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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Esquerda...direita...destroçar!...

Até há pouco tempo, em união de facto na defesa de um projecto comum simbolizado num candidato presidencial comum, a esquerda da esquerda decidiu romper o enlace com a direita da esquerda e usar da máxima violência doméstica. Publicamente, e em plena sessão parlamentar. Não satisfeita, a esquerda da esquerda anunciou já o golpe fatal e decisivo para daqui a um mês.
Acontece que a esquerda da esquerda também diz que o golpe não é contra a esquerda, mesmo que da direita, mas sim contra a direita tout court, pelo que a direita da esquerda deixa de ser da esquerda e passa a ser simplesmente direita.
O que não deve agradar muito à direita, que sempre lutou contra essa esquerda que agora lhe vê impingida como direita. Para evitar confusões, lá vai a direita ser obrigada a distinguir a esquerda da direita, o centro da direita e a direita da direita.
Todavia, sempre se tem dito que a direita é capaz de alianças, ao passo que na esquerda elas são impossíveis. Pelo que, das duas uma: ou se verifica a tese, e lá teremos todas as direitas a defender a esquerda das direitas do golpe da esquerda das esquerdas, ou não não se verifica, e temos o centro da direita e a direita da direita em aliança com a esquerda das esquerdas, tudo à esquerda para derrubar um governo da direita, embora da esquerda ou, noutra versão, da esquerda, embora da direita.
Enfim, um verdadeiro beco sem saída.
Resta é saber se os protagonistas dele vão sair pela direita alta ou pela esquerda baixa.
Ou, o mais provável, se continuam todos no palco, em trágica representação.

6 comentários:

Anónimo disse...

Em trágica representação, conclui muito bem, Pinho Cardão.

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Caboclo disse...

és muito confuso Pinho..
numa altura em que esses conceitos são rídiculos... esquerda direita !!!??
Não é hora de meter esses preconceitos no lixo?
O que interessa são as boas ideias ...não quem as apresenta.
Só porque determinada ideia vem de a ou b vai ser recusada porque vem do lado errado?? Podemo-nos dar a esse luxo ?

Bresson disse...

You can paint shit blue, but it still stinks

Bartolomeu disse...

Se me permite, caro Dr. Pinho Cardão, filosofarei um pouco;
O mundo é constituido por diversos palcos. Nuns, representam-se comédias, noutros... dramas, noutros epopeias mais ou menos trágicas, noutros ainda... respresentam-se peças insólitas. Insólitas, na medida em que não se regem por um guião e porque os encenadores são múltiplos e por conseguinte, os actores, representam a seu bel-prazer... de improviso.
A propósito do que posta, ocorre-me um tema musical já com uns bons anos, mas que me recordo de ter sido um êxito. Interpretado por Françoise Hardy: "Toutes les garçons e les filles de mon'age".
(todos os rapazes e raparigas da minha idade, passeiam-se pelas ruas aos pares. Todos os rapazes e raparigas da minha idade, sabem bem o que é ser feliz)
http://www.youtube.com/watch?v=IOd_5ZRPmFs

Suzana Toscano disse...

Caro Pinho Cardão, realmente não deixa de ser intrigante o alarido e os rios de tinta que tem feito correr a iniciativa anunciada pelo BE de apresentação de uma moção de censura “contra todos”. Também é muito curioso que o partido que foi aliado para as presidenciais seja agora arvorado pelo PS em temível “esquerda radical”, invectivando-se o PSD a decidir sobre o seu sentido de voto sem mais delongas, tal é o perigo da ameaça e da irresponsabilidade que agora demonstra o ex-aliado. No meio de tanta gritaria, é caso para alguma perplexidade, se é a moção é contra todos, quem ganharia com isso?
Lembro-me dos jogos da bisca que costumava jogar com os meus irmãos. Quando as cartas que tinhamos na mão nos perpectivava um jogo fraco, a estratégia devia ser a de obrigar os felizes possuidores do trunfo a jogá-lo antes de tempo, “secando” a sua vantagem. Era o que se chamava atirar “palha”, cartas e naipes que não pontuavam em si mesmos, mas que obrigavam o adversário a acompanhar as jogadas até se verem obrigados a libertar, sem honra nem glória, o valioso trufo que guardavam para usar quando pudesse tirar dele todo o proveito.