À semelhança do que vem acontecendo com as “reformas” que nascem e renascem nos mais diversos domínios de intervenção política ao ritmo dos sucessivos governos - educação, saúde, administração pública, etc. - também as campanhas de promoção da imagem de Portugal não param de crescer.
Não tinha a exacta noção – passei a ter este fim-de-semana ao ler uma notícia sobre a imagem do País – que desde 1992, portanto em 15 anos, já contamos no activo (ou no passivo, depende da leitura que queiramos fazer) com 11 campanhas que trataram de nos anunciar lá fora! Melhor dizendo que nos tentaram promover! Todas elas inventivamente trabalhadas por prestigiadas agências criativas, que perante tão brilhantes currículos são contratadas para a engenhosa tarefa de venderem Portugal como destino paradisíaco e detentor de qualidade e marcas de prestígio, enfim, como país de sucesso que se recomenda.
Acho bem e necessário que nos demos a conhecer, mas as campanhas só por si não são suficientes. É como nas empresas. Se nada mais acontecer, não passará de uma superficialidade e poderá perigosamente evidenciar falhas e fragilidades que não colam com a imagem de sonho!
A mais recente campanha foi agora lançada pelo Ministério da Economia e da Inovação sob o lema “Europe' s West Coast” na tentativa de associar a costa oeste da Europa à costa oeste dos Estados Unidos, ou seja, de explorar uma semelhança geográfica da costa atlântica Portuguesa com a costa da Califórnia. Semelhança que só poderá ser mesmo geográfica. Até Lisboa e São Francisco são geograficamente parecidas, com as suas colinas, a ponte sobre o rio ligando as duas margens, os eléctricos e pouco mais. Em tudo o resto estas duas Cidades e as respectivas costas oeste são muito diferentes. O nível e a qualidade de vida, bem expressos na talentosa indústria das tecnologias e do conhecimento, as excelentes infra-estruturas turísticas e o ordenamento do território, apenas para exemplificar, são realidades que fazem da Califórnia uma região fascinante. Acho bem que tenhamos a costa oeste dos Estados Unidos como referência, mas teremos que trabalhar muito e bem para lá chegarmos…
Questiono-me sobre os benefícios efectivos destas campanhas e se os destinatários das novas imagens melhoraram efectivamente a sua opinião sobre Portugal. Porque não adianta mudar a imagem só por mudar, se “por dentro” não se fizerem mudanças reais.
Questiono-me também sobre como são geridas estas campanhas, porque em vez de se medir a actividade política pelo número de campanhas de imagem o importante seria saber, por exemplo, qual o seu contributo para reduzir o défice da balança de transacções.
E questiono-me se a falta de estabilidade da imagem de Portugal, fustigada também pela inovação da sua marca, não será um factor de instabilidade e de perturbação para a apreensão e fixação de uma imagem.
Esta é uma daquelas áreas em que se me oferece perguntar se não seria ajuizado fazer um “pacto de regime”!?
Não tinha a exacta noção – passei a ter este fim-de-semana ao ler uma notícia sobre a imagem do País – que desde 1992, portanto em 15 anos, já contamos no activo (ou no passivo, depende da leitura que queiramos fazer) com 11 campanhas que trataram de nos anunciar lá fora! Melhor dizendo que nos tentaram promover! Todas elas inventivamente trabalhadas por prestigiadas agências criativas, que perante tão brilhantes currículos são contratadas para a engenhosa tarefa de venderem Portugal como destino paradisíaco e detentor de qualidade e marcas de prestígio, enfim, como país de sucesso que se recomenda.
Acho bem e necessário que nos demos a conhecer, mas as campanhas só por si não são suficientes. É como nas empresas. Se nada mais acontecer, não passará de uma superficialidade e poderá perigosamente evidenciar falhas e fragilidades que não colam com a imagem de sonho!
A mais recente campanha foi agora lançada pelo Ministério da Economia e da Inovação sob o lema “Europe' s West Coast” na tentativa de associar a costa oeste da Europa à costa oeste dos Estados Unidos, ou seja, de explorar uma semelhança geográfica da costa atlântica Portuguesa com a costa da Califórnia. Semelhança que só poderá ser mesmo geográfica. Até Lisboa e São Francisco são geograficamente parecidas, com as suas colinas, a ponte sobre o rio ligando as duas margens, os eléctricos e pouco mais. Em tudo o resto estas duas Cidades e as respectivas costas oeste são muito diferentes. O nível e a qualidade de vida, bem expressos na talentosa indústria das tecnologias e do conhecimento, as excelentes infra-estruturas turísticas e o ordenamento do território, apenas para exemplificar, são realidades que fazem da Califórnia uma região fascinante. Acho bem que tenhamos a costa oeste dos Estados Unidos como referência, mas teremos que trabalhar muito e bem para lá chegarmos…
Questiono-me sobre os benefícios efectivos destas campanhas e se os destinatários das novas imagens melhoraram efectivamente a sua opinião sobre Portugal. Porque não adianta mudar a imagem só por mudar, se “por dentro” não se fizerem mudanças reais.
Questiono-me também sobre como são geridas estas campanhas, porque em vez de se medir a actividade política pelo número de campanhas de imagem o importante seria saber, por exemplo, qual o seu contributo para reduzir o défice da balança de transacções.
E questiono-me se a falta de estabilidade da imagem de Portugal, fustigada também pela inovação da sua marca, não será um factor de instabilidade e de perturbação para a apreensão e fixação de uma imagem.
Esta é uma daquelas áreas em que se me oferece perguntar se não seria ajuizado fazer um “pacto de regime”!?
8 comentários:
Cara Drª. Margarida Aguiar:
Muito oportuno e pertinente este post.
Com efeito, ouvimos o governo alardear investimentos milionários em campanhas publicitárias para "promover" Portugal, mas sobre os "proveitos" que advêm desses investimentos, parece-me que não há conhecimento.
Assim V. Exa. chama atenção, e muito bem, para ser feito o exercício de estabelecer a conexão, se é que é possível, entre essas campanhas e o défice da balança de transacções.
Ora aqui está uma sugestão muito importante!
P.S.:
Aproveito o ensejo para desejar aos autores deste importante "espaço", e aos comentadores, um Natal com muita saúde.
Pessoalmente acho uma campanha brilhante. No meu blogue http://abrasivo.blogs.sapo.pt já lhe acrescentei um retrato: Sócrates, o mordomo perfeito.
Cara Margarida,
O défice das transacções correntes? Mas isso ainda existe?
Pensei, francamente, que esse conceito tinha sido extinto desde Fevereiro de 2000, data em que foi oficialmente declarado obsoleto...Não reparou nessa declaração?
Caro invisivel
É crónica a ausência de uma cultura de avaliação de medidas e políticas públicas.
Têm sido feitas inúmeras campanhas sem que se conheçam os resultados. Não sei se esta informação existe em círculo fechado, mas o que é certo é que não é do domínio público.
Caro invisivel muito obrigada pelos seus votos. Desejos sinceros de um Feliz Natal!
Caro Pina
Não sei se é brilhante, mas que impressiona disso não tenho dúvida...
Caro Dr. Tavares Moreira
Às vezes dá-me para falar de "economia" e depois o resultado é o que se vê!
Margarida,
A minha querida Amiga tem um jeito enorme, enorme, quando quer fazer-se despercebida...Brilhante!
Bem pensado, Margarida, foi um prazer ler. Esta última campanha confesso que ainda não a entendi muito bem, devo andar distraída mas quando vi a cara do Mourinho e mais de não sei quem nem percebi a que propósito vinha isso da east Coast. A outra anterior,que mostrava paisagens paradisíacas do nosso país, como se estivesse a ser visitado por um turista, achei fantástica e pensei que era uma pena não termos a noção das coisas lindissimas que há para ver por perto. às vezes fazemos milhares de kms para ir visitar outras coisas e do que temos por cá sabemos pouco. Era bom saber do impacto dessas campanhas, sem dúvida, mas o certo é que, por exemplo a Espanha, também tem iniciativas semelhantes, cheias de imaginação, as nossas lá vão competindo como podem...sem desprimor.
...west coast, claro.
Suzana
Pois é, Portugal tem muitas coisas lindíssimas para mostrar: gentes, paisagens, história, tradições e muito mais. Lembrou bem. Mas não tem sabido aproveitar esta riqueza porque não a valoriza, não lhe dá vida, não investe nela. Não basta publicitar fotografias e filmes. É preciso criar condições para que as pessoas gostem dessas coisas lindíssimas!
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