Por cá, continua a febre dos impostos. O Bastonário da Ordem dos Médicos veio defender a criação de um imposto sobre a fast food. Alguns países europeus já aplicam este tipo de imposto sobre alimentos que têm elevados teores de gordura, açúcar e sal com vista a combater a obesidade. Esta penalização funciona como um incentivo para que as pessoas se alimentem de forma mais saudável, reduzindo assim um problema de saúde pública que é a obesidade e que custa muitos milhões de euros aos contribuintes.
A Hungria introduziu recentemente um imposto especial sobre este tipo de alimentos. A obesidade atinge 18,8% da população e o governo espera arrecadar um suplemento de receitas que serão aplicadas no serviço nacional de saúde. A ideia é que “todos os que vivem de modo pouco saudável têm que contribuir mais para o país”.
Mas este tipo de imposto tem estado em “banho-maria” em outros países, perante os receios de que penalize as populações mais pobres. As famílias com menos recursos teriam tendência para se defender do agravamento do custo dos alimentos, optando por produtos mais baratos com consequências mais gravosas para a saúde.
Sensibilidade social precisa-se num momento em que as dificuldades económicas e sociais estão a aumentar. Esta perspectiva não deve deixar de estar presente nas decisões fiscais. Brevemente teremos um novo agravamento do IVA que não deixará de fora produtos alimentares.
Concordo que a sustentabilidade de um sistema passa por combater o desperdício e a despesa inútil. São duas realidades que durante anos não pararam de crescer, símbolo de uma sociedade feita para o consumo e o facilitismo sem limites. Mas o imposto não é, nem pode ser, a única via para combater a “gordura”. Também o sistema fiscal tem uma sustentabilidade própria da qual se começa a duvidar, tal é o peso dos impostos no rendimento disponível das famílias. O ajustamento também passa por fazer uma cura de emagrecimento de hábitos e comportamentos desadequados e por ajustar os estilos de vida às reais possibilidades. Reeducar e educar precisa-se. É pena que não se possa lançar um imposto sobre a gordura do Estado, mas que não fosse pago pelos contribuintes...
A Hungria introduziu recentemente um imposto especial sobre este tipo de alimentos. A obesidade atinge 18,8% da população e o governo espera arrecadar um suplemento de receitas que serão aplicadas no serviço nacional de saúde. A ideia é que “todos os que vivem de modo pouco saudável têm que contribuir mais para o país”.
Mas este tipo de imposto tem estado em “banho-maria” em outros países, perante os receios de que penalize as populações mais pobres. As famílias com menos recursos teriam tendência para se defender do agravamento do custo dos alimentos, optando por produtos mais baratos com consequências mais gravosas para a saúde.
Sensibilidade social precisa-se num momento em que as dificuldades económicas e sociais estão a aumentar. Esta perspectiva não deve deixar de estar presente nas decisões fiscais. Brevemente teremos um novo agravamento do IVA que não deixará de fora produtos alimentares.
Concordo que a sustentabilidade de um sistema passa por combater o desperdício e a despesa inútil. São duas realidades que durante anos não pararam de crescer, símbolo de uma sociedade feita para o consumo e o facilitismo sem limites. Mas o imposto não é, nem pode ser, a única via para combater a “gordura”. Também o sistema fiscal tem uma sustentabilidade própria da qual se começa a duvidar, tal é o peso dos impostos no rendimento disponível das famílias. O ajustamento também passa por fazer uma cura de emagrecimento de hábitos e comportamentos desadequados e por ajustar os estilos de vida às reais possibilidades. Reeducar e educar precisa-se. É pena que não se possa lançar um imposto sobre a gordura do Estado, mas que não fosse pago pelos contribuintes...
17 comentários:
Em vez da união europeia procurar uma harmonização da política fiscal deveria exigir uma especialização naquilo em que cada país é mais forte. Os alemães cobrariam os impostos sobre o automóveis, os franceses sobre o queijo, os belgas sobre o chocolate, os finlandeses sobre os telemóveis e os portugueses sobre a estupidez. Isso é que era. Nunca mais ninguém duvidaria da nossa solvabilidade.
Poi se quer que lhe diga, Dra. Margarida, fazer uma alimentação saudável sai mais barato do que comer junk food. Agora, tem de haver disponibilidade, não só, para cozinhar, como também, para comprar os produtos adequados e a verdade é que, na maioria das vezes, não há paciência para isso.
A ideia do importo sobre o fast food parece-me, um tanto ou quanto, parva porque não me parece que seja isso que vá fazer com as pessoas deixem de comer porcarias (que eu, aliás, também como quando tenho vontade), mas também não estou certa de que o argumento de penalizar as populações mais pobres seja verdadeiro. À partida, tudo leva a crer que sim, mas a verdade é que pelo preço de um menu de hamburgers consegue-se confeccionar uma refeição para 4 pessoas e gostando de comida vegetariana, pelo preço de 1 hamburger, pode comprar-se um pacote de soja.
Por isso, também me parece que a coisa deva passar mais por um combate aos hábitos desadequados do que propriamente por um imposto.
Uma estultice a somar a tantas outras! Se o meu colega e amigo José Manuel Silva pensa que estas medidas têm algum efeito está muito enganado. Por outro lado é contraproducente, porque, de imposto em imposto, de taxa em taxa, um dia destes os obesos passam a pagar mais pelos lugares que ocupam nos aviões, ou em outros transportes, ou terem que pagar taxas complementares pelo facto de adoecerem mais, passarem mais tempo hospitalizados, etc. E não vão ficar pela obesidade! Este é um sinal inequívoco de que o espírito totalitário está vivo e encontra na saúde terreno para se impor. Cuidado! Muito cuidado é o que precisam certos responsáveis quando abrem a boca. Não esquecer que todos os regimes totalitários começam da mesma maneira: "Para bem do povo..."
Em suma; o governo autoriza a venda, autoriza a publicidade que leva ao consumo, recebe impostos de tudo isso e ainda arma em santinho e cria um imposto sobre o consumo... para proteger o consumidor.
Está bem visto sim senhor...
Já agora, aqui ficam mais umas dicas; um imposto especial sobre os desportos radicais, outro sobre os consumidores de tabaco, de bebidas alcoolicas, de estupefacientes... um imposto sobre os nadadores que vão para fora de pé, outro sobre aqueles que atravessam ruas sem olhar, mais um sobre os ciclistas que não colocam capacete. Um imposto sobre quem utiliza facas, outro sobre quem trabalha com máquinas, mais um para quem, preferindo alimentos saudáveis, toma uma refeição em 5 minutos. E para já não tá nada mau, acho que já dá para arrecadar uma boa massa...
E falando em impostos, estava a ouvir o ministro das finanças. Não durou muito. Desliguei a televisão e vou ver coisinhas para o ebay :S ...
Caro Tonibler
Mas que injusta generalização!
Cara Anthrax
Deixando de lado a divisão entre ricos e pobres, não estou convencida que sejam os impostos que fazem com que as pessoas tenham uma alimentação mais saudável. A mudança de hábitos passa pela educação e informação, em particular junto das camadas mais jovens. Pergunto-me o que temos feito neste domínio?
Caro Professor Massano Cardoso
Será que o seu colega pensa mesmo que a criação do imposto que anunciou faria descer a obesidade?
Caro Bartolomeu
Há coisas que o melhor mesmo é levá-las na brincadeira! Mas brincando se vão dizendo algumas verdades...
Bom dia Dra. Margarida,
É, de facto parece que nos "americanizámos" bastante ( e não só na questão da alimentação)e isso não é bom. No entanto, vendo as coisas pelo lado positivo, pelo menos ainda não empanturramos os miúdos de 3 anos com sandes de manteiga de amendoín ao pequeno-almoço, ao almoço, ao lanche e ao jantar (Nota: a irmã de uma amiga minha é educadora de infância e foi para lá estagiar, no dia em que fez uma sopita de cenoura e espinafres à criancinha de 3 anos da familia de acolhimento, a mãezinha do infante ficou histérica porque a alimentação da criança é só sandochas com manteiga de amendoín :S e não estamos a falar de uma família despojada de posses).
As nossas escolas, de um modo geral, penso que não disponibilizam "porcarias" aos miúdos e há directivas nesse sentido, por isso aí eu sei que há qualquer coisa a funcionar.
Agora, em termos de sociedade em geral não sei. De qualquer forma, eu sou um bocado suspeita para falar sobre este assunto porque pertenço aquela categoria de pessoas que tende para a contagem - obsessiva - de calorias ingeridas por dia e isso também não é um comportamento saudável.
Sinceramente, penso que educar (ou reeducar) a sociedade para hábitos alimentares saudáveis, não é fácil. As pessoas não têm disponibilidade para isso.
Cara Anthrax
A mania das magrezas também não é saudável. Um pastelinho de bacalhau ou um pastel de nata de vez em quando não fazem mal a ninguém. Como em tudo, é no meio que está a virtude!
Sobre a qualidade da alimentação nas escolas há muitas refeições à base de fritos e farináceos. O Director Geral de Saúde - questionado sobre o imposto - veio agora informar que "está a ser preparado um novo programa de hábitos alimentares e apoio a escolhas saudáveis em tempo de crise. O plano será lançado até ao final do ano". Melhorar as ementas escolares e educar hábitos é fundamental. Há aqui um trabalho grande para fazer.
Cara Margarida,
Não era uma generalização, era uma agregação. E não tem nada de injusto, o resultado da agregação dos portugueses todos é a coisa mais estúpida da Europa.
Cara Dra. Margarida Aguiar:
Em altura de crise económica, financeira e social, em que os impostos nascem como erva daninha, alguém “fora do ramo” sugerir mais um imposto sobre alimentos, mesmo que discutivelmente errados mas que “alimentam”, parece-me no mínimo anedótico.
A questão do fast food que tanto preocupa as pessoas ligadas à saúde, será porventura motivo de forte preocupação, mas não é por se sobrecarregar com mais impostos que o problema se resolve. Esta questão resolve-se, a meu ver, educando; e aqui entram, também, os que têm a nobre função de tratar da saúde dos outros, aconselhando. Veja-se a quantidade de pessoas (novos e velhos) que hoje fazem manutenção física, só porque o seu médico lhes disse que era bom para a saúde!...
Sou dos que fazem uma alimentação equilibrada privilegiando a cozinha mediterrânica, pelo menos numa das refeições diárias, mas também vou ao mac donalds e, sinceramente, não desgosto. O que acho é gente a comer além das necessidades, mas também acho o mesmo no dia do cozido à portuguesa na tasca da tia micas!...
Valha-me Deus! O que pensaria o povo SOMALI desta conversa!?...
Cara Dra, tomei a liberdade de replicar na facebook.
Ooopsie Daisy!
O tasco vai entrar em ebulição, decomposição e tudo mais acabado em "ão" e eu tenho a leve sensação que vai dar asneira da grossa.
Tirando isso, pois Dra. Margarida... a mania das magrezas não é, de facto, nada saudável. Aliás, é tão mau como o contrário (embora se ocupe menos espaço).
No entanto, há uma coisa no seu comentário com a qual eu não concordo (mas não é consigo, é com o Director Geral da saúde). "Apoio a escolhas saudáveis em tempo de crise"??? Então como é que é? Se não estivéssemos em crise podíamos comer "porcarias" à vontade, sermos todos anafadinhos e ocupar dois lugares nos aviões?
Não me parece bem atrelar esta questão à crise porque ela vale por si só.
Caro Tonibler
Mesmo assim!
Caro Miguel
Muito obrigada pela preferência. Instalou-se a ideia de que os impostos são a solução para o que não funciona. Já basta o monstro da despesa pública. É um caminho perigoso e injusto.
Acabamos sempre a falar de educação. O que realmente precisamos é de investir na educação, também no sentido de uma formação geral, a começar nos bancos da escola, que ajude as crianças e os jovens a saberem distinguir o bom do mau e a preocuparem-se como se faz para ter qualidade de vida. Ajudando-se a si próprias as pessoas contribuem também para o bem-estar geral.
Os portugueses de um modo geral comem muito e nem por isso em qualidade. Numa alimentação saudável também se podem fazer de vez em quando uns excessos. O importante é não exagerar. Quem é que consegue resistir a um verdadeiro cozido à portuguesa? As tascas das "tias micas" são irresistíveis!
Cara Anthrax
Tem toda a razão. Já reparou que agora toda a gente fala de desperdício, como se tivesse nascido com a crise? Pelas piores razões, e sabemos que em muitos casos com enormes dificuldades, as pessoas estão a aprender. Hoje à hora do almoço ouvi duas senhoras que explicavam uma à outra os seus planos "troika".
"É pena que não se possa lançar um imposto sobre a gordura do Estado, mas que não fosse pago pelos contribuintes"
Eu preferia que se constituisse um Tribunal especial para julgar todos os responsáveis pela gestão negligente dos dinheiros públicos.Talvez ajudasse a pôr isto nos carris.
Quanto ao tema; é óbvio que a educação é o caminho. Um programazito na TV, sobre nutrição,de 5/10 minutos diários, em horário nobre, poderia ajudar imenso. Custaria muito?
Sobre a sugestão do António Barreto:
a)Perfeitamente, com um acrescento: o programa passaria nas escolas do 1º ciclo.
b)Com programas idênticos de vária ordem: que tal um programa sobre a SIDA?
Aqui estaria um excelente campo para um serviço público de TV com ligação ao ministério da Educação.
Bem verdade Dra. Margarida e à semelhança das duas senhoras do plano "troika", eu também tenho um. Só que o meu é fundamentalmente virado para o combate ao desperdício, dado que não tenho grande queda para a gestão doméstica e esqueço-me que tenho coisas no frigorífico :S... foi mais ou menos o que aconteceu com a minha pequena "Betsy" (o meu SMART). Esqueci-me que é preciso pôr óleo, um dia puff! Foi-se. Mas também uma pessoa não pode saber estas coisas todas de cor!
Caros António Barreto e Bmonteiro, a ideia é boa, eu não sei é se é compatível com a ideia de serviço público que existe.
A medida do bastonário é significativa da "inteligentsia" nacional.
Quando lhe aumentam o IRS gritam contra os impostos. Quando nas suas cadeiras do poder não promovem cortes nas ineficiências gritam, por mais um imposto!
Com este tipo de gente, Portugal decididamente tem o futuro da história trágico marítima: no naufrágio, os remadores dos botes utilizavam-nos não para salvar os seus compatriotas, mas para os eliminarem como perigosos para a sua segurança... à paulada.
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