Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Wall Street e a testosterona...

Achei muito curiosa a reflexão feita no artigo “Too Much Testosterone on Wall Street”, publicado na Harvard Business Publishing Weekly Hotlist, no qual a Autora – Sylvia Ann Hewlett - procura evidenciar que o nível de risco financeiro tomado nas estratégias de gestão nos mercados financeiros varia consoante o sexo do decisor, homens ou mulheres.
A Autora aponta o caso bem sucedido de uma instituição financeira na Islândia, uma das poucas que não sucumbiu à crise financeira que levou o país à bancarrota, em que uma das suas gestoras explica que o lema seguido foi uma regra que fez a diferença: “Our grand rule was simple, we didn't invest in anything we couldn't understand”. Quer dizer que o segredo reside em não investir em nada que não seja possível de compreensão!
Esta regra elementar, aparentemente simples - que para mim é de ouro e que tem uma vastíssima aplicação – é, segundo a Autora, facilmente ultrapassada pelos homens porque no seu “código genético” está escrito que são mais agressivos, gostam de tomar mais riscos, gostam de mais adrenalina.
Com efeito, para estes comportamentos não são alheios os elevados níveis de testosterona que parece induzem uma maior predisposição para a tomada de decisões de maior risco. Pelo contrário, as mulheres apresentam-se por norma bem mais adversas ao risco, bem mais moderadas e mais responsáveis. Esta diferença não surpreende se tivermos presente que a testosterona é responsável pelo desenvolvimento e manutenção das características masculinas normais, tendo um papel determinante na diferenciação entre homens e mulheres.
E alguns estudos concluem que a feminização da gestão sugere uma maior protecção contra as crises financeiras porque as mulheres têm maiores preocupações de controlo, são mais seguras e mais previstas. Vai assim ganhando adeptos a ideia de que são necessárias mais mulheres no topo da gestão das instituições financeiras.
Coincidência ou não, Barak Obama anunciou para a presidência da SEC (Securities and Exchange Commission) uma mulher – Mary Schapiro - e na Islândia foram apontadas há dois meses atrás duas mulheres – E. Sigfusdottir e B. Einarsdottir - para reconstruírem as ruínas do sistema financeiro islandês.
É bom para a humanidade que as mulheres assumam maiores responsabilidades e tenham mais peso na condução dos negócios e da vida das instituições. A reforma do actual modelo institucional, modelo que é apontado como uma das causas da crise financeira, passará também pelo aumento do feminino à frente do destino das organizações.

7 comentários:

PA disse...

É um ponto de vista muito curioso, a relação entre a testosterona, a gestão e o risco.

Mas verdade, verdadinha, o reequilíbrio do sistema passará também pelo fim de uma globalização desenfreada rumo à ganância.

abraço e boa semana de trabalho

Massano Cardoso disse...

Gostei!
A apreciação feita vai no sentido de estabelecer relações entre a biologia, a política e a economia. Não é novo, de qualquer maneira não deixa de ser interessante. Além dos riscos influenciados pela testosterona, o gosto do risco também tem a ver com as aminas cerebrais, nomeadamente a dopamina. Certas mentes, masculinas e femininas, apreciam níveis muito elevados de dopamina pelo que correm certos riscos a fim de provocar a tal subida. Neste caso, o cérebro da mulher não diverge muito do homem. Mas voltando à biologia e à decisão política, lembrei-me de há muitos anos ter lido um livro fabuloso em que o autor chamava a atenção para as mulheres decisoras (políticas e económicas) que sofriam de síndrome de tensão pré menstrual. Nestas circunstâncias as suas decisões podiam ser afectadas com consequências imprevisíveis. Face ao exposto, nada a opor a que as mulheres ocupem certos cargos, mas "só" depois da menopausa e, mesmo assim, ainda não se sabe bem quais os efeitos desta na decisão política! Mas se continuarmos a explorar estas vias, qualquer dia ainda aparece alguém a sugerir que os melhores e mais sensatos governantes deverão ser castrados, verdadeiros eunucos da política...
Não levem muito a sério as minhas palavras. São fruto de uma segunda-feira cinzenta e chuvosa com baixo níveis de "testosterona" e de "dopamina". Há segundas-feiras assim!
Boa semana de trabalho.

jotaC disse...

AHAHAHAAH...Só mesmo este humor do caro Professor Massano Cardoso, me fazia rir nesta manhã e esquecer as cenas tristes que me rodeiam! Este humor e algumas pessoas, claro.
Gostei imenso deste seu post Dra. Margarida Aguiar, mas acho que vai fazer rolar muita coisa!!!

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Cara Pézinhos n' Areia
É uma combinação que dá que pensar e que deve merecer muita atenção, não acha?
Talvez as mulheres possam dar um bom contributo para o reequilíbrio do sistema! Exclui-las não parece ser uma boa opção. Depois admiram-se!

Caro Professor Massano Cardoso
Excelente humor a contrastar com um dia muito tristonho!
Os homens pelos vistos são muito perigosos quando decidem sob a influência de níveis elevados de testosterona. As consequências estão bem à vista! Portanto, conviria que quando estão debaixo dessa actividade ficassem inibidos de tomar decisões políticas. Talvez as decisões pudessem ser tomadas às segundas-feiras, com nuvens, chuva e outras condições climatéricas desagradáveis!

Caro jotaC
Ainda bem que gostou. Gostará ainda mais quando tivermos mais mulheres no topo das decisões importantes. Os primeiros passos vão sendo dados e com a ajuda dos homens que a seu tempo não negarão os benefícios...

Tonibler disse...

Se não investiam em nada que não percebessem, investiam em quê? Sabão? Se toda a gente fizesse isso ainda estávamos na idade média onde, como sabemos, as mulheres tinham uma vida muito feliz...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Tonibler
Sabiam, sim, que não sabiam, mas isso não os travou...

Suzana Toscano disse...

Margarida, também li esse artigo, a minha filha até me recomendou que fizesse um post sobre ele!É claro que o Prof. Massano já lançou a dúvida sobre o fundamento científico da teoria mas de qualquer modo valia a pena tentar, já que vivemos uma fase de experimentalismos pouco científicos... :)Mas, já agora, também me pergunto se não haverá uma obscura campanha oculta contra essa teoria inovadora, uma vez que as tendências sexuais da nova presidente da Islândia tiveram honras de grandes títulos...