Não sei se o mesmo se passa convosco mas na minha família há sempre peripécias a marcar o Natal. Talvez por sermos muitos e ainda termos o hábito de reunir a tribo toda na casa de um, mais ou menos à vez, - a decisão é logo a primeira peripécia – a operação implica uma considerável organização prévia e uma logística que raramente resiste à dura prova da sua aplicação concreta.
À medida que a família foi crescendo, e sobretudo quando a nova geração já era de mais de uma dúzia e todos com menos de 6 anos, decidimos que já não abríamos as prendas em casa dos avós, no ano em que houve uma tal zaragata dos mais pequenos à volta do monte dos presentes, que mudámos de estratégia e passámos a acartar com os sacos para se abrirem só no dia 25, em casa de cada um.
Passou então a haver a complexa troca de sacos. Cada núcleo leva devidamente identificados os sacos com as prendas destinadas a cada um dos outros núcleos (7, incluindo o dos avós e das tias avós) mas, como há grupos numerosos, os sacos multiplicam-se e é certo e sabido que o dia 25 amanhece com o telefone a tocar, tu levaste o meu saco? A mãe ficou com as vossas prendas, afinal ficou aqui o teu monte, etc,etc, até que ao almoço, onde nos juntamos de novo, se repõe tudo na devida ordem, depois de acaloradamente apurado de quem foi desta vez a culpa da confusão.
Houve um ano, ainda as crianças eram pequenas, em que chovia imenso à saída e o meu marido foi buscar o carro, que era na altura uma Diane com capota de pôr e tirar, e parou-o à porta, no meio da rua estreita, para eu poder sair equilibrando milagrosamente as duas garotas ensonadas e os sacos que nos cabiam, sem ficarmos encharcadas. Com a pressa, atirou com a porta e correu com o chapéu de chuva aberto para nos abrigar da chuva mas, quando chegámos ao carro, o fecho tinha encravado e a chave estava lá dentro! Enquanto ele se desesperava a tentar desencravar a porta, eu recolhi de novo as meninas e os sacos e os que ainda estavam em casa, à espera de vez para sair, vieram todos dar palpites na maior excitação. O pior é que a rua tinha eléctricos e em pouco tempo já havia uma fila de eléctricos parados atrás da Diane, as pessoas a sair para seguir a pé, imbuídas do pacífico espírito natalício, e os guarda freios, muito amáveis, a propor que se partisse um vidro do carro com uma matraca.
Até que alguém se lembrou de ir buscar um dos sobrinhos pequenos, que era magrinho como um fio e que, empoleirado às cavalitas no pai, conseguiu fazer passar o bracito esquelético numa folga da capota e chegar com um arame ao trinco do carro.
Esse Natal foi emocionante, mas também houve um em que nós é que tínhamos ficado de levar as batatas palha para acompanhar o perú, com muitas recomendações de que era essencial porque para muitos são o melhor que o peru tem. Depois de várias tentativas para encafuar tudo na mala do carro sem esmigalhar as batatas fechámos a mala e ops!, a chave lá dentro! Tivemos que ir noutro carro, muito atrasados, sem batatas nem presentes, e a nossa chegada à festa foi um verdadeiro fiasco, ainda hoje me falam nisso.
E comecei aqui a lembrar-me de algumas peripécias passadas quando o que queria era mesmo contar a deste ano. Lá terei que encetar outro post…
À medida que a família foi crescendo, e sobretudo quando a nova geração já era de mais de uma dúzia e todos com menos de 6 anos, decidimos que já não abríamos as prendas em casa dos avós, no ano em que houve uma tal zaragata dos mais pequenos à volta do monte dos presentes, que mudámos de estratégia e passámos a acartar com os sacos para se abrirem só no dia 25, em casa de cada um.
Passou então a haver a complexa troca de sacos. Cada núcleo leva devidamente identificados os sacos com as prendas destinadas a cada um dos outros núcleos (7, incluindo o dos avós e das tias avós) mas, como há grupos numerosos, os sacos multiplicam-se e é certo e sabido que o dia 25 amanhece com o telefone a tocar, tu levaste o meu saco? A mãe ficou com as vossas prendas, afinal ficou aqui o teu monte, etc,etc, até que ao almoço, onde nos juntamos de novo, se repõe tudo na devida ordem, depois de acaloradamente apurado de quem foi desta vez a culpa da confusão.
Houve um ano, ainda as crianças eram pequenas, em que chovia imenso à saída e o meu marido foi buscar o carro, que era na altura uma Diane com capota de pôr e tirar, e parou-o à porta, no meio da rua estreita, para eu poder sair equilibrando milagrosamente as duas garotas ensonadas e os sacos que nos cabiam, sem ficarmos encharcadas. Com a pressa, atirou com a porta e correu com o chapéu de chuva aberto para nos abrigar da chuva mas, quando chegámos ao carro, o fecho tinha encravado e a chave estava lá dentro! Enquanto ele se desesperava a tentar desencravar a porta, eu recolhi de novo as meninas e os sacos e os que ainda estavam em casa, à espera de vez para sair, vieram todos dar palpites na maior excitação. O pior é que a rua tinha eléctricos e em pouco tempo já havia uma fila de eléctricos parados atrás da Diane, as pessoas a sair para seguir a pé, imbuídas do pacífico espírito natalício, e os guarda freios, muito amáveis, a propor que se partisse um vidro do carro com uma matraca.
Até que alguém se lembrou de ir buscar um dos sobrinhos pequenos, que era magrinho como um fio e que, empoleirado às cavalitas no pai, conseguiu fazer passar o bracito esquelético numa folga da capota e chegar com um arame ao trinco do carro.
Esse Natal foi emocionante, mas também houve um em que nós é que tínhamos ficado de levar as batatas palha para acompanhar o perú, com muitas recomendações de que era essencial porque para muitos são o melhor que o peru tem. Depois de várias tentativas para encafuar tudo na mala do carro sem esmigalhar as batatas fechámos a mala e ops!, a chave lá dentro! Tivemos que ir noutro carro, muito atrasados, sem batatas nem presentes, e a nossa chegada à festa foi um verdadeiro fiasco, ainda hoje me falam nisso.
E comecei aqui a lembrar-me de algumas peripécias passadas quando o que queria era mesmo contar a deste ano. Lá terei que encetar outro post…
4 comentários:
Ó cara Suzana, por favor, não conte a deste ano, já, já, porque ainda estou a rir, sem me poder conter, desta que acabei de ler. Estou a imaginar... e continuo a rir mas tentando recompor-me para a seguinte...
:)
Tarde demais, Catarina, quando li o seu comentário já tinha publicado o deste ano! :)
Bom, neste ano, verificou-se o verdadeiro sentido de Natal, pois foi o "menino", com toda a sua fragilidade, que salvou a situação!
Prova de que, muitas vezes, os mais pequenos... podem tanto ou mais, que os maiores...
;)))
Sem dúvida, caro bartolomeu, nessas circunstâncias há que saber aproveitar todos os recursos e o que acontece é que às vezes os mais eficazes são os menos óbvios!
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