Ontem, durante a prestação de contas na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, por ocasião da apresentação do segundo Orçamento Rectificativo de 2009, o Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos… não prestou contas nenhumas.
Na verdade, o Ministro foi questionado (eu estou incluído no rol de perguntadores) sobre quais as estimativas do Governo para
- O défice público;
- A dívida pública;
- O crescimento do PIB, do consumo privado, do investimento e das exportações;
- A evolução do emprego e do desemprego;
- A inflação;
- O défice externo.
Tudo para 2009 – o ano que está a acabar. E isto porque, acredite-se ou não, no relatório que acompanha o OR, nenhum destes elementos constava…
Pois a verdade é que, mostrando uma total falta de respeito para com o Parlamento e a população em geral, o Ministro adiantou… ZERO!... Conversa redonda, muita; dados concretos… nada!...
Mas alguém acredita que, a menos de um mês do final do ano, Teixeira dos Santos não tenha estimativas para todas aquelas grandezas?... É claro que ninguém acredita… o que nos leva à pergunta seguinte: por que razão não quis o Ministro partilhar aquela informação publicamente?... Por que razão a guarda só para si, como se de uma preciosidade se tratasse?...
Aceitam-se sugestões para tão lamentável postura…
5 comentários:
O segredo é a alma do negócio, neste caso, miserabilista.
Com o jogo escondido
num discurso silencioso,
um despudor desmedido
miseravelmente vicioso.
A preciosa preciosidade
das estimativas actuais
desmascara a falsidade
das realidades virtuais.
Um ministro rectificativo
obcecado com a rectificação
sendo tudo menos objectivo
em matérias da governação.
Já são três orçamentos
carregados de asneiras,
são tantos os momentos
que lhe lixam as peneiras.
Sugestões para os motivos do ministro não posso dar. Mas a conduta do bom senhor fez-me ocorrer uma sugestão para quando forem apresentados os valores definitivos respeitantes ao ano de 2009. Estar sentado numa cadeira muito confortavel de onde não haja o risco de cair após um razoavelmente provavel colapso cardíaco.
Estamos perto do Natal. E Teixeira dos Santos, imbuído de profundo respeito e estima pelos senhores deputados, mesmo os de outros partidos; solidário com a miséria dos desempregados e a aflição das PMEs; e profundamente preocupado com a paz de espírito dos seus concidadãos, cujo bem- estar é a primeira alínea na extensa lista das suas preocupações de estadista, professor emérito e economista respeitado: não quer perturbar a paz dos lares, o sossego dos corações e a santidade desta quadra. E V., Miguel Frasquilho, faria bem em associar-se a este esforço para, no nosso interesse, nos manter na ignorância. A bem da Nação.
Caro Miguel:
Mesmo que o Ministro respondesse certinho a todas as questões, que valor, a avaliar pelo passado, teriam as respostas?
Nenhum.
Formalmente, os deputados teriam que colocar essas questões para poderem apreciar evidamente o "Orçamento Redistributivo", mas creio que, na prática, seriam meras questões de retórica, porque, qualquer que fosse a resposta, não acreditavam.
Todavia, em termos públicos, julgo até que essas questões seriam as mais fáceis de responder, caso houvesse ou se reconhecesse um lastro de seriedade nas posições do Ministro. Acontece que não há e esse aspecto é que seria de questionar. Por exemplo, nessa sessão, o Ministro disse que a apresentação de um O. Rectificativo há 6 meses “teria sido precipitado, uma vez que na altura a insuficiência ao nível das receitas estatais apontava para uma verba a rondar os três mil milhões de euros, quando actualmente esse montante ascende a 4,5 mil milhões de euros”. E logo a seguir afirmou que "em Portugal a queda da actividade económica não será tão acentuada como o previsto há cerca de seis meses”.
Isto é, a queda da actividade não foi tão acentuada como a prevista, mas a queda das receitas induzida pela mesma actividade económica foi maior do que a prevista.
Fica para o grande público que a evolução da actividade económica até nem esteve mal, as receitas que ela gerou é que não foram a condizer...
Contradições como esta é que, na minha modesta opinião, devem ser zurzidas e expostas publicamente. Ou as erradas políticas económicas que o Ministro tem patrocinado. E as erradas políticas orçamentais.
Essas é que vão dar os défices de dois dígitos e o acréscimo de endividamento de dois dígitos.
E aí mais décima menos décima é o que menos interessa. Aliás, a profunda iliteracia matemática leva a que a maioria do pessoal "desligue" quando em tal ouve falar.
A política seguida só tem trazido mais despesa, mais impostos, mais endividamento, mais estado, menos economia, mais intervenção do estado, mais despesa, mais impostos, menos economia. Menos economia traz forçosamente mais desemprego. E é esta política que o governo quer continuar. Pelo que, e não querendo meter foice em seara alheia, é por este caminho que uma Oposição atenta deveria ir.
Trazer a discussão para as décimas poderá ser útilpara uma discussão mais científica do Orçamento, mas faz esquecer o essencial. E o essencial são as políticas, no caso erradas. Que se traduzem nos índices que o meu amigo indicou. Mais décima, menos décima.
Não veja nisto qualquer crítica ( ao meu amigo, a fazê-la, seria em amigável conversa pessoal, mas apenas a voz de um cidadão que começa a esar farto das asneiras do Governo e também de muitas asneiras da principal Oposição.
Caro Miguel,
enquanto os portugueses estiverem anestesiados por propaganda, cortinas de fumo e subsídios, ninguém obrigará os ministros esclarecer seja o que for.
Toda a discussão política em gira em torno de "casos", provavelmente a situação financeira só será discutida e esclarecida depois do estoiro.
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