É chocante que um doente se dirija à urgência de um hospital do SNS com falência de funcionamento dos rins, aí tenha permanecido durante a noite sem uma qualquer intervenção para diagnosticar a causa do problema. Dizem que não quiseram arriscar. É que não há médico especialista durante a noite, a solução é esperar pela manhã quando a especialidade entrar ao serviço. Feitos os exames numa máquina sofisticada, o computador diz que há uma obstrução das vias urinárias. Mas outro problema surge, é que afinal o hospital não trata do sistema urinário, o doente é enviado para um outro hospital e devolvido mais tarde ao hospital de origem. No meio deste vai e vem do doente, a família que aguarda com angústia o que se vai passar não é informada da deslocação. O doente parte sozinho, às mãos de uma ambulância, num total desconhecimento para o que vai e se volta. É o desamparo total. O remédio é sofrer. Já não basta a obstrução. É assim que tem de ser, pensam “aqueles”. Tudo em nome da saúde. Não, tudo em nome, digo eu, de um sistema desumano e desorganizado que é para muitos doentes o “inferno na terra”. O doente foi entretanto transportado para um terceiro hospital onde está internado.
E já agora, o INEM que foi chamado durante a noite para transportar o doente ao dito hospital recusou o serviço porque a pessoa não estava a morrer. Acabou por ser levado numa ambulância dos bombeiros que demorou a chegar, pois a autorização superior para fazer o serviço tardou em ser concedida. É o SNS que temos, em nome de uma (falsa) eficiência!
E já agora, o INEM que foi chamado durante a noite para transportar o doente ao dito hospital recusou o serviço porque a pessoa não estava a morrer. Acabou por ser levado numa ambulância dos bombeiros que demorou a chegar, pois a autorização superior para fazer o serviço tardou em ser concedida. É o SNS que temos, em nome de uma (falsa) eficiência!
5 comentários:
É realmente chocante. E desesperante.
Só quem passa por situações desse tipo, e as sente na pele, consegue realmente perceber.
Cara Margarida, sinceramente penso que o que relata, em particular a parte final da dança das ambulâncias, não tem a ver com critérios de eficiencia. Vejo-o, isso sim, como mais uns sintomas, mais umas marcas, do empobrecimento do país que levam a que o INEM hoje em dia só transporte se o doente estiver a morrer, os bombeiros não possam gastar dois tostões sem autorização, enfim, em geral, diminuição dos serviços prestados pelo estado. É algo já muito visto, o empobrecimento dum país.
Mudei de ideias.
Espero que a Grécia caia depressa. Estamos a precisar urgentemente de uma guerra.
Caro AF
É uma lotaria.
Caro Zuricher
Dinheiro para betão armado nunca faltou. É lamentável o empobrecimento do desenvolvimento humano. É por isso que falo de falsa eficiência.
O discurso que há muito tempo ouvimos é o da eficiência dos serviços públicos, mesmo em tempos de vacas gordas, como se a humanização e a organização se obtivessem atirando dinheiro para cima dos problemas.
Cara Anthrax
Até me assustei. Em guerras andamos nós há muito tempo. Mais outra guerra é que não.
Margarida a sua descrição fez-me lembrar o pesadelo que vivemos, há cinco anos, com o meu pai, foi muito parecido, os doentes e as famílias entram numa twilight zone, de um hospital para outro, esperas intermináveis, mudanças de turno e volta tudo ao princípio, enfim, não sei se é possível haver mais meios mas há uma coisa que de certeza se pode fazer que é tratar as pessoas como seres humanos e não como mercadorias indesejáveis.
Enviar um comentário