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quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Homenagem

A notícia veio-me como vêm normalmente estas notícias. "Sabes quem morreu?".

Morreu Joaquim Jorge Magalhães Mota.

Desapareceu alguém que, entre muitas outras coisas, me ensinou pelo seu exemplo quanto valem a serenidade e a ponderação.

Há muito tempo que não me encontrava com ele. Apesar disso foi alguém que, mesmo afastado, nunca deixou de me vir à memória nalguns momentos da minha vida, mais tensos, em que dizia com os meus botões, recordando sucessos partilhados: "como é que neste caso reagiria o Mota?"

A minha homenagem a mais um Homem que o País não soube aproveitar devidamente.

5 comentários:

RuiVasco disse...

Tive o prazer o conhecer há mais de 30 anos, era eu um jovenzinho e ele pouco mais. Encontrei-o pela última vez há perto de 8 a 10 anos. Retenho dele a imagem que o JMFA retratou. Permita-me pois que, com a devida vénia, subscreva, na íntegra, o seu texto e faça minha, também, a sua homenagem.

Pinho Cardão disse...

Felicito o Ferreira de Almeida pelo texto em memória de Magalhães Mota.
A sua vida mostrou que esteve na política com forte sentido de serviço público e não como forma de sobrevivência pessoal.
Desapareceu o segundo fundador do PSD. A MINHA HOMENAGEM.

Suzana Toscano disse...

Ouvi hoje de manhã e lembrei-me como Magalhães Mota era um jovem político que era uma referência para aquela geração e para os que,sendo ainda pouco mais que adolescentes, já lhe ouviam os discursos e aprendiam com ele como era importante lutar pela liberdade, pela democracia, estar na política com paixão, com elevação, com coragem, sem ceder nas suas convicções ainda que isso lhe tenha trazido muitos amargos de boca.
Quando comentei a sua morte,realizei até que ponto ficou esquecido quando vi que os "trintões" já perguntam quem ele foi...Que pena, com que facilidade descartamos pessoas com tanta valia ou as levamos a afastarem-se. Justa homenagem, que subscrevo inteiramente.

O Reformista disse...

Magalhães Mota foi, com o seu cachimbo, a cara do PSD naqueles tempos dificeis de 74/75. Foi alguém que esteve na Política com total empenhamento e serviço mas que depois soube sair dela com discrição e sem qualquer benesse.
Lembro-me da particularidade do seu cérebro que lhe permitia conversar com uma pessoa ao mesmo tempo que escrevia sobre outro assunto.
Lembro-me sobretudo das reuniões da Comissão Política da ASDI, aonde eu participei muitas vezes em respresentação da Juventude, creio que conjuntamente com o J.M.Ferreira de Almeida, em que cada um falava à vez sem ser interrompido, dando-se a volta à mesa tantas as vezes quantas a as necessárias até o assunto ficar esgotado. Foi para mim uma escola de Democracia e Civismo

António Alvim

Anónimo disse...

É verdade, meu caro António Alvim. A ASDI, sobretudo pelas virtudes intelectuais de Magalhães Mota, foi uma experiência inegualável de debate sereno e profundo dos problemas da sociedade, muito para além da política.
Admirável a capacidade que refere, que também recordo com nostalgia, de Magalhães Mota.
Outra era o discurso escrito, feito de parágrafos curtos e muito incisivos, para onde vertia a informação registada numa prodigiosa memória (sobretudo para pormenores relevantes que a mais ninguém ocorriam) e num metódico caderninho que sempre o acompanhava.
Ele e os companheiros mais velhos reunidos na Travessa do Fala-Só, nas noites de debate intenso mas sereno, foram uma escola que nenhum de nós, estou certo, alguma vez esquecerá.
Era a política feita de muita generosidade e entrega, herdeira dos primeiros tempos do velho e já defunto PPD, onde o estímulo intelectual nada tem que ver com esta política de hoje, feita de estratagemas, de calculismos mediáticos a que tudo se sacrifica, e de gente sem história, sem passado que não seja a sua carreira partidária que a alguns alçou a cargos públicos.
Tlavez este contraste explique - especulo - o afastamento voluntário de Magalhães Mota da actividade política mais activa. E de outros tantos que num relance me lembro, apagados no contributo que poderiam dar para um futuro melhor.
Mas enfim, quem disse que a vida era justa?