Não sei explicar bem o que vou fazer, mas não importa, o que interessa é deixar os sentimentos aflorarem à superfície como lava recalcada ao longo do tempo, o que interessa é encontrar uma qualquer zona mais frágil, mais sensível, que permita passar a ser diferente ou indiferente ao que me rodeia. É o que me apetece fazer neste momento. Sinto um terrível cansaço, não físico, mas moral, ou qualquer coisa semelhante, nem sei bem o quê, também não importa. Não consigo compreender muitas coisas. Eu que julgava não ser destituído de algumas capacidades. Mas para que servem essas capacidades? Para nada ou muito pouco. O problema deve ser o setembro. Uma boa desculpa. Nunca gostei deste mês! Porquê? Sei lá! Talvez devido a ser muito húmido, obrigando-me a sentir uma viscosidade qualquer que me perturba os sentidos e a razão. Não sei, nem me interessa. Nesta altura do ano sinto que sou diferente. Será que é o prenúncio da falta de luz? Não gosto dos dias pequenos, não gosto de me sentir pequeno, mas, de facto, sinto-me cada vez mais pequeno. O que fazer? Uma boa pergunta. Talvez recolher-me ou encolher-me em qualquer coisa ou lugar. É o que me apetece fazer neste momento. Às tantas é o que devo fazer, recolher-me, encolher-me, adormecer ou ser esquecido, tanto faz!
Sinto um estranho cansaço...
15 comentários:
Força!
Então Prof. MC?!!
Diga Não à hibernação! Não, não, não.
A questão assenta num ponto concreto, cujo, não se resume a não ter ou a deixar de possuir certas capacidades, mas sim; a não ter o uso conveniente para lhes dar...
Ou seja... é mais ou menos como possuir um puro-sangue lusitano mas estar-se a sofrer de uma crise de hemorroidas.
A solução, se realmente possuímos um grande gosto pela equitação... está em sacrificar o corpo...
Eu desconfio dos que nunca sentem cansaço. Às vezes´, mesmo que não haja uma causa próxima, é preciso apelar ás reservas de força, hesitar entre a hibernação, como diz o Massano Cardoso, ou respirar fundo e procurar encontrar à nossa volta as mil e uma razões para nos darmos por muito felizes. O meu amigo tem essa incrível capacidade, é natural que por vezes se sinta esgotado, isso exige mesmo muita energia. Espero que não tarde a carregar as suas baterias, caro amigo, a sua energia e a sua forma generosa e exigente de olhar à sua volta são preciosas. Um abraço!
Caro Professor Massano Cardoso
De vez em quando também é preciso carregar energia, descansar um pouco, sobretudo quando se tem uma vida que exige e irradia muita energia. Às vezes o cansaço esconde-nos as forças, mas de repente logo aparecem a lembrar o dom maravilhoso da vida.
O Prof estava mesmo a precisar de uns dias aqui pelo Sul, numa praia despretenciosa e optima para dar uns passeios a pe, restaurantes simpáticos e com bom peixe, etc. Se complementado com a leitura de "White Tiger" e o testemunho do esforço/profissionalismo/correccao de mão-de-obra ucraniana a que as empresas recorrem para obras, ficaria cheio de energia só de pensar que eh um privilegiado. Ate se sentiria desconfortável por se sentir down...
Caro(a) MM
Muito obrigado pela sugestão, muito equilibrada e sensata. Retribuo-lhe a atenção e cuidados recomendando-lhe uma boa obra de Ortega y Gasset, "A Rebelião das Massas", onde o autor fala do "homem-massa", que, também, por extensão, pode ser "mulher-massa". Espero que lhe seja útil...
Caro Prof Massano,
Muito obrigada, também, pela sugestão de leitura, que cumprirei logo que possível (estou a acabar "Breve história de quase tudo", de Bill Bryson). Esqueci-me de referir o autor do livro "The White Tiger", que eh Aravind Adiga. E, já agora, devo referir que foi vencedor do man booker prize de 2008.
A manha esta mesmo a convidar para uma voltinha pela areia molhada e observação da natureza...
Cara Dra. Suzana,
Nem imagina como as suas palavras são verdadeiras.
No entanto, estou convencida que mesmo os que dizem não sentir cansaço - num momento ou noutro - sentem-no. Podem é preferir embarcar numa viagem imaginária e fazer de conta que não. O único problema disso é que a realidade não perdoa e volta sempre para nos assombrar.
Por isso, sim. Sem dúvida que parar e carregar baterias quando se deve fazê-lo é a melhor opção.
Alexander.v.nunes@gmail.com
Caro Prof. Massano Cardoso
Antes de descansar e se me puder aconselhar, agradecia.
Procuro uma solução para o caso de uma amiga.
Após dois anos de tratamentos a um mioma, no H. de Évora, contínua com hemorragias e anemia associada ao mioma.
A última informação que tinha indicava que o mioma tinha 6cm.
Porque não via melhoras e estava preocupado com ela, convenci-a a tentar uma segunda opinião num Ginecologista, no qual deposito total confiança. Foi consultada na semana passada. Verificou que ela, não têm 1 mas 2 miomas já com 10cm cada. Sugeriu que se fizesse uma Ressonância Magnética.
O problema é que ela foi ao médico de família que se recusa a passar o exame, por indicações superiores. Sugeriu que fizesse um seguro de saúde, para ajudar a pagar os tratamentos.
Depois o tratamento sugerido, embolização de miomas, custa entre 3500 e 5000 €, varia com a dimensão dos miomas na altura do procedimento.
Do que investiguei este procedimento só é realizado em Portugal pelo Prof. Martins Pisco, no H. St. Louis em Lisboa. http://martinspisco.hslouis.pt/
Ela está desempregada, sem meios para pagar tanto o exame como o possível tratamento. Foi professora durante 8 anos e como não teve colocação, perdeu o direito à ADSE. Só resta o SNS que não responde nestas situações.
Questões:
1. O Médico devia ou não passar o exame, mesmo que este tenha sido recomendado por outro médico?
2. O médico ao recusar-se a passar o exame não deveria apresentar alternativas de tratamento/diagnóstico ou deve deixar a doença avançar?
3. No caso de a minha amiga falecer, vítima deste problema, poderá responsabilizar-se o médico por nada ter feito, ou ela é a única responsável por não ter condições financeiras para se tratar?
4. Existe alguma forma de o SNS ou a Segurança Social apoiarem estas situações?
Obrigado pela atenção.
Alexandre Nunes
O caso que apresenta merece muita atenção e reflexão. Não sou ginecologista, mas não é preciso ser-se especialista para omitir uma opinião sobre o assunto. A senhora deve ser nova, nova demais para ficar sem o útero, penso eu.
Quanto aos conselhos e orientações fiquei, não digo estupefacto, mas, indignado. Indignado pela recusa do colega em pedir um exame, RM, devido a "ordens superiores", uma intromissão do poder político na esfera da atividade clínica e uma decadente subalternazição por parte do médico. Claro que o médico tem a liberdade de pedir o que entende, mas é um sinal de respeito colaborar com um colega especialista, logo devia pedir o exame. Quanto ao conselho de fazer um seguro doença é preverso. Não compreendo e não aceito tal atitude. Quanto às responsabilidades do clínico, claro que qualquer um pode ser chamado a responder, caso se verifique dolo ou negligência. Quanto à solução ela deveria ser encontrada dentro do SNS, talvez, para o efeito, deva inscrever-se numa consulta de ginecologia num hospital central, onde poderá ser atendida e tratada de acordo com as exigências do seu estado clínico.
Gostaria de não ver casos como o que descreve. Espero que tudo corra pelo melhor.
Peço-lhes desculpa, Senhor Professor Massano Cardoso e comentador Alexandre, pela intromissão neste assunto.
Considero também aviltante a situa descrita, pela falta de respeito que reflecte, pela pessoa humana.
Neste caso, porque não é compatível com esperas de soluções que quem tem obrigação de as proporcionar, escusa-se a fazê-lo, ha que encontrar formas de contornar as dificuldades que se apresentam.
Uma delas, pode ser a de consultar um médico particular que trabalhe também num hospital público, onde depois dê entrada da senhora em causa.
O ideal, e esperável, seria que o sistema funcionasse como lhe compete, uma vez que isso não acontece... todos os "truques" passam a ser legais...
Ha tempos contaram-me a história de um médico (cirurgiao) diferente. Confrontado com uma questao de custos pela administração do hospital, teve o cuidado de explicar as razoes por que escolhia/usava determinado material nalgumas cirurgias (basicamente era melhor para o doente por ser menos susceptível de provocar infeccoes que, a ocorrerem, levavam o doente novamente ao hospital, com custos acrescidos nao so para doente como para o hospital) Mesmo assim, diziam-lhe, que nao podia ser. Ao que o médico pediu que lhe fizessem chegar essa instrução por escrito. Esperou, esperou, esperou... ate que se aposentou e foi trabalhar para a privada...
Caro Professor Massano Cardoso:
Faço minhas as palavras da Dra. Suzana Toscano...
"O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas
Essas e o que falta nelas eternamente
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço..."
(Álvaro de Campos)
Os beijinhos ajudam a combater estas "doenças" da alma, não ajudam?! Pois então... Muitos beijinhos para ti, papá! :)
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