Estou a seguir o debate dos “Prós e Contras”, sobre a reduzida natalidade em Portugal, tema abordado há dias pelo senhor Presidente da República, que, com um ar pungido, perguntou porque é que não nasciam mais crianças em Portugal, e o que é preciso fazer?
Li no jornal que uma velhota lá na terra lhe terá respondido: - Não nascem porque não há dinheiro! O senhor Presidente não ouviu...
Enfim, linda discussão...
3 comentários:
Caro professor Massano Cardoso, não lhe parece que entre o decrescimo da natalidade, ou seja, da vontade de os casais terem filhos e a vontade de investimento, existe uma relação estreita?
Pois essa velhota, na sua simplicidade, deu ao Sr. Presidente da República a resposta mais evidente. Ninguem deseja trazer um filho ao mundo e depois alimentá-lo a tremoços.
Já lá vai o tempo em que o dito popular era: mesa onde cabem 3, cabe sempre mais um, enquanto houver comida na panela, chega a todos. O problema é que a comida na panela escasseia de um modo assustador.
Se por um lado, como afirma o Sr. Presidente da República e muito bem, Portugal, ou qualquer outro país, precisa de população para que haja desenvolvimento, por outro, os casais precisam de se sentir mínimamente seguros, para que prespectivem a sua contribuição.
É obvio que não é o Sr. Presidente da República o responsável pela actual situação, pelo contrário, pois foi no seu governo que Portugal conheceu o maior crescimento económico. Porém, o Sr. Presidente da República, pode ter um papel muito mais activo, no que respeita a ajudar a população a criar essa confiança.
Nessa matéria, uma maior aproximação das populações e um contacto directo e pessoal dos problemas que afectam as regiões, é um papel que cabe inteiramente ao Presidente da República e que gera confiança e sentimento de segurança nas pessoas.
Por exemplo: Quando um doente está hospitalizado e recebe a visita do médico, mesmo que o seu estado de saúde seja mau, o facto de o médico se debruçar e lhe prestar atenção personalizada, resulta normalmente numa predisposição diferente no doente e consequentemente no seu estado de saúde. Tenho ouvido referir a pessoas que visitam os seus doentes, uma frase frequente "hoje gostei mais de o ver, estáva com melhor ar, disse-me que o médico já o foi ver e que esteve um bocadinho a conversar com ele, já o achei mais animadinho".
É aquilo que eu sinto caro professor, todos nos precisamos da atenção de quem está uns degraus acima e, essa atenção, gera sempre uma maior confiança.
Pois eu, caro Prof. MC também vi parte do programa e a velhota lá da terra tem toda a razão.
Não há dinheiro, não há vícios e também não há filhos. Sai mais barato ter um cão, com a vantagem de que quando começa a ladrar podemos pô-lo na rua e quando cresce não pede mesada, nem pede as chaves do carro emprestadas.
Ter um filho, de hoje em dia, é demasiado dispendioso e ninguém está para isso, a não ser que possa.
Quem faz um filho, fá-lo por gosto ...
cantava Simone. Lembra-se ?
Como se pode fazer um filho POR GOSTO, recebendo um salário mínimo de 400 e picos euros, e pagando 350, 400 euros de aluguer de uma casa ???
No entanto, uma situação social real é exemplificativa, da consequência de ter filhos, mesmo que de forma acidental:
- As mães jovens e solteiras residentes nos Centros de Acolhimento !
Algumas trabalham, ganham o supracitado salário mínimo. Como podem estas jovens sair do acolhimento, alugando uma casa de 300 ou 350 euros (no mínimo), para viverem com o seu filhote ?
É claro que do Acolhimento não saiem. Não há como ...
Ah pois !
Penso contudo, que também não se fazem (mais) filhos, em Portugal, pelas mesmíssimas razões que no Norte da Europa.
A vontade de ser livre por mais tempo. Sem compromissos, portanto.
Enviar um comentário