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quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Cristiano Ronaldo, Rui Costa e… Simão Sabrosa

Não, desta vez não vou escrever sobre economia, e muito menos sobre impostos!...

Ontem tivemos oportunidade de apreciar um momento sublime num Estádio de Futebol – a prova de que também é possível haver momentos muito bonitos (é disso que se trata) e não apenas a agressividade, a violência verbal e os insultos a que, com regularidade, vamos assistindo. E porque muito apreciei o que aconteceu, não quis deixar de partilhar com os leitores da Quarta República.

O “meu” Sporting perdeu ontem, em casa, com o Manchester United para a Liga dos Campeões da UEFA por 1-0. Um belo jogo, cujo resultado mais certo era o empate. Mas quem falha geralmente é penalizado – ainda para mais quando se joga contra um dos melhores clubes do mundo – e, portanto, quando não há “casos” nem influências externas ao jogo jogado, está tudo certo.

Quis o destino que o golo com que o Manchester United venceu fosse apontado por Cristiano Ronaldo – que, somo se sabe, para além de ser um dos melhores jogadores do mundo, e também dos mais bem pagos, foi formado nas escolas do Sporting, de onde se transferiu, há 4 anos, para terras de Sua Majestade Isabel II.

Quando Ronaldo marcou o golo – um belo golo, por sinal – não só não celebrou como, juntando as mãos e apontando-as na direcção dos adeptos do Sporting, pediu desculpa pelo que acabara de fazer.

No mesmo instante, os adeptos do Sporting, que tinham acabado de ver o seu clube do coração sofrer um golo, retribuíram com palmas, reconhecendo a beleza do lance, o génio de Ronaldo, e aceitando o facto de que a sua tarefa hoje é… ajudar o melhor que puder a sua entidade empregadora, mesmo quando isso implica… marcar ao Sporting!...

Mais tarde, quando ainda durante o jogo Ronaldo foi substituído, foi arrepiante e emocionante ver um estádio inteiro, na sua esmagadora maioria vestido de verde-e-branco, a atribuir-lhe, de pé, a ovação da noite.

Creio que o reconhecimento de Ronaldo relativamente ao clube que o formou e de onde saiu para Inglaterra prova bem a sua dimensão e formação como homem – e o público percebeu bem isso. E proporcionou-lhe um dos momentos mais bonitos a que já assisti num estádio de futebol.

Fez-me lembrar o que se passou há uns anos com outro grande ser humano (e, claro, escusado será dizer, grande jogador), Rui Costa, que, quando marcou em pleno Estádio da Luz um golo pela Fiorentina contra o “seu” Benfica, teve a mesma reacção de Ronaldo e, mais tarde, classificou aquele como o pior golo da sua vida. Revelador. Aliás, não foi à toa que jogando agora no Benfica, Rui Costa foi, ainda na passada terça-feira, homenageado por parte dos adeptos do Milan AC, no jogo Milan-Benfica (pois Rui Costa ainda jogou 5 épocas no Milan). Quando foi substituído e o estádio se levantou para o aplaudir, sentiu-se que não era apenas ao futebolista que se prestava tributo – era também às suas qualidades humanas.

Infelizmente, os exemplos no sentido oposto também acontecem – e assumem uma dimensão maior quando são protagonizados por “estrelas”. Como aconteceu com as declarações de Simão Sabrosa, quando ingressou no Benfica em 2001 (vindo do Barcelona), e referiu, entre outras “pérolas”, algo parecido com o seguinte (não me recordo exactamente dos termos): nada lhe daria tanta alegria como ir a Alvalade e marcar ao Sporting. O ponto é que Simão tinha sido formado nas escolas leoninas, onde passou largos anos da sua juventude e, quando foi transferido para o Barcelona, tinha dito – e bem, na altura: devo tudo ao “meu” Sporting…

Como diz o povo, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades…

Mas creio que é revelador de uma enorme diferença entre Cristiano Ronaldo e Rui Costa, por um lado, e Simão Sabrosa, por outro.

Os primeiros contribuirão para a ocorrência de momentos sublimes e mágicos nos estádios e fora deles (como o de ontem em Alvalade), para além dos pormenores técnicos do jogo, com que habitualmente nos deliciam. São referências e exemplos a seguir pela sociedade. E concorrerão para enobrecer o futebol que, às vezes (tantas vezes…), tão mal visto e mal tratado é.

Já do segundo, infelizmente, não será exagero afirmar que apenas poderemos esperar bons momentos futebolísticos…

2 comentários:

Anónimo disse...

As más línguas dirão, Miguel, que nascidos para sofrer os Sportinguistas aplaudem quem os castiga. Detratores da grande alma sportinguista, a única capaz de um gesto como aquele que se assistiu em Alvalade.
Também apreciei o gesto do Ronaldo. Embora ache que para ser verdadeiramente justo com o clube que o formou, deveria ter compensado com um golo igualmente belo, mas desta feita na própria baliza.
Assim se equilibravam as coisas, se fazia justiça ao resultado, se multiplicavam os aplausos e - last but not least - não ia à vida como foi uma boa maquia de euros ;)

Miguel Frasquilho disse...

É verdade, José Mário, acho que foi um "esquecimento" do Ronaldo que espero que, numa futura oportunidade, não se repita!... :-)