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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Campanhas agora de vanguarda

A Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida vai lançar uma mega campanha publicitária que teve honras de notícia no telejornal, com extractos das imagens que serão exibidas para reavivar os alertas para a necessidade de prevenção contra a doença sexualmente transmissível.
E a que se deve este súbito re-despertar da luta contra a Sida? Qual a mensagem renovada que trazem à ribalta com este raid surpreendente? Pois a campanha tem como público alvo e protagonistas do filme os parceiros homossexuais, para o que “serão exibidos alternadamente dois anúncios diferentes, representando relações estáveis e ocasionais entre homens que praticam sexo com homens”. E que a campanha “se estende até ao dia dos namorados”.
É claro que são sempre oportunas e certamente bem vindas as campanhas levadas a cabo para cumprir a missão de um organismo destinado a isso mesmo, a prevenir e combater a Sida. O que me causa perplexidade é este súbito e absolutamente inesperado foco na homossexualidade, quando passámos largos anos a ouvir dizer que todos os grupos são de risco e que era errado alimentar preconceitos que só serviam para agravar a exclusão e a discriminação com base na orientação sexual dos indivíduos.
Pelos vistos, o discurso mudou e agora já se deve evidenciar o risco específico entre os pares masculinos. O que terá determinado esta nova linha de orientação, que há bem pouco tempo teria escandalizado os grupos visados? Houve agravamento da doença que o justifique? Alguma orientação das organizações europeias ou mundiais de saúde que o recomendem? O responsável pela iniciativa esclareceu, de modo um tanto titubeante, que havia um “certo adormecimento” da consciencialização, daí a campanha.
Pois haveria, não sei, o que sei é que, ao ver o filme que a SIC passou, fiquei com a impressão de que a sensibilização que se pretende é bem diferente daquela para que foi criada a Comissão de Luta contra a Sida. E estranho que os grupos alvo não estejam já a reclamar da discriminação que os associa tão explicitamente aos grupos de risco.

Adenda de 18 de janeiro: segundo o DN de hoje, especialistas arrasam esta campanha, alertando para que o seu impacto pode ser perigoso e que "as pessoas estão saturadas das campanhas", além de que "faltam estudos prévios, pré testes e também uma avaliação dos resultados alcançados, que são muito importantes para se saber como elaborar outra campanha". Pois.


10 comentários:

AL disse...

O que vou escrever é verdade.A verdade é dura e por isso tantas vezes inconveniente no dizer.
Fui depois do Natal passar uns dias a uma aldeia algures no nosso Portugal profundo e sério. No fim da Missa o sacerdote disse:A propósito da discussão do casamentos dos homosexuais, quero-vos esclarecer sobre o que quer dizer homosexuais ou gays. São palavras de doutores usadas para nos levar no engodo. Essas palavras servem para nos enganar: casamento de gays e homosexuais são casamentos de "paneleiros".
Vi os olhos estarrecidos e surpresos dos que ouviam...só então compreendiam o que se passava lá por Lisboa no Parlamento.
Valente padre que fala a linguagem que o Povo conhece e compreende. A partir daquele momento a Vila ficou ciente do que se estava a preparar na assembleia da república.
Nota: Compreenderei muito bem que não queiram publicar este mail, devido à palavra brejeira que escrevo, mas essa palavra no Portugal que trabalha, é a palavra que abre conscieências.

jotaC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jotaC disse...

Não acho nada de estranho!...o lóbi gay está em crescendo, influencia decisões a todos os níveis, está presente em todo o lado, portanto, os patrocinadores da campanha, (suponho o estado), prevêem, digo eu, que a aceitação formal da união de pessoas do mesmo sexo, leve a uma explosão de alegria e euforia até agora contidas e, como é sabido, nestas alturas ninguém se lembra de tomar medidas de prevenção, o caminho é todo para a frente…
Tenho consciência que vivo rodeado de pessoas com esta tendência sexual, não o digo por preconceito, pelo contrário, até acho lindo amarem-se todos uns aos outros!

Catarina disse...

Quando os “valentes padres” falam como falam onde parece ser um lugar remoto..e que se consideram os mensageiros do que se passa lá na Capital e o que o Parlamento decreta ou deixa de decretar, não admira que os fiéis não aprendam novas terminologias, novos termos menos derrogatórios! O senhor padre ainda tem um papel a desempenhar, para além do espaço “igreja-missa”, e, a esse cargo associa-se uma certa responsabilidade de conduta, nas suas diversas formas, nomeadamente, a verbal. Mas.... são humanos, não é?! Susceptíveis a “todos” os pecados a que o resto da humanidade está sujeita..e até “violar” a lei dos homens e a lei de Deus.

jotaC disse...

Catarina:
Antes que o "Châteauneuf du Pape" de que falava o Drº Pinho Cardão fique com sabor a rolha, o melhor é ofertá-lo ao srº padre de que fala o caro A! Está visto que o homem de Deus bebe carrascão e depois troca o nome aos bois!
:)))

Catarina disse...

Isto de eclesiásticos (padres... reverendos...) tem que se lhe diga! Com todo o respeito que me merecem... os que merecem! Um reverendo.. Rev. Robertson dos EUA comentou num dos canais de televisão (televisao!!!!!!! Não em “cavaqueio” familiar...) que os haitianos tinham tido a culpa desta tragédia... porque fizeram um pacto com o diabo de forma a tirar de lá os franceses ... há não sei quantos anos! Nem o Chateneuf du Pape de 300 Euros serviria de alguma coisa...

Catarina disse...

Até omiti duas letras ao bendito vinho! Mas, de certeza, não perdeu o seu magnífico sabor lá por isso! : )

jotaC disse...

De facto nesse caso não há nada a fazer...
:)

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
Hoje ouvi na rádio (não me recordo do canal) uma entrevista ao Professor Machado Caetano sobre a Sida, que dizia que as campanhas são importantes mas manifestamente insuficientes.
Falta-nos segundo o Professor informação e educação regular e permanente. Informando transmite-se conhecimento, educando ensinam-se comportamentos e estes fazem muita falta. Nem uma vertente nem outra têm tido a atenção necessária.
Mas dinheiro não falta, pelos vistos, para campanhas publicitárias. O seu impacto é, depois do que ouvi, marginal em termos daquilo que seria fundamental.