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domingo, 20 de dezembro de 2009

Pobretes mas alegretes


São cada vez mais as vozes que alertam para o risco de nos acontecer o mesmo que está a acontecer com a Grécia. É quase consensual que a segunda vaga da crise está aí, só não se sabendo se o impacto económico, mas sobretudo social, será suportável. São cada vez maiores as suspeitas sobre se os actuais dirigentes, não só do sector público mas também as lideranças empresariais, estarão à altura dos tempos. Enquanto falta o ânimo, ausente a mobilização para enfrentar os problemas, é cada vez menor a capacidade de liderança, os políticos dedicam-se ao fait divers quotidiano, feito ora de insultos trocados no seio dos próprios órgãos de soberania, ora de sussurros mais ou menos conspiratórios nos palácios onde reside o poder, ora - o que parece mais preocupante - na disputa acerca de questões que ao País interessam tanto como o que se passa no reino do Butão. A malta, porém, diverte-se como é próprio de um povo que aprecia quem lhe diz que "tristezas não saldam dívidas". Convencido que este alegre empobrecimento nunca deixará de ter graça?

6 comentários:

Eduardo Freitas disse...

No fim de contas, o facto de INATEL ter sucedido à FNAT (para os mais novos, "Federação Nacional para a Alegria no Trabalho") não quer dizer, por si só, que algo de substantivo tenha mudado.

De facto permanecem tão actuais agora como o foram então as seguintes palavras:

«(…) Represento uma política de verdade e de sinceridade, contraposta a uma política de mentira e de segredo. Advoguei sempre que se fizesse a política da verdade, dizendo-se claramente ao povo a situação do País, para o habituar à ideia dos sacri­fícios que haviam um dia de ser feitos, e tanto mais pesados quanto mais tardios.
Advoguei sempre a política do simples bom senso contra a dos gran­diosos planos, tão grandiosos e tão vastos que toda a energia se gastava em admirá-los, faltando-nos as forças para a sua execução.
Advoguei sempre uma política de administração, tão clara e tão sim­ples como a pode fazer qualquer boa dona de casa — política comezinha e modesta que consiste em se gastar bem o que se possui e não se despen­der mais do que os próprios recursos»


(Antóno de Oliveira Salazar, Discursos, 1928)

Adriano Volframista disse...

Caro JMFAlmeida

Não corremos um risco de suceder o mesmo que a Grécia, o que está a suceder com esse país é o nosso futuro.
Não é muito comum ver o que nos espera em directo e a cores.
A "classe política", o PM e o PR sabem-no. O comportamento que estamos a ter , apenas vai acelarar o processo.
Estamos a aproximar-nos da nossa epifania. Assistimos a um jogo de sombras, porque é essencial, para a sobrevivência da classe política, conseguir senão evitar, pelo menos distribuir as responsabilidades.
O resto é fogo fátuo e pirotecnia
Cumprimentos
joão

Catarina disse...

O Dr. Oliveira Salazar já, na altura, praticava uma política de transparência?!
Eu associo “políticas de transparência” com democracia!
Humm!

Wegie disse...

Em dado momento, a incapacidade de lidar com os problemas económicos domésticos [nos países menos desenvolvidos da Zona Euro] no quadro da UEM poderá levar um ou mais países a concluir que os custos [de permanência no euro] são simplesmente insuportáveis.

Eduardo Freitas disse...

Cara Catarina,

Se lhe ficou alguma dúvida quanto ao meu posicionamento político relativamente ao dr. Salazar, creia-me que me situo em zona antípoda.

Não obstante, a citação parece-me bem oportuna por referência aos tempos que correm, não acha?

Catarina disse...

Claro que concordo! :)