Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A festa da vida...


Ao ler o pensamento “Morre lentamente…” de Pablo Neruda lembrei-me que estamos a caminho de mais um Ano Novo ou, se preferirimos, de um Novo Ano.
Um pensamento que pode bem constituir uma fonte de meditação sobre o que queremos da vida e como a devemos gozar. Seja o que queremos dela e o que dela quisermos fazer, a vida deve ser festejada...

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajecto, quem não muda as marcas do supermercado, não arrisca vestir uma cor nova, não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o “preto no branco” e os “pontos nos is” a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.

14 comentários:

Suzana Toscano disse...

Um belo texto, a ter em conta agora que chega um Novo Ano!

Catarina disse...

Interessante. Foi precisamente devido a esta parte deste pensamento de Neruda - “Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajecto, quem não muda as marcas do supermercado, não arrisca vestir uma cor nova, não conversa com quem não conhece.” – que decidi, no início deste ano, mudar o trajecto de regresso a casa do local de trabalho. Optei por um lindo percurso: uma rua longa, com moradias lindas e apartir de determinado cruzamento, com muitas botiques e lojinhas... Conclusão: por vezes faço muitas paragens e não chego a casa tão rapidamente! E também arrisquei uma nova cor! :)

Feliz Ano Novo!

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Cara Catarina
A vida é também um somatório de muitas rotinas e de muitos hábitos "doentios".
Muitas rotinas são necessárias porque nos facilitam a vida. Nem sempre é possível, nem desejável, acabar com as rotinas, mas é sempre possível decidir alguma alteração.
A mudança e a variedade são afinal formas criativas de dar colorido à vida. Mudar o percurso como fez a Cara Catarina é uma ideia interessante. E a cor? Fiquei curiosa!

Suzana Toscano disse...

É realmente interessante a achega da Catarina. Muitas pessoas pensam que é preciso mudar tudo, ou mudar radicalmente um dia em que se reunam todas as condições para a mudança. Entretanto, instalam-se nas suas rotinas e adiam tudo, quando afinal basta mudar pequenas coisas para já se ganhar um novo ânimo.

Bartolomeu disse...

Ui que susto...!
Pensei que a autora fosse terminar o texto, com a proverbial frase de Lili Caneças "estar vivo, é o contrário de estar morto".
;)
O seu texto, cara Drª. Margarida, recordou-me o poema de José Afonso "A Mulher da Erva" «...ha quem viva sem dar por nada, ha quem morra sem tal saber» e tambem de Fernando Pessoa "Não sei ama onde era" aqui (http://www.youtube.com/watch?v=FnzPXVgGxoE&feature=related) declamado por Mário Viegas «... filha... o resto é morte».
;)

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Bartolomeu
Estamos sempre a aprender, não é? A Lili também diz umas verdades de La Palice!
Verdade, verdade, é que não nos devemos esquecer que é preciso viver. E "estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar".

Bartolomeu disse...

Talvez não lhe chamasse esforço, mas sim capacidade para entender...
Capacidade para perceber o sentido da vida e o porquê da existência.
Sobretudo, capacidade para perceber a importância da nossa pequenêz e da grandeza de tudo o que nos é superior.
;)

Catarina disse...

.... preto! :)

jotaC disse...

Cara Dra. Margarida Aguiar:
Que bonito presente! E que prazer tive lê-lo e concluir que me identifico plenamente com o espírito do poeta!.
Está a chegar um Novo Ano e tudo indica que as coisas vão continuar cinzentas. Por isso, é importante interiorizarmos atitudes e hábitos diferentes, podem ser coisas simples como esta que a Catarina nos contou, que nos ajudem a encarar de forma mais positiva os momentos mais difíceis…
Votos de Bom Ano Novo.

jotaC disse...

Não resisto a dizer que me apercebi da "nova" cor da Catarina!
Permita-me dizer-lhe que tem bom gosto, a cor preta diz muito bem com algumas senhoras torna-as excepcionalmente sensuais, como é o caso de uma que conheço, concluo portanto que se enquadra nesse grupo...

:)

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro jotaC
O "piropo" sobre a "nova" cor não me passou despercebido. A nossa Catarina vai dar por ela!
Aprecio sempre muito os "poetas" que são capazes de escrever de forma simples pensamentos que traduzem uma percepção ou uma vivência da vida na qual nos reconhecemos.
Quando os lemos concluímos que até os poderíamos ter escrito, não fosse a falta de talento para o fazer ou a ausência de oportunidade que muitas vezes não surge porque não somos "poetas".
Ainda que o Novo Ano se nos apresente cinzento, há sempre uma criatividade que nos pode trazer maior satisfação e que está nas nossas mãos realizar.
Votos calorosos de um Bom Ano.

Catarina disse...

JotaC, mas que piropo tão gostoso! Obrigada!
Talvez não deva dizer isto, mas quando vesti o meu primeiro vestido curto de cocktail - preto - (o tal “little black dress” que todas as mulheres devem possuir no seu roupeiro! – até o ano passado eu tinha uma aberração especial pelo preto)... pois... como direi?! ... hmmmm... foram-me dirigidos, de facto, muitos elogios!!! :)
Mas que vaidade que por aqui vai.....

Catarina disse...

Houve ali uma “redundância”: um vestido de cocktail é um vestido curto, evidentemente!
Feliz Ano Novo!

Suzana Toscano disse...

Catarina não é por acaso que todas as mulheres devem ter um (pelo menos!) desses vestidinhos no roupeiro :) Espero que faça muito sucesso, sentir-se bem é meio caminho andado!