1.O FMI divulgou há poucos dias o relatório da 6ª e última avaliação do Acordo de Stand-By (SBA) celebrado em Novembro de 2008 com a Islândia, no qual dá conta do considerável sucesso que constituiu a aplicação do Programa de Ajustamento executado no âmbito daquele SBA.
2.Como alguns comentadores do 4R sabem muito bem, a Islândia foi um dos países mais atingidos pela crise financeira ocorrida no 2º semestre de 2008, sofrendo uma crise bancária de anormais proporções a qual viria a arrastar uma crise de pagamentos ao exterior e uma duríssima recessão económica.
3.Com o objectivo de superar as consequências dessa crise a Islândia solicitou a ajuda do FMI, vindo a celebrar com este, em Novembro de 2008 como atrás referido, um SBA através do qual o Fundo lhe concedeu um apoio financeiro de USD 2,2 mil milhões tendo como contrapartida o cumprimento dum programa de estabilização.
4.Como dados mais relevantes da evolução registada nos quase 3 anos de vigência do SBA, apontam-se os seguintes:
- O activo total do sector bancário que, no final de 2007 equivalia a quase 1.000% do PIB, mostrava-se no final de 2010 reduzido a menos de 200% do PIB, com especial relevância para o emagrecimento dos bancos de poupança cujos activos passaram de 50% para 4% do PIB;
- O número de bancos passou de 23 antes da crise para 14 actualmente, em resultado de um processo de liquidações e de fusões em que credores não preferenciais (nomeadamente não residentes) tiveram que suportar perdas de capital;
- A Krona islandesa sofreu desvalorizações de 20,7% ainda em 2008 e de 18,4% em 2009sem que isso tivesse grande impacto na inflação o que permitiu uma forte recuperação das exportações líquidas de bens e de serviços, de +11,3% em 2008 e de +11,9% em 2009,sustentada no crescimento das exportações e numa acentuada contracção das importações;
- A taxa de desemprego saltou de 1,6% em 2008 para 8% em 2009 e em 2010, esperando-se uma melhoria no corrente ano;
- O saldo da balança de pagamentos correntes com o exterior passou de -23% do PIB em 2008 para -11,7% em 2009 e -10,2% em 2010, esperando-se já um superavit já em 2011;
- O PIB afundou -6,9% em 2009 e -3,5% em 2010, esperando-se no corrente ano uma inversão, com crescimento de 2,3%;
- Os salários reais caíram -7,5% em 2008, -10,1% em 2009 e -2,2% em 2010...esperando-se já uma recuperação em 2011 (de +1,9%);
- O saldo das contas públicas passou de um superavit de 5,4% do PIB em 2007 para um défice de 0,5% em 2008, de 8,6% em 2009 (custos da crise bancária) e de 5,4% em 2010, devendo baixar no corrente ano para 3,3% embora com saldo primário já positivo.
5.Poder-se-ia alinhar mais uma bateria de dados mas estes parecem suficientes para dar uma ideia muito clara da dimensão do problema sofrido pela Islândia bem como da notável recuperação conseguida – e conseguida graças à adopção de um duríssimo programa de ajustamento, bem mais duro do que aquele que estamos nesta altura a suportar em Portugal, incluindo uma forte desvalorização cambial, medidas de contenção orçamental e uma política monetária bastante restritiva:FMI “à la carte”, dir-se-á...
6. Uma das componentes decisivas desse programa – a desvalorização cambial – não é obviamente possível entre nós pelo que, no nosso caso, o principal esforço de ajustamento terá que ser orçamental…
7. …com uma ajuda “trôpega” da política monetária, pois sendo certo que entre nós a política monetária se tornou bastante restritiva, ela estará a atingir com especial dureza as empresas e sectores mais expostos à concorrência, o que deixa sérias dúvidas quanto à sua contribuição para o combate à crise…
8. Um exemplo notável de recuperação, o da Islândia – mas com a ajuda da moeda própria, como já aqui tenho referido…sem moeda própria teria sido impossível em 3 anos apenas chegar onde chegou, partindo de onde partiu…
* À especial atenção da ilustre Comentadora Anthrax...
35 comentários:
Não estou tão certo dessa conclusão. Acho que estamos a ver o Islandeses à imagem dos portugueses. Mas enquanto no pico da crise o apelo do governo foi que as pessoas trabalhassem mais, em Portugal o apelo é que paguem mais impostos. E nem comparemos aquilo que foi a crise islandesa, uma destruição abrupta do valor dos activos com aquilo que é a crise portuguesa, que é uma crise do estado. Ou seja, se os portugueses se livrassem do estado não tinham crise enquanto os islandeses continuavam tramados.
É certo que a desvalorização ajudou, mas se não pudessem desvalorizar a moeda arranjavam maneira de desvalorizar o trabalho com recurso a cortes nos salários nominais, coisa que em Portugal, como sabemos, apenas pode acontecer de forma binária (de 100% para 0%) e apenas naqueles que não trabalham para o estado, ou seja, na parte do país que não tem problemas.
Este post, merece que dois ditados populares sejam citados. Um para o caro Dr. Tavares Moreira: "O prometido, é devido". O outro para a cara Anthrax: "Quem não roga, não ouve Deus".
;))
Como o Caro Dr. Tavares Moreira refere, a desvalorização da moeda, seria uma medida de ouro, desde que complementada com uma aposta do governo e dos empresários na produção e na exportação dos nossos produtos, infelizmente, no caso de Portugal, impossível de se realizar. No entanto, a redução das importações, especialmente dos produtos que se produzem no nosso país, penso que seria uma medida que resultaria benéfica para o produtor e o consumidor portugueses, logo, para a economia.
Mas em minha opinião, o melhor seria debatermos este assunto, à mesa do "O Fuso", enquanto degustamos uma boa posta de bacalhau Islandês, assado nas brasas de azinho.
Hmmm?
Que acham da ideia?
;)
Ora vamos lá ao Fuso. Uma boa forma de evidenciar toda a enorme solidariedade com a Islândia!...
Fuso.... fuso... posta de bacalhau do tamanho de um urso... isso é uma discussão de elevada qualidade. E não paga imposto de fast food por ser isenta de colesterol!
Cuidado com as postas. Essas estão mesmo calhadinhas para tributação extraordinária, sobretudo se forem substanciais.
Fuso? Diz-me alguma coisa. Iluminem-me, p.f..
Se Sobral de Monto Agraço já tem parque infantil, Arruda dos Vinhos tem um Fuso, a melhor posta de bacalhau assado do mundo. Há outras, mas não são a mesma coisa....
Cada terra com seu uso...
...e Arruda com o seu Fuso...
don't worry about a dime ..as maquinas de imprimir (euros do BCE ) fumegam ..mas já encomendaram uma refrigeração especial ..por isso don't worry about a dime..
Caro Dr. José Mário, o Fuso, como bem publicitou o caro Tonibler, serve duas especialidades; a posta do bacalhau e o costoletão de novilho, assados nas brasas de azinho (entre outras coisas, mais ou menos corriqueiras)serve ainda umas entradas de... de... de salivar e tem uma boa garrafeira. Fica em Arruda dos vinhos, no centro. Dista de Lisboa 30 minutos, sempre por auto-estrada e sem ultrapassar os limites de velocidade. A-1 até às portagens de Alverca, imediatamente após as portagens, sai da A-1 e entra na CREL - sentido Queluz, mas, 3 ou 4 km depois sai na primeira saída A-10 sentido Carregado (agora até parecia a menina do GPS "saia na primeira saída" a quem pergunto sempre; seria possível saír na 1ª entrada?)anda mais uns 7 ou 8 km e sai novamente na 1ª saída, sentido Arruda dos Vinhos.
E amanhã, 6ª feira é um dia excelente para almoçar no fuso.
Decidam! Voluntarizo-me para marcar a mesa.
;)
Yaaaayyyyy! :D
Estou muito contente.
No entanto, não posso deixar de dar alguma razão ao Dr. PC, os nossos usos e costumes são um bocado diferentes dos do norte da Europa.
Por outro lado, se calhar o facto de controlarem a emissão de moeda também ajudou bastante na recuperação económica. Bom... e eles também não são 10 milhões.
Ah!O célebre Fuso de Arruda de que me têm falado e onde nunca entrei. Amanhã estava previsto não ser, para mim, um dia famoso. Mas agora, não podendo corresponder ao desafio de Bartolomeu, piorou substancialmente...
Não conheço a Islândia, mas temo sempre quando alguém me diz que as empresas de um determinado país conseguem ser mais competitivas com a desvalorização da moeda. O ajuste pelo lado da desvalorização cambial é conjuntural e nunca estrutural.
Ah não conhece! Mas aquilo lá é muito giro, pequenino e fresquinho. Todos os nativos têm um nome que acaba sempre em "ur" ou "urd" e normalmente são impronunciáveis. Confesso que não dá jeito nenhum nas reuniões, porque nunca conseguimos chamar a pessoa pelo nome certo. :S
Têm também um vulcão, cujo nome é igualmente impronunciável, e que há alguns tempos atrás nos deu uma trabalheira desgraçada.
Caro Tonibler,
Do exemplo islandês há coisas que nos podem ser úteis, outras não.
Neste tipo de experiências de ajuste macro-económico, cada caso é um caso...
Que a desvalorização ajudou, e muito, é o próprio FMI que o reconhece, e de forma insofismável!
Caros Pinho Cardão, Bartolomeu, Tonibler e F. Almeida,
Essa ideia de uma tertúlia no Fuso, tendo a Islândia como aperitivo e o bacalhau como prato principal, afigura-se-me de enorme utilidade e oportunidade (sem prejuízo da aposta que fiz com Tonibler e que terá o Saraiva de Nafarros como palco final...).
Esta semana será impossível para mim, pois Vidago fica demasiadamente longe de Arruda!
Mas a partir da próxima semana já espero estar disponível, sugerindo uma 6ª Feira ao almoço - e sugerindo tb cometer à imbatível dupla Pinho Cardão-Bartolomeu a organização do evento!
Que lhes parece?
Cara Anthrax,
Então não vem daí um comentariozito mais substancial quanto ao caso de sucesso Iceland? lhe que me deu trabalho a coligir informação...com o maior gosto, é evidente!
Dr. TM, apanhou-me de surpresa! :D Mas deixe-me ler mais umas coisinhas que é para eu ter mais certeza do que quero dizer e não parecer tão doida.
Eu sei o que é que quero dizer em relação a alguns pontos, mas não sei ainda se estou a pensar bem e preciso de confirmar primeiro (ah ah ah, estou à espera que os meus coleguinhas islandeses me respondam).
Voto favorável de minha pessoa. Nem me imagino a recusar tal oportunidade de me aproximar das terras do Atlântico Norte enfardando do seu pescado. Afinal, a recuperação económica da Islândia também passa por nós...
Dear TM,
Já que fui eu que introduzi aqui o assunto devo chamar a atenção para o seguinte:
Sobre o repúdio da dívida, nada. Sobre os banqueiros na prisão, nada...enfim, cada um urina para o lado que lhe faz mais jeito.
Estimados Amigos, pois terei o maior gosto em organizar o almoço-tertúlia-quartarepublicano, para 6ª feira da próxima semana (dia 16 de Setembro) no restaurante "O Fuso" em Arruda dos Vinhos, caso seja oportuno para todos.
Queiram por favor confirmar a vossa disponibilidade, para aqui ou para o meu mail; m.frederico.52@gmail.com.
Caro Bartolomeu,
Pela minha parte sim, proponho TMG 13H00, pode ser?
Peço desculpa por interromper esta vossa conversa, parece que sobre um cafezinho.
Voltando ao assunto do sucesso da Islândia, deixe-me explicar melhor o meu ponto de vista: quando digo que não conheço a islândia, refiro-me à parte económica (e também a outra, mas essa não é importante para o caso). Não sei que tipo de produtos é que eles produzem.
Uma coisa que gostava de saber: em euros, por exemplo, um produto exportado da Islândia para a Alemanha é mais barato ou mais caro que o mesmo produto fabricado e exportado por Portugal? A acreditar nos salários dos islandeses, tudo leva a crer que os produtos, mesmo com a desvalorização da moeda, continuam a ser muito mais caros que a maioria dos mesmos produtos de outros países.
Se assim for, é mais provável que esta recuperação tenha a ver com a competitividade das empresas islandesas do que com a desvalorização da moeda. Repare-se no caso da Irlanda que, ao que tudo parece, a apesar de ainda ser prematuto dizê-lo, será mais um caso de sucesso. A Irlanda continua a ser muito competitiva e não tem moeda própria.
Quando disse que não acredito muito numa recuperação séria baseada na desvalorização da moeda, queria dizer que a simples desvalorizção da moeda apenas retarda os problemas (não estou a dizer que a Islãndia tem um problema de competitividade, porque não sei), visto que não há uma adaptação das empresas às novas necessidades do mercado.
Excelente, caro Dr. Tavares Moreira.
Alinhemos então pelas thirteen of Greenwich Mean Time!
Não se trata de um cafezinho, caro João Pinto, mas sim de um almoço.
;)
Olá bom dia :)
Olhem antes de passar à vaca fria, deixo-vos aqui o meu voto de protesto relativamente ao almoço. É que eu não estou de férias e ainda não fui despedida (talvez venha a sê-lo, brevemente, e desde que me paguem aquilo a que tenho direito e me dêem a cartinha para o fundo de desemprego, garanto que não estrebucharei), por isso não posso participar num almoço :(... mas tenho a certeza que vão todos sentir a minha preciosa falta :D
Caro Wegie, tem toda a razão sim senhor. Foi o menino que introduziu a temática da Islândia, a única coisa que fiz - posteriormente - foi insistir no assunto para que o Dr. TM nos desse a sua perspectiva sobre a questão.
Caro João Pinto, relaxe. Não está sentado numa cadeira da Universidade e penso que todos conseguiram compreender (até eu) que se estava a referir à situação económica do país. Eu é que gosto de brincar com aquilo que os outros escrevem (é um exercício divertido) :) e agora, vou retomar o tópico e já volto a si - novamente - porque disse ali umas coisas importantes.
(...) continua que o blogger não me deixa postar cenas grandes.
(continuação)
Ok, sabem, ontem estava mesmo à espera que algum dos meus colegas me respondesse :)) e então é assim:
Na perspectiva deles (desses meus colegas), o que aconteceu em 2008 apanhou-os um bocado de surpresa. Eles não estavam à espera de entrar em bancarrota e a queda foi bastante dura.
A percepção que eles têm é a de que foram traídos pelos políticos da altura e por isso exigiram (e exigem), que sejam responsabilizados criminalmente pelos actos que cometeram. Mas não são só os responsáveis políticos que se vão sentar no banco dos réus. Os banqueiros responsáveis pelas falências dos bancos também e por isso é que há vários com mandatos de captura internacional.
Com a falência dos bancos (que passaram de 23 a 14, como do Dr. TM refere), montes de gente ficou sem as poupanças de uma vida inteira e não têm forma de as recuperar. Como os bancos eram privados e o Estado não interviu (exactamente porque eram privados), a responsabilidade da perda desse dinheiro é - primeiro -do Banco e depois do indíviduo que optou por lá colocar o dinheiro. Aquilo que o Estado diz é que não tem nada a ver com isso, porque as pessoas têm liberdade de escolher onde é que querem pôr o seu dinheiro e por isso devem assumir a responsabilidade pelas escolhas que fazem. Isto colocou (e ainda coloca) muita gente em muitos maus lençóis.
Outra coisa que chocou muita gente é que - de facto - o Estado Islandês mandou os países credores "ir pastar cágados para o Campo Grande" (basicamente). A Islândia nunca disse que não pagava, aquilo que eles disseram foi que pagavam quando pudessem e não quando os outros queriam, tanto mais que agora parece que começaram a pagar à Holanda e ao Reino Unido. Ora, isto não agrada muito à população porque eles acham que ainda há muitos problemas internos para resolver até a economia estabelizar.
Eles dizem que as coisas estão melhores, mas ainda não estão bem e ainda há dificuldades. Felizmente, as estruturas sociais funcionam. Só que eles são, aproximadamente, 400.000 logo, em termos de população, têm uma dimensão menor do que aquela que Portugal tem e não têm (nem tinham)situações de pobreza como aquelas que Portugal tem, porque toda a sua estrutura social funciona e sempre funcionou. No entanto, há situações muito complicadas de pessoas que perderam, literalmente, tudo o que tinham e que agora têm de viver em função do apoio que recebem.
Neste sentido, eu consigo compreender porque razão o Dr. PC vem logo a correr em defesa do sector bancário português. Não sei se é uma questão cultural, ou se é uma questão de educação, mas não me parece que os Portugueses - em geral - estejam preparados para assumir, verdadeiramente, as responsabilidades pelas escolhas que fazem e que num determinado momento, até acham que foi o que fizeram melhor. É que o preço que se paga por algumas é mesmo muito alto e nós não temos, as estruturas que os nórdicos têm.
Voltando ao João Pinto, infelizmente, eu não perguntei que produtos é que eles exportam. Por isso, eu gostava de lhe poder dizer, mas sinceramente não me ocorreu perguntar-lhes isso e eu também não sei. No entanto, estou consciente que para se ter uma percepção económica da coisa, essa informação é realmente necessária.
Relativamente aos salários, e confirmando aquilo que o Dr. TM referiu, os moços viram-se um bocado gregos com isso. Os cortes foram bastante duros e também tiveram de aprender a viver com menos. O ponto a favor deles é que - ao contrário de nós - eles não têm uma cultura de ostentação e parecendo que não, isso ajuda muito. Penso que isto tem muito a ver com o facto de todos aqueles países terem uma sociedade muito igualitária.
E pronto, vou-me calar :)
A Islândia não disse que não pagava aos credores, camarada Anthrax. A Islândia recusou pagar os créditos dos bancos que faliram aos bancos estrangeiros. Faz uma "pequenina" diferença. É que se o camarada Jerónimo ouve isto vai logo dizer que Portugal se devia recusar a pagar a dívida aos especuladores da economia de casino.
Camarada Tóni,
Pois foi isso que eu disse um bocadinho mais à frente.
A "desculpa" que apresenta para não participar no almoço, cara Anthrax, não convence.
Trabalho não justifica a sua ausência, tenha paciência, que diria eu, então... que sou recluso em Pinheiro da Cruz? Por isso fui logo pedir ao director, que me fosse autorizada uma saída precária, com a ressalva de não garantir o regresso.
;))))
Vá, reconsidere, Anthrax. Sabe que sem a sua presença, o bacalhau Islandês perde o "sal".
;))
Caros Anthrax e J. Pinto,
Os principais produtos de exportação da Islândia são extraídos do Mar...
Em matéria de competitividade deixem-me contar-lhes, a este propósito de produtos do Mar uma história engraçada e muito simples.
Passei estes últimos dias em Vidago, tendo aproveitado,além de repousar e de desfrutar as formidáveis belezas naturais,para experimentar alguns restaurantes que me foram aconselhados...
Numa das refeições, enquanto se apreciava uma magnífica pescada cozida, fui trocando impressões com o gerente do estabelecimento (mesmo em Vidago, neste caso), que me esclareceu que a pescada ali servida vem de Vigo...
Imediatamente reagi: e então a preferência por produtos nacionais que agora tanto se apregoa?
A resposta não podia ser mais esclarecedora: o peixe comprado a fornecedores portugueses fica-nos ao DOBRO do preço!
Para quem ainda tem dúvidas se nós enfrentamos ou não um problema de competitividade, este exemplo é bem elucidativo...penso eu.
Caro Bartolomeu,
Já percebi que é mestre em mobilizações populares...mas talvez conviesse começar a recensear os participantes...para já temos 3 presenças confirmadas - o Senhor, o Tonibler e eu próprio...
Ainda se aguarda que Anthrax altere a sua primeira reacção (se precisar de boleia a partir de Lisboa diga, que terei todo o gosto em providenciar) e que os nossos ilustres PC e FA rompam o silêncio a que se remeteram sobre esta matéria...
Vocês querem é ver-me mais depressa no fundo desemprego é o que é ah ah ah ah :)
Bom, em relação ao almoço deixem-me lá ver o que é que consigo arranjar por aqui. De qualquer forma, eu não faço a mais pálida ideia onde é que fica Arruda dos Vinhos e pior do que isso, não conduzo (tenho medo. E não, o ditado está errado porque eu também arranjei um cão e não passou), por isso a boleia é um aspecto a considerar :)
Eu digo-vos qualquer coisa assim que souber.
Gosto mais desse discurso, cara Anthrax.
A condução, como já percebeu, não é impedimento. Ou com o Dr. Tavares Moreiria, ou comigo, não vai ficar apeada.
;)
Caro Tavares Moreira,
Não concordo consigo quando diz: " A resposta não podia ser mais esclarecedora: o peixe comprado a fornecedores portugueses fica-nos ao DOBRO do preço!
Para quem ainda tem dúvidas se nós enfrentamos ou não um problema de competitividade, este exemplo é bem elucidativo...penso eu."
A compatitividade não se mede (apenas) pelo preço: os sapatos portugueses são dos mais caros do mundo e tiveram em 2010 um dos melhores anos das últimas décadas; as empresas do setor têxtil têm vindo a aumentar o preço de exportação e estão a crescer este ano; o mobiliário das lojas de Paços de Ferreira é 10 vezes mais caro do que o mobiliário do IKEA e as exportações estão a crescer a ritmos acelerados.
Numa economia como a nossa, recheada de pequenas empresas que não conseguem competir com os IKEA's pelo preço, a comptitividade está na criação de valor...
Caro J. Pinto,
Ninguém disse que a competitividade não está na criação de valor...
E eu só disse que a pescada que vinha de Vigo custa ao estabelecimento que visitei 50% do que custaria a mesma pescada (em qualidade) se fosse adquirida a quem a transporta de Matosinhos ou da Póvoa de Varzim...
Quererá dizer-me quem, no seu entendimento, cria mais valor:se o produtor/comerciante espanhol que vende a pescada a X Euros/kilo ou o produtor/comerciante português que só "consegue" vender a pescada a 2X Euros/kilo?
Perdoará a minha dúvida mas confesso que ainda não entendi que teoria de valor pretende utilizar para definir a competitividade...
E como se pode afirmar que os sapatos portugueses são dos mais caros do mundo?
Quem divulga essa informação, importa-se de nos dizer?
Bom dia cardo Dr. Tavares Moreira,
Vou começar pelo fim:o calçado português é do mais caro do mundo - deixo-lhe uns links fresquinhos:
http://www.boasnoticias.pt/noticias_Sapatos-portugueses-s%C3%A3o-dos-mais-caros-do-mundo_7911.html
http://fiosetintas.blogspot.com/2011/09/sapatos-portugueses-dos-mais-caros-do.html
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/quiosque-malparado-construcao-economia-portugal-agencia-financeira/1278140-1730.html
Isto é criação de valor. Apostar na marca, no design, na inovação, etc., em vez do preço. Se fizer uma pesquisa simples na Net, verá que no setor do têxtil e do vestuário está a acontecer exatamente a mesma coisa (apesar de o setor ainda estar numa fase mais embrionária), assim como no mobiliário e outros.
Eu não conheço o negócio da pescada, nem aprecio, por isso não sei porque é que a pescada é mais cara se for pescada por portugueses. Neste caso em especial, ou estamos a comparar realidades diferentes (por exemplo, as espanhóis podem conseguir economias de escala, o que lhes permite vender muito mais baixo, os locais de pesca em espanha podem ser mais rentáveis - muito (mais peixe por metro quadrado), etc. Não sei, não conheço. A terem a mesmas condições, não há razões para não conseguirem concorrar com os espanhóis pelos preço, pois os custos são mais baixos cá do que em Espanha.
Peço imensas desculpas, Dr. Tavares Moreira, queria dizer caro e nunca cardo.
Caro J. Pinto,
Agradeço as pistas que me dá para averiguação dessa realidade da posição do calçado produzido em Portugal no mercado concorrencial.
Ocuriosos é que eu tinha e tenho a noção, em base empírica, de o calçado produzido em Espanha, em Itália e no Reino Unido (sobretudo estes dois últimos)ser bastante mais caro do que o produzido em Portugal...
Mas admito, como sempre, poder estar enganado...
Ainda no caso da pescada extarída por armadores espanhois e portugueses, o que acontece, na minha perspectiva, é que os espanhois têm uma frota pesqueira e um serviço de distribuição muito mais eficientes pelo que conseguem colocar a pescada no mercado português a preço muito inferior à capturada em Portugal.
Parece-me bem simples e
um genuíno problema de competitividade.
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