Banco Central Zimbabwano(?) precisa é de um governador que esteja atento às pressões inflaccionistas! Eu até lhes podia mandar um ou dois nomes que me vêm à cabeça, assim de repente...

CCz disse...

"Where money for projects has not been found, we will print it."

Robert Mugabe, President of Zimbabwe, on the government's plan to mint more cash for municipal improvement despite the country's annual inflation rate of at least 4500%.

Revista Time de 13 de Agosto de 2007

Anónimo disse...

Só para recordar.
Yasser Arafat, então presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), visitou Portugal pela primeira vez em 1979 e foi recebido oficialmente pela então primeira-ministra, Maria de Lourdes Pintasilgo.
Voltou em Novembro de 1993, acolhido com grande pompa e circunstância pelo Presidente Mário Soares.
Não era chefe de qualquer Estado mas o líder de um movimento que pugnava pela criação de um Estado. Isso não impediu os mais altos dignatários de o receberem, considerando até que estavam com esse gesto a contribuir para a paz, segurança internacional e defesa dos direitos humanos.
A diferença em relação a Dalai Lama não tem somente a ver com o tempo. Os tempos são de facto outros, mas a questão é exactamente a mesma. A diferença está entre o que separa o poder da China e o poder de Israel.
Uma nota mais. Mais cedo do que imaginei, louvo a intervenção correcta e corajosa de Ana Gomes. Ontem, entrevistada por uma das TV´s insurgiu-se contra a atitude do Governo do PS a que pertence recordando que foi Portugal que, pioneiro, junto da ONU dinamizou um movimento de condenação da República Popular da China contra a violação dos direitos do Homem. Revelou que nessa altura os diplomatas portugueses e seguramente o governo foram alvo de pressões pela China. Considerou-as normais no jogo das diplomacias e dos interesses internacionais. E concluiu o que está à vista: não foi a firme atitude de Portugal que prejudicou as relações com a China até hoje.
Concordo, finalmente, com o que Ana Gomes disse: um Governo que não se dá ao respeito não espere que venha a ser, no futuro, alvo de respeito.
Essa sim, deveria ser uma regra da real politik.

Pinho Cardão disse...

Bem dito!...